Admiro cada palavra que escondo no meu não dizer
Tudo o que penso em ocultar, torna-se gritante no escrever silencioso
Apesar de não falar, certo estou de que do calar não sou escravo
Talvez tenhas razão ao mentires sobre minhas verdades
Cada gota de tinta que pinta meus papéis, um dia pintaram sua etérea beleza
Ao escrever, ando das igrejas aos bordéis à procura do desconhecido
Encontro leveza, a neblina e os mistérios do além. Meus passos não deixam rastros
Meu silêncio escreve enigmas velhos em novas páginas do livro da vida
Toda flor um dia murcha, ou se resseca em livros fechados
O que dizer ao beijar quem se ama? Pra que falar se o outro já entendeu?
Amo o silêncio e me calo sozinho. Por que dizer aquilo já estava escrito?
Pro acalento do útero retorno! Não preciso falar, mas apenas escutar o que já foi proferido.
(Melquizedeque de M. Alemão, 20 de maio de 2011)