Rosto

Foto de Sonia Delsin

O QUE GUARDEI

O QUE GUARDEI

Eu tenho aqui... é um punhado de estrelas.
Brilham. Faz da noite um verdadeiro dia...
O que antes era noite vazia pode me trazer tanta alegria.
Eu tenho aqui...um pouco do passado.
Seu riso despreocupado.
Tenho...sua mão me alisando o rosto ternamente.
E o tempo de antigamente.
Fecho os olhos e tenho tudo.
O gramado.
O canto do pássaro dourado.
Você do meu lado.

Das minhas mãos não fogem os momentos.
Estão todos aqui... são fragmentos.
De olhos fechados eu tenho tudo que imaginar.
Vou chorar?
Não, eu vou é cantar.
Por tudo que consegui guardar.
Por estes momentos que consigo recuperar num doce imaginar.
Quando me ponho a divagar.
Quando me entrego ao sonhar...

Os tesouros do coração trago às mãos...as mãos que os recapturam.
Estas mãos que podem flutuar no ar...e em outras eras viajar buscando tudo que conseguiu me marcar.
Foi o seu amar...
Mas isso vem de um tempo tão distante.
Tão longínquo...tão longínquo...
... e nem por isso a emoção de ter de volta é menos forte.
Guardo comigo este amor que venceu a morte.

Foto de NiKKo

Teatro da vida

Eis aqui meu coração repleto de saudade,
mas com um enorme sorriso pintado no rosto.
Finge estar com a alma tranqüila e serena
a ninguém revela sua amargura, seu desgosto.

Ele seria motivo de chacota para muitos
pois rindo diriam: eís um farrapo humano!
Meu coração então bate apressado no peito
e esconde entre soluços, o nome de quem amo.

Mas quem me vê não imagina a minha dor
pois eu aprendi com a vida esconder e disfarçar.
Assim vou caminhando de cabeça erguida
e ninguém vê ou percebe minha alma a soluçar.

Aprendi a duras penas que o amor só traz fantasias
que no fim só restam mesmo a decepção e amargura.
Que na alma as feridas demoram a cicatrizar
que essas marcas só mesmo o tempo, cura.

Reconheço que aprendi a viver apenas o momento
por descobrir que toda felicidade é passageira.
Que amor eterno não existe. É fantasia.
Que juramento de apaixonado é coisa traiçoeira.

Desta forma vou vivendo interpretando meu papel
nesse teatro que é hoje o meu viver.
Todos acreditam que superei o fato de ter te perdido,
mas eu confesso que não consegui te esquecer.

Mas descobri que o amor que me prendeu a ti
para você nada significou ou valeu.
Para você eu fui um simples ato no teatro de sua vida,
que acabou, quando a cortina sobre o placo desceu.

Foto de Coyotte Ribeiro

Culpado, o Inocente

maldito seja o dia que foi conhecido!!!
ele é digno de morte.
não serve à nada
não merece clemência

este mundo não lhe tem
o universo não lhe cabe
rejeitado entre as nações
intruso entre os povos

seu nascimento não foi glorioso
o ventre que o concebeu a luz
não abençoou seu respirar
deixou-o para traz

por amar foi julgado
condenado sem culpa
seu crime escrito em lágrimas
está entre os perversos

essa é a hora de sua senteça
morrerá sem perdão
sem honra ao coração
será seu galardão

seu refúgio não vem das montanhas
o abismo o aguarda
sem manchas será lançado
sua raiva guiará seu rosto

cada lágrima derramada
será lembrada em mágoas
raiva guiará seu ódio
e não terá primórdio

sem manchas
o imaculado
sem pecado
incriminado

coração impuro
alma destilada
espírito sem vida

pedras sejam lançadas
espada lhe fira a alma
flecha aponte seu coração
seja sua morte sem perdão

Noturno...el Coyotte

Foto de Marta Peres

Carrasco

Carrasco

Negro véu cobria aquele rosto,
Eu tentava ver numa curiosidade
Que passava da sensatez,
Parecia circunspeto, parado,
Ereto e mãos nervosas,
Sabia ser assassino o carrasco,
que daí a momentos exterminaria
Uma vida, olhando pra ele
vi gotas caindo no piso frio,
lágrimas de dor ou remorso?

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Reflexo

Reflexo

Me vejo nesta pedra que brilha,
Vejo rugas no rosto, sinto-me só,
Abandonada em meio multidão
Cansada do caminhar, preciso parar
Na beira da estrada, pés machucados
Dolorosamente sangrando o coração,
Nada me resta a não ser solidão.

Marta Peres

Foto de Noslen

Sei onde te encontrar

Dorme bem linda...
Depois de falar ctg, sinto-me leve...
Vou para a minha cama e aceito no meu corpo o contacto do vazio...
Adormeço e procuro nos meus sonhos o toque da tua pele...
Aceito no meu peito o suor k cai do teu rosto enquanto fazemos amor...
Sinto nos meus dedos o entrelaçar dos teus cabelos...
Absorvo a tua respiraçao ao ritmo da uniao dos nossos corpos...
Acordo em sobresalto...
Rompo o silencio da noite e procuro o teu calor em vão...
Não estas ali comigo...
Fecho os olhos e adormeço...
Sei onde te encontrar denovo...

Foto de Cecília Santos

SAUDADES QUE GOSTO DE TER

SAUDADES QUE GOSTO DE TER
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As nuvens vão se formando.
E ligeiramente vão deslizando
pelo céu à fora.
Assim é a sua lembrança teimosa.
Que de mim não quer se afastar.
Trago sua marca, em minha boca.
Pois seus beijos fizeram morada
em meus lábios.
As lágrimas que por ti derramei
Fizeram caminhos de sal em meu rosto.
Seu amor ficou tatuado em meu peito,
E meu coração relutante não te esquece.
Assim é a saudade que sinto de você.
Vai chegando mansamente e tomando
conta do meu ser.
É como o amanhecer de um lindo dia.
Onde mãos e pincéis invisíveis vão
colorindo o céu.
Cada pincelada revela uma nova
tonalidade, até se dourar por inteiro.
Sua lembrança exerce em mim esse fascínio
De todas as lembranças, que comigo ficaram
Você é a saudade que gosto de ter.
Tenho sua lembrança desenhada em
minha mente.
E a sua saudade guardada em
meu coração.

Direitos reservados*
Cecília-SP/12/2007*

Foto de Carmen Lúcia

Senhora (Tributo à Cora Coralina)

As marcas no rosto não denotavam desgosto,
Nem vinham do cansaço,
Mas de caminhos percorridos e vividos
Sem nunca haver desistido.
As mãos calejadas, rudes, deformadas
Lembravam cânticos da terra...
Mãos que cavoucaram, plantaram, roçaram,
Prepararam terrenos para o cultivo
Sem ambicionarem os frutos a serem colhidos,
Mas pra quem quisesse neles semear...e sonhar!
Mãos que merecem um poema-emoção,
A ser imortalizado, eternamente lembrado!
Seus cabelos brancos representavam desafios...
As lutas e desenganos, no decorrer dos anos,
Retrato de sua presença-terra,
Exemplo de coragem aos inconformados...
Em sua escalada pela vida,
Driblou dores, removeu pedras, plantou flores...
Deixou um rico legado, precioso aprendizado...
E mesmo no tarde da vida, poetizou a sua história,
Recriou seus sonhos, gravou-os em sua memória,
À sertaneja, meu tributo e toda a glória,
A ela, Cora Coralina, Aninha, Cora...
E denominada por mim, agora...
...Senhora!

Foto de Carmen Lúcia

Retrato da Vida

Num canto da sala balançava a cadeira.Por cima dos óculos ela só observava.Não dava palpites.
A rotina diária...Muita algazarra, correria. Todos apressados, em tropeços, passavam por ela.
Nem sequer percebiam que ela percebia.Olhava a todos e a tudo.Sem que ninguém a visse.
Os dedos já cansados esboçavam um bordado.Pareciam mecanizados, de tão acostumados a esses traçados.Chegavam à perfeição.
Seu rosto, sem expressão, semblante enrugado, eram marcas que ficaram, que o tempo lhe deixara.
Um tempo ausente que corria lá fora.Agora mais veloz, levando embora a vida, que ela via caminhar, além da janela, afastando-se cada vez mais.
Vieram-lhe as lembranças.Ricas lembranças.Criança correndo pelo campo, sem tempo, sem marcas, só esperança.Só risos.Sonhos.Fantasias.
Então cerra os olhos.Começa a imaginar.Ouve uma música suave.Esboça um doce sorriso e se pega a rodar, a girar, por entre flores, pés descalços na grama úmida...com o vento acariciando seu rostinho de criança feliz.De repente a criança põe-se a correr...para um lugar belíssimo, indescritível, inimaginável...
A cadeira já não balança.Permanece imóvel no canto da sala.
Caído ao chão, um bordado perfeito e já terminado.
Repousa de lado aquele rosto sem expressão, marcado agora pela morte.
A lida prossegue lá fora. E lá dentro, a rotina de sempre.É a vida!
Ninguém percebe a partida.

Foto de Maria Flor e Rabiscos

Entre o mar e as estrelas...Era um Poeta

Um mendigo, à noite, na calçada
de súbito, pôs-se a chorar...
Sua camisinha rasgada não
dava para enxugar as lágrimas
que eram tantas quantas
as areias do mar...
.
Muita gente que passava,
vendo aquela face molhada,
em vão, com pena, indagava:
“ Por que sobre a calçada
gelada aquela triste alma
se achava soluçando sem parar?...”
.
A custo ergueu o seu rosto
com resignado olhar de fel
e explicou a contragosto:
“ A vida me foi infiel...
E os meus sonhos foram
Tantos quanto aquelas
Estrelas no céu...”

Maria Flor!

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