Cansaço

Foto de Carmen Vervloet

OLHOS QUE VEEM, CORAÇÃO QUE SENTE

No meu coração, gravada em felicidade, a fazenda Três Meninas! O casarão caiado em branco, portas e janelas pintadas em ocre, a varandinha, como mamãe chamava, com jardineiras repletas de gerânios coloridos e camaradinhas que caiam até o chão. Em frente à casa, estonteante jardim, onde borboletas faziam seu ritual diário, beijando com amor a cada exuberante flor, cena que meu coração menino guardou para sempre. As cercas todas cobertas por buguenvílias num festival de cores. Em seguida ao jardim, o pomar com gigantescas fruteiras (olhos de criança, enxergam tudo maior), mangueiras, abacateiros, laranjeiras, goiabeiras e tantas outras que não se conseguiria enumerar, onde com a agilidade da idade subia, não só para colher e saborear os frutos maduros, mas, para ver de perto os ninhos de passarinhos, que papai com sua profunda sabedoria, já me ensinava a preservar. Passava horas sobre os galhos das minhas fruteiras prediletas, principalmente goiabeira, que era só minha, ficava ao lado do riacho, onde também costumava pescar. Lá do alto, no meu galho preferido, junto aos pássaros, voava em meus sonhos de criança feliz!
Nos meus devaneios, fui mãe (das minhas bonecas), fui anjo (nas coroações de Nossa Senhora), viajei pelo mundo (sempre que via um avião passar), fui menina-moça (sonhando o primeiro amor). Na vida real fui criança feliz, cercada pelo amor e carinho de minha doce mãe, de meu sensível e amigo pai (ah! Que saudade eu sinto de você, pai), de minhas duas irmãs mais velhas que faziam de mim sua boneca mais querida, colocando-me sobre uma pilha de travesseiros, num altar improvisado sobre a cama de meus pais, onde eu era o anjo, na coroação que faziam de Nossa Senhora. Nesta época eu tinha apenas dois anos e se o sono chegava, a cabecinha pendia para o lado, logo me acordavam, pois não podiam parar a importante brincadeira.
Já maior, menina destemida, levei carreira de vaca brava, só porque me embrenhei na pasto, reduto das vacas com suas crias, para colher deliciosa jaca, que degustara com o prazer dos glutões. O cheiro da jaca sempre me reporta às boas lembranças da Fazenda Três Meninas... Até hoje tenho uma pequena cicatriz na perna, que preservo com carinho, sinal de uma infância livre e feliz. Desci morros em folhas de coqueiros, cavalguei cavalos bravos, pesquei com peneira em rio caudaloso! Ah! Tempo bom que não volta mais!...
Mês de dezembro. Tempo de expectativas e alegrias. Logo no começo era a espera do meu aniversário, da minha festa, do vestido novo, do meu presente, o bolo, a mesa de doces com os deliciosos quindins feitos por mamãe. Depois a expectativa do Natal, a escolha do pinheiro, do lugar estratégico para montar a imensa árvore, os enfeites coloridos, estrelas, anjinhos, bolas que eu ajudava mamãe a pendurar, um a um, com delicadeza e carinho, junto à certeza da chegada do bom velhinho, em quem eu acreditava piamente, com todos os presentes que havia pedido por carta que mamãe me ajudava a escrever. O envelope subscritado com os dizeres: Para Papai Noel – Céu
E depois era esperar a chegada do grande dia. Era o coração batendo em ansiedade, era a aflição de ser merecedora ou não da atenção do bom velhinho. Quando chegava o dia 24, sentia o tempo lento, as horas se arrastando, o sapatinho, o mais novo, sob a árvore, desde muito cedo, o coração batendo acelerado. Mal anoitecia, já deixava a porta entreaberta para a entrada de Papai Noel e corria para minha cama tentando dormir, sempre abraçada a minha boneca preferida, para acalmar as batidas do meu coração. O ouvido apurado para tentar ouvir qualquer ruído diferente. Era sempre uma noite muito, muito longa! Os olhos bem abertos até que o cansaço e o sono me venciam!
No dia seguinte, cedo pulava da cama. Que grande felicidade, todos os meus presentes lá estavam sob a árvore. Era uma festa só! Espalhava os presentes pela casa toda, na vitrola disco LP tocando canções natalinas, função de papai que adorava música... (Ah! Papai quanta coisa boa aprendi com você). Lembro-me bem de um fogãozinho, panelinhas, pratos, talheres que levei logo para o meu cantinho, onde brincava de casinha. Lembro-me também de uma boneca bebê e seu berço que conservei por muitos e muitos anos.
Todas essas lembranças continuam vivas dentro de mim, como se o tempo realmente tivesse parado nestes momentos de paz e felicidade. Os almoços natalinos na casa de meus avós paternos onde toda a imensa família se reunia em torno de uma enorme mesa. Vovô na cabeceira, vovó sentada a sua direita, tios, tias, primos e mais presentes para as crianças, comidas deliciosas, sobremesas dos deuses, bons vinhos que eu via os adultos degustarem, (depois do almoço, escondida de todos, eu ia bebericando o restinho de cada copo), arranjos de frutas colhidas no pomar, flores por toda a casa e depois minhas tias revezando-se ao piano, já na sala de visita, onde os adultos tomavam cafezinho e licores. A criançada correndo pelo quintal, pelo jardim, pelo pomar... Tantos momentos felizes incontáveis como as estrelas do firmamento! Momentos que eternizei no meu coração.
Hoje o tempo é outro, a vida está diferente. Muitos se foram... Outros chegaram... Os espaços estão reduzidos, as moradias se verticalizaram, as janelas têm grades por causa da violência, as crianças já não acreditam em Papai Noel, desapareceu o espírito cristão do Natal para dar lugar a sua comercialização, as ceias tomaram o lugar dos grandes almoços em família, da missa do galo...
Mas a vida é dinâmica e temos que acompanhá-la. Os grandes encontros de família são raros. As famílias foram loteadas, junto aos espaços, junto a outras famílias, junto à necessidade de subsistência.
Nada mais é como antes, mas mesmo assim continuamos comemorando o nascimento do Menino Deus, em outros padrões é verdade, mas com o mesmo desejo de que haja paz, comida e felicidade em todos os lares.
Feliz daquele que tem tatuado nas entranhas da alma os venturosos natais de outrora vistos por olhos que vêem, olhos atentos de criança, sentidos com a pureza do coração!
Olhos da alma, sentimentos eternizados!...

Carmen Vervloet
Vitória, 23/12/2008
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Insônia.

Envelhecer perturba, ainda mais pra quem já era velha por dentro. Além das dores que vêm, surgem as responsabilidades que antes eram zero e agora tendem ao infinito, as preocupações que rendem aquelas ruguinhas e o fato de saber que tudo isso só vai é piorar com o passar do tempo. Estou cansada só de imaginar (cansar... já é coisa de gente velha). Insônia, outro sintoma agudo que chegou com a idade, no relógio são 23:26 há essa hora eu já deveria estar no sétimo sono, sonhando com um belo príncipe encantado, nosso casamento e filhos, minha carreira bem-sucedida e meu guarda-roupa chiquérrimo repleto de peças brancas! Entretanto, estou plantada na minha cama, depois de uma tarde inteira de pensamentos malvados a meu respeito, acordadíssima dialogando com a minha decadência. Me deparo com a página daquela velha colega de escola, paro pra dar uma bela analisada, típico de mim - típico de gente que não tem mais o que fazer de madrugada, tipo dormir. Ela não está com essas olheiras de gente que como eu, que mesmo sem conseguir dormir tem acordar seis da matina pra enfrentar um dia inteiro de ocupações, ela não, ela acorda tarde, toma aquele sol e depois está pronta para aproveitar seu dia, de ócio, é claro. Ela está sempre estampando um emoticon de coração no nome, um arzinho juvenil de gente que ainda não sabe o que ser gente. E o que mais surpreende, a menina sempre está namorando, exibindo fotos e mais fotos com seu grande amor - que é atualizado com frequência. Os caras nunca são bonitos, eu concordo que isso não é preciso, mas visivelmente são o par perfeito, fúteis e despreocupados com a vida. Eu que leio, viajo, estudo, escrevo tinha tudo pra acrescentar encanto na vida de alguém, opto pela solidão. E às vezes, depois que a madrugada arrasta o cansaço e ninguém mais pode me julgar só eu, tenho um pouco de inveja da minha ex colega de classe que não tem medo de ser boba e infantil aproveitando as paixonites que surgem e não tendo vergonha de mostrar. Pior do que envelhecer é sentir que por dentro tanta coisa já morreu em função da vida adequada a uma rotina maçante. As risadas altas foram substituídas, por sorrisos contidos que é pra não chamar muita atenção, as brincadeiras inocentes já não são naturais, é tudo impregnado de duplo sentido e eu nunca fui boa em captar coisas no ar, smiles nos nicks são impossíveis, me permitir um romancezinho juvenil? Só no dia que chover canivete. Deixei meu lado infantil morrer pra me encontrar e foi aí que eu me perdi.

Foto de DeusaII

Deixei-me adormecer

Senti uma grande tensão
A percorrer todos os meus músculos,
Meus olhos a quererem-se fechar,
Com o peso da claridade que assolava o dia.
Meus braços já meio mortos
Não reagiam mais às minhas ordens,
E dei por mim a levitar acima do meu corpo.
Eliminei qualquer sentimento
Que poderia ainda permanecer em meu coração,
Fechei as portas da minha alma
Ao amor, e apenas permaneci assim.
Tua face, aos poucos, foi-se esbatendo,
Até não mais te reconhecer.
Tuas memorias eclipsaram-se de todo o meu corpo
E deixei-me afundar neste estado
Até a dor desaparecer da minha vida
E meu corpo inanimado perder por fim o brilho.
Meus sentidos acabaram por se desorientar,
E eu, que já não acreditada nos sonhos,
Deixei-me levar por este estado.
O cansaço já me dominava à muito
E deixei-me adormecer
Num mundo de fantasia e ilusão.
Deixei meu universo morrer
E mergulhei em estados irreais,
Não quis mais acordar.
A realidade passou a ser apenas
Uma recordação distante,
De tudo o que deixei de ser, sem ti.

Foto de ivete azambuja

RETORNO

E aí, chegou até a mim a consciência exata de não querer,
É que não é mais possível violentar-me
Por mais que sofra se solidão!

Ainda não se verdade nenhum amor encontrado.
Ás vezes me venço pelo cansaço da busca, entregando-me,
Só que a busca não para no cansaço da entrega,
Não sossega o peito, transcende a todos os limites definidos, evapora-se por entre os dedos onde eu tento segurá-la.

E a paz momentânea bate asas, empreende novos vôos pelo noturno de mim,
E então há o encontro, o retorno à forma original.
Aí eu penso: Talvez passe a vida retornando, ou talvez quem sabe,
Um dia eu me vença pelo cansaço definitivo da busca,
A morte!

(Ivy Portugal)

Foto de annytha

Boa noite meu amado!!!

Boa noite meu amor !!!

... Boa noite meu querido, durma bem! Se teu corpo tiver cansado e por conta desse cansaço tiver dificuldade em adormecer, pense nas noites de lua, sempre cúmplice do nosso amor, olhe para o céu estrelado, e imagine que eu sou uma delas sempre te ofuscando com o brilho do meu olhar, pense nos jardins floridos e perfumados onde todos os dias pela manhã nascem lindas rosas e cada uma parece sorrir para ti... Pense no sorriso singelo das crianças, que viste durante o dia, tão complexo mas sincero, sempre tão felizes; no sol que certamente vai estar brilhando, batendo em teu rosto com uma suave caricia te esperando acordar pra te dar bom dia! Pense na brisa calma da manhã a qual irá te aconchegar ate chegar ao meio-dia, onde o sol estará mais quente, e tu desejarás que a noite chegue outra vez trazendo consigo a madrugada morna e tranquila. Pense que esta madrugada te abrirá as portas noturnas pra que o Anjo da noite entre e ajude a acalentar o teu sono! Pense que sempre estarei te esperando para me entregar a ti por inteira, sem reservas, sem medo, beijar-te com sofreguidão, e fazer desse amor um ninho de sonhos e fantasias, onde seremos sempre os protagonistas! Pense em mim, pense em nós ... Boa noite meu querido !!!
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Foto de annytha

Boa noite meu amado!!!!

Boa noite meu amor !!!

... Boa noite meu querido, durma bem! Se teu corpo tiver cansado e por conta desse cansaço tiver dificuldade em adormecer, pense nas noites de lua, sempre cúmplice do nosso amor, olhe para o céu estrelado, e imagine que eu sou uma delas sempre te ofuscando com o brilho do meu olhar, pense nos jardins floridos e perfumados onde todos os dias pela manhã nascem lindas rosas e cada uma parece sorrir para ti... Pense no sorriso singelo das crianças, que viste durante o dia, tão complexo mas sincero, sempre tão felizes; no sol que certamente vai estar brilhando, batendo em teu rosto com uma suave caricia te esperando acordar pra te dar bom dia! Pense na brisa calma da manhã a qual irá te aconchegar ate chegar ao meio-dia, onde o sol estará mais quente, e tu desejarás que a noite chegue outra vez trazendo consigo a madrugada morna e tranquila. Pense que esta madrugada te abrirá as portas noturnas pra que o Anjo da noite entre e ajude a acalentar o teu sono! Pense que sempre estarei te esperando para me entregar a ti por inteira, sem reservas, sem medo, beijar-te com sofreguidão, e fazer desse amor um ninho de sonhos e fantasias, onde seremos sempre os protagonistas! Pense em mim, pense em nós ... Boa noite meu querido !!!
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Foto de jeankarlos

PEÇA A ALGUÉM Q DITE ENQUANTO VC ESCREVE E TESTE SEU PORTUGUÊS

Não sei, mas quanto mais estudo, me vem mais porquês.

Obvio, estudamos porque sabemos que não iremos aprender tudo,
e isso é mau, pois há uma semana estudo e daqui a três semanas
minhas férias acabam.

Quando estudo faço versos, tipo:

Tive acesso ao excesso das minhas obsessões. Cheguei ao retrocesso
Maciço e escasso, então senti a ânsia de um misto cansaço e repousei.

Ascendes aos céus minhas súplicas, cerrem as portas do abismo, pois
sou ex-combatente preso numa cela, e com as súplicas, que minhas
esperanças viajem com elas.

JK ( INSANO

Foto de Sonia Delsin

TALVEZ ALGUM DIA

TALVEZ ALGUM DIA

Talvez algum dia a gente se encontre.
Nas asas de algum vento.
Talvez possamos conversar.
Sem lembrar o sofrimento.

Talvez eu desabe no teu ombro.
Como chumbo derretido.
Talvez me dês ouvido.

Não pra chorar coisas antigas.
Mas pra falar do agora.
Sentindo que podes me ouvir
talvez eu possa mostrar como está sendo o meu existir.

Talvez eu nem me deite no teu regaço.
Nem te mostre o meu cansaço.
Talvez eu simplesmente te ofereça meu abraço.

Talvez um dia esta roda estranha que é a vida resolva voltar atrás.
Talvez possamos conversar em paz.
Sob um céu estrelado.
Sob um ocaso dourado.

O que eu mais queria te falar é que já perdoei o passado.

Foto de ROSA GUERRERA

O rio e o mar

O RIO E O MAR

Você foi para mim como um rio
que contornando obstáculos desaguou
no mar dos meus braços...
E juntos velejamos por entre
ondas plácidas na mistura de águas tão diferentes...
Sentimos juntos o calor do sol nas auroras de paixão ,
e nos espelhamos na luz do luar em promessas de ternura.
Nos embalamos em espumas brancas de paz
após tempestades de loucuras
no cansaço das nossas mãos entrelaçadas .
E não vimos que o marchar das águas de um rio
é um continuo seguir sem olhar para trás .

Hoje ,daquele encontro de águas apenas ondas de lágrimas
espalhadas nas areias de uma praia deserta...

Foto de ROSA GUERRERA

NÃO AME HOJE

Não ame hoje esse sorriso
que ainda tenho no rosto.
Ele traz emoldurado rugas do tempo.
Não ame hoje o carinho das minhas mãos!
Os anos já começaram também a enrugá-las...
Não ame hoje a melodia que ainda canto docemente...
minha voz já não possui a vibração de outrora.
Não ame hoje os meus cabelos revoltos em desalinho!
Há núvens brancas cobrindo a sua outrora beleza !
Ame a poesia que nasce a cada dia dentro de mim.
Ame esse coração ainda menino e vagabundo...
Ame o meu olhar que ainda se ilumina ao falar de amor!
Ame a verdade dos meus anos vividos ,
dos meus sonhos apetecidos
e das minhas alegrias que não feneceram.
Só me amando assim será rasgado o invólucro
das rugas, do tempo e do cansaço...
E como num passe de mágica você escutará
a gargalhada sonora da criança
que nunca envelheceu em mim !

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