Sou escritor do 3º milênio.
O poeta novo.
Sem ninguém pra me ouvir.
Sem povo.
Tenho o olho de águia,
A luz do sol,
O breu da solidão... o reluzir das estrelas.
Vejo com o olho da rua...
Vejo o ar cinzento do céu, do mar;
da noite nua,
Desvairada, perdida.
Perdeu-se a poesia...
Rabiscaram a lição.
Há muita disritmia...
É a epidemia da vida.
O mundo queima sua teia de aranha.
Sou o poeta sem pena...
A reza sem novena.
Sou o redator sem jornal.
Sou o desigual.
Esqueceram de fechar a porta.
É trapo, é luxo; é miséria mental!
O piloto está sem passageiro.
A horta sem chuveiro.
O coração sem sentimento.
Sou a cabeça sem travesseiro.
Ninguém me dá ouvidos.
Sou o escritor desses momentos.
Sou o espinho da flor.
É o que me resta.
Cadê você meu irmão?!
Sou o olho desse furacão.
Mas, não adianta gritar!
Sou apenas o olho do limão.
Olho do limão
Data de publicação:
Terça-feira, 23 Dezembro, 2008 - 21:21
- Blog de Osmar Fernandes
- Login ou registre-se para postar comentários
Comentários
Carmen/Osmar
Olá amigo,
Tenho tido pouco tempo para fazer comentários, mas não deixo de dar uma passadinha por aqui para ler os amigos e votar.
Seus poemas estão lindos e este em particular adorei! É a nova realidade, mas temos que continuar gritando. O eco de nossos gritos em algum momento chegará até alguém.
Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz e realizações.
Um grande abraço.
Carmen
Saudações /Osmar Fernandes
Caro poeta belo poema, ainda me lembro versos do Murilo Mendes falando assim :Somos todos poetas
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
Abraço e meu voto !