Não sabes porque não queres
Ignoras a verdade que, diante dos teus olhos, se revela
Naquele momento, triste segundo em que meu coração se partia,
Tomaste para ti minhas lágrimas
Fizeste do meu sofrimento, tua única dor
Tiraste não apenas o peso dos meus olhos,
Mas a fraqueza que neles surgia
E tu, inocente nos teus gestos,
Tiraste, então, o meu sossego
Inquietaste minha alma
Deste a mim o Sol,
Fonte de luz ofuscada pelo teu brilho,
Porém, num segundo, também tornaste o céu escuro
Nuvens negras agora me cercam
Carregadas, trazendo minhas lágrimas,
Meu sangue...
Escuro vermelho,
Impuro alimento,
Forte veneno
Sem ti...
Infinito segundo
Segundo o mesmo em que levaste minha vida
Em que despertaste meus medos
Já não sei de mais nada...
Não sei se és meu conforto
Ou se és meu tormento
Não faze nada...
Apenas dize de uma vez
Num segundo...
Vieste para me completar,
Ou para me prender ao teu ser?
Dize apenas...
E que, desta vez, não demores...
Se tua resposta for minha alegria,
Enche tuas palavras de doçura,
Faze da tua voz minha nova poesia...
Se tua resposta tiver de partir meu coração,
Enche tuas palavras de frieza,
Faze da tua voz meu pesadelo,
Transforma teu rosto num imenso vazio
E leva contigo o que de mim restar
A que ponto chegamos,
Tu e eu,
Presos nesta incerteza,
Neste segundo...
Longo castigo,
Tempo perdido...
E perdi você...
Para o vento...
E, a mim, para o mundo...
Juro-te agora:
Desisto de tudo,
Me entrego ao infinito...
Se puder abraçar-te
Por um segundo...
Um segundo...
Flavia Pontes