melancolia

Foto de Carmen Lúcia

Perdoa-me...

Perdoa-me, vasta beleza,
se por ti passo ilesa
sem me deixar envolver...
Incólume a tamanha grandeza,
incapaz de te perceber.

Perdoa-me, luz das manhãs,
a pedir-me que a ti me rendas
e me encontras inerte ao teu brilho,
indiferente a tuas oferendas.

Perdoa-me, amigo,
por me sentir tão sozinha,
por não dividir contigo
as mazelas que trago comigo...

Perdoa-me, vida,
que a mim se apresentou florida,
e que no dia a dia, despetalei,
deixando-te a dor mais ressentida.

Perdoa-me, poesia,
se te sinto pobre, vazia,
se te quero minha companhia
e te faço chorar lágrimas minhas.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Mulher

“ Faça-se em mim,segundo a Tua palavra...”

Eis Maria,eis a Mulher
de cujo ventre nasceu o Salvador
que dividiu a história da humanidade
em antes, sem Maria
e em depois, amor em demasia.

Mulher que doa e que perdoa,
que abdica, se sacrifica,
que vai à luta, que se transmuta,
Mulher que chora e que implora,
Mulher que ousa, que desafia,
que não tem medo, é atrevida.

Mulher que é raça, que é Maria,
que é da Graça ou é da Glória,
que ganha o mundo, faz sua história,
que é das Dores...e sem rancores
exala olores, espalha flores,
que se empenha...e é da Penha,
ou simplesmente...que é Maria.

“E seja feita a Tua vontade...”

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Apelo

Tanta riqueza nos foi dada
E por ser tanta, o homem se perdeu...
Desrespeitou o dom de Deus,
Esbanjou a natureza, desperdiçou a beleza
E a vida que era simples, complicou.

A mente humana se superou,
A tecnologia avançou...
O ápice da ganância alcançou,
Máquinas avassaladoras transitam a humanidade,
Comandam o poder, o ter, a desumanidade,
Trocando coração por epicentro de destruição.

O sol das manhãs amanhece embaçado,
Espera pelo entardecer pra se esconder, acuado...
Enquanto que o céu, outrora, azul tão claro,
Mostra-se pesado, azul-acinzentado.

Fumaças e nuvens se (con)fundem,
Chuvas plúmbeas pela terra se difundem,
Como armas plutônicas da devastação
Ante o olhar platônico da civilização.

Mas, nunca é tarde, não se acovarde,
Deus é Amor e perdoa
A quem se empenha ao embate,
A quem desafia tempestade,
A quem se arrepende e se doa...

E antes que tudo se consuma,
Que o homem seu erro assuma...
E traga de volta “...A vida, manso lago azul,
...sem ondas, sem espumas...”(Júlio Salusse)

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Ciclos da vida

Engulo meu pranto, driblo a dor,
encaro os fatos, os erros, os atos...
Faço-me forte, alço meu porte
e de cabeça erguida
tento me soerguer
das quedas da vida.

Mesmo ainda frágil,
olvidando os medos,
sepultando segredos,
demonstro coragem
pra continuar...e lutar.

E assim vou vivendo.
Nunca se deve parar.
São os ciclos da vida...
andar e chegar.

Às vezes me entrego ao vento
num lânguido e frio lamento:
“ Me leva pra onde soprar...
Bem longe, pra não mais voltar...”
E me pego levitando
num mundo distante
onde quero pousar...

Ou então peço ao tempo,
inflexível, irreversível...
Senhor da Razão!
“Ensina-me a viver sem emoção,
já que não se dobra à nenhuma sensação.”
Não para, não sente, segue sempre em frente,
indiferente ao passado,
ao que nos foi tão sagrado...
ao que queremos esquecer.

Precisa cumprir sua missão.
Persegue o futuro, esse desconhecido,
um tanto atrevido, mistério escondido
que chega em arremesso:
“ É o Novo! O recomeço!”

E o Hoje nos dá de presente...
Somente hoje,
vivamos intensamente,
que logo vai se acabar...
Uma pausa pra refletirmos
qual caminho tomar.

Cada um vai para um lado,
jogando na sorte, apressado,
corrida incessante, jogo bizarro.
Partida ganha...É o fim da jornada.
E depois da chegada?

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

A poesia virá...

E a poesia virá
nascida de todo lugar...
livre, plena, pura,
apesar do breu da noite
que traça mistérios no ar
ocultando a lua insinuante
que através de uma nuvem entreaberta
revela um brilho de sedução
provocando um fascínio ofegante
que prontamente despertará...

E a poesia virá
quando ao abrir os olhos
vir a noite virar dia
colhendo toda a alegria
da manhã que sugere renascer
encobrindo a nostalgia
de um sol que se faz poente
e languidamente no horizonte desmaia
após da tarde, a despedida,
que calmamente se vai...

E a poesia virá
quando a esperança ficar.
Ainda que a dor atormente,
o mundo tornar-se descrente,
o sofrimento teimar em arder
queimando o cerne da gente,
a alma só ganhos terá
lapidada pelo ourives do tempo
trazendo a certeza de que passará.

E a poesia virá,
simplesmente,
sem palavras, brandamente,
com o silêncio que se fará,
traduzido pelo encantamento
dos versos que o poeta interpretar,
enlevado pela emoção
de quem fala sem falar.

(Carmen Lúcia)

Foto de Lucianeapv

INSPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO
(Luciane A. Vieira – 24/02/2012 – 13:54h)

Procuro a inspiração
Dentro de mim
E ela foge constante
E, insana, morta se diz...
Tento escrever meus “ais”
Tento descrever meus
Instintos
Mas nada do que digo
Faz do meu “eu”
Algo distinto...
Estou perdida em meio
À confusão de
Palavras que se chocam
Na mente profana e insana
Que eu abrigo em mim...
Onde estás ,
Inspiração minha,
Que foge indecisa,
E, torpe, prefere
O esquecimento
À realidade do dia?
Eu permaneço aqui
E sempre estarei à sua
Procura
Mas seus passos
Divergem dos meus
Sempre que
Vou atrás do meu
Outro “eu”...

Foto de Arnault L. D.

Origami

Se volta-me a lembrança,
encontro em certo o amor,
num ponto exato do passado.
Languido amor, que descansa
livre da torrente do ardor,
tal fora apenas sonhado...

Não segue o Sol, ou futuro,
apenas é, mais nada cobra.
Qual a foto que a vejo sem ver,
se cinema, a imagem no escuro,
que o continuo do tempo dobra,
juntado pontas, a lhe trazer.

Não sei viver o que siso,
mas, o que sinto o sabe em mim.
Se sorrio, há um que de tristeza,
mas, se choro, resta um sorriso.
Esse amor é que faz-se assim,
origami de dobras e leveza...

Sei onde está você, em mim...
Onde mora o amor que se confunde
com o irreal, sonho e poesia.
Onde não contamina o fim,
e você a mim se funde,
para antes, ou sempre, noite e dia...

Foto de Carmen Lúcia

Retalhos de fantasia

Nesse carnaval estarei na avenida
A reviver pedaços de minha vida,
Em cada disfarce, em cada fantasia
Uma verdade mascarada de utopia...

Em cada arlequim, um pouco de mim,
Da colombina, o amor que termina,
Do pierrô... lágrimas vertidas,
Da jardineira, as flores perdidas.

Do palhaço, o riso sofrido,
Da odalisca, prazer reprimido,
Do bobo da corte, o grito contido,
Da porta-bandeira, a paixão derradeira.

E verei minha história
Refletida na escola...
E no samba a tocar
Meu enredo a sambar.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Fantasia

Visto a fantasia
A mesma alegoria
Que me veste o dia a dia
encobrindo meu interior
E agora, tripudia,
Extrapola meu exterior

Caio na folia
Busco alegria
Em meio à nostalgia
De mil foliões
Falsa euforia...

Em plena orgia
Vejo amanhecer o dia
A alma vazia
É só fantasia...

Mas é carnaval...
Dissipa-se todo o mal.

(Carmen Lúcia)

Foto de nelson de paula

O SELO DA SORTE(de "Vozes do Aquém")

A sorte
não está
ainda
selada,
está
apenas
lançada.

Para atravessar
o rio
não há
nenhuma condição,
apenas disposição
de molhar
os pés.

Água
faz bem,
carrega
os piolhos e o pó,
mas,
nem sempre,
livra
dos pecados.

Por isso
não se deve
ter
pressa
de atravessar.

Fica
mais leve
quem
aproveita
a paisagem.

Ao subir
do outro lado,
a cabeça muito erguida
pode vir a ser
alvo fácil,
a não ser
que o capacete
seja de prata,
marcado
com as letras
mágicas.

O céu, meu amigo,
precisa
ser conquistado.

Não sei
se deve
ser
a ferro
e fogo.

Mas,
não cabe

covardes,
senão,
como
ultrapassar
os demônios?

A palavra
desembainhada
penetra
com rigidez
o tórax
do anjo
guardião.

O qual
soluça.

E abre bem
o caminho
do umbral
secreto.

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