Blog de Lorena Luiza Fernandes

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Bruta flor do querer.

Quando eu não o tinha, o desejava tanto... No tempo em que a ilusão de o ter alimentava a esperança de poder passar noites à fio escrevendo confortavelmente sobre a minha cama, eu nutria um desejo tão grande de tê-lo... Consegui, comprei meu notebook e nunca escrevi nada em nenhuma madrugada solitária, nem em dias solitários, nem em tardes frias... Nada! Perdeu a graça. Odeio conseguir, mas adoro tanto desejar.
Minha vida é uma sucessão de grandes quereres e ilusões, que depois que viram aquisições perdem o brilho. Então, percebe-se que minha vida é bicromática, pintada vez de rosa purpurina, vez de branco chocho cheio de equilíbrio e paz.
Dia desses parei pra pensar se eu gosto mais do rosa purpurina da luta pela conquista, ou desse branco chocho que toma conta do depois, não soube decidir (grande novidade, nunca fui boa com decisões), superficialmente sempre exibi uma pose tão 'branca', uma vida tão equilibrada de moça certa e pra casar... Em contra partida, minhas pequenas atitudes sempre tentavam dar uma pincelada pink na minha vida enfiar aventura na minha rotina, pra ver se eu conseguia virar o jogo e só ser eu mesma... Nem muito pombinha da paz, nem muito rosa choque. Mas nunca consegui!
De certo nunca me conheci. Dia desses, outra vez, me peguei dizendo que mentia muito, será que eu sou mesmo dissimulada? Nunca tinha pensado a meu respeito dessa forma. Fui procurar no meu amigo fiel, o Aurélio, um esclarecimento, o que seria ao pé da letra dissimular? No Aurélio estava assim, Dissimular: Ocultar ou encobrir com astúcia (Ah, isso quem não faz? Não pode ser critério. Não tenho culpa de não gostar de tudo que eu penso e esconder partes, e mesmo que fosse um bom critério se eu me encobrisse com astúcia nunca teriam me chamado de dissimulada e eu não estaria aqui fazendo essa análise, 0 pra Lorena Capitu x 1 pra Lorena e só), não dar a perceber, calado ou simulando( É, nunca soube discutir, no fim eu sempre fico calada, mas é uma questão de passividade e falta de convicção nos meus ideais, Sou só a Lory, Cabou! Não simulo nada, só aceito novidades tranquilamente), não revelar seus sentimentos ou propósitos (E eu vou revelar pra quê? Tá, essa eu assumo, não gosto de sentimentos assim como não gosto de carne e mesmo não gostando eu como, mesmo não gostando de sentimentos, eu sinto, mesmo não gostando os escondo!). Sou sincera aos meus pensamentos momentâneos, sem analisar muito falo coisas, o exame vem depois e talvez as ideias mudem e é apenas isso não sou dissimulada, nem mentirosa. Parece-me que não adianta a simples Lorena será sempre a menina pacífica e passiva por fora, viciada em adrenalina e fortes emoções por dentro e uma coisa não exclui a outra. Por fim, se metade de mim for certeza o resto será dúvida. E quando meu corpo viver aventuras minha alma pedirá paz, se muito serena ela estiver implora por desassossego. Se eu conquisto meu desejo, já não o quero. Odeio conseguir, adoro desejar e sofro tanto por isso.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Insônia.

Envelhecer perturba, ainda mais pra quem já era velha por dentro. Além das dores que vêm, surgem as responsabilidades que antes eram zero e agora tendem ao infinito, as preocupações que rendem aquelas ruguinhas e o fato de saber que tudo isso só vai é piorar com o passar do tempo. Estou cansada só de imaginar (cansar... já é coisa de gente velha). Insônia, outro sintoma agudo que chegou com a idade, no relógio são 23:26 há essa hora eu já deveria estar no sétimo sono, sonhando com um belo príncipe encantado, nosso casamento e filhos, minha carreira bem-sucedida e meu guarda-roupa chiquérrimo repleto de peças brancas! Entretanto, estou plantada na minha cama, depois de uma tarde inteira de pensamentos malvados a meu respeito, acordadíssima dialogando com a minha decadência. Me deparo com a página daquela velha colega de escola, paro pra dar uma bela analisada, típico de mim - típico de gente que não tem mais o que fazer de madrugada, tipo dormir. Ela não está com essas olheiras de gente que como eu, que mesmo sem conseguir dormir tem acordar seis da matina pra enfrentar um dia inteiro de ocupações, ela não, ela acorda tarde, toma aquele sol e depois está pronta para aproveitar seu dia, de ócio, é claro. Ela está sempre estampando um emoticon de coração no nome, um arzinho juvenil de gente que ainda não sabe o que ser gente. E o que mais surpreende, a menina sempre está namorando, exibindo fotos e mais fotos com seu grande amor - que é atualizado com frequência. Os caras nunca são bonitos, eu concordo que isso não é preciso, mas visivelmente são o par perfeito, fúteis e despreocupados com a vida. Eu que leio, viajo, estudo, escrevo tinha tudo pra acrescentar encanto na vida de alguém, opto pela solidão. E às vezes, depois que a madrugada arrasta o cansaço e ninguém mais pode me julgar só eu, tenho um pouco de inveja da minha ex colega de classe que não tem medo de ser boba e infantil aproveitando as paixonites que surgem e não tendo vergonha de mostrar. Pior do que envelhecer é sentir que por dentro tanta coisa já morreu em função da vida adequada a uma rotina maçante. As risadas altas foram substituídas, por sorrisos contidos que é pra não chamar muita atenção, as brincadeiras inocentes já não são naturais, é tudo impregnado de duplo sentido e eu nunca fui boa em captar coisas no ar, smiles nos nicks são impossíveis, me permitir um romancezinho juvenil? Só no dia que chover canivete. Deixei meu lado infantil morrer pra me encontrar e foi aí que eu me perdi.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Blá, blá, blasé.

Ai de mim, ai do meu coração. Dói tudo por dentro. Dor de cabeça, dor nas costas. Claro, ninguém me mandou querer carregar a solidão do mundo nos ombros. Incomoda tanto ser só, e apelidar essa falta de companhia de liberdade. Como se adiantasse alguma coisa mudar o nome... Ainda assim permanece a falta de alguém. Sinto saudade das coisas que nunca vivi, sinto vontades que não quero ter.
Quero ter um companheiro... Que me preencha o corpo e a alma que sacie o todo de mim, porque se fosse só pelo fato de dizer que existe alguém comigo, já teria sanado essa ferida que aparece todo mês no meu coração, mas eu não quero alguém pra exibir, nem só pra fazer passeios bobos de mãos dadas. Quero um baita de um alguém, pra pôr cor na minha vida e não um simples acompanhante. Queria fazer do meu corpo uma morada pra enclausurar a pessoa amada, fazer da minha alegria motivo de comemoração e da minha tristeza desculpa pra conseguir um cantinho num ombro largo.
Estou há tanto tempo só, tenho tantos amigos e vivo só, tenho tantos amores e estou sempre sozinha! Andando só e sem querer chegar. Indo pro além do horizonte, pra parar no além do além, no fim do mundo, dentro do meu pensamento. Pra tentar exercer a minha solidão com plenitude, porém sempre tem alguém pra me inspirar e me fazer pensar que este ermo dentro de mim logo vai passar é culpa da minha essência que é tão rara, me fazem acreditar que não sou só, sou diferente, especial e para que eu ache a minha companhia exata vou precisar esperar, me pergunto o que fazer com tanta coisa dentro de mim querendo ser passada adiante e não pode, porque estou na maior parte do meu tempo só, o que faço com isso? Onde guardo? E quem disse que eu quero esperar? Agora volto a ter vontade de não ser só, contudo não sei viver em conjunto, o melhor seria fugir e se eu fosse pra algum lugar que não pertencesse a ninguém, onde não hajam pessoas pra eu querer sentir, sem olhares pra ter vontade de desvendar, sem essas tentações querendo me acompanhar, seria menos cruel, mas não posso ir, se eu fui a escolhida pra ser só, assim liberta como eu diria, vou fazer bem direitinho, vivendo no meio de gente e pertencendo somente a mim vestindo uma máscara, fingindo ser tão completa e cheia de liberdade, feliz e contente de ser eu a minha única companheira.
Não adianta mesmo fugir, não nasci para ser de alguém, não fui a escolhida para entregar meu coração. Quando eu nasci Deus não disse 'desce e arrasa', ele lascou uma afirmativa mais pra 'Vai, minha filha, ser esquerda na vida!'. E eu vou.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Paixão: o vício dominador.

Estar apaixonado é se portar de todo o egoísmo existente. Quando se está apaixonado, pensamos tanto no outro do nosso ponto de vista, da nossa maneira, o certo alguém vira uma estátua que a silhueta é esculpida pela ilusão do amar. Tudo em demasia, tudo é mais lindo do que normalmente, mais enfeitado que normalmente, mais iluminado, mais bonito e talvez mais feliz, tudo porque você tem alguém para querer ter. Nós apaixonados ficamos procurando maneiras de fazer com que a estátua do ser amado, programado pra nos satisfazer, se torne real. Mas o alguém não é uma estátua, nem sequer tem as qualidades que adquiriu na nossa cabeça e não sente do mesmo jeito. E nós burros, reles aprisionados da paixão, achamos que um belo dia tudo vai se transformar e todos aqueles sonhos mirabolantes vão se realizar. Porém isso não acontece, nem vai acontecer, mas o egoísmo é tanto que nos agarramos a todos os fios de esperança que dizem que um dia tudo vai mudar e vai ser tudo lindo como eu já tantas vezes imaginei. Sonhei que seriamos você e eu, apaixonados assim: VOCÊ e eu. Está aí! Isso não acontece o você não está na mesma sintonia que eu, eu que morro de paixão e fico todas as noites acordada, imaginando o quanto seria lindo estar com você todo tempo. EGOÍSTA! E o outro? Eu não penso nos sentimentos do outro, eu penso nos meus e eles dizem que eu o quero demais e que eu posso dar amor mais singelo e delicado. Mas o outro não quer, o outro não tá afim. E o que eu faço? Eu digo que o amor é o sentimento mais egoísta, porque eu não consigo me desprender da esperança de um dia te ter do jeito mais lindo, só pra mim. Quando se ama não quer se dividir só se quer completar, se preencher e se satisfazer do outro. Faze-lo feliz do jeito apaixonado. Querendo ele ou não, o sentimento persiste. Querendo eu ou não. E assim a vida segue, mas o amor por incrível que pareça é um sentimento que dá e passa, deixa muitas marcas, porém passa...

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Transfigurar você.

Deixa eu te tirar dos meus pensamentos?
Te transferir, te transformar
Traçar as suas linhas turvas,
Retirar tua imagem dos meus sonhos e ilusões
Transfigurar você.
Te teletransportar para meus dedos e te escrever
Pra ver se assim, te desligo de mim.
Não me chames, minha chama ardente;
Porquê tu ardes em mim.
Preservar-me-ei do teu fogo!
Vá, não sopres minha ferida,
Pois não sou mais como antes,
Vou curar minha chaga.
Deixa-me, quero voar
Pelo ar, não quero te acompanhar,
Permita-me?
Permita-se!

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Versinhos.

Lágrimas caem sobre nosso amor
E não te resta mais nada a me dizer
Nada sobra mais que dor
Tanta tristeza de amor, tanto sofrer...
Mas do passado guardo lembranças
No presente aguardo o adeus
E para o futuro levo a esperança
Esperança de estar nos braços seus.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Humor líquido.

E porque ela não chora?
Ah, rapaz , mal sabe você que ela sim chora na tarde morna, ela se senta na janela para contemplar o céu e pensar no mar e de repente um frio se integra no coração e desaba a chorar, lágrimas úmidas e silenciosas, sem alarde ela agora chora, as gotas caladas levam embora o amor mal resolvido, a paixão inusitada, a ilusão que veio alada. Os pingos graúdos molham seu rosto denunciam seu estado, os olhos inchados, lábios molhados. Silêncio...Muito silêncio.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

Gotas de poesia.

Escrever...
Escrevo pra quem não me compreende,
Escrevo porque não me entendo,
Escrevo
O que sinto
O que não, escrevo...
Deito,
Num leito gelado
E os dedos portados de mágica
Dão asas as minhas palavras, concedem vôo aos meus pensamentos,
Esses que não suportam o engaiolamento verbal do meu penar
Têm necessidade de viajar,
Transcender a linha obscura de minh’alma.
Se espalhar, explodir, extravasar.
Extra vazo palavras:
Excedo o escoamento do meu escrever vazio;
Gotejo minha pouca poesia na imensidão.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

O relicário imenso desse amor.

Estranho é eu gostar tanto do seu não gostar. Estranho é pensar que o tempo já passou e eu nem percebi. Ganhar ou perder sem me importar, ter vontade de avançar. Dissolver a concentração, me distrair só de imaginar onde você deve estar pra gente continuar aquela conversar que não terminamos ontem, ficou pra hoje. Te conhecer, te adorar. Querer te ter, querer te amar. Amor de novela, deitar juntos e contar estrelas. Tocar você... Vontade louca de te ver. Poder pintar minha boca, escreve-la na sua pra você gostar. Fazer tudo o que não fizemos ontem, as coisas que ficaram pra hoje. Nós não iremos embora, minha vida é colada na sua, eu fiz um desvio no meu caminho para o encostar no seu, mas esqueci as migalhas de pão você vai ter que cuidar de mim, pois eu já não sei mais como voltar pra casa. Vem construir um lugar comigo, deixa tudo para trás, lá nós seremos felizes demais! Vamos juntos. Você e eu podemos ver o mundo inteiro. Encoste tua mão na minha, tudo parece exato.Estranho é ficar imaginando sabendo que isso nunca vai mudar. Estranho é gostar tanto de você, lembrar tanto de nós. Estranho é ter o poder de idealizar toda uma história que não vai se realizar. Estranho é escrever todas essas besteiras, saber que você nunca vai as ler ou perceber que são para você! Estranho é ainda ter paciência para pensar tanto em você. Mas satisfeita vou sorrir, cheguei até aqui e meu caminho já mudou ou está prestes a mudar... Devo admitir que na verdade eu gosto só de me lembrar, o quanto foi bom o nosso gostar. Um beijo e adeus para você, minha paixão que agora está só no meu passado.

Foto de Lorena Luiza Fernandes

O que eu sei.

Eu tento encher os meus dias de poesia,
Eu tento entender mais a filosofia
E tenho muitos problemas com indecisão.
Eu não arrumo o meu armário,
mas sigo todos os horários.
Vou ser assim até mudar de opinião.
O que eu sei
A vida é feita de ideias insensatas.
Idéias que eu pensei que sabia, eu só pensei.
Eu vivo sozinha numa imensidão.
Eu mergulho no meu quarto
O meu melhor cenário.
Eu confabulo com a minha confusão.
O que eu aprendi
O melhor remédio pra tristeza é sorrir.
Depois eu entendi
Às vezes a tristeza é o melhor remédio.
As coisas que eu sei
São o inverso do que eu achei que sabia, já compliquei.

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