A suavidade de uma escova a lutar com uma mecha de cabelos selvagens, equivale à leveza da pena de um criador. As duas situações equiparam-se no que ao conflito diz respeito. É como estar em cima de uma fina folha de zinco, e ter um lago cheio de crocodilos famintos por baixo. O risco é total, e anima na procura pelo resultado final. Domar melenas exige arte, perícia. À força de um punho, tem que se aliar a paciência, e o jeito de entender. Saber aguardar pelo imprevisível, e nunca desanimar face aos ‘tropeções’. A força de um ecrã de computador, a lutar com dez dedos de um criador, equipara-se em tudo a este duelo. Permaneço expectante de cada vez que luto com uma superfície branca. Sou eu, a minha vontade de sonhar, e o desejo de ultrapassar fronteiras, contra o poder do dado adquirido. A força do branco a empurrar milhões de células cinzentas para um limbo encurralante. É uma batalha que perco inúmeras vezes. A força do inevitável ganha sempre quando o espírito da inovação se apodera de 10 dedos bamboleantes e dançarinos. Começa aqui a principal diferença entre os dois processos. Ser mecânico, é diferente de ser espontâneo. Agir por obrigação, é oposto a deixar fluir o espírito da criação. Ponto final, parágrafo.
Penteada desfeita
Data de publicação:
Segunda-feira, 15 Dezembro, 2008 - 12:37
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