melancolia

Foto de Carmen Lúcia

Co-autora

Quando eras rei, te aclamava...
Eu... tua platéia, rainha ou escrava,
entre risos e gritos da meninada ouriçada,
aplaudia tuas bravatas...Contigo sonhava.

Juntos crescemos, adolescência atribulada,
eu, apaixonada, sem nunca ser notada.
De tuas paixões, a coadjuvante,
de teus enredos, figurante.
Como cineasta sempre davas as cartas.

Emaranhei-me nas teias de tuas desilusões,
choravas as minhas lágrimas derramadas...
Em teus filmes, fui figuração
enquanto a protagonista roubava teu coração.

Lado a lado, vivendo tua história,
lamentando teus erros, vibrando tuas vitórias,
fui sombra que protege de sóis que escurecem
ofuscando a visão aos valores que enobrecem.

Mas, nas vezes que te senti morrer
(e que de vez iria te perder)
tomei-te as cartas...Eu mesma as dei!
E sob a minha direção
transformei realidade em ficção.
Mudei a trama, fui produtora,
juntei-me a ti, protagonista e co-autora.

(Carmen Lúcia)

Foto de carlosmustang

RELEZ

Não me julgue
Não sabes que eu sinto
Não me observe,
Sabes que não minto!

Não me ame a vida inteira
Sabes que um instante não serei bela
E não suporto ser rejeitada
Mesmo podendo ser comida!

Eu sou a vida
Nunca pude lhe dar algo de bom
E você me ama tanto

Deixe eu, embora amor
Guarde as coisas boas, o meu cheiro
Eu te amo tanto, desculpe te deixar

Foto de Rute Mesquita

Querido, Outono...

Querido Outono,
no teu jardim amarelado
de folhas cobrindo o chão
pinto mais um monótono,
desflorado,
de solidão…
Como ficam as árvores despidas…
como ficam as plantas frágeis, vulneráveis…
assim fico eu nas despedidas
que comigo nada têm sido poupáveis…
Como o vento de sopros fortes,
tudo leva, tudo arrasta,
pequenos e grandes portes,
tudo devasta.
Continua, a chover folhas…
que pintam o céu de amarelo.
E continuo eu a fazer escolhas,
de como criar o belo.
O vento está zangado,
a natureza está morta…
o que faz o meu ‘eu’ aqui desesperado,
imaginando uma porta?
Imagino, na verdade, quero muito encontrá-la
mas, sei que primeiro, uma viagem me aguarda.
A chave! Tenho que encontrá-la,
é ela a esperança que me resguarda.
Tenho a certeza de que em mim a tenho…
tal como todas as respostas,
que a vida me vai ensinando
nas suas entrepostas,
retenho,
‘assim te vou preparando,
não para viver,
mas para sobreviveres,
porque fácil é viver… esperar a hora da ida,
mas, difícil é sobreviver,
lutar para retardar uma última partida’.

E aqui fico,
deitada no chão,
sendo coberta desta pintura amarela,
e assim me dedico,
a que desta tela,
saia a escuridão.

Foto de CarmenCecilia

EFÊMERO

EFÊMERO

Olho para o espelho...

No reflexo, a certeza dos anos

E a incerteza dos planos

Quem é essa desconhecida?

Não reconheço esse semblante

Que mudou em poucos instantes

Parece que foi ontem...

Mas o ritmo não é mais o mesmo...

O galho é agora desnudo das flores

Passada a primavera e os amores

Os corpos se deformam...

E nada sensibiliza o tempo

Que tudo transforma...

Exceto a constatação do efêmero...

Carmem Cecilia
11/07/2011

Foto de Hirlana

Prefiro

"Prefiro que o tempo não passe
Prefiro a noite ao dia
Prefiro a melancolia
Prefiro esse impasse
Prefiro a dúvida
Para que certeza se a vida é incerta
Prefiro dormir
Para que acordar sem motivos para sorrir
Prefiro permanecer aqui
Para que correr sem destino
Prefiro manter os pés no chão
Para que sonhar com algo que não irá se realizar"

Não pense assim
Você tem o rosto de um anjo querubim
A pele macia como uma flor
No fundo do teu olhar vejo amor
No teu jardim o beija flor leva no bico a semente
Vejo nas tuas palavras o azedo do fel
Mas vejo no teu olhar a doçura do mel

Não creias meu anjo
Que o ócio é teu ofício
Retira de ti todo o vício
Que te faz infeliz
Você é eterna aprendiz
É a dona do teu nariz
E tem o poder para ser feliz

Veja o Sol que brilha
Veja a Lua que tua noite ilumina
Veja a criança que passa cheia de futuro
Veja o jovem que busca no abraço da mãe um porto seguro
Veja o casal enamorado que passa
Veja o futuro tão lindo e cheio de graça
Veja os velhinhos caminhando na praça

Abra teus olhos para a felidade
Há tanta vida nessa cidade!
Compartilha teus sonhos e tuas vitórias
Manda embora tuas tristezas
Deixe lá fóra as desgraças

Ame viver
Ame ser
Ame sonhar
Ame compartilhar
Ame crescer
Ame conquistar
Ame lutar
Ame amar...

Foto de Carmen Lúcia

Da euforia à solidão (poema antidroga)

As cores se embromam num só raio de luz,
o sol se reparte e brilha por toda parte,
o belo se intensifica ante a euforia que reluz
e ecoa nas mais diversas línguas, a liberdade.

O trágico não participa do momento
nem garante que não virá...
Espera abrandar o tal evento
e em oposição ao tempo toma seu lugar.

Ledo engano...
Sentimentos insanos querendo voar,
entorpecidos por dependências letais,
escravizando cada vez mais.

Liberdade fugaz...
Preço alto de uma suposta libertação
que por uns instantes satisfaz
e depois passa a ser tarde demais.

Vem a solidão...
A ausência de si mesmo...
Da sociedade, a rejeição.
Do mundo, a exclusão.

Valores intrínsecos tornam-se banais
a desintegrar a própria personalidade,
mentiras se fantasiam de verdades,
viver, morrer, opções casuais.

A cura é a vontade própria e segura
de libertar-se por caminhos diferentes,
aprender a remover o que não era mais ele,
renovar-se no belo, em elevação,
na plenitude da visão interior iluminada,
no resgate da verdadeira libertação.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Hoje me faltou inspiração

Hoje me faltou inspiração...
Saí para observar o dia,
olhar o céu
às vezes azul silvestre
e outras, cinza agreste...
onde um sol que desconheço
aparece pelo avesso,
ilumina em tom grotesco,
em desarmonia com o universo
como um grito de protesto,
contra a humanidade que o vestiu assim.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar as flores
que antes exultavam cores,
belezas a incitar poetas
a versejar amores.
Hoje choram a natureza ultrajada,
enxertada de artificialidade,
onde a falsidade se faz prevalecer
e a verdade já não tem razão de ser.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar a noite
e a lua de luto, escondida
em negro véu, no céu chora a despedida
das noites claras onde seu luar
prateava serenatas que já não há mais
e estrelas sonhadoras vinham suspirar
o suspiro dos amantes...
Hoje já não são mais tão brilhantes.
Muitas já não se encontram lá.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar o mundo
que corre o risco de inexistir,
globalizado pela hipocrisia,
obcecado pelo ter...pelo não ser...
Onde a maquiagem camufla o caráter,
onde se banaliza a célula mater .

Hoje me faltou inspiração...
Só versos sem rumo, sem rima, sem noção,
que morrem antes de se tornarem poesia,
por falta de fantasia, por falta de coração.

_Carmen Lúcia_

Foto de mfcosta

Desilusão

Seus lábios, o sabor da paixão
Seu perfume, a mais doce ilusão
Seu brilho, lindo e ofuscante
Ingênuo eu, falso diamante

Enquanto buscava te amar
Você se limitava a torturar
Meu prazer, seu prazer
Seu prazer, meu desprazer

Tentar entender suas razões, não consigo
Você é meu enigma indecifrável
A razão de todo o meu castigo

Agora aqui estou
Sofrendo a amargura do que restou
Do que um dia foi chamado de amor

Foto de Carmen Lúcia

Por que estou triste, então?

Sei que tudo passa...
Desilusão, decepção, dor.
Basta crer na vida
e no amor...

Mas vem os desenganos
e se a eles nos entregamos
tudo o mais leva a descrer.
Então nos lamentamos,
abrimos portas para o sofrer
que indócil, impaciente,
entra sem sequer bater.

Simplesmente invade
e sem que se perceba
predomina e nos combate
cerrando as cortinas,
vedando a luz do sol.

E a dor vem de graça,
e o de graça tem seu preço...
Preço amargo de um tributo
imposto com apresso.
Sem ser desejado,
sem dia marcado.
sem endereço.

Visita indesejável, augura de tormento
tumultuando o que há por fora,
deflagrando o que há por dentro.

Faz doer, faz sofrer, faz sangrar,
e é preciso acreditar
que o amanhã sempre vem
e a esperança de viver bem,
de que tudo passe...se vá.

Difícil é esperar,
mas sei que vai passar.
Dias melhores virão...

Por que estou triste, então?

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

O que fui...O que sou...

Já fui sombra...
Em noites enluaradas,
vagando escura na estrada.
Fantasma mal assombrado,
de medo, alimentada...

Nuvem escura,
que veda o sol e augura...
Presságio de vendaval
a desabar em minha cabeça.
Juiz de minha sentença,
sentei-me no banco dos réus...
Condenada, culpada, infiel.

Fui atalho,
bifurcação dos caminhos,
empecilho predestinado
a embaralhar os destinos.
Desarrimo, desatino, descaminho.
Pedra fincada na planta do pé,
riscando pegadas,
sangrando jornadas.

Fui cobertura de sapê.
Aguapé ... em tempo de estio.
Desvio de um rio
que nunca chega ao mar.
Anjo de asa quebrada
sonhando poder voar...

Agora sou
o que a vida traçou.
Apenas alguém...
Ou simplesmente...
...ninguém...

(Carmen Lúcia)

Páginas

Subscrever melancolia

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma