Útero

Foto de Paulo Master

A razão de toda a existência

É possível avaliar um sentimento? Pesar uma afeição? Medir o entusiasmo ou regular uma paixão? Estamos conectados, seguimos uma ordem natural, um preceito imposto a cada ser como dádiva divina. Somos cativos a esses sentimentos, o ser humano é um indivíduo coeso, de origem racional e segue os próprios instintos. Não há como negar, existe em cada ser a necessidade de suprimir as emoções, mitigar os anseios e saciar desejos concupiscentes. O campo sentimental é como uma selva em que vence o mais forte, em seu interior existe um contrassenso, um leão a ser abatido. Todavia, esse caminho é uma senda serpeada, um campo minado, pérfido, onde vence o perspicaz. Esse “vencedor” não somente se valia de sua argúcia instintiva, como de um desprendimento sentimental especial, diferente dos demais. O ser humano é capaz de amar racionalmente, responder a esse sentimento e submeter-se a suas condições. Desde o útero aguardamos o contato materno, a ânsia pelo amor tornou a experiência embrionária um ensaio prodigioso. O amor, no entanto é um admirável paradoxo, um bem comum, o atributo peculiar em cada ser, o domínio de um e a sujeição do outro. Se estivermos compelidos a amar de forma irracional, estaremos impelidos ao inefável abismo solitário da razão. O amor é inerente como a alma, é a essência de cada ser, um nobre sentimento, uma busca; a razão de toda a existência.

Foto de Rosamares da Maia

Só as Mães Deveriam Ir à Guerra

SÓ AS MÃES DEVERIAM IR À GUERRA

A guerra é uma invenção dos homens.
Também eles não têm útero!
E sem parir, como saber ou sentir?
São como lobos, urinam demarcando o território.
Lei de balas e bombas que estabelecem o poder.
Na guerra somente as mães deveriam combater.
Depois é claro, de uma metamorfose,
Onde o ventre contrariando a lógica da natureza,
inverte a determinação da vida, e por osmose,
torna a agasalhar os filhos que teve, também,
preventivamente, os que estão por nascer.
Assim, guardados na forma primitiva da semente,
esperam por tempos de paz, onde florescerão.
Nas frentes de batalhas, mães lutam bravamente,
trazendo o seu amor guarnecido no ventre.
Defendem o direito de não doar filhos à pátria,
de não oferecer em holocausto a sua cria.
— As pátrias sempre deserdam as mães.
Que sejam elas então, filhas degredadas,
Mas, de ventres intactos, livres.
Pereçam combatentes, mas, rosas perpétuas,
mães meninas, guerreiras de viço permanente.
Derramem filhos nos novos campos da paz.
E neste chão cultivado de amor, sejam sempre
e somente, sementes de vida,
Pulsantes, pungentes, brotando de gente.

Rosamares de Maia

Dedico:
Às mães deserdadas das pátrias do Oriente, também as mães da Pátria da gente, atingidas em seus filhos, pela fome, pela droga, nas ruas, pelas balas perdidas, na violência cotidiana, que mata tanto ou mais que as guerras do Oriente.
(Exposição com David Queiroz - Traços e Versos / Niterói - 2010)

Foto de Carmen Lúcia

Sobre o amor...(poema classificado no 7º concurso da "Poemas de Amor"

Amor só é amor
quando nada o altera,
nem a tempestade forte,
nem o abismo que aterra...
Não vacila ao temor
nem congela com a espera.

Amor é combustível
inflamável, contagiante,
que move céus e terras,
em movimento ondulante...
É luz na escuridão
dos caminheiros errantes,
é bússola a nortear
caminhos de itinerantes.

Amor é sentimento que perdura,
abriga-se no útero, abraça o embrião,
se faz seu coração até a idade madura
amenizando as dores até a última pulsação.

O amor permeia as estações.
Faz do inverno, primavera,
outono cheio de emoções...
No verão, sol que aquece a alma,
dourando sonhos, consolidando quimeras.

O amor prima pela simplicidade,
vibra com a verdade,
basta sentir e se deixar levar...
Sentimento puro e nobre
que gera a paz, a amizade, a solidariedade,
mas que muitos encobrem
orgulhosos por não se fragilizar.

Riqueza gratuita que alguns ignoram
presos à cobiça de não compartilhar,
surdos à Palavra que ensina a amar.

_Carmen Lúcia_

Foto de Jósley D Mattos

ABISMO

Ícaro céu, raso abismo do ser
o cair dos sonhos sem pressa
de vida, asas presas atadas ao não ter...
ao léu, descaso inciso bel-prazer...
acessa meia-luz, sem essa!
Na pele à flor da alma,
consumo lembranças como se fossem bálsamo
mergulho com calma,
no austero útero da dança...o silêncio...o fim!
reconheço o breu, abrigo do avesso...
a cura, a procura...
me acho kamikaze dentro de mim...

Foto de Melquizedeque

Está escrito

Admiro cada palavra que escondo no meu não dizer
Tudo o que penso em ocultar, torna-se gritante no escrever silencioso
Apesar de não falar, certo estou de que do calar não sou escravo
Talvez tenhas razão ao mentires sobre minhas verdades

Cada gota de tinta que pinta meus papéis, um dia pintaram sua etérea beleza
Ao escrever, ando das igrejas aos bordéis à procura do desconhecido
Encontro leveza, a neblina e os mistérios do além. Meus passos não deixam rastros
Meu silêncio escreve enigmas velhos em novas páginas do livro da vida

Toda flor um dia murcha, ou se resseca em livros fechados
O que dizer ao beijar quem se ama? Pra que falar se o outro já entendeu?
Amo o silêncio e me calo sozinho. Por que dizer aquilo já estava escrito?
Pro acalento do útero retorno! Não preciso falar, mas apenas escutar o que já foi proferido.

(Melquizedeque de M. Alemão, 20 de maio de 2011)

Foto de Marilene Anacleto

Mulher Terra

O Céu semeia
A Terra fecunda.
A semente morre
A vida brota.

O homem semeia
A mulher fecunda.
O embrião desenvolve
A vida brota.

No chão da terra
Expande-se o broto.
Com muito esforço
Penetram raízes:
Luta para ver a luz.

No útero feminino
Expande-se o embrião.
Se não há espaço
Esticam-se braços:
Para ver a luz.

A terra se parte
O broto cresce.

A mulher se rasga
O embrião pesa, esmaga.

Varizes, inchaços, estrias.
Tudo acaba. O choro traz alegrias.

Marilene Anacleto

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br/colunas/marilene/marilene.htm,
Publicado no Jornal Folha do Povo – Itajaí – SC, em 21/03/99

Foto de Marilene Anacleto

Amo-Te

AMO-TE

Amo esses olhos e todas as histórias que eles contam.
Amo esse olhar que me devolve no olhar
As estrelas, o sol, a onda, a pedra, o cristal
E permite que eu tenha a cada instante
Um mundo sem igual.
Amo esses olhos.

Amo esse nariz que mostra o valor do teu eu
Amo esse nariz que me conta tuas lutas,
Demonstra teu poder de guerreiro
Mostra-me teu valor de sereno caminheiro
No ensinar os caminhos da paz
Amo esse nariz

Amo essa boca e todas as palavras ainda não ditas
Amo essa boca e todos os beijos que ainda não deu
Essa boca, cuja voz é suave sereno
É manto aquecido e ameno, instrumento do espírito
Retorna-me ao ser vivaz quando não sou mais capaz
Amo essa boca

Amo esse coração que é tão, mas tão grande
Amo esse coração que se recolhe ao canto da sala
Enrolado em um cobertor à procura de consolo
Porque ainda não encontrou alguém que o compreenda
E reflita tal grandeza feito espelho
Amo esse coração

Amo esse umbigo, ligação eterna ao infinito
Amo esse umbigo, ligação indiscutível ao Santo Espírito
No útero sagrado do ser que te gerou
Esse ser, cujo sim deu vida à semente
E permitiu que hoje és e sentes
O valor da vida, o calor do amor.
Amo esse umbigo.

Amo esse membro que guarda sementes de eternidade
Amo esse membro sagrado que protege sementes douradas
De filhos de Deus e suas missões de espiritualidade
E respeita emoções, e respeita vidas
Amo esse membro.

Amo essas pernas que te permitem vir ao meu encontro
Amo essas pernas pelo poder de te achegares
A outros para que possam vivenciar
Luz e bênçãos e graças
Teu desejo sublime de paz
Amo essas pernas.

Amo esses pés que te levam rumo ao infinito
Amo esses pés, cujos passos firmes,
Orientados pela luz dos olhos e o poder do guerreiro,
Pelas palavras certeiras e o coração de luz
Amo-te por tua paz, ternura, carinho e cuidado.
Amo esses pés.

Amo esses braços, cujo círculo terno e fechado
Permite-me fazer parte de tua alma.
No calor da fímbria do teu manto
Reconheço o poder e o encanto
De compartilhar serenos sentimentos.
Amo esses braços.

Amo essas mãos cujo toque me remete à eternidade
Amo essas mãos que acendem fios de prata de bondade
Elevam-me a dimensões infinitas
De onde trago luzes ao respirar tua fragrância
Que me fazem brilhar no altar da minha vida
Amo essas mãos.

Amo-te todo.
Tuas trevas, tuas luzes,
Teu presente e infinito
Que todo o teu ser me conta.
E embora pense ser grande,
Quando vou ao teu encontro
Percebo que pouco existo.
Preciso-te.

Marilene Anacleto

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em
Publicado no livro Jardins, Jardins : [poemas[ / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC) : 2004. 72 p. : il.

Foto de Carmen Lúcia

7º Concurso Literário (As faces do Amor)"Sobre o Amor..."

Amor só é amor
quando nada o altera,
nem a tempestade forte,
nem o abismo que aterra...
Não vacila ao temor
nem congela com a espera.

Amor é combustível
inflamável, contagiante,
que move céus e terras,
em movimento ondulante...
É luz na escuridão
dos caminheiros errantes,
é bússola a nortear
caminhos de itinerantes.

Amor é sentimento que perdura,
abriga-se no útero, abraça o embrião,
se faz seu coração até a idade madura
amenizando as dores até a última pulsação.

O amor permeia as estações.
Faz do inverno, primavera,
outono cheio de emoções...
No verão, sol que aquece a alma,
dourando sonhos, consolidando quimeras.

O amor prima pela simplicidade,
vibra com a verdade,
basta sentir e se deixar levar...
Sentimento puro e nobre
que gera a paz, a amizade, a solidariedade,
mas que muitos encobrem
orgulhosos por não se fragilizar.

Riqueza gratuita que alguns ignoram
presos à cobiça de não compartilhar,
surdos à Palavra que ensina a amar.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Vervloet

Reflexão (Por que os mineiros chilenos foram soterrados?)

A terra engoliu trinta e três seres viventes.
Guardou-os no seu útero, na escuridão.
Ninguém sabe se por algum motivo evidente
A terra os manteve debaixo de tanta pressão.

Deixou-os desesperançados e famintos...
Na incerteza se voltariam ao mundo,
Desesperados no seu restrito recinto
Nos seus corações um medo profundo.

O que a terra quis nos dizer eu não sei
Talvez quisesse mostrar o valor da vida
Mas por que trabalhadores cumpridores da lei?
Quem sabe quisesse muito longe se fazer ouvida...

No seu ventre guardou-os por sessenta e nove dias
Multiplicou-lhes a fé e a esperança nesta solitária gestação
E então lhes deu a luz com imensa alegria
Fazendo brotar amor, coragem, fraternidade e união.

Enquanto todo o planeta se dava as mãos em oração
Para o sucesso do resgate desses irmãos
A terra fazia brotar antigos valores em cada coração
E pedia que fosse feita profunda reflexão.

Carmen Vervloet

Foto de Metrílica

Me diz? Por que levastes o filho? (Reflexão)

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Me diz? Por que levastes o filho?

Por quê?...

"Por quê? Por que não levas a miiiimmmmm!!!!"
Grita aos prantos, a mãe, no leito de morte!
daquele que carregou no ventre...
daquele que um dia foi seu rebento...
daquele que segurou um dia em teus braços...
daquele que a fez um dia, chorar de alegria...
daquele que alimentou de si!

choros e murmúrios...lamentações...
Por quê?
Por que levaste tão bela criança? ainda nos seu primeiro ano de vida?
sequer sabia o que sentia... pobre criaturinha,
choraste sob tortuosa dor,
sequer tinha conhecimento do que acontecia ao seu redor,
anjinho, não sabia das dores do mundo,

Me diz? Por que levastes o filho?

Deste tamanha sabedoria ao pai, progenitor...
O dom da medicina,
Por quê?
Por que infectaste o filho com um enigma... incurável?
quatro anos de vida! dois de sofrimentos...
por que o fizeste sofrer... e morrer nos braços de seu pai?
pai, que sob sombras e fantasmas perguntava-se, lamentava-se a todo momento.."o que fiz de errado?, porque não salvei meu filho?"

Por quê?

Me diz? Por que levastes os filhos?
Deste cinco filhos a esta mulher!
Por que o arrebatamento de dois? de forma tão sofrida!
doenças, incuráveis, tratadas em vão!
duas vezes!!! amputastes esta mulher!
por duas vezes!
Por que tanto sofrimento a estas criaturas?
um, na flor da idade! seis anos de vida...três de sofrimentos...
o outro, aos treze...após sofrer seis meses...
pragas, doenças incuráveis!!!

Me diz? Por que levastes o filho?
Este,orgulho dos pais! acabara de formar-se!
vida, sonhos! longo caminho!
arrebatado! fria e violentamente!
25 anos! tragédia! morte imediata...

Por que levastes os filhos?!
Para deixar na terra estas mulheres... mães despedaçadas!
corpos por instantes sem alma! corações dilacerados...
continuam suas vidas! mesmo que aleijadas!
Hoje, as que não são viúvas, estão divorciadas...
porque aqueles que foram "pais", daqueles arrebatados, não resistiram à dor!
abandonaram o "passado", esconderam-se em falsa alegria!
que sigam então as MÃES!
PORQUE NA DOR, OS FILHOS, SOMENTE A ELAS PERTENCEM!
lembranças...de alegrias...desde o útero...ao sentir um coração!
nascimento...choro de felicidade...
amor incondicional...
morte...dor...ETERNA SAUDADE...

NASCESTES?!
estás então entregues ao mundo...
boa sorte!
não poderás jamais, voltar ao ventre de sua mãe...

Reflexões by Metrílica + (em homenagem às minhas amigas CPR, MOLF, AR, NALM...mães)

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