Jornal

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

VIDA DE CASAL

VIDA DE CASAL
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Quantas horas sozinha
Lavando loucas na cozinha
Preparando o jantar
Enquanto a agua escorre
Por dentro ela morre
Sem ter com quem conversar

Pergunta algo ao marido
Que mais que distraido
Finge nao escutar
Pois vidrado na televisao
Ver o jogo do botafogao
Mais interessado no placar

Triste insensibilidade
Que contaminou milhoes de casais
Ja nao existe a felicidade
Que tiveram nossos pais
O amor esfriou
Os carinhos tambem
A dor chegou
E nao poupou ninguem

Quanta falta de carinhos
Vivendo juntos,mas sozinhos
Sem ter o que falar
Se um diz que e uma abacate
O outro jura que e tomate
E nao saem do lugar

O homem conversa
Com o cachorro da vizinha
Ler o jornal linha por linha
Mas nao fala com a mulher
A mulher confessa
Numa reuniao de amigas
Que esta cheia das brigas
E reza para a esperanca resolver

Vida de casal moderno
Cada um vivendo pra si
E onde e o inferno?
E bem aqui!
© 2009 Islo Nantes Music/Globrazil(ASCAP)
Globrazil@verizon.net or Globrazil@hotmail.com
Brazil - (021) 2463-7999 - Claudio
USA (1) 914-699-0186 – Luiz

Foto de pttuii

Poeta ao amanhecer em dia de sol

O poeta sente-se mal,
Toma um Kompensan,
Benze-se pela publicidade dúbia,
E o vangloriar de arrivismos humanos desnecessários,....

O poeta prolifera ao sol do amanhecer,
Recita-se em calão vernáculo,
Daquelas coisas que custam a ouvir,
E depois levanta-se, para ir dar de beber à alma,....

Escolhe a mármore que mais mal diz,
O pau de cabeleira mais feio,
No recôndito menos exposto,
E afoga a página de anúncios do jornal,....

O poeta é esperto porque a absorção é um dom,
E o sintético dos panos é para donas de casa,
O poeta prefere chocalhar,
Remeter encomendas de santidade ao céu estrelado,

O poeta engana na medida em que ilude,
O poeta não gosta de vocês,
Porque vocês adoram o poeta,
E querem beijá-lo, e esmagá-lo,....

Um dia,
Numa noite menos santa,
O poeta voltará menino,
Porque velho é quem lê e se faz de cego.....

Foto de Osmar Fernandes

Olho do limão

Sou escritor do 3º milênio.
O poeta novo.
Sem ninguém pra me ouvir.
Sem povo.
Tenho o olho de águia,
A luz do sol,
O breu da solidão... o reluzir das estrelas.
Vejo com o olho da rua...
Vejo o ar cinzento do céu, do mar;
da noite nua,
Desvairada, perdida.
Perdeu-se a poesia...
Rabiscaram a lição.
Há muita disritmia...
É a epidemia da vida.
O mundo queima sua teia de aranha.
Sou o poeta sem pena...
A reza sem novena.
Sou o redator sem jornal.
Sou o desigual.
Esqueceram de fechar a porta.
É trapo, é luxo; é miséria mental!
O piloto está sem passageiro.
A horta sem chuveiro.
O coração sem sentimento.
Sou a cabeça sem travesseiro.
Ninguém me dá ouvidos.
Sou o escritor desses momentos.
Sou o espinho da flor.
É o que me resta.
Cadê você meu irmão?!
Sou o olho desse furacão.
Mas, não adianta gritar!
Sou apenas o olho do limão.

Foto de Osmar Fernandes

Jornal na lista

Jornal na Lista

Falo, pergunto, escrevo.
Investigo, publico, descrevo.
Sou o escritor, o redator.
O apresentador, o orador, o editor.

Sou o poeta da notícia... Sou radialista.
Falo de tudo, de todos; do chique, do morro.
Sou o registro, o plantão, o socorro.
Falo de Deus... Do Cão.
Não posso ser diferente — Sou jornalista!

Eu enfoco, retrato, reporto.
Digito, explico, critico — Sou formalista.
Para alguns — Sou o jornal na porta.
Para outros — O analista.
Sou trabalhador voraz, sou chato!
Corro em busca... Fotografo.
Não perco o clímax do fato.
Não crio... Nem faço boato.

Não sou ilusionista.
Apenas corro atrás da notícia com fome, com sono.
Ela não vem como “NOTA & CIA.”
Não há um plano!
Eu apenas estou lá registrando — Sou jornalista.

(Poema do meu 3º livro Espelho de Cristal 2002 pag 98 ed. San Martin - Curitiba/PR)

Foto de janaina barbara

O negro lado da noite

O negro lado da noite

Fazia frio. A madrugada era um breu... Tudo era calmo demais. A vida parecia parar por um instante. O negro lado da noite ocupava o lado vermelho do inferno... O mundo parecia ter parado no tempo e no espaço. O sonho adormecido tentava descansar na calçada do sofrimento. A lua se recolheu por algum motivo inexplicável.
O mendigo que não fechava os seus olhos, tremendo de frio, naquela cidade sem alma e sem governante, embrulhado feito “saco de lixo”, em papel velho de jornal, parecia um bicho arisco, estava atento a tudo e ao nada; com medo, e já sem motivação para viver vida.
Aquela rua parecia um cemitério de vivos desesperados. Era um após o outro. Crianças, velhos, jovens eram os esquecidos, os abandonados, os sem sortes, os sem abrigos, os sem vida.
De repente, o Negro lado da Noite, indaga aquele que não dormia os olhos, e diz:
- Por que você vive desse jeito,nessa miséria humana, não se envergonha?
- Vevo assim, purque num sei falá como dotor, num tenhu diproma.
- Mas isso não quer dizer nada. Tem muita gente que não é doutor, nem tem diploma e leva uma vida digna, tem família, tem casa, tem comida, tem Deus, enfim.
- O sinhô fala assim purque não veve aqui nesse mundo disgraçado... Já tivi tudo isso, mas esse Deus que o sinhô diz, pra mim num ixiste, moço. Tirou tudo de mim. Já tivi famia, já fui da roça, mas cansei. To pidindo pra morrer faz tempo, mas até a morte – essa disgraçada - num mi quer.
- O senhor está desiludido. Sua desilusão é mais mendiga que sua situação. Sua miséria está dentro do senhor. Quando se perde a vontade de lutar, de vencer, de querer viver; se ganha à desgraça por premiação, é a falência humana. Vira um trapo como o senhor.
- Num sei o que o sinhô qué dizê cum isso. Mais, a pior disgraça é ter a disgraça pra oiá. .. Vê um monti di disgraçados qui vevi du meu ladu, moço. Aqui devi sê o inferno. .. Oia lá! Aqueli bateu as botas, viro picolé. Ta cum sorti.
- Não. Não foi ele que bateu as botas... Vamos, Temos um dia todo nos esperando e uma noite infinita pra andarmos... Lá, você vai contar sua história e vai dá conta de seus dias vividos aqui. Vamos... Agora ninguém mais pode te ver, te ouvir ou te salvar.
E, assim, o Negro Lado da Noite cochilando, dormiu... Viajou. E a lua começou a mostrar a sua silhueta lentamente, como quem estava despreguiçando numa rede à luz de velas.

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Foto de Rosinéri

ALGO PARA A DOR

Felicidade, não tem sido minha amiga
Mas nem tudo está se quebrando, como sempre
É, eu tive uma escolha, você foi minha fantasia
Mas perdi minha fé quando cai na realidade
Eu não preciso de um guru para me dizer o que fazer
Quando você se sente como uma manchete do
jornal de ontem
Me dê algo para a dor
Me dê algo para a tristeza
Me dê algo para a dor quando
Eu sentir que estiver sendo balançado
por um laço de um carrasco
Me dê algo que eu possa usar
Pra me fazer passar a noite
Que me faça me sentir melhor,
algo como você
Solidão, encontrou um lar em mim
Minha mochila e minha moto são minha única família
Eu tenho tentado precisar de alguém,
como eles precisam de mim
Eu abri meu coração mas a única coisa que fiz foi sangrar
Eu não preciso de um amante só pra dizer que não estou só
Eles não fizeram um curativo que
vai cobrir meu machucado
Me puxe para baixo
Me ajude, estou caindo!
Corra pelas minhas veias
A noite está chamando
Para um lugar
Me sinto como se estivesse voando
Onde eu não sinta dor
Cristo, estou morrendo!
Seja o travesseiro embaixo da minha cabeça
Me dê coberta quando estiver em minha cama
Me leve o mais alto, onde nunca estive
Me traga pra baixo e volte de novo
Venha pra mim, seja meu disfarce
Abra seu casaco, deixe me arrastar para dentro
Venha,

Foto de pttuii

Frases performativas

Podia estar a escrever uma frase performativa. Daquelas ideias razoáveis, que pelo menos deixam as pessoas em estado de letargia açucarada. Tudo numa perspectiva cumulativa, quando se espera pelo almoço na fila do refeitório.
Mas não o farei, porque ainda meço as minhas prioridades, na mesma medida em que esconjuro o que menos quero acumular. Clinicamente, situo-me entre o que terá uma morte suave, e o que luta por, pelo menos, merecer uma página inteira de necrologia no jornal da terra. Qualquer coisa que fique a meio, será um contrato de compra-e-venda, com o carimbo roxo de falhanço no rodapé. Sentença de mediania pura.
Frases performativas são queixume, lamentos que tolhem quando tolhem, e quando não batem, simplesmente morrem. Donas de casa hermafroditas, a dançar a um ritmo que só elas ouvem. Letras cinzentas, sentidos que pisam fraques que se arrastam em salões de baile arejados.
Prefiro aspirações. Coisas que são o que são, e picam quando queremos que elas sejam o que nunca puderam ser. Letras fixas. Frases imóveis. Interpretações abertas. Frases performativas. Não.....

Foto de angela lugo

(PEDOFILIA)

"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos."
Sigmund Freud

Pena ter alguns que não fazem uso da inteligência

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Hoje vendo o jornal da tarde fiquei estupefata com a notícia.
“Pai estupra a filha de um ano e um mês,”-senti um arrepio na alma e chorei.
Nesta hora queria ser um Deus ou mesmo o Freud para tentar entender o que se passa na cabeça de um ser humano – se é que é possível chamar de humano uma pessoa que assim, se faz presente em nossa sociedade.
O que leva um homem destes a sentir prazer com um bebezinho que não sabe e não conhece a palavra SOCORRO. Que força negativa é esta que se apossa de um ser para que possa cometer uma barbaria destas.
A mãe estava entregue ao pranto e quase não conseguia falar para os repórteres, com a voz fraquinha, foi contando o sucedido em sua casa, em rede nacional.
“Estava na cozinha fazendo mamadeira para a bebê quando ouvi seus gritos”, como poderia imaginar que não era de FOME e sim de DESESPERO que ela gritava.
“Entrei no quarto eles estavam nus sobre a minha cama”, como pode este homem despir sua própria filha e se deitar em cima dela,- NÃO ME CONFORMO.
“A minha filhinha estava com o cobertor no rosto”, covarde cobriu o rosto da filha para nem sequer lembrar que ela de fato era sua filha, mas mesmo que não fosse como pode fazer tamanha barbaria, para um bebê.
“A cama estava ensangüentada o sangue estava também no berço dela”, cá com meus botões fico pensando: porque ela demorou tanto para ir ver o que estava acontecendo, claro, qualquer mãe não pode nem imaginar que o pai que está lá cuidando da filha possa de fato com tamanha maldade a estuprar e quase a matar.
A menina foi hospitalizada devido ao grande “estrago” em seu corpinho. Quanto tempo será que este “monstro,” esteve com a bebê. Como pode usar e abusar dela. Fico aqui me perguntando e entro em desespero por nada poder fazer
Minha religião prega que não devemos tirar a vida de ninguém, mas nestes tipos de casos infelizmente eu sou a favor da pena capital.
“Pai do céu” me perdoa pelo meu pensamento, mas não consigo parar de pensar, ela é apenas, UM BEBEZINHO INDEFESO.
A mãe diz: “se eu chamar a polícia ele falou que me mata”, aplaudo esta mãe que denunciou sem se preocupar com a ameaça de morte e espero que muitas sigam o seu exemplo e coloquem estes, “monstros,” no lugar em que deveriam estar desde o dia em que nasceram, - ALIAS NEM DEVERIAM TER NASCIDO, - no inferno da prisão.

“Quanta falta de amor
Quanta falta de humanidade
Quanta falta de discernimento
Do verdadeiro amor
Quanto... Quanto pode pesar
O desamor no coração de alguns”

Foto de Sonia Delsin

DIA DIFERENTE

DIA DIFERENTE

Eu queria acordar um dia.
E descobrir que o dia estava diferente.
Queria acordar e ver o noticiário com ótimas notícias.
Queria só coisas positivas.
Queria um dia sem tragédias, sem violências, sem maldades.
Em todos os lugares do mundo.
Todas as cidades.
Queria que cada pessoa sentisse a alegria deste dia especial.
Queria um dia que só se falasse coisa boa no jornal.
Queria um dia em que todo mundo saísse para passear.
Quem não pudesse andar que alguém se prontificasse a levar.
Queria um dia lindo para toda a humanidade.
Nem que fosse um dia para mostrar a todo mundo que existe força na eternidade.

Foto de Carmen Lúcia

Passando a limpo...

Ousei ver o que não via...
Ou não queria...
Minha própria realidade
mantida calada...
Atravancada por mim mesma...
Enganada...
Mordaças apertadas pelo meu eu
emudecido pelo medo...
Por tudo que se perdeu
(minha própria identidade).
E que doeu...Ah, como doeu!
Medo de mais experiências,
novas vivências...
Amores mal sucedidos,
mágoas não passadas a limpo...
Que ainda doem...corroem,
por mantê-las escondidas,
reprimidas...
Latentes feridas...
A dor da alma é corrosível,
é invisível, imprevisível...
Não manda recado...
Desaba feito um temporal
sem qualquer razão prevista...
Sem noticiário em jornal
ou coluna em revista...
Mas, calar-se é admitir,
consentir que ela se instale...
Sair da condição de silêncio
é o que vale...
E enfrentá-la, cara a cara...
Fazer de cada experiência
uma lição de vida,
tendo sempre em mente
que o melhor de nós
ainda está em nós mesmos...
Ao munirmos de esperança,
da coragem que mata o medo
que alimenta fantasmas...
Ao darmos vazão aos sonhos,
olharmos para o novo dia,
que ao renascer
nos traz poesia...
Amenizando a dor...
A nos falar de Amor.

(Carmen Lúcia)

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