Sombra

Foto de Rute Mesquita

A sombra voltou...

Meu amor,
a sombra voltou a domar-me…
Sinto a dor, a solidão a abraçar-me…
Quando vais, fico como um passarinho,
assustado…
que só pelos sinais do teu carinho
é encontrado.
Sinto-me desprotegida…
Não é a primeira vez que partes,
eu sei, mas, nunca me vou habituar…
A minha alma por ti foi concebida,
meu tudo.
E espero que com a tua ida,
não deixes de pintar este meu mundo sombrio.
Impedir-te de ires,
não pude…
Podia pedir-te para voltar,
mas, sem saber se voltarias impune…
Por isso meu anjo,
aqui te espero, meu único compromisso,
meu único beijo.

Foto de Allan Sobral

A Supremacia do Amor

Amor,
Na dança de minhas palavras em meio as roseiras a enrosquei,
Na doçura de sua existência me deitei,
Nas falas de meu coração encantei,
Na supremacia do amor em lagrimas conversei.

Na casa dos anjos, pela fresta a observo, assisto do lado de fora
Só olho, sem o antes ou o logo, assisto a sobrevivência do agora,
Nos desenhos da alvorada vejo-te, imagem divina, divina mulher,
Que como menina, caminha, no mar que banha-te os pés.

Entrego-me.
Meus olhos meninos, navegam os seus traços finos,
Em finos e alegres sorrisos singelos,
Me entrego, não nego ao seu doce dançar,
Na dança salgada na água do mar.

Surreal,
És a guerreira e princesa, és a lenda mais bonita,
Das sereias roubaste o canto, mas fizeste da independência o seu manto,
Ganhaste o mundo e um nome como guerreira amazona,
Por qual muitos lutaram, choraram e banham-se em loucuras,
Loucura, preço por fazer-te um dia deitar em amarguras.
A cobiçando por insígnia de triunfo,
Ou por mera ostentação.

Perdido,
Mas voei, sobre o tempo, nas asas de meus pensamentos,
Pensamentos revoltos, constantes, velozes, e soltos,
Sim voei, em meio a conquistas, em honras um nome ganhei,
Sobre poucas derrotas, no fio da espada o mundo conquistei.
Sim voei, e no mais alto dos céus te encontrei,
Como um anjo perdido em sua ansiedade,
Asas quebradas pelo risco da falsa verdade.

Segredos,
Por de traz de um duro semblante te encontrei,
Te olhei, com os olhos fechado e mãos atadas, abracei.
A mais bela poesia soara sem palavras,
Guerreiros, abaixamos escudos e espadas,
Trocamos mistérios, e respostas sem perguntas.
Com seu nome sobrescrevi a cicatriz de minha alma,.
Fiz por troféu seu sorriso, e morada em minha calma,

Sim, amei,
Sem se quer pensar em um beijo a amei,
Amei sobre a pureza, e dos perfumes a essência,
Amei alem da beleza, alem da demência,.
Amei-te pelo simples fato de amar.
Amar pela complexa soberania do amor,
Na doçura dos deleites amei-te.

Saudades,
Senti o abraço da solidão, apertado na multidão,
Senti saudades, perdi minhas vaidades,
Em todas as presenças, reinou sua ausência.
Em minhas razões e pensamentos só restou incoerência.
Em muitas ocorrências, a sombra de minha existência,
Perdido em procurar-te na agonia de sobrevivência.

Só amei, no apego do apelo de meu medo,
De tornar a molhar os olhos que custou-me a secar,
Mas não nego, a mão que me estende a ser feliz,
Fiz do ontem minha glória, do hoje o meu mundo,
Do amanhã? Deixa que no amanhã veremos.

Só amei, pois na supremacia do amor, só amei.

Allan Sobral

Foto de Carmen Lúcia

Medo

De despir-me das vontades
e nua de desejos e ensejos
perder minha identidade.

De desistir dos sonhos
e me imbuir de marasmos
cultivando um amanhã enfadonho.

De mergulhar no vazio,
dele não conseguir sair
e por mais que eu tente, nele imergir.

De perder a inspiração
vítima da síndrome do papel em branco
...e fragmentá-lo com meu pranto.

De que a sombra se interponha
e me impeça de ver a luz,
o belo, o arrebol, o sol...

De que pensamentos funestos
conspirem contra mim, no universo,
e me retornem mais perversos.

De não encarar a verdade,
alienar-me à falsidade
e por mais que me custe,
mascarar a realidade.

De não ter ousado,
não ter lutado,
não ter recomeçado,
não ter acertado,
mesmo tendo amado.

Medo de não perder o medo...

_Carmen Lúcia_

12/09/2009

Foto de Arnault L. D.

Luz da estrela

No frio da noite mora
uma chama de amor.
Que do consumir se guarda
na umidade da garôa
e se perde noite afora,
a esconder o seu calor
do quanto o fogo lhe arda,
a neblina ele se doa.

Como dança no escuro,
beijo de olhos fechados,
não se enxerga e nada vê.
Apenas deixa-se integrar.
Noturno porto seguro,
na densidade do ar gelado
onde se perde e onde crê:
O orvalha amenize o queimar...

Como o ardor a consumir
teme o Sol, e se encolhe
sob o véu da noite, um vulto.
Noturna ave, voa, sem vê-la,
mal se soube e já some,
a enganar a quem os olhe.
Na sombra, um flash oculto,
que talvez, se pense estrela.

Foto de sandra santos

sandra santos - per si

“Tenho espalhado crônicas, contos e poemas pela web, em várias antologias e revistas literárias de língua portuguesa e italiana. Sou artista plástica. Tenho pé na informática. Gosto desse limite entre as artes, entre as coisas. Há muito saí do quadro. Faço arte efêmera. Coloco pessoas de rua e elementos de folclore dentro das molduras. Construo esculturas de sombra, de abóboras, murais de lixo, painéis de gelatina, tapetes vivos e voadores. No México, Argentina, Uruguai. Sem registro. Minha biografia está na memória de quem esteve comigo.”

Foto de Carmen Lúcia

Ainda restam os sonhos...(homenagem póstuma)

O vento move fagulhas
em minhas mãos calejadas...
Agulhas é minha harpa,
sonhos de Via Láctea.
O vento corre em zigue-zague
movendo o fadário
do diário trabalho ralo...
De sonhos, o que há de vir?

O pleonástico ser que me torno,
e me transforma em supérfluo cidadão,
sonha sonhos que não apavoram
nem sombra, nem multidão.
A fome me bate à porta,
o frio não traz carvão...
As goteiras me servem
como imundo colchão.
Os sonhos criam galácticos reinos
dissimulando a putrefação,
realidade sem nome,
de pura exclusão...
Executam o homem
em troca da devassidão

E nessa redundância caótica,
parida da enfática “velha opinião...”
prioridade moldada pelo desamor,
desnorteando o viajor,
velejo meu veleiro
sem meta, nem direção,
num mar de águas paradas
que nunca vêm, tampouco se vão.

Sem ver cais ou ancoradouro,
sequer pistas ao mapa do tesouro,
ansiando que o vento se aprume,
sopre águas e feridas,
crie ondas, movimente a vida,
pra que meu destino enfadonho
ancore em futuro risonho,
vindouro e assaz almejado...
Porque ainda me resta um legado
de sonhos, não naufragados.

co-autoras:Angela Oiticica & Carmen Lúcia
04/08/2008

"poema feito em parceria com minha inesquecível amiga, Angela Oiticica, falecida em 06/06/2011."

Carmen Lúcia

Foto de Hanilto josé Da Silva

VERSOS CARENTES

No aço do teu
beijo,
alma perdida escrava do
desejo,
dormindo no suspiro presa
calcinada no delírio.

Sou filho do silêncio
sombra e rastro solidão
a dor maior que a paixão.

Sou talvez a loucura
da visão,
agarrado na cintura da
ilusão,sorvendo o mel do
teu fel,desfolhando vendavais
gemidos de puros ais.

Alma sangue coração
talhados nos susurros
do teu olhar,morro inteiro
por te amar.

Febre ansiosa de pensamento
na mortalha do meu sentimento,
já não sou amor,sou saudade a todo momento.

Sou cinza esparça
no vento em espaços
de versos carentes,com o manto
do tempo,em eterno rimar sobre
as trevas de furioso mar.

Hanilto 16 06 2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Orfanato

- O Orfanato

No orfanato
Toda linhagem de enjeitado
Toma a forma de legião

Todo o povo da região
Passa-nos com o ego apontado
Acusando nossa rejeição

E a sombra que aqui relato
Desnuda a treva em ebulição
Sonho irrealizado

Presente desembrulhado
Futuro em suspensão
A humilhação em seu recato
Frio, destrato

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O Sol é falso, losango angular.

Umas poucas crianças cantam.

Outras tantas crianças gritam.

A volta da escola é lenta e singular,
Pois não há ninguém há esperar.

O vento espalhar seu vento, e a folhagem.

Uma nuvem nos faz pajem.

Nosso ritmo é policial e folhetinesco.

Reside o medo do grotesco.

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Os moleques do orfanato são feios e não têm receio em admiti-lo, já que no verso de sua condição morava o adverso, o ridículo dos corações partidos, a brevidade de sua relevância.

Um deles riu-se automaticamente:
- Somos completos desgraçados!

Esta frase correu sem gírias ou incorreções.

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Os moleques
Sabendo serem desgarrados
Destravavam seus breques
Em serem desencontrados

Faltava-lhes o saber da identidade
Descobri-se em um passado plausível
Ver-se na evolução da mocidade
Em um lar compreensível

Mas não lhes foi dada explicação
Nem sentido da clemência
Nem pedido, nem razão
Para sua permanência

Viviam por viver
Por invencionice
Viviam por nascer
Sem que alguém os permitisse

Abandonados
No porão de um orfanato
Sendo assim desfigurados
No humano e seu retrato

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Os moleques eram órfãos
E eu estava no meio deles sem me envergonhar!
Minha vida é curta
Dura, diante dos comerciais contrários!
Meu cárcere é espesso, grosseiro, não derrete nem sob mil graus!
Subo mil degraus e não encontro o final da escada
E a realidade é tão séria como o circo ao incêndio dos palhaços,
Pois nem meu hip-hop consola mais a sombra da minha insignificância
E nem toda a ostentação suporta o peso da veracidade

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O mundo me usa
Ao agrado parnasiano
E me recusa
O verso camoniano
Não tenho honra nem musa
Não tenho templo nem plano
A vida é pouca e Severina
Louca e madrasta carnificina

Solidão
No meu retiro na multidão

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Somos uma falange
Outrora negada pelo sistema
Zunido como abelhas de um enxame
Invadindo os isolamentos propositais;
Nação sem cara
Homericamente mostrando seu rosto
Olhando a palidez da polidez
Sendo enfim mortos de fome.

Sendo enfim cheios de vida!
O braço que nos impede a pedir banha-nos com seu sangue;
Nós somos encharcados
Havendo assim a benção que ignoraram em prestar
A afirmativa de um futuro inevitável;
Matamos e nutrimos
O pavor que nos atira para a vida;
Somos assim não só uma falange como uma visão intransponível.

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Em esperar ter condições
Só restaria estacionar
Ao choro das lamentações

E logo quando o meu lugar
For definido às lotações
Na margem sem quem se importar

Ou mantenho insurreições
Ou vou me colocar
Abaixo das aspirações

Se calar minhas intenções
Alguém vai me sacanear
E se buscar santas missões
Cair no desenganar

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Estamos descontrolados!

- Foi ele, tia, eu vi!
- Não, eu não fiz nada!

- Cala a boca molecada!
Ou vai entrar na porrada
Cambada de desajustados!

Nem suas mães os quiseram
Desde o dia que vieram
E ainda bem que não nasci
No mesmo mal em que estiveram

Enquanto existir distração
Restrito será seu contato:
Problemas não chamam a atenção
Ao veio da escuridão
Silêncio do assassinato

Eu me calo e penso então
Em como o mundo é ingrato
Por sobras ajoelhadas
Firmo-me em concubinato
Em estruturas niveladas
Para minha exploração

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A noite chega aos esquecidos
E com ela sonhos contidos
De um sono forçado

Sinto-me encarcerado
No meu instinto debelado
Pelo pânico dos inibidos

E os olhares entristecidos
Cerram-se em luto fechado
Da morte sem celibato

Estamos envelhecidos
Tão jovens e tão cansados
Estamos aprisionados
Na cela de um orfanato

Foto de KAUE DUARTE

Sorte minha

Minhas opções são as petalas da margarida
Passo a passo tiro a sorte (bem me quer, mal me quer)
Por que tirar a sorte nessa flor,
Se posso depositar a sorte nela
Sorte minha meus pés não estarem enterrados no chão
Não preciso ter raízes limitadas em um vaso
Nem revezar entre sombra e sol
Não sou servido em Bouquet
Nem jogado ao vento pra tirar os males
Ah.. como é bom ser livre.

Kaue Jessé 14.06.2011 //*

Foto de Edigar Da Cruz

FAÇA SEMPRE O MELHOR

"Você eu, ninguém, vai bater tão duro como a vida, mas não se trata de bater duro, se trata de quanto você agüenta apanhar e seguir em frente o quanto você é capaz de agüentar e continuar tentando! è assim que se consegue vencer"
e ai chegou a hora de você ser adulto e conquistar o mundo e conquistou, mais em algum ponto desse percurso você mudou você deixo de ser você, e agora deixa as pessoas botar o dedo na sua cara e dizer que você não é bom e quando fica difícil, você procura alguma coisas pra culpar como uma sombra, é , eu vou dizer uma coisa que você já sabe o mundo não é um grande arco-íris, é um lugar sujo é um lugar cruel, não saber o quanto você é durão vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre, se você deixar, você, eu, ninguém, vai bater tão duro como a vida, mais não se trata de bater duro, mais trata quanto agüenta apanhar e seguir em frente, o quanto se você é capaz de agüenta e continuar tentando é assim que consegue vencer, agora se você sabe o seu valor então vai atrás do que você merece mais tem quer disposição pra apanhar e nada de apontar o dedo, e dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou dignem seja, só covarde faz isso, você não é covarde, você é melhor do que isso. Eu sempre vou amar você acima de tudo, aconteça o que acontecer

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