Blog de Marilene Anacleto

Foto de Marilene Anacleto

Noite

Corpos se enroscam
Sem luxo, sem cor, sem raça,
Na singeleza do encontro,
Apenas a dádiva da graça.

Vazios de preconceitos,
Almas plenas de amor
Encontram-se avidamente
Até que, entre folhas brilhantes,
Surjam os primeiros diamantes.

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Amor é amor

Nestes dias quentíssimos
Debulho-me em suor.

Lavo menos roupas,
Uma vez por dia, a louça,

No banho, economizo,
Pra poder molhar minha flor.

Foto de Marilene Anacleto

Natureza em Festa

Abre uma flor no jardim,
Toda a natureza compartilha.

O ar, perfumado se diviniza,
O sereno repousa em orvalho.

As abelhas bailam o infinito,
As folhas despencam em riso.

Beija-flores suspensos no ar
Dançam asas de amor de acasalar.

Reproduzo a natureza em festa
Quando meu amado está bem perto.

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Chega de Culpas

Chega de culpas. E de desculpas.
Preciso mesmo é amar, e amar de verdade.
Só o verdadeiro amor é que traz felicidade.

Feridas abertas
Há milênios, aos milhares,
Em homens e mulheres
Precisam ser fechadas.

O homem tem medo de mostrar
Carinho e sensibilidade.
A mulher comanda o homem
E perde a flexibilidade.

O amor passa perto, na igreja, na balada.
Os olhos estão nas metas. Paixão triste, atual realidade.

É hora de esquecer a prisão da dor
De magoar e ser magoada
Em milhares de anos mal amada.
Eu preciso serpentear,
Enroscar-me nas asas do amor.

Em dupla de presentes espirais,
Vibrar o relâmpago que acende a alma.
Transcender o sangue, as tristezas,
Voar no espírito encantado
Atingir a luz das estrelas.

Eu quero mesmo é amar, e amar de verdade.
Só o amor verdadeiro é que traz felicidade.

Foto de Marilene Anacleto

O Barquinho

Da janela do meu quarto eu vejo o mar
Sob a luz de um raio de sol segue,
Mansinho feito as ondas, o barquinho.
Gaivotas o rodeiam e perseguem
A rede, de peixes carregada.

Pescador saiu de casa cedo
Pela família e seu amor
Nada o detém, nem chuva ou medo,
Alimento na mesa, afeto e calor,
Forma de demonstrar o seu amor.

Animo-me. Arrumo o quarto.
A esperar o pedreiro, preparo o café.
Sigo assim, sob o raio de sol
Que agora se mostra a quem quiser.

Quem tiver olhos que veja
E alimente com poesia a sua alma.
Que sustente sua luz, sua beleza,
Com confiança e fé em quem lhe ama.

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Homem Fogo - Mulher Ar (Dia dos Namorados)

Das energias que emanam da terra
Incorporam para evoluir, os seres,
Cada qual com seus poderes.

O homem é o fogo, a mulher, o ar.
Nos braços do cavalheiro, em ritmo de valsa,
A dama rodopia, serpenteia, e até pode voar.

À luz da chama, a dama orienta a família,
Prepara e orna o alimento e a casa.
Nessa melodia celeste, todos criam asas.

Se o cavalheiro prende a dama, não há dança,
Tudo é cansaço, tristeza, desavença.
Então, surge a pobreza e a doença.

Se o homem machuca a dama, incontrolável força
O ar se torna. Capaz de decepar florestas inteiras,
Ou jogar as árvores para fora da terra.

Mas, se o fogo enfraquece, o ar acaricia.
Feito mãos poderosas aquece aquelas mãos frias,
Canta, assopra, declara o amor em orações de poesia.

Assim o fogo se recupera e se levanta.
Em tons celestiais, a alegria se encanta,
E o ar rodopia, espirala, serpenteia e dança.

Que cada dia seja um Feliz Dia dos Namorados!

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Nada me Inspira

Nada me inspira.
O cansaço, meu sono tira.
Ao lado da cama, livros em pilha.
Procuro encontrar minha poesia.

Ainda faço os passeios da manhã
Quando aparecem nuvens de algodão,
Cedo, ou logo que se veja a chuva
A formar espelhos pelo chão.

E, à tarde, assim que o pedreiro sai,
Caminho a arrastar os pés.
Os fios se enchem de andorinhas,
Gaivotas cantam a volta ao ninho.
Um banho, um café, uma novela,
Eu me amontoo e qualquer cantinho.

Declaração de amor, conversa de paz.
Ele chega, mais um café.
Acompanho-o com muito amor.
O cansaço não me deixa de pé.

Levanto, vou escrever. Nada me inspira.
Ainda bem que ele não se irrita.
Vou dormir. O cansaço, meu sono tira.
Leio umas páginas dos livros da pilha.
Nada. Procuro encontrar de novo minha poesia.

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Mãe

Esparge, a lua, sua luz em raios,
No anoitecer de outono, em dança,
Ilumina as ondas em pequenos fachos,
E a mãe ora por sua sempre criança.

No movimento da onda, a lua
Penetra mais fundo na água.
A oração vem banhar o semblante
Enquanto ilumina a minha alma.

Entre suspiros e palpitar de coração,
Crescente, nova, minguante e cheia,
Há sempre um consolo ou um perdão.
Traz-me as bênçãos das manhãs serenas.

E no encontro depois de tempos,
Enquanto a lua faz dia no despido céu
Paira o anjo, de leve em meus ombros:
Beijo de mãe, saudade transformada em festa.

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Para as Mães

Para as mães deste espaço
Que partilham comigo
O eu alegre e o sofredor,
Muitas bênçãos e luz
Um abraço envolvedor
Da Presença Divina
E do Seu Puro Amor.

Foto de Marilene Anacleto

Meu coração relicário

Meu coração relicário
Conforta milhares de lágrimas
Escondidas, não ditas.

No escuro das conchas fechadas
Ganham brilho, tornam-se pérolas,
Em ricos colares transformadas.

Contam histórias inexatas
Dos amores esquecidos
Dos olhares esquisitos

Para novos caminhos guiados.
Hoje os tão ricos colares
Dos amores partilhados

São jóias raras, imensas
De um coração feliz
Que consegue viver a luz
Após tamanhas desavenças.

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