Amo-Te

Foto de Marilene Anacleto

AMO-TE

Amo esses olhos e todas as histórias que eles contam.
Amo esse olhar que me devolve no olhar
As estrelas, o sol, a onda, a pedra, o cristal
E permite que eu tenha a cada instante
Um mundo sem igual.
Amo esses olhos.

Amo esse nariz que mostra o valor do teu eu
Amo esse nariz que me conta tuas lutas,
Demonstra teu poder de guerreiro
Mostra-me teu valor de sereno caminheiro
No ensinar os caminhos da paz
Amo esse nariz

Amo essa boca e todas as palavras ainda não ditas
Amo essa boca e todos os beijos que ainda não deu
Essa boca, cuja voz é suave sereno
É manto aquecido e ameno, instrumento do espírito
Retorna-me ao ser vivaz quando não sou mais capaz
Amo essa boca

Amo esse coração que é tão, mas tão grande
Amo esse coração que se recolhe ao canto da sala
Enrolado em um cobertor à procura de consolo
Porque ainda não encontrou alguém que o compreenda
E reflita tal grandeza feito espelho
Amo esse coração

Amo esse umbigo, ligação eterna ao infinito
Amo esse umbigo, ligação indiscutível ao Santo Espírito
No útero sagrado do ser que te gerou
Esse ser, cujo sim deu vida à semente
E permitiu que hoje és e sentes
O valor da vida, o calor do amor.
Amo esse umbigo.

Amo esse membro que guarda sementes de eternidade
Amo esse membro sagrado que protege sementes douradas
De filhos de Deus e suas missões de espiritualidade
E respeita emoções, e respeita vidas
Amo esse membro.

Amo essas pernas que te permitem vir ao meu encontro
Amo essas pernas pelo poder de te achegares
A outros para que possam vivenciar
Luz e bênçãos e graças
Teu desejo sublime de paz
Amo essas pernas.

Amo esses pés que te levam rumo ao infinito
Amo esses pés, cujos passos firmes,
Orientados pela luz dos olhos e o poder do guerreiro,
Pelas palavras certeiras e o coração de luz
Amo-te por tua paz, ternura, carinho e cuidado.
Amo esses pés.

Amo esses braços, cujo círculo terno e fechado
Permite-me fazer parte de tua alma.
No calor da fímbria do teu manto
Reconheço o poder e o encanto
De compartilhar serenos sentimentos.
Amo esses braços.

Amo essas mãos cujo toque me remete à eternidade
Amo essas mãos que acendem fios de prata de bondade
Elevam-me a dimensões infinitas
De onde trago luzes ao respirar tua fragrância
Que me fazem brilhar no altar da minha vida
Amo essas mãos.

Amo-te todo.
Tuas trevas, tuas luzes,
Teu presente e infinito
Que todo o teu ser me conta.
E embora pense ser grande,
Quando vou ao teu encontro
Percebo que pouco existo.
Preciso-te.

Marilene Anacleto

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em
Publicado no livro Jardins, Jardins : [poemas[ / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC) : 2004. 72 p. : il.

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