Hoje não
Hoje não sei quem sou
Hoje não
Hoje não estou
Nem sei quem és
Hoje apenas voo
E corro o céu
De lés a lés
Abro as asas da inexistência
Rasgo o som da mudez
Encarno a carência
Percorro um sem fim
De desertos
Por mil olhos
Escrutinados
Penetro ventres
Abertos
Escancarados
E faço deles
O meu ninho
Calores usurpados
Em troca de um
Carinho
No vazio do corpo
Em que há instantes
Vida deu
Num cântico absorto
Procuro o que é meu
O que de mim
Se perdeu
Ou fui eu que perdi
Entre os uivos
De lamentos
Renuncio ao que já vivi
Hoje não
Hoje não sei
Quem sou…
elas de nós polidos,
nós delas como
diamantes dos nossos olhos,
vós mirais o pouco pesar
que resta de não restar
mais que este sombreado
de frustração,
e eles acatam o
que o tempo os manda
urdir de todo este falatório secreto....
Escrever...
Escrevo pra quem não me compreende,
Escrevo porque não me entendo,
Escrevo
O que sinto
O que não, escrevo...
Deito,
Num leito gelado
E os dedos portados de mágica
Dão asas as minhas palavras, concedem vôo aos meus pensamentos,
Esses que não suportam o engaiolamento verbal do meu penar
Têm necessidade de viajar,
Transcender a linha obscura de minh’alma.
Se espalhar, explodir, extravasar.
Extra vazo palavras:
Excedo o escoamento do meu escrever vazio;
Gotejo minha pouca poesia na imensidão.
Vivemos no luxo,
acumulando tralhas e traças,
meros prazeres materiais,
cacos de uma vida vazia.
Esquecemos dos sonhos,
dos valores reais da vida,
transformando
o fim da estrada
em lixo.
(Carla Ivana)
Poemeto de um "desafio de fotopoema", vejam como ficou editado na imagem.
http://img341.imageshack.us/img341/2569/fp10cacosai0.jpg
Enviado por Paulo Gondim em Qua, 10/12/2008 - 00:37
ENTREGUE À SORTE
Paulo Gondim
09/12/2008
Viverei até quando for possível
Embora fraco, me pareça forte
Mesmo que o tempo algo me prive
Do muito que da vida contive
Nada será por mim desprezado
Faz parte do grande aprendizado
Renovar conceitos, reviver lições
Reaprender, reciclar, reviver
O que se pode ser aproveitado
O que ainda falta ser semeado
Para que se torne fruto
E possa ser guardado
Recordar álbuns de fotografias
Separar frases, juntar figuras
E, de retalho em retalho, um a um,
Coser a colcha que será calor
Para aquecer o que resta do amor
Que por vezes foi negado
Que em breve nem será lembrado
Um ciclo começa a se fechar
E que talvez se apague
Se nada serve para ser lembrado
Nova batalha surda se avizinha
No silêncio de min’alma sozinha
Desnuda, exposta na linha de corte
Não me acovarde e me entregue à sorte.
Obscuro…
Como obscura pode ser a vida
Sem porto seguro
E com causa perdida
Brilhante …
Como brilha o amor verdadeiro
Cantando uma melodia
Que embala o mundo inteiro
São dois seres matreiros
O escuro e o brilho da luz
Enganam qualquer um por inteiro
Quando gritam com voz que seduz
A vida a isto se traduz
Somos aquilo que fazemos
Ou enfiamos um grande capuz
Ou saltamos o muro, e corremos
Nem sempre fazemos, ou temos
Preferimos olhar e não ver
É tão simples, bastava querer-mos
E o querer tudo pode vencer
É para ti, que estou a escrever
Que em ti vais perdendo a esperança
Olha-te ao espelho com olhos de ver
Em ti volta a ter confiança…........................ Março 2008
fecham-se sonâmbulas
displicências de
dizer a um poema,
o que nos basta,
torna-se o de nós
enquanto nossos mesmos
desígnios,
de mundos opostos
ao que se sulca e debita,
para fazer de flores
encadeamentos de falhar,
sem nunca sair do mesmo
eminente propósito.....