Sombra

Foto de bongarten

A pureza no sitio da Infância

Bem cedo, não de dia;
Mas sim de idade;
Tomava banho esquentado na simplicidade;
Com água quente banhava-me na bacia;

Ainda tenho as lembranças de pureza;
O vasto verde nos cercava no sitio;
No chão cheio de folhas a cair;
O sorriso abria, mamãe vem com leveza;

Chamar-me à olhar sempre com beleza;
Filho vem ajudar-me no quintal;
Meus olhos brilhavam, opa, vou trabalhar;
Agarrava com coragem a vassoura velha;

Viajava na emoção de ganhar doce eu pensava;
Eu era feliz na sombra daquelas arvores;
Pra ganhar miseras dez guloseimas ralas;
Mas na época era pureza trabalhar por humildes balas;

Foto de Nailde Barreto

"Eu, Você e o Mar"...

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Ali, diante daquele mar, pensei em ti.
Pensei em chorar, pensei em sorrir...
Sentado, à sombra, calma!
Fixamente, vejo você deslizar entre as ondas;
Você estava lá, ausente, presente!
Refletida nas águas do mar, só pra mim...
Pensei no seu corpo bronzeado,
Pensei na sua boca...
E, meu coração em chamas,
Acalma-se ao sentir o frescor da maresia,
Interpenetrada por ti, envolvendo-me...
Pude ouvir o barulho das ondas, silenciosas!
Pude ouvir os passos das tantas pessoas,
Com seus trajes de banho, coloridos, sem cor!
O sol se pondo...
O céu cheio de nuvens, inclinado para mim...
Cenário perfeito, incompleto pela falta palpável de ti,
Bem aqui, junto à areia desse mar, furacão!
Que tanto me faz lembrar você,
E, de gota em gota, não resista,
Inunda-me!
******************************************

Nailde Barreto.
11/03/2011

Foto de raziasantos

Solidão!

A solidão me consome.
Sou apenas uma flor
Perdendo sua força...
Meus dias são vazios.
As noites intermináveis.
O tempo parou, mas minha força levou!
Como um papel levado pelo vento,
Assim sou eu na tempestade do meu interior.
Minha solidão é como um disparo na escuridão.
Em busca dos sonhos encontrei desilusão.
Em noites de festas sou uma sombra.
No imenso deserto da solidão jamais me despeço.
Solidão agora e sempre, solidão apenas solidão.

Foto de Elenildo

Lugar sombrio...

Em passos lentos neste lugar sombrio...
Silêncio, ouça o meu coração...
Ele está acelerado...
Parece que estou com medo...
Minhas pernas trêmulas...
Estou suando frio...
Não quero olhar para trás...
Pressentimento ruim...
Desconfio da minha própria sombra...
Ouça; um barulho !
Tenho que sair daqui...
Parece que vou enlouquecer...
Passos lentos...
Olhos atentos...
Coração acelerado...
Tenho que achar a saída...
Estou sendo perseguido...
Posso sentir sua respiração...
As batidas de seu coração...
Salve-me...!
(Desespero)
Ei; uma luz.. !
Sinto uma mão que segura a minha...
Ouço uma voz que me acalma...
Ele veio me Salvar...
E, Ele estar ao meu lado...
Sinto-me seguro...
Sigo suas pegadas até a saída...
Estou livre...!
"Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos."
(salmos 40:2)

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Meu Espelho

- Quem é Você?
- Quem você é?
- Você é meu nome, meu nome é espelho, espelho o quê? Espelho Você?
- Você é meu amigo, diante da minha presença, que espelha o que sou?
- Sou simplesmente, a imagem do rosto do Sol invadindo o quarto pela fresta da janela de mais uma manhã sozinha.
- Você, que é a minha cara surpresa, de um novo dia, responderia se o meu futuro reserva um lugar à minha, sua sombra?
- Antes de teu futuro em minha sombra, terás a sombra de não sei o quê, e não sei se a sombras te darão futuro.
- Se a sombra do meu futuro, e seu, me dará sobras da sombra alheia, ou não, não sei, mas que Sol brilhará, no espelho, e assim me ajoelho, espero.
- E brilha o Sol no espelho, mostrando tua imagem, espelhadamente inconsistente, banhada de duvidas, e por fim nos abraçaremos, eu, futuro, e tu... e tu quem és?
- Sou a face da sua vida. Sou a vida na sua face. Sou o seu brilho aqui refletido.
- És um Brilho apagado, és a vida entrelaçada à nossa morte. Vida esta, que resiste agonizante por um simples sinal de uma saudade de algo que ainda não conhecemos.
- Há sempre sinais de vida na futura morte. Eterna, externa, resistente à própria fatalidade.
- Há sempre sinais de morte no presente medo. É tudo medo! É sempre o medo de não haver vida nas fatalidades.
- Há sempre sinais de esperança no medo de não haver futuro, há sempre o medo de se perder as forças no meio do caminho.
- Há sempre caminhos, mas há sempre o medo de não haver amor no final do percurso.
- Há sempre um perguntando qual o caminho para a paz, e há sempre um respondendo que a paz é o caminho.
- Há sempre uma verdade, mas a pressa para alcançá-la sempre mente.
- Sempre existe um nunca, para o qual nunca desistimos sempre.
- Haverá sempre ambigüidade. E será que sempre teremos que escolher a resposta mais justa, ou a mais emocionada?
- Sempre teremos de nos perguntar, e escrever entre o bem e o mal.
- Sempre teremos que escrever enquanto só sabemos desenhar, como crianças com um pedaço de tijolo de construção que rabisca a rua depois da chuva de verão?
- E sempre teremos que construir, com o lápis da vivência, a obra-prima de existir? Espero que sim.
- Pois a vida é uma redação de exame do ensino-médio, mas a escreveremos como poesia de amor, e a ilustraremos, como os mais distantes sonhos, e as mais sinceras emoções.
- Romancearemos a tragédia, encenaremos o que temos, colocaremo-nos à prova da trova do destino que nos reserva ao fim em não nos preservar.
- Bailaremos sozinhos, as valsas tristes, mas com um sorriso no rosto pintaremos as lagrimas vazias, com amarelo, azul ou até mesmo o vermelho. Ainda que sozinhos estaremos acompanhados por nossas poesias, por nossa arte.
- Como a chuva tem o seu prisma, a cisma solar irrompe sobre os pensamentos nublados, na dança das nossas escolhas, na nossa trilha de sons e rumos.
- Desenharemos com palavras, e escreveremos com sentimentos gritantes. Faremos das noites os dias mais claros, e o Sol será mais um amigo, mais um mensageiro da paz, que apenas imitará a meus raros e sinceros sorrisos poeticamente inexistentes.
- Poesia é risco, no céu ou na terra, no caderno ou na lápide.
- Pois o mundo foi feito por algum poeta, que andava triste, ou desiludido por algum amor infiel, e resolveu chorar pra criar mares maiores que as terras, e desenhou e pintou, e ao fim resolveu escrever mais uma poesia, e a intitulou Vida.
- Esse poeta, criador, nos deu a chance, sem nos condenar, de nos descobrir como somos.
- E descobrimos que somos também criadores, poetas, artistas, palhaços. Com um caderno antigo chamado vida, e na mão uma pena que ainda pinga a tinta de nossas vivências, pena esta chamada amor.

(Poesia escrita em conjunto ao meu amigo Allan Sobral.)

Foto de Allan Sobral

Meu Espelho

- Quem é Você?
- Quem você é?
- Você é meu nome, meu nome é espelho, espelho o quê? Espelho Você?
- Você é meu amigo, diante da minha presença, que espelha o que sou?
- Sou simplesmente, a imagem do rosto do Sol invadindo o quarto pela fresta da janela de mais uma manhã sozinha.
- Você, que é a minha cara surpresa, de um novo dia, responderia se o meu futuro reserva um lugar à minha, sua sombra?
- Antes de teu futuro em minha sombra, terás a sombra de não sei o quê, e não sei se a sombras te darão futuro.
- Se a sombra do meu futuro, e seu, me dará sobras da sombra alheia, ou não, não sei, mas que Sol brilhará, no espelho, e assim me ajoelho, espero.
- E brilha o Sol no espelho, mostrando tua imagem, espelhadamente inconsistente, banhada de duvidas, e por fim nos abraçaremos, eu, futuro, e tu... e tu quem és?
- Sou a face da sua vida. Sou a vida na sua face. Sou o seu brilho aqui refletido.
- És um Brilho apagado, és a vida entrelaçada à nossa morte. Vida esta, que resiste agonizante por um simples sinal de uma saudade de algo que ainda não conhecemos.
- Há sempre sinais de vida na futura morte. Eterna, externa, resistente à própria fatalidade.
- Há sempre sinais de morte no presente medo. É tudo medo! É sempre o medo de não haver vida nas fatalidades.
- Há sempre sinais de esperança no medo de não haver futuro, há sempre o medo de se perder as forças no meio do caminho.
- Há sempre caminhos, mas há sempre o medo de não haver amor no final do percurso.
- Há sempre um perguntando qual o caminho para a paz, e há sempre um respondendo que a paz é o caminho.
- Há sempre uma verdade, mas a pressa para alcançá-la sempre mente.
- Sempre existe um nunca, para o qual nunca desistimos sempre.
- Haverá sempre ambigüidade. E será que sempre teremos que escolher a resposta mais justa, ou a mais emocionada?
- Sempre teremos de nos perguntar, e escrever entre o bem e o mal.
- Sempre teremos que escrever enquanto só sabemos desenhar, como crianças com um pedaço de tijolo de construção que rabisca a rua depois da chuva de verão?
- E sempre teremos que construir, com o lápis da vivência, a obra-prima de existir? Espero que sim.
- Pois a vida é uma redação de exame do ensino-médio, mas a escreveremos como poesia de amor, e a ilustraremos, como os mais distantes sonhos, e as mais sinceras emoções.
- Romancearemos a tragédia, encenaremos o que temos, colocaremo-nos à prova da trova do destino que nos reserva ao fim em não nos preservar.
- Bailaremos sozinhos, as valsas tristes, mas com um sorriso no rosto pintaremos as lagrimas vazias, com amarelo, azul ou até mesmo o vermelho. Ainda que sozinhos estaremos acompanhados por nossas poesias, por nossa arte.
- Como a chuva tem o seu prisma, a cisma solar irrompe sobre os pensamentos nublados, na dança das nossas escolhas, na nossa trilha de sons e rumos.
- Desenharemos com palavras, e escreveremos com sentimentos gritantes. Faremos das noites os dias mais claros, e o Sol será mais um amigo, mais um mensageiro da paz, que apenas imitará a meus raros e sinceros sorrisos poeticamente inexistentes.
- Poesia é risco, no céu ou na terra, no caderno ou na lápide.
- Pois o mundo foi feito por algum poeta, que andava triste, ou desiludido por algum amor infiel, e resolveu chorar pra criar mares maiores que as terras, e desenhou e pintou, e ao fim resolveu escrever mais uma poesia, e a intitulou Vida.
- Esse poeta, criador, nos deu a chance, sem nos condenar, de nos descobrir como somos.
- E descobrimos que somos também criadores, poetas, artistas, palhaços. Com um caderno antigo chamado vida, e na mão uma pena que ainda pinga a tinta de nossas vivências, pena esta chamada amor.

(Poesia escrita em conjunto ao meu amigo João Victor Tavares Sampaio.)

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

SOMENTE OS BRAVOS

SOMENTE OS BRAVOS
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Somente os bravos sao bem sucedidos
Nos caminhos desconhecidos
Da existencia humana
Os bravos que ousam encarar os desafios
Que navegam os mares bravios
Os que nao moram numa cama

Somente os bravos reconhecem a paz
Sempre sozinhos diantes dos vendavais
Ate que chega a calmaria
Os bravos que ousam quebrar as tacas
Que ousam desatar as mortacas
E expor as rebeldias

Somente os bravos lideram as tropas
Conduzindo-os por novas rotas
Onde poucos ousam chegar
Os bravos que ousam conquistar o medo
Os que se camuflam no arvoredo
E caminham na sombra do luar

Somente os bravos saboreiam a vitoria
Descansam no calor da gloria
E no reconhecimento imediato
Os bravos que ousam ser humildes
Que sao felizes, mas tambem tristes
E nao se escondem atras de um ato

Somente os bravos possuem coragem
De seguir a longa viagem
Ate a conquista final
Os bravos que ousam cortar as raizes
Dos males que nos trazem tantas crises
Ou nos impoem o pecado capital

Somente os bravos conquistam a dor
Desconhecem o amor
E empunha uma arma na mao
Os bravos que reconhecem as sementes
Dos amores diferentes
Que tentam derrubar as muralhas do coracao
© 2011 Islo Nantes Music

Foto de Leidiane de Jesus Santos

Dor

Revirando-me nas magoas
Eu choro um choro muito antigo
De um amor perdido
Abandonado no ermo do meu peito
Nesse vazio da desilusão
Me tornei prisioneira dessa dor
Você roubou
Meu coração
Hoje vivo vagando
Sem ter amor pra dar
A quem resolve preencher
O que você levou.
Sou um fantasma
Sou uma sombra
Que restou
desse anti amor.

Foto de Lemour

Tenho uma árvore

TENHO UMA ÁRVORE

No meu jardim, há uma árvore que fala.
- Ah! Estou a sentir um ventinho fresco, o cheiro da terra está a ficar diferente.
Os seus ramos cheios de folhas abanam, uns da direita para a esquerda, outros de cima para baixo.
A minha árvore não sabe bem o que se passa, olhando para a frente e para trás escuta os sons vindos do céu.
- Ah, as andorinhas estão a passear no céu e… desaparecem. As formigas estão a recolher às suas casas. Esta noite não ouvi os grilos e as cigarras hoje não cantam.
Pensando no que via e ouvia, os ramos pareciam dançar ao som do vento que corria no ar.
- Oh! Tenho umas folhas amarelas, sinto-as leves, será que estão doentes?
Uma aragem mais forte fez soltar umas folhas. Rodopiando no ar cairam na janela do meu quarto.
E… as folhas da minha árvore iam-se soltando, rodopiavam e caiam no jardim
- Já sei o que está a acontecer, gritou a árvore, é o Outono que chegou. Pensava que estava a ficar doente.
Encostada à janela eu observava e ouvia a minha árvore, mas estava sem perceber , não sabia bem o que era o Outono.
- Pois é, daqui a dias vou ficar sem folhas, vou começar a adormecer, sem folhas vou ficar mais forte para aguentar os ventos, as chuvas, os frios, quando os dias voltarem a ficar mais quentinhos eu vou ficar maior, vão nascer mais folhas verdinhas e os meus ramos fortes vão fazer sombra.
A minha árvore virou os ramos na direcção da janela do meu quarto.
- Debaixo da minha sombra aquela menina vai brincar ouvindo ao longe as cigarras.

Lena Mourinho

Foto de Carol Carolina

Tempo dos Lampiões...

Tempo dos Lampiões...

Queria ter vivido no tempo dos lampiões
Para ganhar belas serenatas ao luar
Dos bailes naqueles grandes salões
Com meu amor , rodopiar, rodopiar.

Dos vestidos longos de arremate com lacinho
De cor azul que é a cor que mais adoro
Na mão um perfumado lencinho
Em cambraia com monograma cor de ouro.

Das sombrinhas que levavam a passear
A sombra de uma árvore esperar
Um poeta que não tardava a chegar
Muito gentil estendia a mão para ajudar
A sua amada na grama a se sentar.

Ao som dos passarinhos a cantar
Admirar o poeta a recitar
Lindos versos sempre a encantar
E depois um doce beijo seu ganhar.

♫Carol Carolina

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