Som

Foto de Samir Querino

Crônicas de uma existência

O mundo sorri enquanto meu sangue escorre. Todos cantam, mas meu choro se sobrepõe. Eles correm, eu só consigo rastejar. Não é culpa minha... talvez seja! A solidão é o castigo que determina o culpado? Então eu sou culpado. E quem me culpa? A verdade! E a verdade é que o medo se tornou maior que a esperança. O sonho se tornou maior que o desejo. A dor afugentou minha coragem. A saudade tornou o tempo maior. Tempo esse que nem era grande, mas se fez eterno... por que você se foi! E se foi por quê? Por que você? Não sei dizer... não posso dizer. Caprichos da vida que leva e que traz, que dá e que tira, que faz e desfaz. Talvez o acaso que se fez pleno, Por que em certeza responde o incerto. Mesmo o tudo nada me responde, no entanto o nada é a resposta mais certa para tudo. E o que fazer com essa certeza insana de saber que estou fadado à solidão? Como curar uma ferida invisível que insiste em manter rasgado o coração? Esse coração que já nem me pertence e que é regido pelo som melancólico de uma melodia desconhecida, que ecoa pelos pensamentos e desafina cada segundo da minha existência. Há remédio para essa loucura? Estarei tão perdido
no tempo – naquele tempo – que talvez já nem tenha mais salvação? Sinto que as palavras
mais propícias afim de descrever o que sinto, ainda não foram inventadas. Sinto que a única canção que conta em detalhes toda a minha dor, ainda não foi composta. Sinto que a ajuda da
qual disponho... realmente nem sabe que pode me ajudar - se é que alguém pode me ajudar. Estou cansado. Finalmente percebi que não posso – ainda que queira – continuar travando esta batalha. Minhas forças – que já eram escassas – acabaram de se exaurir. Eu não tenho mais por quês... não tenho mais motivos... eu não tenho nada... por que eu não tenho você.
Qual é o sentido? Qual é a lógica? Não há um sentido lógico. Não há lógica que faça sentido... a única pessoa que eu realmente amei pertence a outro mundo... talvez nunca mais a veja. E é isso o que sou... isso é o que me tornei. Um andarilho que vaga sem rumo nem direção na tortuosa estrada da vida. Um capitão impotente que observa o seu navio à deriva da fúria do mar durante a mais intensa das tempestades. Uma folha... que plana ao acaso tal qual a vontade dos ventos. Eu tenho escolha? Não! Eu tive escolha. Eu escolhi o caminho certo... antes tivesse escolhido o errado. Mas agora é tarde! Não adianta chorar, não adianta se lamentar, não adianta tentar retroceder e nem tampouco se adiantar. O tempo é esse! A hora é essa! Viver é sofrer! No passado eu não existia... no futuro, eu deixarei de existir... então se eu quero viver que seja hoje... que seja agora! Mas a pergunta é... eu quero viver??? A única resposta que eu tenho encontrado é... que ainda que sem motivos... ainda que sem porquês... eu devo viver. Eu devo viver!!!

Foto de Fernanda Queiroz

Parte de mim

Parte de mim

Que a distância que se formou entre nós
Não seja morte premedidata
De todos os sonhos que vivemos
Dormindo ou acordados
Porque uma parte de mim é sonho
E a outra parte realidade
Que a tua voz vibrante e melodiosa
Seja mais forte que este silêncio
E que meus lábios possa dizer Te Amo
Mesmo em minha constante ausência
Porque uma parte de mim é meu grito
E a outra parte é silêncio
Que minha face mostrada em video
Nunca gere esquecimento
Que possa ser vista e lembrada
Muito mais que um momento
Porque uma parte de mim foi filmada
E a outra parte a ti está reservada
Que a tua vontade de me encontrar
Não se deixe vencer por minhas palavras de adeus
E por mais que elas tenham sido convincentes
Não deixe que prevaleça em tua mente
Porque uma parte de mim foi partida
Onde outra parte aguarda tua chegada
Que o medo da desilusão não o afaste
Que a esperança perpetue em tua face
Que possa lembrar de mim com um sorriso
Muito mais que eu possa dá-lo
Que possa sentir meu carinho
Mesmo sem que possa tocá-lo
Para que uma parte de mim seja presente
Que viveu em teu passado.
Mas que este passado vire abrigo
Onde habita a saudade
Para que um dia possamos ser
Muito mais que casualidade
E que em meu habitat de sonho
Você possa viver de verdade
E neste teu mundo diferente
Eu consiga viver derepente
Que o som da natureza te aplauda mais alto
Que todos os sons que já ouviste do palco
Porque se uma parte de você é canção
E a outra parte sou eu
Uma parte de mim é você
E a outra parte é você também.
Porque uma parte de mim é amor
E a outra parte também

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Poema inspirado na canção
Metade (Oswaldo Montenegro)

Foto de Lucianeapv

AO SOM DE UM VIOLINO

AO SOM DE UM VIOLINO...
(Luciane A. Vieira – 30/01/2012 – 19:31h)

Na doce melodia eu me perco
E sinto ufanas notas em meu seio
Gracejando do ir e vir de compassos parcos
De meus passos se entregando ao vento...
Singelamente eu revoluteio
E sinto leves os meus pensamentos
Delineio a vida altaneira e lúdica
Ao som doce e singelo de
Flautas, oboés, violas, piano,
Permeio em nuvens plúmbeas
Ao solo cadente de um violino.
Música divina...
Música insana...
Repete... Estremece...
Esquece... Fenece...
Instaura a sua flama e depois
Em delírios se perde...

Foto de Marilene Anacleto

Cheiro

Cheiro de terra, cheiro de mato,
Cheiro de grama, cheiro de pasto,
Cheiro de cascata, cheiro de regato.

Cheiro de santidade, cheiro de maldade,
Cheiro de flores, agradáveis odores
Pedra molhada, terra lavada,
Feliz borboleta na rocha seca.

Cheiro de Jair, cheiro de Nair,
Cheiro de Adair, cheiro de jasmim.
Cheiro de rosa, pessoa ou flor,
Amar o cheiro, prova de amor.

Não há dinheiro que a alma engane
Ou troque pelo cheiro de alguém que se ama.

No universo de cheiros, muitos olores,
Da flor da juventude à calma do regato.
Do jasmim, a doçura, do amor à loucura,
O cheiro mais doce é o som do abraço
Encontrado sem querer no teu regaço.

Concha na qual me apoio
Levemente, contente, dormente,
O colo de brilho infindo
Que sempre faz sentir-me gente.

Foto de Malu Prado

SEM PALAVRAS

Nada de palavras,
Quero apenas o silêncio...
Quero encostar minha cabeça
Em teu peito,
E escutar teu coração...
Quero contemplar contigo,
Apenas as estrelas,
Nesta noite de verão...
Quero sentir a brisa
Envolvendo nós dois...
Não quero falar.
Quero ouvir,
Só o som
Dos nossos beijos.

Malu Prado
22-01-2012

Foto de Carmen Vervloet

Cheiro de Saudade

Meu Deus... é o cheiro de infância,
de boas lembranças,
é o cheiro do tempo,
é o cheiro do pão...
O sol que acorda lento,
espreguiça-se no firmamento,
boceja sonolento,
esquenta meu chão!
É o cheiro das flores,
nuances e cores...
Cata-ventos felizes,
amanhecer em matizes,
liberdade dos pássaros,
entrelaces de mãos!
É o som das cirandas,
bate papos nas varandas...
É o som das montanhas,
sabiás e façanhas!
É o gosto das frutas,
jabuticabas e uvas,
é o som da labuta,
é a ameixeira na curva
do tempo lá trás!
É o cheiro de nenhuma certeza...
De tantas proezas...
É o cheiro de Santa Teresa!

Foto de Shyko Ventura

" O SOM DO CORAÇÃO"

O SOM DO CORAÇÃO “

...QUANDO O GRITO JÁ NÃO SAI,
QUANDO A VOZ EMUDECE SÓ,
QUANDO AS PALAVRAS SE VOLTAM
CONTRA A BOCA E DESCEM PELA
GARGANTA ABAIXO,
CONTRA A PRÓPRIA VONTADE;
QUANDO NÃO HÁ MAIS SOM,
RUÍDO OU BARULHO A SE FAZER;
OUÇA O SOM DO CORAÇÃO!
MESMO QUE OS OLHOS
NÃO CONSIGAM MAIS TE REVELAR
O QUE ESTÁ VENDO,
E AS MÃOS PARALISADAS DIANTE
DA AÇÃO QUE DEVA TOMAR;
OUÇA O SOM DO CORAÇÃO!
POIS ELE É LIVRE DE TI,
É PURO, POIS NÃO VÊ;
É MUDO, POIS NÃO COBRA;
É INTENSO, POIS SÓ SENTE;
É VERDADEIRO, POIS NÃO SABE MENTIR;
É TRANSPARENTE, POIS SÓ AMA;
E DE AMOR SOBREVIVE,
DE AMOR RENOVA-SE,
POR AMOR SE MULTIPLICA
E SÓ ATRAVÉS DO AMOR, PODE SER OUVIDO E AMADO!!!!!!!!!!!!”
____________________by SHYKO080112.

Foto de Paulo Master

Reles Mortais

“Em nome do prazer permita-se comprimir entre meu corpo e a porta do carro. Compartilharemos um êxtase intenso. A penumbra ocultara suavemente nossos corpos, incutindo o paraíso aos nossos sentidos”.
O texto acima sugere uma complexidade de ações voltadas ao desejo, como um fluxo de marés, uma troca afetiva em consentimento focando o alcance do prazer.
O ser humano consegue sentir a imortalidade mesmo dentro de um corpo mortal, somos capazes de raciocinar, embelezar os sentidos através do raciocínio acerca de eventos extraordinários. Enfim, podemos ser felizes, criar o paraíso particular, um lugar ideal, na terra em utopia, outrora representada pelo Jardim do Éden.
A magia da fala concebe o som das palavras, a fonografia cria um cosmo abundante em beleza, rico em poesia. Aos protagonistas dessa ciranda deleitosa resta apenas subtrair o máximo do prazer de cada um para o benefício de ambos, certamente um voluptuoso jogo de cartas marcadas que proporcionará um excitante final.
Por vezes somos tanto, mais do que devemos ser, menos que podemos suportar. A natureza foi gentil criando dois tipos diferentes de seres, não gostamos de nos sentir incompletos, solitários, isso gera angústia. O sentimento que alivia a dor da solidão também nos direciona a ela.
“O sangue lateja nas veias, é possível ouvir o forte fibrilar do coração”!
A natureza ironicamente criou o paradoxo tépido, ora desejamos, ora não conseguimos desvincular. Se não formos deuses, somos reles mortais.

Foto de Carmen Lúcia

Quem sabe...

Quem sabe...

A manhã ainda se abra
e me ofereça um leque
de cores indizíveis,
tonalidades amarelas
trazendo raios de sol
a brincar pelas frestas das janelas,
roçando pétalas de flores invisíveis,
convite irrecusável
pra viver, amar, a cor dar !

Quem sabe...

A manhã ainda nasça
diferente de todas que já nasceram
e a minha esperança renasça
mais forte que as que morreram
antes mesmo que o dia acabasse,
sem que o som das notas musicais,
interlúdio composto pela beleza da aurora,
me tocasse e me enlevasse
pelo azul do Danúbio,
embora meus passos inertes agora
já não ousam dançar uma valsa.

_Carmen Lúcia_

Foto de Marilene Anacleto

Aos Amigos

Perda de familiares, momentos de tristeza extrema,
Não sei o que dizer aos amigos, procuro a natureza.

Ofereço-lhes uma pintura, um quadro, uma gravura
Do meu lugar favorito: a praia de Cabeçudas.

A gaivota cruza o céu de nuvens de espumas,
Idênticas aos babados das ondas, feito as plumas
Que enfeitam a aconchegante Praia de Cabeçudas.

Vai surgindo devagar ... navega no azul do céu
Que é igualzinho ao mar ...

As praias de Itajaí são os seus lares supremos
Onde os antepassados viveram dias serenos.

A gaivota sabe onde termina o mar e começa o firmamento
Deixa-se bailar e embalar pelas suaves asas do vento.

Não precisa de diploma nesta terra sem lamentos
Confia na natureza que lhe supre de alimentos.

Vem da Caverna do Morcego, atravessa a pedra do Mergulho
Chega ao início da praia onde está o molusco mais puro.

Voar nas asas rasantes e dançar os bailados no ar
Retira-me das tristezas, a gaivota, minha companhia de paz.

Quem não tem pretensão alguma de parecer o que não é
Aqui recebe de tudo: liberdade, aconchego e fé.

Sequer pensa algum dia afastar-se desse céu
A comida está nas ondas, nas rochas. O lazer está no céu.

As rochas oferecem às ondas o instrumento do som
Para ouvidos atentos e almas repletas de amor.

Lazer, alimento, beleza, repouso em meio às agruras
Não falta a quem quiser ver e sentir na Praia de Cabeçudas.

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