Enquanto me desfazes no cinzeiro do teu ser,
Eu acordo, lavo a cara, olho-me ao espelho e saio.
No caminho da minha vida,
Deixo cair uma lágrima,
Suave, fresca e sincera.
Queria sentir-te enquanto dormias.
Queria saber destinguir-te por entre a mágoa e a dor.
Hoje sou só eu.
Sem fábulas espantosas como outrora.
Com uma mente brilhante presa a uma alma estragada,
Deitada num qualquer cinzeiro público.
Esquecida, estropiada e novamente esquecida.
Sou um homem que chora baixinho.
Sou um sentimento disperso.
Sou uma caixa de música bonita oferecida no dia dos namorados.
Sou uma data qualquer.
Sou o mundo todo e, por isso, não sou nada.
A minha dor é desprezível
Como um produto caríssimo no supermercado.
A minha dor é melancólica
Como uma canção de Yann Tiersen num deserto.
A minha dor é velha
Como o vinho que o meu pai guardava em casa.
Faço parte de tudo o que ouves.
Faço parte de tudo o que sentes.
Faço parte de tudo o que dizes
Sem pertencer a nada mais que aquilo que é meu,
E por isso não faço parte de nada teu.
Sinto-me tão baixo que até toda esta escrita me mete tédio,
Escrita que deveria fazer-me bem, não espelhar o tédio desta situação.
Sinto-me como um copo partido,
Caído num qualquer mata-sede,
Caído pelas tuas mãos.
Hoje trago o tédio no bolso da camisa que me ofereceste
E vou matando-o como um cigarro.
Vou fumando-o.
Fumando-o e desfazendo-o no mesmo cinzeiro público,
Onde despejaste o meu ser e todas as palmas que te dava.
Vou fumando-o enquanto houver para fumar
Ou enquanto o divino me der vida para continuar a fazê-lo.
Vou fazendo isto tudo com um toque pessoal.
Amanhã acordo, lavo a cara, olho-me ao espelho e saio.
E continuarei a fazer o mesmo, todos os dias.
Porque não sei fazer outra coisa
E sinto-te demasiado para conseguir deixar de te sentir.
“Respondi às perguntas e às dúvidas com o tempo, ninguém me explicou o que passei, ninguém percebeu, acho, tenho a certeza que o meu pai ainda espera que um dia chegue a casa com uma mulher como tu pela mão, numa obrigação de filho, obediente, como quando lhe mostrava os deveres da escola depois de jantar.” (…)
Enviado por raziasantos em Seg, 28/02/2011 - 17:51
Dona Esmeralda passava o dia lavando fraldas.
Seu filho de sete anos era o mais velho.
Menino inteligente, faceiro, e robusto.
Sempre que chegava da escola brincava com a filha da vizinha da mesma idade.
Não era comum eles brigarem, se davam muito bem.
Certo dia chegou da escola almoçou, e foi brincar com sua amiguinha, no fundo do quintal.
Der repente!__ Dona Esmeralda ouve uma gritaria danada, e corre para ver o que esta acontecendo.
Pedrinho corre á trás de sua amiguinha e grita-me da sua perereca! Me da sua perereca!
A menina revoltada responde não dou não! Não dou não!
Como Pedrinho não desiste a menina se esconde num canto do quintal e cruza as pernas e diz repetidas vezes nunca vou te dar minha perereca, você é mal e não te dou minha perereca você vai machucá-la.
Dona Esmeralda assustada corre e segura o filho que correr atrás da coleguinha segurando o pelo braço ela o sacoleja, e diz meu filho não pode pegar perereca de sua amiguinha...
Onde já se viu uma coisa desta! Já imaginou se os pais dela ouvem esse absurdo:
Então a menina se sentindo segura ao lado da mãe de seu amiguinho sai do canto do quintal e diz, __mas foi minha mãe quem mandou dar a perereca pra ele...
Dona Esmeralda coitada! Cada vez, mais confusa fica estonteada sem entender nada.
Para tentar resolver o problema esbraveja com o filho, e manda-o ele ficar de castigo no quarto até a segunda ordem.
O menino coitadinho tenta se explicar, mas a mãe furiosa com essa encrenca de perereca não lhe da nem uma chance de se explicar.
O menino obedece e vai para o quarto.
Agora dona Esmeralda olha firme para a menina e fala__ mocinha temos que ter uma conversinha!
A menina inocentemente tira do bolso da jaqueta um bicho meio amarelado e gelado estende a mão para Dona Esmeralda e diz, não vou dar minha perereca pra ele, porque ele quer dessecá-la.
Tanta era a energia que tudo se incendiou,
na euforia da folia o fogo se alastrou...
Queimou alegorias, o sonho cinza ficou
destruiu as fantasias, a lágrima escorregou.
A esperança deu lugar à incerteza,
todavia a fé não se abalou!
Máscaras não encobrem a tristeza,
a determinação em azul se pintou.
Na devoção de cada apaixonado portelense
a certeza de um novo caminho encontrar.
No coração folião fluminense,
sem navios e sem riquezas, o samba vai arrasar
Sem amarras e sem lamentos,
a escola com garra na avenida desfilará
Nada impedirá seu momento
Toda de azul, abençoada por Yemanjá.
As baquetas do coração
desenhando evoluções,
na força do seu pavilhão,
sambando sobre as cinzas das frustrações.
Enviado por betimartins em Dom, 23/01/2011 - 13:54
Na alma da poetisa
A poetisa é pensamentos soltos,
Repleta dos sonhos na arte do sonhar
Sua alma é amor, amor sofrido
Amor incompreendido, amor vadio...
Em lamentos na sua escrita, ela não para
Nem desiste dos seus sonhos, sonhados
Um dia certamente, eles serão contados
Ao som da lenha arder lentamente, na tua lareira...
Ao olhar do fogo, sua alma arde, agita-se
Em sentimentos renascidos, na dor do seu amor
Revoltos e puros na paixão do seu amor imortal
Imortal ao tempo, a de vastidão, aos séculos e a vida...
Ela entre lágrimas deslizando, escreve no desalento
Sobressaindo as imperfeições da vida, impotente
Deixando nas suas paginas esquecidas e amareladas
O que mais sua alma um dia foi deveras tocada e sentida...
Por vezes se deixa ir além das suas forças
Entre manifestações da sua imposição de vida
Deixando sua alma ir além do real e imaginário
E escreve sorrindo o que mais ela queria ver, um dia...
O que ela queria ver um dia, aqui neste mundo desigual
Que ela tanto ama e os seus irmãos que tanto adora
Ela escreve com afinco as historias de vida, como uma nação
Que bem reinada será imortal, jamais esquecida...
Na escola, na arte dos artistas que sabem declamar
Na coroa de flores depositada em sua lápide fria
Ela jamais descobre que um dia ela foi tão elogiada
Nem mesmo saberá que foram seus versos declamados...
Mas como sua alma é imortal ao tempo e a vida
Ela sorri e se alegra bem lá no alto, escrevendo
Ao sabor do tempo da eternidade as suas poesias
No doce brilhar das estrelas, sorrindo para ti...
Meu filho não serei,
um poeta de um mundo incerto.
Também não cantarei o mundo deserto.
Estou preso à vida e olho meu sague,
que corre nas veias em forma de versos
o nosso presente é tão grande,
que alimenta o nosso amor,de pai e filho.
perdão se não sei falar todos os dias
o meu imenso amor por ti filho querido
serei sempre um cantor que se inspira,
da sua viola e a beleza da aurora.
Sei que tens feito da vida uma escola,
mais se te perderes na vida,
te ajudarei se preciso for pedindo esmola.
Terra do meu berço
Nasci na terra dos meus ,
sonhos ,no ventre da mãe África,
no berço do verso que componho.
Neste chão de areia e cheiro de chuva.
pisei descalço o desejo,
de jogar a bola de trapo
Neste chão namorei,
em cada esquina e beco,
uma mulher linda, que não invelhece ,
chamada Angola,
e fui amado baptizado por ela
teu nome deu-me escola,
teu coração nunca foi minha esmola
Sei que um dia vou morrer aí,
no teu chão, minha amada Angola,
onde partiu caravelas levando seus,
filhos num lugar incerto ..