O poeta sente-se mal,
Toma um Kompensan,
Benze-se pela publicidade dúbia,
E o vangloriar de arrivismos humanos desnecessários,....
O poeta prolifera ao sol do amanhecer,
Recita-se em calão vernáculo,
Daquelas coisas que custam a ouvir,
E depois levanta-se, para ir dar de beber à alma,....
Escolhe a mármore que mais mal diz,
O pau de cabeleira mais feio,
No recôndito menos exposto,
E afoga a página de anúncios do jornal,....
O poeta é esperto porque a absorção é um dom,
E o sintético dos panos é para donas de casa,
O poeta prefere chocalhar,
Remeter encomendas de santidade ao céu estrelado,
O poeta engana na medida em que ilude,
O poeta não gosta de vocês,
Porque vocês adoram o poeta,
E querem beijá-lo, e esmagá-lo,....
Um dia,
Numa noite menos santa,
O poeta voltará menino,
Porque velho é quem lê e se faz de cego.....