Rosto

Foto de Sonia Delsin

TEU CORAÇÃO, AMOR

TEU CORAÇÃO, AMOR

Teu coração é um ninho.
Tu és puro carinho.
No teu riso eu descanso.
No teu rosto sério eu penso.
Penso que minha vida ficou mais bonita.
Mais colorida.
Chegaste para mudar minha vida.
Vieste assim de leve.
Como um anjo de alvas asas.
Dizes.
Sou teu anjo guardião.
Dizes.
Te estendo a mão.
Eu sei.
Eu digo que sei.
Porque sei de fato.
Sinto tudo de bom ao teu lado.

Foto de Osmar Fernandes

Há sempre um novo sonho

Olhe no espelho a sua imagem.
O tempo transformou a sua face.
Eternamente terá esta tatuagem.
Não tem mais jeito de esconder à máscara.
Olhe em seu rosto todas as rugas
Envelhecido tão precoce.
Não tem como inventar mais fugas.
O corpo todo já está em choque.
Veja quantas manchas de batom
Tentando apagar seu tempo.
A vida já não tem o mesmo tom.
São segredos consumidos pelo vento.
Mas, escute a voz do sentimento
Que é o logotipo do seu destino.
Dum passado cheio de momentos,
Dum futuro ainda tão menino.
Vá em frente! Não tenha medo!
Não fique triste, nem chore em vão.
A vida é repleta de enredo.
Renove seu coração.
Há sempre um novo dia a despertar.
Há sempre uma nova imagem a refletir.
Há sempre um novo sonho a realizar.
Há sempre um novo rosto a sorrir.

Foto de Sirlei Passolongo

O Homem Que me Inspira

   

O homem
que me inspira
Lê o poema
que há em mim
Decifra
meus desejos e
mistérios
Num olhar...
Me tira do sério.

Conhece cada verso
Que há em minha alma
Cada reticência...
Sabe das vírgulas
que calam em minha
essência.

O homem
que me inspira
Lê o poema
que há em meu
corpo
pode desenhar
à distância os traços
do meu rosto
Conhece
cada ponto
Que leva ao meu
sorriso... É pra ele
cada verso que poetizo.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora
   

Foto de Paulo Gondim

Desta vez, foi a chuva. (Cordel)

DESTA VEZ, FOI A CHUVA
(Cordel)
Paulo Gondim
18/01/2002

Enfim, a chuva chegou
Muitos sonhos renovou
Fez a vida renascer
A vida quase esquecida
Dessa gente desvalida
Que nunca deixa o sertão
Mesmo sabendo da luta
Da vil e cruel labuta
Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou
E dessa vez não queimou
O meu sofrido torrão
E água muita correu
A tudo depressa encheu
O sertão virou um mar !
Todo orgulhoso, sorriu
Assim como nunca viu
Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda
É cruel, feia e desnuda
É pura desolação
E no sertão é assim
Sem chuva, a seca ruim
Assola bichos e sonhos
Desalojando essa gente
Num castigar iminente
Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva
Como a praga da saúva
Que tudo come sem dó
Tirou o sol do caminho
Acabou tudo igualzinho
Como o sol da outra vez
Levou tudo pela frente
Na estrondosa corrente
Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão
Tudo é sim ou tudo é não
Não há jeito nem saída
Quando o sol não lhe castiga
É a chuva por intriga
Que vem tudo devastar
Expulsa o pobre oprimido
De seu lugar tão querido
Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta
Na dor que ao pranto se junta
Será que a sorte não muda?
Quando o sol lhe queima o rosto
Ou muita chuva é desgosto
Nunca sabe o que é melhor
Como já disse o Poeta
“Seca sem chuva é ruim”
“Mas seca d’água é pior”

Foto de Naja

ENVELHECER SEM MEDO

ENVELHECER SEM MEDO

O que é envelhecer sem medo? É não se estremecer ao perceber que os primeiros cabelos brancos despontam espaçados em seus então, belos cabelos que tinham uma só cor? É saber que com o tempo toda a cabeça será grisalha e em breve tornar-se-á totalmente branca?.
É ver surgir as primeiras ruguinhas em seu rosto e não se importar porque faz parte da vida...da natureza?
É achar o momento certo para evitar o sol, é a reposição de hormônios, ou não submeter-se a isso, é usar forte maquiagem para disfarçar e não se importar em recorrer a esses recursos, ou simplesmente recusar-se a fazê-lo?
É não temer ficar em grupos de jovens sabendo-se ser a mais velha de todos?
É simplesmente não se importar? Será isso envelhecer sem medo?
Será dizer, sentir-se por dentro do mesmo modo que se sentia ao ter seus trinta anos, com todos os sentimentos, sensações, alegrias e tristezas, amor, tudo enfim natural do ser humano independente de idade e sexo?
O que pode sentir uma mulher que nada tem a não ser a si mesma? Onde buscar alento para sentir alegria por estar viva e ainda ter anos para aproveitar, nessa vida de sinceridades e mágoas?
A aparência nesse mundo de consumo, onde a beleza e juventude são cultuadas
como princípio de felicidade, é preciso se estar muito bem preprados para enfrentar
esse início, pois a tendência é sempre piorar.
Na juventude perdemos muito tempo preparando um futuro, uma profissão, durante anos nos dedicamos a outras pessoas, ficando nós mesmos em segundo plano e quando abrimos os olhos, o tempo passou e já quase nada mais resta.
Como fazer para ser natural, se não quisermos mascarar a velhice que se aproxima, por até acharmos ridículo, pois nada há para disfarçar; pintura não resolve o problema do tempo. O tempo não perdoa, ele vem e não quer saber; fica claro e explícito, nada se poderá fazer.
naja
Publicado no Recanto das Letras em 17/11/2007
Código do texto: T740912

Foto de Ricardo Barnabé

A ponte

Os pássaros fugiram
nas cidades descobertas, perderam-se
os dias cinzentos sobre
a luz das estrelas caidas
sendo o dia, a noite escura
e a tua pele, o meu deserto
tuas pegadas, os meus passos
e o meu corpo, é o barco
que navega nas tuas lágrimas
rumo ao teu rosto,buscando
um beijo teu, lutando contra
o vento das tuas incertezas
que te seguem no segredo
por isso, vem sem receios
adormecer nos meus braços
e acordar no meu conforto
que amanhã, as nuvens
do céu azul abraçarão
o nosso corpo, e o sol
irá surgir através do teu brilho
que se esconde na sombra
do teu medo,por isso, deixa-me ser eu
a ponte que junta o teu mundo, ao meu.

Foto de Sirlei Passolongo

És anjo na vida de alguém!!!

Um anjo
Sussurrou ao meu ouvido
Que eu viesse até você
Dizer que você é especial
E com um sorriso no rosto
Ele deseja lhe ver.

Que as flores nasceram
Para lhe perfumar
As estrelas,
Para te iluminar...
Deus fez um mundo pra você
E mandou anjos pra te abençoar
Eles moram junto de você
Basta, ao seu redor olharrrrrrr!

Olhe! Seu amigo
Seu irmão...
Olhe! Seu amor
Sua família...
São anjos que te querem bem
E você, é a luz
Que neles... Brilha.
Por isso, abra um sorriso
És anjo na vida de alguém!!!!

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de Deoleones

SONHO

Sonho
Hoje tive um sonho!
Era um grande campo coberto de flores.
Flores amarelas.
Ao fundo uma velha torre.
Tirei os sapatos soltei os cabelos e corri no meio delas.
O vento acariciava o meu rosto, os meus cabelos.
Tu!!!
sorrias para mim.
lentamente, senti as tuas mãos na minha cintura
aos poucos, deixei-me cair.
Flores amarelas fizeram de cama
o teu corpo as minhas vestes.
Na tua boca matei a sede,
em ti o meu desejo.
Hoje tive um sonho!
Era um grande campo de flores.
Flores amarelas!!
Deoleones

Foto de Fernanda Queiroz

Lembrar, é poder viver de novo.

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.
Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.
Meu pai me aconselhou a plantá-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.
Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, prismaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.
Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de dentinhos, arrebitadinhos.
Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.
O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.
A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.
Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontrá-las.
Papai quieto assistia meu marasmo em depositá-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.
Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escuderias dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.
Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.
Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na seqüência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.
Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.
Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.
Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.
Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.
Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

**Texto não concorrendo.**

Foto de cathy correia

Amor com data certa

Amor com data certa!

Para festejar o Amor agora também há data!
Atenção! Não tenho nada contra… e até pode ser benéfico para aqueles amantes mais distraídos que se esquecem amiúde de expressar o seu amor com uma flor, um carinho, um jantar à luz de velas.
O dia 14 de Fevereiro serve para esses… e para os outros que não se cansam de idolatrar a sua cara-metade, é apenas um pretexto para festejar uma vez mais esse nobre sentimento que os une.
Porque o amor não deve ter hora, nem lugar… deve fluir solto, livre, num sorriso que se dá, num olhar…!
Nem mesmo a distância ou o tempo nos devem separar do nosso amor… e olhem que sei do que falo! (se calhar sofro de uma doença grave: romantismo crónico, é incurável e agrava-se com a idade!)
Quem ama de verdade nunca deixa morrer essa fonte de desejo; pode questioná-la… mas acaba sempre por atingir essa única verdade.
E não falo aqui apenas e só daquele amor entre uma mulher e um homem mas também daquele que existe entre amigos, irmãos, entre pais e filhos…
Todas as relações interpessoais podem ser uma boa razão para festejar o S. Valentim diariamente.
Oiçam então uma história que vos vou contar e que ilustra bem o amor na sua forma mais pura:
Uma petiza, que segundo a mestra da escola, elaborou o seu desenho de S. Valentim com todo o carinho para o oferecer a um dos coleguinhas de sala no dia dos namorados, viu o seu trabalho ser recusado por todos.
Salvou-se a situação com o namorado sénior (o pai) que teve a sensibilidade de nesse dia, chegar a casa e perguntar à filhota se havia alguma prendinha da sua namoradinha; a menina abriu os olhos e com um sorriso que quase não cabia no rosto, estendeu a mão e ofereceu-lhe o desenho.
Feliz S. Valentim!

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