melancolia

Foto de Carmen Lúcia

Antes e depois

Antes e depois

Vivo?
Resisto...
Já vivi antes dos vendavais
sob brancas nuvens clareando meus quintais.
Agora sobrevivo...
Após a devastação de sentimentos e raízes
plantados dentro de mim,
do extermínio de flores e matizes,
essências a compor meu ar, agora rarefeito,
fincando marcas indeléveis
do mau tempo...em meu peito.
Hoje simplesmente existo.
Ou inexisto?

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Sem palavras

Recolho palavras que me atropelam
no silêncio inquieto que me interpela,
preciso com elas entrar num consenso,
que venham sem eco integrar meu contexto.

Ou mesmo sem nexo, sem explicação
porque eu nem sei explicar a razão
de estar tão calada, tão introvertida,
desconheço quem sou ou me sou bem conhecida.

Procuro nos simples detalhes um recomeço,
um motivo maior para continuar,
pular as reticências, revirar aos avessos
e nas entrelinhas reescrever o meu texto.

Mas as lacunas se tornam pesadas,
devo preenchê-las de palavras sensatas,
esvaziar de minh’alma meus medos e traumas
que o silêncio estimula e a palavra engasga.

_Carmen Lúcia_

Foto de Rosamares da Maia

BONECA DE PANO

Boneca de Pano

Boneca de pano concebida em retalhos
Recortes coloridos, por vezes desbotados,
Pedaços da felicidade ou dor de alguém.
Boneca de pano, preenchida por trapos,
Cheia de um passado vivido no presente.
Cultivando histórias, ocultando segredos,
Companheira da brincadeira das crianças,
Consolo do choro, abrigo dos medos,
Fada, menina, heroína, bruxinha e vilã.
Boneca de pano em retalhos perdida,
Aproveitamento das sobras da vida.
Boneca da gente humilde, mais pobre,
Mas também suvenir da menina nobre.
Olhos vivos, pintados direto no rosto,
Expressivos olhos de boneca-mulher,
Boca pequena que parece sempre sorrir,
A beira de desatar em gargalhadas
Boca irônica perguntadora, inconveniente.
Sobrancelhas argutas e debochadas,
Prestes a disparar com o olhar flechadas.
O que gostaria ela de saber ou contar?
O que viu e viveu na sua vida de boneca?
Boneca de pano, vestida em retalhos!
Mas boneca não pensa! O cérebro é vazio.
Boneca em retalhos é mascara sem alma.
Boneca do borralho, sentir e pensar?
...Será?

(Rosamares da Maia – 31.07.2012)
Para a série "Retalhos - Pedaços de Vida"

Foto de Arnault L. D.

A distância do horizonte

Ela, enfim me esqueceu,
ou talvez, finja tão bem
que consegui ferir a esperança.
Não sei do coração seu
o que agora ele contem,
onde a paz dele descansa...

Se a lembrança já não cabe,
velha roupa, já sem moda,
que se tem, mas, não se quer.
Como galhos no desabe,
folhas secas numa poda.
Cabelos num “coiffeur”...

Corta e assim, apartado,
veste de esquecimento.
Não mais unido a fonte,
resta então, o olvidado.
Que só torna em raro momento,
Como um mirar do horizonte...

Que só na vasta amplidão
se descobre à nossa vista,
mas, esconde ser distante.
Deixando em nossa visão
o não perceber que a vista,
é a distância do horizonte...

Foto de Carmen Vervloet

Lágrimas Turvas

Passa o rio chorando mágoas,
derramando lágrimas turvas,
no baço de suas águas
esbarrando em cada curva.

Já não enxerga o pequeno
as flores à sua margem,
nem os grânulos morenos
que dão nuances à vargem.

Pobre rio tão poluído
caminhando para o mar,
vai correndo combalido
vendo o fim o abraçar.

Corre rio fios de vida...
Presságios escapam nos versos,
no peito se abre a ferida,
na tristeza tombo imerso.

Foto de Carmen Lúcia

Fotografia

O colorido se desfez.
Não sei se pelo tempo ou pelas lágrimas
ou pelas marcas de minhas digitais...

Preocupa-me tua palidez;
lembra-me as tardes de outono;
amareladas, sem brilho, foscas,
que não querem se acabar...
Alongam-se...
impedindo o tempo passar.

Olho teu sorriso triste...
Outrora sorrias com a alma;
alegria que me convencia
de tua partida providencial...
Seguir novos rumos, viver novo ideal.
Mudaste teu contexto
excluindo-me do habitual...

Em minha gaveta te guardei.
Quantas vezes te busquei,
tantas te desejei...
Impelida pela saudade,
imensurável vontade
de te trancar e não te perder.

Hoje a velha fotografia
não revela a reprodução exata...
Parece querer me dizer
teres feito a escolha errada.
Mas o tempo é inexorável;
nem vê o que deixa pra trás,
corre veloz e implacável,
passado não volta jamais.

Resta-me tua fotografia,
desbotada, triste e fria,
que eu olho com o amor
que sonhei te dar, um dia.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Fragmentos de uma história de amor

Deixo escapar uma lágrima atrevida;
não houve como detê-la,
impedi-la de rolar...
Há quanto tempo a segurei
tentando disfarçar...

Hoje pesada, cansada, sofrida,
desaba pela minha face,
revela parte de minha vida
lavando a máscara que me foi disfarce,
mostrando a marca da minha ferida.

E atrás dela, outras e outras...
Encharcam meu rosto, embebem meus lábios...
Tanto tempo contidas,
anos, talvez, embargadas...
Fragmentos de uma história de amor,
interrompida, inacabada...

Descrita pela ausência,
de lágrimas, distância e dor, marcada...
Amor assim tão profundo
é para a eternidade...
Tão puro como a verdade.
Não cabe nesse mundo.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Lembranças

Lembranças
da minha rua
onde a infância
pousava nua
a inocência
e a fantasia
corriam soltas
em sintonia...
A alegria
vivia envolta
nas brincadeiras
de Amarelinha...
e a criançada
se escondia
no faz de conta
de cada dia.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Diferentes brilhos

Há um intenso brilho
que emana de seu olhar;
nele, a magia e o encanto
tocam fundo o coração.
E na escuridão profunda
clareia como a lua
que ilumina as verdes matas,
e provoca sensações
no desprendimento das almas
causando bem estar,
além de encorajar os namorados
e inspirar os poetas...

A claridade que dela emana
faz um carinho nas águas do mar.

Há um intenso brilho
nascido de seu olhar...
Nele quero me ver,
rio que corre pro mar...
Mas a luminosidade é tanta,
ofusca minha visão,
incandescência que espanta
e nubla os meus anseios,
bloqueia minhas fantasias,
embaça meus devaneios
logrados pela luz que
perpassa meu caminho...

...sem sequer me iluminar...

Porém reflete os sonhos
n' alma que desistiu de amar,
néon que brilha na noite
propagando a paz que ainda há,
dissipando a neblina fosca
da rota de quem quer passar,
deixando rastros de cintilações
no breu que há entre as estrelas.

Há em seu olhar intenso brilho,
sol que aquece as manhãs,
mas não incandesce a chama
de minha luz semiapagada,
que tremeluzida reclama
sua luz a me brilhar...

...num convite para amar...

_Sonia Barbosa Baptista e Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Diante de mim...

Diante de mim uma folha em branco...
Assim como eu gostaria que fosse a vida.
Nada escrito...Nada preestabelecido.
Dar asas à imaginação e me deixar levar...

Poder começar e não recomeçar.
Os recomeços trazem lembranças,
vêm com o passado, vêm remarcados
de velhos enredos, antigas esperanças,
sonhos mal nutridos, gorados...

Diante de mim uma folha em branco...
Assim como eu gostaria de me sentir
ao tocar meus pés no desconhecido
e desbravar, sem prever o acontecido;
leve... ao descobrir um novo mundo
e a brisa a me soprar torpor profundo...

Ao tatear a vida pela primeira vez
e esquecer a história que se desfez...
Não recomeçar!Começar...
Sem erro, sem dano, sem abandono.
De um lado o começo... de outro, o sonho.

(Carmen Lúcia)

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