Espontâneo

Foto de Jorge Jacinto da Silva Junior

Algo como a Felicidade

Algo como a Felicidade

A Felicidade é algo que pode
Ocorrer quase que despercebida
Contudo, ela jamais vem tarde.
Nunca se faz em nós tardia.

Vem de simples detalhes.
Aquele da espinha arrepiar,
Um estranho frio na barriga,
Um sorriso espontâneo no olhar.

É a certeza do aguardado aproximar
Do mais lindo dos sonhos sem medo.
A vida com braços largos abraçar
Com carinho pleno e vivo aconchego.

É estar a debruçar nas janelas da alma,
E entender a verdade o quanto faz falta
Não perceber que é dentro de nós
Que a felicidade faz eterna morada.

Jorge Jacinto da Silva Jr.
jorge.jacinto@gmail.com

Foto de Arnault L. D.

Fora do Prazo

Se houvesse, amor ausente,
uma trégua para nós,
eu iria estar contigo,
lhe traria um presente...
Novamente o mundo a sós
abrindo espaços sem perigo.

Poderia ser a natureza,
que impele aos desejos,
impele a fazer promessa,
pele arrepia sem defesa
à eminência dos seus beijos,
em que a volúpia se confessa.

No ruborizar do rosto,
na língua o gosto tão bom
que seu corpo inteiro aboca.
Que ao si provar exposto,
espontâneo feito um dom
transcende-me a fome louca.

De alimentar-me a alma
da sua carne, que saliva,
até o soluçar do gozo
e o êxtase pousar a calma.
E não mais posto a deriva
retornaria... ao lar ditoso.

Foto de Francis Raposo Ferreira

Conquistar a Felicidade

Felicidade

Tal como tanta outra gente, também já me vi, diversas vezes, confrontado com esta pergunta que nos provoca desconforto e para a qual nem sempre tenho conseguido encontrar resposta: “O que é a Felicidade?”
Umas vezes pensei ter encontrado resposta, quando sentia aflorar um sorriso motivado por um qualquer acto, ou atitude, quantas vezes espontâneo. Outras vezes pensava que a felicidade residia no facto de verificar como um gesto meu, por mais simples que possa ser, provoca o sorriso de outro alguém. Não nego que se tratam, efectivamente, de momentos de Felicidade, só que, permitam-mo, penso tratar-se de um 1º estágio da Felicidade, isto é, uma Felicidade momentânea, mesmo que possamos argumentar que a Felicidade plena não existe, que o que existe é uma sucessão de momentos de Felicidade.
Noutros momentos de reflexão, pensava ter descoberto o verdadeiro significado da palavra Felicidade, quando revisitava a minha vida e ia identificando os vários objectivos, pessoais, familiares, profissionais, sociais, etc., que já conseguira concretizar e contribuir na concretização de Alguns objectivos daqueles que fazem parte desse mesmo percurso de vida, mas chegava, novamente, à conclusão de que ainda não descobrira o verdadeiro significado dessa palavra mágica que é a Felicidade, quando muito poderia ter identificado aquilo a que chamarei de 2º estágio da Felicidade, isto é, a conquista de um espaço onde a Felicidade passa de momentânea a mais consistente, um espaço onde podemos definir objectivos pessoais e sociais mais abrangentes.
Foi um destes dias, muito recentemente, quando ao chegar a casa, em plena solidão, que penso ter conseguido identificar o significado da palavra Felicidade, ou talvez seja só mais um estágio desse mesmo sentimento. É curioso dizer-vos, e concluir, que foi em pleno estado de solidão que dei mais este, significativo, passo, ou talvez até nem seja assim tão curioso, basta aceitar-mos o facto de que não há contexto melhor para a reflexão do que um pleno estado de solidão, pelo menos solidão espiritual, como que um vazio da nossa consciência, que nos permita uma viagem, sem enviesamentos, ao nosso subconsciente. Estava eu no tal estado de solidão, quando dei comigo a olhar não para tudo já consegui concretizar, mas sim para aquilo que poderá ser o meu, acompanhado de quem faz parte desta corrida, futuro. É verdade, foi como que uma viagem ao futuro, um futuro onde nunca estive, mas onde me senti bem, um futuro onde não senti preocupações de maior, um futuro que se me afigurou de estabilidade, emocional, sentimental, familiar, social, profissional, enfim, um futuro onde gostei de estar. Foi deixando-me ficar neste futuro que me fui apercebendo do estado de Felicidade, permanente e não momentânea, em que vivo, isto é, foi olhando o futuro de todos aqueles que hoje consigo identificar na minha vida, incluindo o meu, e só assim, de olhos no futuro, é que penso ter dado mais este passo.
Este 3º estágio da Felicidade, a que chamarei de horizontal, quando conseguimos identificar indicadores seguros de que todos os momentos de Felicidade momentânea se solidificaram e se transformaram em verdadeiros, e fixos, suportes para um futuro de estável desenvolvimento do tão desejado estado de alteridade.

Francis Raposo Ferreira

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o Ano Termine

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.

O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.

A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.

O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.

Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.

Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz

Direitos Reservados

Foto de Anderson Maciel

LEMBRANÇAS

Lembro-me de sua fraqueza, da sua morte, da partida e de tudo que você deixou, pois a sua vida era tão linda, uma pena ter acabado assim. Você era a escuridão de uns inclusive pra mim, como também a luz de outros, afinal seu modo de viver era tão espontâneo que me cativava em todo momento, principalmente pelo seu modo de sentir a dor, de cultivar a agonia, de limitar a alegria e não amar qualquer amor. Anderson Poeta

Foto de Carmen Lúcia

Saudade

Não mais a inocência estampada,
tatuada no rosto, no gosto, nos traços,
nos passos da ingenuidade, tenra idade,
quando a verdade feito um baluarte
sustentava a vida chamada Felicidade.

Não mais a magia do encanto,
do surpreendente rondando os cantos,
do inesperado sendo realizado,
da alegria num sorriso franco...

Não se escrevia...Via-se poesia!
Pintada num cenário surreal,
interpretada pela euforia de cada coração
onde a emoção brincava além das fronteiras
ultrapassando o ápice da abstração.

Não, agora não mais assim...
Nada acabou, tudo se transformou.
A ingenuidade vira maturidade,
a inocência chega ao fim.
Felicidade se reduz a momentos
poucos, parcos, finitos enfim...

A vida mostra uma outra face,
cara lavada, sem disfarces...
O mundo fica pesado, profundo,
o sorriso não sai espontâneo,
o encanto gera desencanto...

Ainda resta a poesia;
nada ou ninguém irá roubar.
Ela traz a primavera todo dia,
na janela...Bailando no ar!
Vibra a emoção adormecida
permeando sonhos que persistem
refletidos nas flores, nas cores,
nos amores que ainda existem,
vivos em lembranças que hoje
se chamam Saudade.

_Carmen Lúcia_

Foto de Jean Marcell Gomes Albino

Amor incondicional e incomensurável

Muitas coisas se passaram desde o momento em que a vi pela primeira vez quietinha sentada na carteira ao lado com o olhar fixo ao quadro repleto de teorias de geometria plana... Quem diria já faz cinco anos..., o tempo passa e muitas vezes deixamos de aproveitar oportunidades ímpares em nossas vidas seja omitindo pequenos gestos ou palavras que, aparentemente indiferente, fariam toda diferença. Hoje percebo o quanto deixei de viver passando pela vida, o quanto me contive quando o mais óbvio era ser espontâneo, o quanto mascarei meu eu quando o momento de transparência era eminente, o quanto deixei de valorizar quando é incontestável sua valiosidade... Aprendi com a vida que muitas vezes devemos ouvir a voz do coração e deixar a razão de lado, que devemos, antes de mais nada, sentir em nós mesmos para não ferir os sentimentos de alguém... Deus foi muito generoso em colocar uma pessoa como você em meu caminho, pessoa esta que me faz perceber o verdadeiro sentido de minha existência, que me faz enxergar a verdadeira essência da vida, que me faz sorrir sempre que estou triste, que me faz sentir sempre que estou ao seu lado momentos de pura alegria, que faz com um simples olhar, um simples abraço, minha felicidade!

Agradeço a Deus por você existir!

Amo-te incondicionalmente e incomensuravelmente

Dedicado a pessoa que fez revitalizar minha vontade de viver: Aléxia Nascimento, eterna amiga.

Jean Marcell Gomes Albino

Foto de Marilene Anacleto

Oh Meu Anjo (para cantar)

Para alegrar minhas horas
E mudar o foco das coisas
Fiz uma música p'ro meu Anjo.
Agradeço, e Ele me conforta.

'Oh meu Anjo, oh Anjo meu
Tão belo e poderoso guia
Que Deus me deu

Alegre, espontâneo,
Inspirador,
Sou grata por Ti,
Com extremo amor.

Comigo nasceu
E a mim me quis.
Oh meu anjo, oh anjo meu
Se Tu não fosses meu
Eu não seria tão
Feliz.'

Foto de Adriana Queiroz

Lembranças de um Amor...

Hoje eu te vi de longe,

Por um momento voltei ao passado,
Meu corpo estremeceu de saudades e desejos...

E lembrei de como eramos,

Lembrei do teu olhar,
Que falava mais que mil palavras...

Da tua boca carnuda,
E dos beijos molhados, suaves e avassaladores que te dava...

Desse sorriso espontâneo,
Que recebia de ti cada vez que nos encontrávamos...

Das tuas mãos delicadas,
Deslizando em meu rosto ,em meu corpo sem presa e sem pudor...

Do teu corpo sedutor,
Suado de prazer cada vez que nos tornávamos um só corpo uma só alma...

Desse teu jeito de mulher menina,
Cada vez que queria apenas colo e o aconchego dos meus braços...

Da tua voz rouca e suave,
Quando ouvia você falar, tá delicia tá gostoso...

Do teu coração pulsando,
Descompassadamente cada vez que te entregavas pra mim...

De ouvir você falando,
"Eu Te Amo"...

... Mas, depois de ver você sumindo junto a multidão,
Pude perceber que fiz a escolha errada ao sair da tua vida, eu te amava e não sabia...

Autora: Adriana Queiroz
http://cantinhodaadria.blogspot.com/2011/10/lembrancas-de-um-amor.html

Foto de Carmen Lúcia

Oração ao amigo

Li esse texto e trouxe-o para cá, para os amigos que desejarem ler.

Abraços a todos pelo dia de hoje.

Com todo meu carinho,

Carmen Lúcia

"Oração do Amigo - Gabriel Chalita

Há muito se diz que, quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro precioso. Há muito se diz que amizade verdadeira dura pra sempre. Não tem aquelas tempestades da paixão e nem a calmaria exagerada do descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação do estar perto e, de repente, deixar o silêncio chegar. Não exige tanto. Exige tudo.

As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas. E a cumplicidade vai ganhando corpo, e o desejo de estar junto vai aumentando, e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.

Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver.

De fato, os amigos são necessários nesses momentos. Mas, talvez, a amizade maior seja aquela em que o amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória, e vibrar com essa glória. Não ter inveja. Não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.

A amizade não obedece à ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade. E a surpresa alimenta o desejo de estar junto.

O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, e tudo lindo.

Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa e, sem amparo, é difícil caminhar.

Juntos, os pássaros voam com mais tranquilidade. Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que nem uma delas se canse demais.

Juntos, é possível aos golfinhos comentarem a beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.

Eu te peço, Senhor, nessa singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. São poucos. E impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos. Eu te peço, Senhor, que me afastes do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, que maltrata, que faz sofrer.

Eu te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho, e que jamais eu tenha ânsia de querer atrapalhar a subida de meu amigo. Eu te peço, Senhor, a graça de ser leal. Que eu saiba ouvir sempre e saiba quando é necessário falar.

Senhor, sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao amigo aquilo que eu não gostaria que ele me fizesse. E te peço que eu seja fiel a essa intenção. E sei que essa regra fará com que o que se diz há tanto tempo se realize na minha vida. Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre.

Não poderia ter muitos. Não teria tempo para cuidar de todos. E de amigo a gente cuida. Amigo a gente acolhe, a gente ama.

Senhor, protege os meus amigos. Que, nessa linda jornada, consigamos conviver em harmonia. Que, nesse lindo espetáculo, possamos subir juntos ao palco. Sem protagonista.

Ou melhor, que todos sejam protagonistas, e que todos percebam a importância de estar ali. No palco. Na vida.

Obrigado, Senhor, pelo dom de viver e de conviver. Obrigado, Senhor, pelo dom de sentir e de manifestar o meu sentimento. Obrigado, Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e é sem-fim.

Amém!"

Gabriel Chalita

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