Possuí o seu corpo por duas vezes apenas.
Na primeira foi carnal, simplesmente físico.
Entretanto, contigo fiz amor como há muito tempo não conseguia.
O contato de nossas peles, o cheiro de seu corpo, os sussurros em meu ouvido foram momentos mágicos de nosso segundo encontro.
Te amei, coloquei todo meu sentimento em suas mãos, me expus no nosso momento de amor.
Sublime período de tempo que acarretou, infelizmente, em dor, lágrimas e sofrimento.
Foi tudo bonito demais, não era para ter gerado tantos conflitos.
Te possuí como a um amor antigo.
Me dei à você como se fossemos apenas um.
Um único ser, vivo, pulsante, feliz e realizado, mesmo que por instantes.
Confundi nossa proposta inicial, me envolvi, misturei sexo com amor, fui errado.
A lembrança de sua expressão, a profundidade de seu olhar me fazem pensar que, mesmo com todo caos gerado em nossas vidas, valeu a pena, foi bom amar, mesmo que por pouco tempo.
Nossos corpos, ardentes, num encaixe perfeito me levaram à loucura.
E essa nossa insanidade, perseguida por interesses até então desconhecidos por mim, está me fazendo sofrer.
Meu corpo sente a sua falta.
Meus sentidos estão órfãos, abandonados ao esquecimento.
De nada me serve a visão se não tenho seu corpo para admirar.
Meu tato é inútil sem a sua pele para tocar.
O paladar perde seu sentido, pois não tenho mais seus beijos para provar.
De que serve a audição, se não vais mais sussurrar palavras em meus ouvidos.
E, não tenho mais seu perfume para sentir, não há razão para que exista o olfato.
Anulo, assim, meus sentidos e abro mão de meu órgão mais importante.
De que me vale um coração, se não posso contar com você para aquecê-lo?
Tranco mais uma vez meus sentimentos para, assim, não mais sofrer.
Volto agora a ser frio, calculista com todos à minha volta.
Esqueço de você, esquecendo de mim e tudo que você representou nesse pouco espaço de tempo.
Para não mais sentir o gosto amargo do ciúme, sofro calado.
Mais uma vez, emudeço, e calo assim, todos ao meu redor.
O tempo vai passar, tirarei você do meu pensamento, já que não está mais na minha vida.
Deixo no passado, nossas tardes de amor, duas únicas tardes...
Minha alma, mais calma, já aceita que não terei mais sua companhia, seus beijos e seu corpo.
Sigo em frente, com uma única certeza:
Mesmo assim, foi bom enquanto durou e devemos estar sempre prontos para a impermanência, resultante de nossos próprios atos.
Sexo & Amor ou Onde se encontra o limite? (18/06/99)
Data de publicação:
Terça-feira, 7 Novembro, 2006 - 16:41
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