Folhas

Foto de Carmen Lúcia

Dou-te graças, Senhor!

Dou-te graças, Senhor!

Por me teres concedido a graça da vida;
porque me tens amado, tua filha querida;
pelo ano que se finda;
pelo Novo que agora me brindas;
pelo sol que me aqueceu
quando me bateu o vazio do frio;
e o inverno na alma,
que me fez aconchegar em teu ninho.

Dou-te graças, Senhor!

Pelas dores que passei
e me joguei em teus braços;
pelas horas de solidão
em que me confortaste num abraço;
por ter visto a beleza da Primavera
e do outono, as folhas amarelas
a dourarem meu sono, meu sonho.
Pelas vezes que vi o mar
sentindo-o se abrir para eu andar...

Dou-te graças, Senhor!

Pela última estrela a se esconder
pedindo colo à lua, na madrugada,
que recolhia sua luz de prata
permitindo ao dia, amanhecer.
Pelos simples detalhes com que vibrei
como aquele bem-te-vi que percebi
bendizendo coisas, como a agradecer
pela manhã, pelo hoje, pelo alvorecer.
Coisas que não consegui dizer.

Dou-te graças, Senhor!

Pelos momentos que me fizeram rir;
e pelos que chorei, cheios de dor,
mostrando-me que assim é o existir;
lições que nos fazem evoluir
tornando-nos mais vulneráveis ao Amor!

Hoje nos concedes um Novo Ano...
Os mesmos meses, as mesmas estações,
o mesmo sol, mesma lua e estrelas,
o mesmo céu, o mesmo mar...
mesmas lutas por sobrevivência;
ao homem, a mesma inteligência...
Tudo virá da mesma forma, como sempre;
Caberá a cada um de nós
tornar o ano diferente.

Dou-te graças, Senhor!
Estaremos, com certeza, como sempre,
sob tua justiça e teu amor...
Eternamente!

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Vervloet

OLHOS QUE VEEM, CORAÇÃO QUE SENTE

No meu coração, gravada em felicidade, a fazenda Três Meninas! O casarão caiado em branco, portas e janelas pintadas em ocre, a varandinha, como mamãe chamava, com jardineiras repletas de gerânios coloridos e camaradinhas que caiam até o chão. Em frente à casa, estonteante jardim, onde borboletas faziam seu ritual diário, beijando com amor a cada exuberante flor, cena que meu coração menino guardou para sempre. As cercas todas cobertas por buguenvílias num festival de cores. Em seguida ao jardim, o pomar com gigantescas fruteiras (olhos de criança, enxergam tudo maior), mangueiras, abacateiros, laranjeiras, goiabeiras e tantas outras que não se conseguiria enumerar, onde com a agilidade da idade subia, não só para colher e saborear os frutos maduros, mas, para ver de perto os ninhos de passarinhos, que papai com sua profunda sabedoria, já me ensinava a preservar. Passava horas sobre os galhos das minhas fruteiras prediletas, principalmente goiabeira, que era só minha, ficava ao lado do riacho, onde também costumava pescar. Lá do alto, no meu galho preferido, junto aos pássaros, voava em meus sonhos de criança feliz!
Nos meus devaneios, fui mãe (das minhas bonecas), fui anjo (nas coroações de Nossa Senhora), viajei pelo mundo (sempre que via um avião passar), fui menina-moça (sonhando o primeiro amor). Na vida real fui criança feliz, cercada pelo amor e carinho de minha doce mãe, de meu sensível e amigo pai (ah! Que saudade eu sinto de você, pai), de minhas duas irmãs mais velhas que faziam de mim sua boneca mais querida, colocando-me sobre uma pilha de travesseiros, num altar improvisado sobre a cama de meus pais, onde eu era o anjo, na coroação que faziam de Nossa Senhora. Nesta época eu tinha apenas dois anos e se o sono chegava, a cabecinha pendia para o lado, logo me acordavam, pois não podiam parar a importante brincadeira.
Já maior, menina destemida, levei carreira de vaca brava, só porque me embrenhei na pasto, reduto das vacas com suas crias, para colher deliciosa jaca, que degustara com o prazer dos glutões. O cheiro da jaca sempre me reporta às boas lembranças da Fazenda Três Meninas... Até hoje tenho uma pequena cicatriz na perna, que preservo com carinho, sinal de uma infância livre e feliz. Desci morros em folhas de coqueiros, cavalguei cavalos bravos, pesquei com peneira em rio caudaloso! Ah! Tempo bom que não volta mais!...
Mês de dezembro. Tempo de expectativas e alegrias. Logo no começo era a espera do meu aniversário, da minha festa, do vestido novo, do meu presente, o bolo, a mesa de doces com os deliciosos quindins feitos por mamãe. Depois a expectativa do Natal, a escolha do pinheiro, do lugar estratégico para montar a imensa árvore, os enfeites coloridos, estrelas, anjinhos, bolas que eu ajudava mamãe a pendurar, um a um, com delicadeza e carinho, junto à certeza da chegada do bom velhinho, em quem eu acreditava piamente, com todos os presentes que havia pedido por carta que mamãe me ajudava a escrever. O envelope subscritado com os dizeres: Para Papai Noel – Céu
E depois era esperar a chegada do grande dia. Era o coração batendo em ansiedade, era a aflição de ser merecedora ou não da atenção do bom velhinho. Quando chegava o dia 24, sentia o tempo lento, as horas se arrastando, o sapatinho, o mais novo, sob a árvore, desde muito cedo, o coração batendo acelerado. Mal anoitecia, já deixava a porta entreaberta para a entrada de Papai Noel e corria para minha cama tentando dormir, sempre abraçada a minha boneca preferida, para acalmar as batidas do meu coração. O ouvido apurado para tentar ouvir qualquer ruído diferente. Era sempre uma noite muito, muito longa! Os olhos bem abertos até que o cansaço e o sono me venciam!
No dia seguinte, cedo pulava da cama. Que grande felicidade, todos os meus presentes lá estavam sob a árvore. Era uma festa só! Espalhava os presentes pela casa toda, na vitrola disco LP tocando canções natalinas, função de papai que adorava música... (Ah! Papai quanta coisa boa aprendi com você). Lembro-me bem de um fogãozinho, panelinhas, pratos, talheres que levei logo para o meu cantinho, onde brincava de casinha. Lembro-me também de uma boneca bebê e seu berço que conservei por muitos e muitos anos.
Todas essas lembranças continuam vivas dentro de mim, como se o tempo realmente tivesse parado nestes momentos de paz e felicidade. Os almoços natalinos na casa de meus avós paternos onde toda a imensa família se reunia em torno de uma enorme mesa. Vovô na cabeceira, vovó sentada a sua direita, tios, tias, primos e mais presentes para as crianças, comidas deliciosas, sobremesas dos deuses, bons vinhos que eu via os adultos degustarem, (depois do almoço, escondida de todos, eu ia bebericando o restinho de cada copo), arranjos de frutas colhidas no pomar, flores por toda a casa e depois minhas tias revezando-se ao piano, já na sala de visita, onde os adultos tomavam cafezinho e licores. A criançada correndo pelo quintal, pelo jardim, pelo pomar... Tantos momentos felizes incontáveis como as estrelas do firmamento! Momentos que eternizei no meu coração.
Hoje o tempo é outro, a vida está diferente. Muitos se foram... Outros chegaram... Os espaços estão reduzidos, as moradias se verticalizaram, as janelas têm grades por causa da violência, as crianças já não acreditam em Papai Noel, desapareceu o espírito cristão do Natal para dar lugar a sua comercialização, as ceias tomaram o lugar dos grandes almoços em família, da missa do galo...
Mas a vida é dinâmica e temos que acompanhá-la. Os grandes encontros de família são raros. As famílias foram loteadas, junto aos espaços, junto a outras famílias, junto à necessidade de subsistência.
Nada mais é como antes, mas mesmo assim continuamos comemorando o nascimento do Menino Deus, em outros padrões é verdade, mas com o mesmo desejo de que haja paz, comida e felicidade em todos os lares.
Feliz daquele que tem tatuado nas entranhas da alma os venturosos natais de outrora vistos por olhos que vêem, olhos atentos de criança, sentidos com a pureza do coração!
Olhos da alma, sentimentos eternizados!...

Carmen Vervloet
Vitória, 23/12/2008
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA

Foto de annytha

ERA APENAS UMA VOZ!!!

ERA APENAS UMA VOZ!

Numa das minhas noites de solidão, o vento da madrugada trouxe o som de uma voz até mim. Uma voz que parecia me chamar, me fazendo estremecer ao ouvi-la.. Uma voz forte e vibrante e macia ao mesmo tempo; segura, calma, acalentando aquela minha noite angustiante. Cada palavra, parecia um convite para iniciar um grande amor e por breves momentos, tive a impressão que uma ardente e louca paixão estava por acontecer.
Adormeci embalada pela suave e doce melodia dessa voz! Ao acordar, não mais ouvi a linda voz. Pensei ter sonhado... Porém foi tão real!
Passei noites e mais noites ouvindo aquela voz, que me fazia sonhar!
Não resistindo ao apelo do meu forte desejo de conhecer pessoalmente o dono daquela voz tão sensual, procurei-o desesperadamente e o encontrei! Ah! Nunca esquecerei a minha alegria em ter encontrado o dono da tão linda e apaixonante voz...A tua voz!
Que decepção... Diante do dono da voz, vi que em nada tínham em comum. Naquele momento, a linda voz emudeceu, não sabia dizer mais nada! Me apresentei pra voz e disse: Sou eu a quem a tua voz me visita à noite levado pelo meu inconsciente chamado pra acalentar as minhas noites tristes e vazias!
A voz que me dizia palavras desconexas, que sussurrava frases de amor, me levando ao delírio, agora, diante de mim, parecia emudecida.
Porém, disse que ouvia o meu chamado e ia ao meu encontro sem hesitar, por também estar vivendo uma situação igual a minha. Nada mais falou! Procurei o rosto do seu dono e vi naqueles olhos verdes do oceano, um olhar distante e vazio, que parecia estar evitando o meu. Agora, aquele verde dos seus olhos, pareciam folhas secas levadas pelo vento... Pra mim já não tinha mais nenhum significado! A voz quente, vibrante e forte, agora dera lugar a uma voz rouca, fraca e trêmula, que já nem lembrava mais o que me dissera nas minhas noites de angústia e solidão; a voz que murmurava baixinho, não tinha mais nada a ver com a voz que envergonhada diante de mim. Se calara... Foi então que percebi, que era apenas uma voz!

a

Foto de Zinara

Alma de Lápis

Poderia escrever sem fim
Mas o meu lápis está frágil
Não escreve
Não desliza
Simplesmente partiu-se
O meu pensar não imagina
Apenas vagueia na brancura das folhas

Só Eu e o livro
Não estou apenas só
Mas com um livro
Que não me inspira
Revela-me realidades escondidas
Transmite-me sentimentos fechados

Não quero escrever
Não quero Ler
Quero a minha mente livre
Sobrevoar as folhas da imaginação
Respirar os sonhos das noites em silencio
Silenciar os pensamentos negativos
Cruzar o céu da esperança

Então aí escrevo
Preencho estas folhas
Como pensamentos livres
Criarei uma realidade
Pr'além da imaginação
Pintarei com cores carregadas
De sentimentos libertados

Será uma viagem
Cheia de sentimentos
Que nunca antes foram revelados
Que nem sequer foram experimentados
Apenas ouvidos mas nunca sentidos

E nesse sitio
Com este diário já escrito
Ficará lá a minha alma
E eu no meu quarto
Agarrada ao meu diário

Enquanto a minha alma e o meu lápis
Deslizam nas névoas da imaginação

14/ Novembro/2008

Foto de Ayslan

Por que

*
*
*
*
Por que todos insistem em dizer essa frase “A vida é assim”
Por que tenho que esperar para estar com você.
Só são 360hs, mas por que parece durar um dia cada hora. Sendo assim irei espera praticamente um ano para te ver.
Por quê? Por que tem que ser assim se amanhece estou esperando ansiosamente pela noite, mas à noite deito chorando de saudades e peço-lhe deixe-me dormi coração.
Por que o tempo longe de ti para. E quando contigo estava o relógio sempre marcava 22:00 horas.
Por que constantemente as pessoas me dizem que um dia o que sinto por te ira mudar, ou simplesmente você ira deixar de me amar.
Tolos não conseguem se quer perturba minha mente, tão pouco ferir meu coração.
Por que é sempre mais fácil escrever as dores...
Por que não consigo conter essa vontade enorme de te dizer “Eu te Amo Priscila”
Mas se você não esta aqui só me resta escrever-te. E escrevendo não encontro outra palavra que possa por instantes acalmar meu coração... Já tentei escrever “Eu te amo, Eu te amo, Eu te amo” para ver se no final de milhões de cadernos e folhas um dia essa vontade cessaria. Mas ate hoje ainda escrevo e continuo na constante necessidade, e vontade de te dizer “Eu te Amo Priscila”

para: Priscila

Foto de ivete azambuja

AUSÊNCIA

É como as tardes de inverno, ao norte da Irlanda
As noites,
Em que de saudades preciso morrer!

É assim,
Sem você,
A vida!

É sem sol,
Sem barulho de vento,
Canto de folhas,
Sem estrelas!

A vida,
É assim,
Sem você!

(Ivy Portugal)

Foto de Joaninhavoa

BEM BOM!

**
*
*
**
*
*
Beijo-te languidamente
E adentro tua boca a língua surge
Caprichada molhada dança prazenteira
Vem linda doce e bem arteira

No melaço da alcofa o nosso leito
Gemia entre folhas vermelhas
e amarelas castanhas e douradas
Dois corpos tesouros e feitiço
Nas almofadas abafadas
Um delirar de sons compraziam
Nas deixas de mais de um dom
No ar sensualidade inerente
Irreverente de um manjar
Bem bom que nos confunde
E nos faz perder perdidamente...

Joaninhavoa
(helenafarias)
23 de Novembro de 2008

Foto de sidcleyjr

Etapas

Começando numa visão que habilita autoconsciência dos pensamentos, que basicamente ao lembrar de possibilidades, fracassos e vitórias que conseguem ao despertar a árvore da vida, momentos e cicatrizes dos sorrisos e ao horizonte lembrar do floco de D’alva lá debaixo do vigiar do eterno criador. Daí se passou todas as folhas, voaram ao encontro do vento que jogava pra lá e cá, descendo e amadurecendo em dedicação ao ciclo e compreensão à natureza.
Fases no encanto qual fervor não queria? E apareceu uma moça sabe... Ela disse um doce olhar que me quer e na qual tensão me lambuza e crucia ao abraço que coração que pede crença. Tanta mocidade caminhando na areia descalça vulnerável dos pequenos arranjos, que o mar justou o vento e assim nas tardes e decisões do sol, ela criou seu inocente avanço em minha memória.
Aos amigos que me fizeram o som dos conselhos e correram ao meu lado nos quartos e telhados de vidro, quando pensei que assim poderia ser um fraco ou apenas oprimido em condição do próprio pranto. São florais, espelhos de felicidade e sempre a audácia de cumprimentar de tal excêntrica maneira, lhes degusto uma pétala com orvalho sobre sua ponta, simples agradecimento aos guerreiros azuis, pela comunhão do velho tempo que passou tão experiente me mostrou o valor de cada lágrima, sendo concepção de segurança e paz, pelos temores que aqui sua contradição agora permanece e o anjo me entrega ao algodão do céu, musas sorridentes que tem amor pra dá e atitude nas palavras, algumas apenas olhares e admiração, posso assim viver tranqüilo e chorando aos domingos de poltronas ouvindo Vércilo, “ninguém é de mármore”.
Casinha do amor, família na janela vendo o passarinho branco me ligando: está na hora que vir pra casa dormir e acordar ir para escola e beijar a mulher que tu ama, e apresenta-la assim a tua mainha e mãe que no colo te abraça tanto.
A hora de agradecer a Deus pelos motivos de me custaram o pouco que as oportunidades serviram, assim posso respirar devagar na minha casa e escrevendo estradas, posso até escutar Murilo Mendes:— Da Rua posso apenas falar de pessoas, gestos e até do sorriso da Carmem, os trilhos e comprimentos ficam ao conceito dos calçados.

Macroo ' (voltei galeraaa)

Foto de Sonia Delsin

UM DE MEUS ANJOS

UM DE MEUS ANJOS
(para Fannyzita...minha amada amiga)

Hoje estou com o coração preso.
Preso num de meus anjos.
Este anjo de cabelos avermelhados.
De olhos esverdeados.
Ah, anjo meu!
A vida tanta coisa te roubou.
E tanta coisa te deu.
Estou presa às tuas palavras.
Teus olhares.
Teus falares.
Estou presa a tua janela.
Às folhas novas.
Ao sabor do teu pão.
Estou presa ao teu nobre coração.

Foto de Lorena Scath

Amor

deixe me...
guardada nos teus gestos, no teu choro, em vc
quero ficar pra sempre na imensidão do teu sorriso
quero pra eternidade ser sua...
lembre-me...
nos dias que chuvas cair,
nas gotas de orvalho que descem por as folhas das arvores
esqueça-me...
nos momentos de dor, no dispero da solidão e viva.
mais nunca me deixe, nunca me abandone,
sou sua cura e uma enfermidade
prendam-me nos momentos de alegrias, momentos de amor
esqueça-me quando o céu abrir, quando vires o infinito
continue mas não me deixe pra trás caminhe-me leve...
te amar e tentar te entender sem ao mesmo se é preciso, me amar é apenas lembrar de mim às vezes quando a estrela cadente se jogar ou quando não houver mais nada!
lembre-me, me esqueça me guarde me queira...

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