Proveito

Foto de Pepalantus

Perfeição

Mas que sujeito

mais imperfeito,

não sou prefeito,

nem fiz Direito,

mas me ajeito

e, logo, logo, estou refeito.

Já homem feito,

não tomo jeito

e mamo no peito.

Tenha respeito,

não levo jeito

nem tenho trejeitos.

Não sou afeito

e nem aceito

seu desrespeito.

Capino em eito,

mato no peito,

meio sem jeito,

como um confeito.

E, contrafeito,

aproveito

o meu defeito

de ser um sujeito

sem nenhum proveito.

O que tenho feito,

bato no peito

por ser bem feito,

não é desfeito

de qualquer jeito

por qualquer sujeito.

Pois se não sou perfeito,

sou bem aceito,

por andar direito

e fazer com jeito.

Enfim, sou um sujeito

mais que perfeito:

Já homem feito,

não tomo jeito

e mamo no peito.

Seu par perfeito

Foto de Joaninhavoa

Um Gozo Majestoso!

*
Um Gozo Majestoso!
*

Sou nuvem de esconde esconde
Branca e leve
Algodão! Branca de neve

Deslizo no ar e em terra
Tenho proveito
De ti em mim! De nós

Mas é no ar que eu gozo
Um gozo majestoso
Um riso! Risota com siso

Uma idiota gargalhada
Não! Não é pura irracionalidade
Simplesmente um alegre desinteresse

Sou nuvem de esconde esconde
Branca e leve
Algodão! Branca de neve

Sou aquela que sem dúvida
Morreria
Entre duas gargalhadas

Uma vez! Houvera dito

Joaninhavoa
(helenafarias)
08/03/2007

Foto de pttuii

Martirológio

certo dia a calenda,
o ar romano das coisas
com esfinge de estanho nas
horas mortas do dia,
condenado a uma galera
em especial,
o de pedra ressalva
que é o melhor da criação falhada,
um cristo morto pende-lhe
do espírito encarquilhado,...

enquanto ri,
não chora choro ácido,
não lê indicios de
suicídio colectivo,....

e pro fim ficam os lamentos,
coisas de tomar proveito
e não acreditar que faz
sentido esperar pela redenção.....

Foto de Sonia Delsin

O JARDIM... DO ESPELHO

O JARDIM... DO ESPELHO

Acredito que para crescermos interiormente passamos muitas vezes por situações muito delicadas, muito difíceis, por fases dolorosas...
Algumas pessoas se revoltam com o sofrimento, tornam-se amargas. Perdem o amor pela vida. Mas às vezes ele é um mal necessário, mesmo que nem nos apercebamos disso.
Ninguém deseja sofrer e quando acontece de sofrermos precisamos sempre procurar tirar algum proveito disto no sentido de crescermos.
Vou contar aqui fatos ocorridos há muitos anos. Uma fase negra, que sei que devia ter apagado de minha alma, de minhas lembranças, de meu eu. Mas como nunca consigo encontrar o apagador... vez ou outra estas lembranças também voltam, vem à tona e agora mesmo estou me lembrando delas.
São dores que já não doem, doeram no seu tempo. Doeram demais e marcaram irremediavelmente minha vida.
Triunfei sobre esta fase e nem devia mais tocar no assunto, mas vou narrá-la para que alguém ao lê-la possa tirar algum proveito. Não é bem por aí, porque não é com as lições dos outros que aprendemos mais, mas com as nossas próprias experiências. Mas tudo bem! Vou contar assim mesmo para quem quiser conhecer um pouco mais de mim.
Vou contar o milagre de um espelho.
O fato aconteceu numa primavera. Naquele tempo eu mal completara dezesseis anos e estava presa a uma cama por quase um ano. Sem perspectivas de melhora eu definhava no leito, sofrendo muitas dores e causando também muito sofrimento a todos meus familiares.
Revoltada com o que a vida me oferecia naqueles meus anos de menina-moça eu me tornava muitas vezes uma doentinha intratável.
Minha mãe com muita paciência e tato enchia o quarto com revistas, com livros que eu tanto gostava e deixava que nosso cãozinho me fizesse companhia quase todo o tempo. Não tínhamos uma TV e só um pequeno rádio me trazia um pouco de distração, além da leitura.
As paredes pintadas de um verde claro, os poucos móveis, um quadro de Jesus e Maria, uma cômoda coberta de remédios, um pouco do céu que eu conseguia enxergar através da janela eram as minhas imagens visuais todo o tempo.
Eu via a vida correndo e sem poder andar, ou me sentar eu já nem sabia mais sonhar. Esperava aquela tortura acabar de uma vez. Entregava-me à dor, ao sofrer.
Um dia, mal amanhecera, minha mãe me fez uma proposta, perguntou-me se eu desejava ver o seu jardim.
Então eu argumentei com ela que nem me levantava, se quisessem me carregar eu sentiria mais dores, me sentiria mal. Não queria sair da cama, que me deixasse em paz.
Ela não aceitou a minha recusa e sugeriu que eu poderia ver o jardim através de um espelho.
Achei bobagem. Que graça teria?!
Ela deixou o quarto e minutos depois apareceu com um espelhinho na mão e foi até a janela. Botou o braço para fora e ajeitou-o para que eu visse o canteiro cheio de flores, perguntando se dava para ver a roseira carregada de belas rosas vermelhas.
Vi as rosas, também as dálias, as margaridas e tantas outras.
As flores todas, que de meu leito só sentia o seu perfume.
Ajeitando-o melhor, com muita paciência, minha mãe me trazia para dentro do quarto os beija-flores que visitavam o seu jardim naquele dia e as borboletas que iam de flor em flor.
Não a deixei guardar tão cedo o espelho. Queria ver mais. Queria trazer para dentro do meu quarto de doente, a primavera que despontara lá fora sem que eu a pudesse apreciar.
Na manhã seguinte ela voltou com o espelho e eu vi as mudanças que se operaram num só dia naquele jardim. Vi que havia mais borboletas, abelhas e que também novos beija-flores o visitavam. Até me pareceu ver ali do leito uma gota de orvalho sobre uma rosa cor-de-rosa.
Quis todos os dias repetir a experiência e minha mãe perdia um tempo enorme ajeitando o espelho, para que eu visse melhor o que acontecia lá fora enquanto eu definhava no leito.
Eu aguardava a manhã chegar para assistir todas as manhãs aquela primavera lá de fora, que um espelho conseguia me trazer.
Assim, os três meses se passaram, e eu comecei lentamente a melhorar. Comecei de novo a achar que tudo valia a pena, que a beleza não morrera porque eu não participava dela. E poderia ainda participar, havia um mundo lá fora e eu ainda o poderia desfrutar.
Na primavera seguinte eu já pude ir ao jardim numa cadeira de rodas e no outro com minhas próprias pernas, numa vitória conseguida com muita luta, persistência, esperança e fé.
Vejam o milagre que um simples espelho consegue operar numa pessoa!

Foto de EDU O ESPIÃO.

TENHA CUIDADO AO ABRIR SUA SACOLA

ABRA SUA SACOLA=
Cada um de nós temos uma sacola===
Dentro da sacola procure tirar somente que lhe é de bom proveito, não tire coisas superficiais, banais que não te levam a evolução
Não tire coisas que não te levam a nada.
Procure dentro da sacola, o que mais deseja em sua vida. Como realizações satisfações.
Não importa o que lhe vier às mãos, se lhe vier algo desagradável deixe-o dentro da sacola.
Só tiramos da sacola o que nos é de proveito.
A sacola tem, coisas boas como ruins se pegar um prêmio que não seja bom
Tente deixá-lo dentro da sacola. Caso insista sair da sacola e ficar nas mãos o aceite
Como um desafio, mas dentro da sacola existem tudo que se pode imaginar e esperar===
Na sacola tem alegria, choros, surpresas desafios armações saúde doença, descepções e etc.
Em tempos, temos um pouco de culpa, sobre o que retiramos da sacola.
Pensamos não termos culpa de nossos atos, sempre procuramos um culpado e não assumimos que podemos errar.
E na maioria das vezes esse culpado esta dentro de nós tente tira-lo da sacola
Para que ele seja reciclado.
Precisamos achar dentro da sacola um papel com nome de tempo.
Não temos mais tempo para olhar o que a vida nos oferta===
A correria do dia a dia afasta pessoas de pessoas===
Essas estão jogadas nas sacolas esperando que alguém tenha tempo para retirá-las .
Relacionamentos que são deteriorados por falta de tempo. Quando para se ter vida farta marido e mulher se encontram ocupados trabalhando o dia inteiro, quando chegam em casa
Estão cansados exaustos e não têm tempo um para outro trocar suas confidências amorosas.
E ainda de quebra, filhos que exigem querem e necessitam de um minuto de atenção de seus pais, já que durante o decorrer do dia, pai e mãe se encontram ausente, e indiretamente ficam filhos carentes==
A sacola esta ai, aberta===não tente fechá-la achando que o lado ruim da sacola
Não vira até você, tem que deixá-la aberta para acessar sua vida.
A sacola é sua vida, não sabemos quando as tempestades viram, estaremos sempre preparados para pegar na sacola o que nos é conveniente, mas se vier raios, usaremos para raios, se vier pedras delas construiremos nossos muros e alicerce
Deixe sua sacola sempre à vista, não permita que alguém mexa em sua sacola
Pois só você tem acesso a ela. Caso isso aconteça sua vida não, mas lhe pertencerá
E viverá em caos com sigo próprio. Arrume um tempo, e pegue o tempo e seus benéficos dentro da sacola.
=====Espero que tenham entendido meu recado, cada um de nós temos uma sacola.
Você já tirou seu premio da sacola hoje?=====

========e.espião edu.com

Foto de cezarcsantos

Uma História de amor

Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus..."
(I JO 4:7).

Uma história de amor sempre
emociona quem ainda acredita no amor.

Sem amor, nenhuma atitude, nenhum ideal, nenhum conhecimento, nenhum pensamento nada é.
Todo sacrifício, todo altruísmo, toda entrega não teria proveito algum se não fosse fundamentado no amor.

Toda voz que se levanta, ainda que seja
motivada por um desejo ardente,
se não for alçada pelo amor
seria como uma nuvem levada pelo vento: à primeira vista parece consistente,
mas, logo se vai e cai no esquecimento.

A Criação foi uma expressão viva do amor.
Por quê? Porque Deus é amor. A essência da natureza de Deus é o amor. Desta forma podemos afirmar que a concepção da vida foi uma expressão do amor de Deus.

Ora, não poderia ser diferente,
pois tudo o que Deus faz o faz motivado pelo amor,
e o próprio Deus diz que tudo que foi criado é bom, porém, quando se trata da criação do homem Deus diz que é "muito bom".

A benignidade de Deus foi manifesta quando suas próprias mãos formou o homem do pó da terra.
O amor é benigno.

Nesta linda história de amor da geração da vida
só uma coisa não harmonizava
com a própria natureza do amor: a solidão do homem.
O amor aproxima. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera.

Amar é dar-se,
é renunciar para o bem de quem se ama.
Porém naquele ambiente paradisíaco do Éden, da harmonia entre Criador e criatura,
do amor entre o Pai celestial e o filho recém nascido, alguma coisa não estava de acordo com este ambiente de amor.

Diante de muitas coisas "boas" e "muito boas", Deus viu uma que não era boa, e diz: "...não é bom que o homem esteja só." E assim, esta linda história de amor continua.

Para resolver o problema da solidão do homem, Deus pensou numa ajudadora.

E, da costela do homem formou aquela que estaria ao seu lado ( nem adiante e nem atrás, mas lado a lado). Diferentes na constituição fisíca, porém diferenças que os completam.
E, na inocência do amor estavam nus, e não se envergonhavam. O amor não suspeita mal.

Entretanto, a desobediência à Deus e,
por consequência, o pecado e a queda,
ocasionou a desarmonia, os espinhos,
os abrolhos, o suor do rosto e a morte.
Os problemas e os desafios para a convivência num relacionamento de amor começou.
Todavia, as circustâncias, os desafios, as tribulações não podem e nem devem prevalecer, pois o amor é sofredor e vence.

O amor não falha seja em qualquer circunstãncia que for testado.
O amor não se ensoberbece, mas busca o diálogo e a compreensão.
O amor não trata com leviandade, mas com respeito e honra.
O amor não é invejoso, mas cooperador, trabalhador e sempre em busca do sonho em comum.
Caminha lado à lado, ombro à ombro, mão à mão, pois a vitória não é unilateral é de ambos para a glória de Deus.
O amor não se porta com indecência, mas com alegria, moderação, otimismo e confiança sonha com caminhos que une corações com a mesma esperança de que a vida é um dom de Deus que precisa ser vivida com toda intensidade.

O amor é edificado sobre a verdade, sobre a transparência, sobre a sinceridade e sobre a honestidade, nunca se alegra com a injustiça, com a mentira ou com qualquer sentimento que não esteja de acordo com a natureza de Deus.

Não existe amor sem fé.
Porque a fé é caminho para o conhecimento de Deus,
e a busca do conhecimentop de Deus pela fé é caminho para a revelação de que Deus é amor.
Ora, se a fé é caminho e o amor o que há de ser revelado, neste aspecto o amor é maior do que a fé.

Sem fé não se espera, porém, ambas,
a fé e a esperança se direcionam para algo maior: o encontro com Deus, o encontro com o amor.
Também neste aspecto o amor é maior que a esperança e maior do que a fé.

Decerto tudo passará: os céus, a terra, a fé e a esperança, menos o amor, porque o amor será a consumação de todas as coisas e o que permanecerá por toda a eternidade.

Foto de IGOR JOSE

Uma Carta Para Você

Só queria te dizer que não importa se hoje o céu vai estar estrelado ou se a lua estará cheia. Não importa se o dia foi bom ou ruim, se vai chover ou não. Não importa se choramos ou se sorrimos, se fez calor ou vai fazer frio. Não importa se as circunstâncias parecem contrárias, ou se tudo não poderia estar melhor. Não importa se a princesa ficou com o príncipe, ou se o mocinho do filme morreu no final. Não importa se a música que está tocando fala de amor ou de separação, se a poesia que você leu não era para você. Não importa nada disso.
Não importa se você não ouviu as palavras que queria ouvir, se não recebeu a atenção que esperava ou o carinho que pensou que teria. Não importa se hoje parece que o seu mundo desabou ou se o dia não foi como imaginou que seria. Não importa se o dia passou tão rápido ou se a noite é que é apressada, se o ponteiro do relógio girou e você nem viu, ou se você não tinha nada pra fazer hoje mesmo. Não importa se sentiu tristeza hoje ou se a dor foi sua companheira, não importa quantas lágrimas derramou ou quantos sorrisos deu. Não importa! Não importa mesmo!
Não importa se a flor não se abriu, se o passarinho não cantou, se o sol não brilhou, se o vento não soprou, se você não passeou, se ficou só, se não ganhou um beijo, se o abraço não foi apertado, se não ouviu um obrigado, se ao invés de sonhar você não dormiu, se tudo não foi como queria. Não importa mais!
Sabe porquê? Por que passou! O que importa é que o dia não terminou e tudo isso pode ser mudado. O que importa é que ainda há tempo para ter um final feliz. Há tempo para fazer o que não foi feito, para falar o que não foi dito, para sonhar os sonhos de amor, ainda há tempo para ser feliz hoje!
Saiba que enquanto a vida nos der opções, devemos tirar proveito das experiências adquiridas nos momentos vividos, para que com sabedoria possamos fazer as escolhas certas e assim viver com toda intensidade a vida que optamos por viver.
Ainda há tempo para muita coisa.
Pense nisso!
Seu amigo

Foto de Wilson Madrid

BOA NOITE GRABRIELA

*
* BOA NOITE GABRIELA
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*
José é paulistano, trabalhador, escritor e poeta. No ano de 2004, em que sua querida cidade de São Paulo, no dia 25 de janeiro, completaria 450 anos, ele já tinha 53 anos de idade.
Desde as primeiras notícias dos preparativos das grandes festividades em comemoração aos 450 anos da sua cidade, José tem a intenção de escrever uma poesia dedicada a esse dia e participar com o seu dom nessa data tão significativa para a sua cidade.
Passam-se os meses e José não tem nenhuma inspiração para concretizar essa intenção. Finalmente, no dia 21 de janeiro à noite, restando apenas quatro dias para o grande e esperado dia, eis que surge a tão necessária inspiração e José, escreve “Estação Paulo 450”:

São Paulo locomotiva de luz solar, do luar e da garoa,
formigueiro agitado de gente operosa e muito boa,
metrópole acolhedora do nosso gigante e querido Brasil,
brilhante guerreiro, branco, verde, amarelo e azul anil,
formigueiro de estrelas valentes, nascidas para enfrentar a labuta,
caminheiros perseverantes que não desistem e vão à luta ...

São Paulo de Anchietas, paulistas e paulistanos,
virgulinos, marias bonitas, baianos, cearenses e paraibanos,
jesuítas, portugueses, potiguares e pernambucanos,
salesianos, italianos, sergipanos e alagoanos,
brancos, negros, espanhóis, piauienses e franciscanos,
orientais, maranhenses, índios tupis e latino-americanos ...

São Paulo dos irmãos da Praça da Sé e dos manos da periferia,
do povo batalhador imigrante de todos os recantos brasileiros,
esperança de liberdade e de conquista da devida igualdade,
dos seus cidadãos carismáticos e inconfidentes maneiros,
da fraternidade, das músicas e poesias do alto astral,
palco das lutas pela democracia, cidadania e justiça social ...

São Paulo do arco-íris sonoro do pagode, do forró e do axé,
do sertanejo, do reagee, do rap e do clássico samba no pé,
bilheteria da estação primeira dos passageiros do trem das onze
do maquinista Adoniran Barbosa que partiu da saudosa maloca,
com os turistas Arnesto, Iracema, Cibide, Pafúncia, Nicola,
Inês, Irene, Moacir, Gabriela, Matogrosso e o Jóca ...

São Paulo rondada por Vanzolini e batucada por Germano;
Sampa caetaneada por Veloso e poetizada por Bonfim,
amada por tantos brasileiros e pelos seus leais paulistanos,
não és mais apenas a minha São Paulo que não pode parar,
a famosa terra da garoa e do grito do Ipiranga de onde eu vim,
porque ao ver a tua grandeza, força e beleza aos 450 anos,
muita coisa acontece no meu coração,
que vibra feliz e com muita emoção,
ao te parabenizar, abraçar e beijar,
pois tu és São Paulo, a feliz cidade da minha paixão...

A sua nova poesia ficou muito boa pois todos que a leram gostaram e elogiaram bastante. Animado com esse resultado José a encaminha para amigos, jornais e para o comitê de organização da grande parada que seria realizada no dia 25 de janeiro entre a avenida 23 de maio e o vale do Anhangabaú.
Versos da sua poesia ele encaminha pela internet para o sítio “Declare seu amor à cidade” pois segundo havia sido divulgado pela imprensa, no dia 25 as melhores frases seriam exibidas através de raios laser nos prédios da cidade, próximos ao local do show de encerramento das comemorações no vale do Anhangabaú e durante a grande parada que o precederia ocorreria uma chuva de papéis com trechos de poesias dedicadas a São Paulo.
José sonha com a possibilidade de ver sua poesia ou ao menos partes dela serem aproveitadas em tão memorável data, fato este que muito o honraria. O prazer que esse fato lhe proporcionaria só mesmo os poetas entendem; os que possuem outros importantes dons, que não este, não possuem condições de avaliar o valor que isso teria para ele, afinal de contas, o que José ganharia com isso? Por acaso seu saldo bancário tem algum incremento de algum centavo quando algumas das suas poesias são apreciadas, aprovadas e publicadas? Não! Então isso é coisa de maluco ou de quem não tem o que fazer. Ou então, como dizem outros, isso é coisa de sonhador ou de poeta...
Mas tudo bem, José costuma respeitar todas as opiniões, sabe que nem todos pensam assim e procura fazer o que lhe compete, pois se não existissem os poetas o mundo conseguiria ser bem mais medíocre do que na maioria das vezes já o é.
José se anima com as perspectivas e decide participar pessoalmente das principais festividades programadas para o aniversário especial da sua cidade.
Sua família programa visitar um dos seus irmãos que reside em São Bernardo do Campo, cidade da grande São Paulo, justamente na tarde do dia 25 de janeiro quando ocorreria a grande parada tão esperada. José sempre tem muito prazer em visitar os seus irmãos e as suas famílias, mas essa data e essas comemorações seriam únicas. Como não consegue convence-los a acompanha-lo nas mesmas e adiar a visita à família do seu irmão para o domingo seguinte, resolve ir sozinho nas grandes festividades.
Da mesma forma, apesar de insistir em convidar sua esposa e seus filhos a acompanhá-lo na noite do dia 24 ao Parque do Ibirapuera, para conhecer a nova fonte luminosa inaugurada no dia anterior e seguirem posteriormente para assistirem ao show com Caetano Veloso na avenida Ipiranga com a avenida São João, que faziam parte daquelas comemorações, nenhum deles interessou-se em acompanhá-lo.
Na tarde daquele mesmo dia tinha combinado com uma amiga que lhe informou que iria assistir a inauguração da restauração da fachada da Estação da Luz e logo depois iria ao show do Caetano Veloso, para comunicarem-se através de seus telefones celulares objetivando encontrarem-se na estação república do metrô, próximo à rua Barão de Itapetininga, para assistirem juntos a esse show e posteriormente voltarem juntos para suas residências.
Como José acabou não tendo com quem ir ao parque do Ibirapuera, mudou seus planos e resolveu também ir para a Estação de Luz e tentar encontrar sua amiga já nesse evento e depois seguirem juntos para o show do Caetano Veloso. Antes de sair, tentou falar com ela, não conseguiu, deixou recado na caixa postal do seu celular avisando que também estava indo para a Estação da Luz e que de lá ligaria novamente para o celular dela e saiu da sua residência às 19:30 horas com destino àquele evento.
Lá chegando tentou fazer contato com o celular da sua amiga e as ligações não conseguiram ser completadas.
Com a presença do governador Geraldo Alckmin, da prefeita Marta Suplicy, do ministro da cultura Gilberto Gil e de várias outras autoridades e apresentações artísticas de Kleiton e Kledir, Almir Sater e Elza Soares, leituras de textos, inclusive da oração do Pai Nosso, na língua tupi-guarani lida pelo grande ator Lima Duarte, dentre outras apresentações de outros artistas, danças e projeções de filmes com grande conteúdo histórico e cultural da sua cidade, o evento converteu-se num grande espetáculo muito interessante e valioso de ser assistido.
Após uma maravilhosa queima de fogos que concluiu este evento por volta das 22:30 horas, José encaminhou-se a pé para a avenida Ipiranga com a Avenida São João, onde estava previsto para as 23:00 horas o início do show com Caetano Veloso, que compôs Sampa, cuja letra cita que “alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João”, cruzamento este que se localiza próximo da Estação da Luz onde ele se encontrava.
Conforme houvera combinado com a sua amiga tentou novas tentativas de contatos telefônicos para encontrarem-se no local deste outro evento, com a intenção de assisti-lo juntos e voltarem juntos para suas residências, haja vista residirem no mesmo bairro e pela conveniência sob o aspecto de segurança pessoal de ambos, principalmente dela, por ser mulher e do horário do evento.
Até mesmo para facilitar esse retorno tinha deixado seu automóvel estacionado próximo à estação Vila Mariana do metrô para leva-la até sua residência quando retornassem de metrô do centro da cidade e posteriormente voltar para sua própria residência.
Como as ligações entre os celulares não se concretizavam, José ligou para sua residência e pediu a um de seus filhos para ligar para o celular da sua amiga dando a sua localização, em frente à Igreja Internacional da Graça, na própria avenida São João, distante há uma quadra da localização do palco do show.
Depois de alguns minutos, voltou a ligar para o seu filho e este o informou que a sua amiga estava na avenida Ipiranga, ao lado direito do palco do show. José tentou ir até aquele local mas não conseguiu, pois uma aglomeração enorme de pessoas presentes no local impedia a sua passagem até onde ela se encontrava. Então José ligou novamente para seu filho e pediu para avisar a amiga que a aguardaria, no final no show, em frente àquela igreja já informada anteriormente.
O show começou às 23:00 horas com Caetano Veloso; participaram também Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Nando Reis e outros artistas. Exatamente à 00:00 hora, Caetano declamou a parte da letra de Sampa que diz respeito ao local onde o show estava sendo realizado:

Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.

O público delirou com aquele momento histórico. O show continuou foi muito bom e terminou às 1:30 horas já do dia 25, aniversário de 450 anos de São Paulo.
José, conforme havia combinado com a sua amiga, a aguardou naquele local durante 30 minutos. A quantidade de pessoas era muito grande; com o passar do tempo a multidão foi se diluindo e José resolveu seguir em direção ao local onde ela se encontrava na esperança de encontrá-la no caminho. Não a encontrando, seguiu em direção à entrada da estação república do metrô, próxima a rua Barão de Itapetininga, que era um dos locais que haviam comentado anteriormente como sendo um dos possíveis pontos de encontro para assistirem juntos ao show e através da qual retornariam para as suas residências.
José ficou parado sozinho, como sempre estivera durante a noite toda, naquele local durante alguns minutos na esperança de encontrar a sua amiga, pois estava preocupado com ela que também deveria estar sozinha e tendo que voltar para casa sem companhia, em horário um tanto quanto perigoso numa cidade como São Paulo.
Ao lado de onde José se encontrava ainda funcionava uma pastelaria ou lanchonete onde algumas pessoas ainda consumiam alguma coisa. José resolveu tomar uma cerveja e o balconista o alertou que o estabelecimento já estava para fechar e que somente o atenderia se o consumo fosse rápido. José comprometeu-se com o balconista a consumir sua cerveja rapidamente e ele o serviu no próprio balcão, situado bem em frente e próximo do passeio público, de onde ele poderia continuar observando se sua amiga apareceria.
Próximo a ele um outro homem que também tomava uma cerveja iniciou uma conversa a respeito do show do Caetano. Disse-lhe que era da Bahia, de Porto Seguro, e que estava de passagem por São Paulo e não poderia perder a oportunidade de assistir ao histórico show do seu conterrâneo. Apesar do horário, muitos policiais cuidavam da segurança de todos e muitas pessoas ainda passavam pela avenida e outras faziam rodas de música e cantavam do outro lado da avenida, na praça da República.
Passados poucos minutos, surgiram duas mulheres, aparentemente simples e comuns, perguntando como deveriam fazer para retornar para suas residências, no distante bairro de Interlagos, na zona sul da cidade. Como o outro homem, de Porto Seguro, não conhecia São Paulo, José lhes informou que pelo seu conhecimento a única condução que estava funcionando, apenas para embarque, naquele horário era o próprio metrô e apenas em algumas estações próximas dali, inclusive aquela quase em frente de onde estavam.
Conversaram mais alguma coisa a respeito do show, elas criticaram a qualidade do som, que acharam que não estava muito bom no local onde ficaram assistindo, mas que apesar disso tinha valido a pena vir assisti-lo. Ao saber que o outro homem era de Porto Seguro, uma delas, a mais nova, comentou que conhecia aquela cidade e citou vários nomes de cidades e lugares daquela região da Bahia. Logo depois elas agradeceram as informações e dizendo que o metrô não serviria para elas retornarem para casa teriam que encontrar alguma outra alternativa para faze-lo, despediram-se e seguiram pelo passeio público na direção da rua Sete de Abril.
Depois de alguns minutos os funcionários do estabelecimento começaram a lavar o piso do estabelecimento para fecha-lo logo a seguir.
José apressou-se em terminar de tomar sua cerveja para ir embora e nesse momento ressurgiram aquelas mesmas duas mulheres e uma delas perguntou a José se ele teria isqueiro para ascender um cigarro. José acendeu o seu cigarro e elas comentaram que não tinham encontrado solução para retornarem para Interlagos naquele horário, insinuaram que estavam sem companhia e já que aquele estabelecimento estava fechando sugeriram para irem até uma lanchonete, cerca de cinqüenta metros dali, próximo da segunda esquina ali ao lado na própria avenida Ipiranga, entre a rua Sete de Abril e a avenida São Luís.
O homem de Porto de Seguro apressou-se em aceitar o convite e pediu para aguarda-lo por um momento enquanto ele iria até o banheiro da pastelaria que já estava para fechar.
Enquanto o outro homem que entrara para usar o banheiro demora-se a voltar elas comentaram que acharam-no uma pessoa estranha, com algum problema e que preferiam evitar a companhia dele. Como o tempo decorrido indicava que certamente sua amiga já havia ido embora, já eram 2:40 horas, José acabou desistindo de aguardá-la e aceitou a sugestão de sair dali e seguir com elas até a referida lanchonete para comer algo pois não havia jantado e estava com fome.
A lanchonete estava lotada, com todas as mesas ocupadas, restando apenas um canto bem discreto num balcão interno com algumas banquetas onde José e as duas mulheres sentaram-se de frente para a janela que dava para o passeio público de uma rua pouco movimentada naquele horário e de costas para o ambiente principal do local .
Pediram então uma cerveja e continuaram a conversar. Como José estava com pouco dinheiro e não sabia se elas teriam algum para dividir a despesa, evitou pedir qualquer coisa para comer pois não teria como oferecer e pagar para os três.
José ficou sabendo, segundo elas lhe contaram, que a mulher morena escura de meia idade, aparentando uns cinqüenta anos, chamava-se Dara ou algo parecido, residia em São Carlos, interior de São Paulo, e que estava a passeio em São Paulo, hospedada na residência da amiga que a acompanhava. A sua amiga, mais nova do que ela, morena clara, aparentando uns trinta anos, chamava-se Gabriela, trabalhava num hospital de São Paulo e residia em Interlagos.
José informou que era casado, que tinha família, alguma coisa sobre o bairro onde morava, também na zona sul, que se desencontrara de uma amiga e que para ele o metrô seria o suficiente para retornar para casa, coisa que pretendia fazer logo a seguir.
Perguntado se apesar de casado estaria com a noite livre, com várias insinuações de Dara para que José passasse a noite com a Gabriela, José, meio constrangido e estranhando a conversa pois elas não aparentavam ser prostitutas, respondeu que apesar dela ser muito simpática não poderia, pois precisava retornar logo para casa pois sua família o aguardava e que pretendia participar das festividades do início e final da tarde às quais ele esperava com tanta ansiedade em função da poesia que ele havia composto para aquela oportunidade. Perguntou se elas pretendiam participar das mesmas e Gabriela informou que gostaria de participar mas que não poderia pois teria que trabalhar a partir das 14:00 horas.
No retorno de uma ida ao banheiro, Gabriela comentou que encontrara, por acaso, numa das mesas da lanchonete, um colega de trabalho do mesmo hospital em que ela trabalhava; de onde estava sentado José não podia ver essa movimentação e tampouco viu esse contato que ela comentou imaginando que talvez ele o tivesse percebido.
Após pedirem pela terceira cerveja e Dara insinuar que também pretendia comer alguma coisa, José comentou que não tinha dinheiro suficiente para pagar aquela conta, pois não previa ter despesas naquela noite e que teria que fazer uma retirada de dinheiro num caixa eletrônico para acertar a conta e ir embora. Gabriela prontificou-se de imediato a acompanha-lo dizendo que aproveitaria para também fazer uma retirada. José manifestou sua intenção de ir até uma agência bancária do outro lado da praça da República e Gabriela sugeriu para evitarem irem para lá pois aquele local era muito perigoso naquele horário e sugeriu um caixa eletrônico ao lado do Hilton Hotel, distante apenas duas quadras do local onde se encontravam e local bastante movimentado naquele momento, em função de uma concorrida danceteria existente bem ao lado do caixa eletrônico.
Lá chegando, cerca de 3:45 horas, entraram juntos na cabine do caixa eletrônico, Gabriela usou o seu cartão, porém alegou que estava ocorrendo algum problema e não obteve êxito na retirada do dinheiro. José usou o seu e retirou R$-100,00-.
Voltaram à lanchonete e reencontraram Dara na companhia de um outro homem ao qual os apresentou como um amigo que conhecera naquele intervalo de tempo.
Gabriela informou que desejava comer algum salgado, retirou-se por alguns instantes enquanto José continuou conversando distraidamente com Dara e o suposto novo amigo dela. Mais uma vez, da posição em que estava, José não acompanhou o movimento da Gabriela, supostamente em direção ao balcão para escolher o salgado. Gabriela retornou com um quibe que ofereceu, dividiu ao meio e serviu a José que o comeu.
José comeu a metade daquele quibe e tomou o último gole do seu copo de cerveja por volta das 4:00 horas daquele importante e histórico dia 25 de janeiro de 2004.
Depois disso, os únicos lapsos de memória que ele teve foi o de ter sido acordado por alguém que o informava de que a sua diária já havia vencido e que ele tinha que se retirar do local onde se encontrava dormindo sozinho, provavelmente num dos hotéis existentes naquelas redondezas do centro velho de São Paulo, sendo impossível lembrar-se até mesmo em que endereço o mesmo se situa.
Saiu de lá já à noite e notou que estava sem nenhum dinheiro e sem o bilhete da passagem de metrô que ele tinha reservado para retornar para a sua casa.
Lembra-se apenas que andou pelo centro velho de São Paulo totalmente grogue e sentindo uma ligeira dor na nádega esquerda e uma certa dificuldade para caminhar, tentando desesperadamente entender o que estava ocorrendo e conseguir um meio para retornar para sua residência. Não consegue se lembrar por quais locais passou nem tampouco qualquer coisa que fez nesse trajeto e espaço de tempo totalmente apagado da sua memória.
O único fato que José consegue se lembrar desse período foi que numa determinada rua ou praça, que não consegue se lembrar onde fica, resolveu apelar para uma moça loira, provavelmente uma prostituta, resumindo-lhe o que se lembrava do ocorrido e pedindo-lhe ajuda para pagar-lhe uma passagem de ônibus para retornar para casa. A moça informou-lhe que teria que ir até o hotel apanhar o dinheiro e se ele poderia espera-la. José ficou aguardando, ela retornou e lhe deu cinco reais com os quais ele pegou um ônibus e com muita dificuldade, cochilando no ônibus e ainda com muito sono e meio dopado chegou na sua residência às 21:00 horas daquele dia 25 de janeiro de 2004, final do aniversário dos 450 anos de São Paulo.
Ao lembrar-se dessa moça, cujo único detalhe gravado é o de que era loira, José não pode deixar de lembrar-se de Madalena e de ser-lhe muito grato.
Talvez essa gratidão seja motivada por ela ser a única lembrança parcial e boa que tenha ficado daqueles horríveis momentos que ele viveu e provavelmente isso se deva nem mesmo ao precário funcionamento do seu cérebro e da sua memória mas sim no seu coração. Pois ela acreditou e confiou na sua história sem pestanejar e de todos que ficaram sabendo do motivo do horário que ele retornou para a sua casa ela foi a única pessoa que não o acusou, julgou, condenou e crucificou precipitadamente.
Após alimentar-se de algo e tomar um rápido banho logo após chegar ainda atordoado na sua residência e dormir durante toda a noite, na manhã seguinte percebeu que a dor que sentia e o incomodava foi motivada por uma injeção que lhe aplicaram não sabe quando, nem como, nem de que medicamento ou substância química; deduziu que pelo tempo que ficou desacordado e atordoado durante todo o dia 25 e ter ainda dormido a noite toda seguinte, totalizando cerca de 30 horas, devem ter lhe aplicado algum sonífero muito forte e poderoso para terem o tempo suficiente para agirem nas operações com o seu cartão bancário magnético, cujo desaparecimento só tomou consciência ao acordar naquela manhã do dia 26.
Dirigiu-se à agência do estabelecimento bancário onde possuía sua conta corrente para cancelar o cartão magnético que havia sumido e constatou que enquanto ocorriam as festividades que ele tanto aguardava e que não pode participar, fizeram todas as retiradas possíveis tanto do seu saldo credor como do seu limite de crédito totalizando R$-1.575,00-, deixando-o devedor do banco em R$-1.000,00-, que era o limite do seu crédito.
Retornando à sua residência José procurou certificar-se de terem tido roubado também o seu telefone celular que é comum, seu relógio antigo e de pouco valor material, seu isqueiro de certo valor e seus documentos pessoais. Para sua surpresa, encontrou todos em casa. Ficou surpreso com o fato e imaginou que provavelmente, algum problema operacional das totalmente desconhecidas ações que os seus seqüestradores tomaram os impediu de rouba-lo também nisso. José também acredita na possibilidade de terem ficado satisfeitos com o montante de dinheiro que retiraram da sua conta bancária, o que teria tornado seus demais pertences pouco significativos e atrativos. Ou até mesmo ser interessante ele ficar com o celular para atender alguma eventual ligação de seus familiares, evitando, desta forma, que os mesmos acionassem a polícia.
José sabe e tem consciência do grande risco de vida que correu e que, mais uma vez, errou ao confiar em pessoas desconhecidas e compreende seus familiares e amigos que no princípio tiveram dificuldade ou uma certa resistência em acreditar nesta sua história que parece enredo de filme de aventura ou de terror. Afinal de contas não seria a primeira vez que ele errara, coisa incrível e inaceitável num mundo composto por pessoas que na maioria das vezes se julgam tão perfeitas e infalíveis e juízes muito competentes. Muito mais fácil supor, naquelas circunstâncias, uma balada irresponsável, completada com uma prazerosa aventura erótica de fim de festa.
Também entende e lamenta o constrangimento da sua amiga que ficou sendo contatada pelos seus familiares durante o dia 25 para obter informações quanto ao seu paradeiro, como se tivessem passado aquele tempo todo juntos, sendo que na realidade sequer se falaram nem mesmo através das ligações telefônicas, várias vezes tentadas por ambas as partes, todas elas não completadas. José só veio a ficar sabendo que ela lhe telefonara e que conversaram no próprio dia 25, cerca das 21:30 horas, meia hora depois dele chegar na sua residência, porque seus familiares lhe contaram o fato ao rememorarem todos os acontecimentos três dias depois, sendo que naquela oportunidade ele mal conseguira raciocinar e conversar normalmente com ela, por estar ainda sob efeito da droga que lhe aplicaram, dando-lhe a péssima impressão de estar totalmente embriagado.
Na verdade, juntando todos os fatos e detalhes possíveis de serem lembrados, José concluiu ter sido vítima de um seqüestro relâmpago planejado e executado por uma quadrilha que ao invés de se utilizar qualquer tipo de arma e cativeiro tradicionais, utiliza-se do já conhecido e popularmente conhecido golpe do “boa noite Cinderela”, onde a vítima, sem que perceba, é dopada através de substâncias que colocam na sua bebida ou comida, complementado com a utilização de conhecimentos da área médica para aplicação de algum medicamento, no seu caso, uma injeção, que mantém a vítima sedada durante o tempo necessário para agirem junto aos caixas eletrônicos, mantendo-o desacordado em qualquer hotel, cuja diária é paga com o seu próprio cartão de crédito.
Provavelmente além das duas mulheres que o abordaram os demais membros da quadrilha já deveriam estar naquela lanchonete ou os seguiram até lá; o amigo casualmente encontrado pela “Gabriela” numa das mesas seria um deles e devia lhe passar orientações; provavelmente logo que começaram a tomar a primeira cerveja colocaram alguma droga no seu copo o que o levou a tomar uma atitude tão absurda de dirigir-se a um caixa eletrônico na companhia de uma pessoa que ele acabara de conhecer; o suposto cartão magnético utilizado pela “Gabriela” e que “não funcionou” deve ter sido algum artefato de clonagem que memoriza informações da senha do cartão utilizado a seguir, no caso o de José, e provavelmente assim que saíram do caixa eletrônico algum outro membro da quadrilha já estava a postos na porta do mesmo para entrar e retirar o possível artefato ou, até mesmo, simplesmente a “Gabriela” observou e memorizou a senha digitada por José; o novo amigo de “Dara” que já a acompanhava quando retornaram do caixa eletrônico também deveria ser um outro elemento do grupo já devidamente posicionado junto a ela para exercer alguma função necessária a seguir. José também acredita que até mesmo o primeiro personagem que puxou conversa no início do episódio, o “conterrâneo de Caetano, de Porto Seguro”, talvez também pertencesse ao grupo.
Tendo conseguido executar todas essas etapas, restou apenas incrementar o doping da vítima com um apetitoso e simpático quibe turbinado com algum “tempero” especial, já preparado para “Gabriela” oferecer a José assim que voltassem do caixa eletrônico, tornando muito mais fácil e rápido convence-lo, já muito atordoado e inconsciente, a acompanha-las para onde eles bem entendessem e lá chegando completarem o “tratamento” com a aplicação de uma injeção que o deixou desacordado praticamente o dia inteiro, tempo suficiente para, de posse do cartão magnético, facilmente retirado do bolso do “apagado”, e com a respectiva senha captada anteriormente mediante fraude, executar o furto de todo dinheiro possível da sua conta bancária.
O prejuízo financeiro sofrido por José foi o de menos pois muito mais significativos foram os danos morais que, além dos fatos em si, incluíram os constrangimentos que teve que enfrentar para contar essa sua história para seus familiares e amigos envolvidos, para a assistente social que o atendeu na sua solicitação de exame de sangue para controle de HIV, hepatite e outras doenças infecciosas, pois não se sabe que tipo de agulha as criminosas utilizaram para aplicarem-lhe o medicamento intravenoso; para o escrivão e delegado de polícia que o atenderam para a confecção do boletim de ocorrência policial; para os que o atenderam para a realização do exame de corpo delito requisitado pelo delegado ao IML; para o funcionário e a gerente do banco para o cancelamento do seu cartão magnético e entrada de pedido de restituição dos valores que não foram sacados por ele mas sim pelos marginais que o vitimaram e muitas outras conseqüências na sua vida particular.
Felizmente, apesar de todos esses prejuízos e transtornos, José agradeceu a Deus por estar vivo para poder contar esta história e constatar que não lhe retiraram nenhum rim ou qualquer outro órgão, cuja subtração e tráfico, por incrível que pareça, vem se tornando um mercado em expansão neste mundo cada vez mais materialista, egoísta e ateu.
José resolveu contar a sua história porque a arte imita a vida e tirando o melhor proveito possível do ocorrido pretende aproveitar seu drama até mesmo para, mais uma vez, apesar de muito divulgado, alertar seus semelhantes para o risco de caírem numa cilada como esta, que ele mesmo, uma pessoa já experiente, já ouvira falar e julgava que jamais cairia nela.
José ficou triste e chateado principalmente pela preocupação e transtorno causados aos seus familiares e à sua amiga; assim como ele perdoou todos os que duvidaram da sua história, espera ser perdoado pelos seus eventuais erros humanos e inconscientes e receber um voto de confiança na sua palavra, da mesma forma em que nele confiou a provável prostituta loira, mulher que é da vida, e que por isso mesmo conhece muito da vida e da malandragem e dificilmente se deixaria enganar por ele, concedendo-lhe imediatamente o crédito e a solidariedade que ele tanto necessitava naquele momento.
Como ele se recorda de todos os detalhes ocorridos antes de ser dopado, chama-lhe a atenção da profética coincidência de terem cantado tanto na Estação da Luz como no cruzamento das avenidas Ipiranga com a São João uma música que há muito tempo não ouvia, cujos trechos da letra confessam: “chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram, pena de mim não precisava, ali onde eu chorei, qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava... um homem de moral, não fica no chão, nem quer que mulher lhe venha dar a mão, reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima....”
Motivado por essa música e ao ter sua história transformada neste conto José já se sente, por esse simples motivo, levantando-se, dando a volta por cima, reconhecendo a queda, não desanimando e sacudindo a poeira, discordando apenas que um homem de moral não possa aceitar que uma mulher lhe venha dar a mão, seja ela quem for, pois na vida tudo é muito relativo e nós seremos sempre nós e as nossas circunstâncias.
Porém, o que o deixou muito inconformado, como poeta que também é, foi não ter percebido no devido tempo a notável rima do já conhecido golpe do “boa noite Cinderela” com a ironia do seu clone “boa noite Gabriela”.
Fosse ele um gênio da categoria de um Adoniran Barbosa ou de um Paulo Vanzolini certamente comporia mais uma das muitas obras primas que eles imortalizaram sobre as personagens desta fantástica São Paulo e de seus tão diferentes habitantes com seus dramas, culturas, formações e valores tão incompatíveis e eternos participantes da cotidiana luta entre o bem e o mal, onde todos lutam para sobreviver, seguindo caminhos tão diferentes e até mesmo opostos.
José também não pode deixar de notar a incrível coincidência dessa sua experiência, nesse dia histórico e feliz para a sua querida cidade de São Paulo e tão infeliz para ele, que tanto desejou e acabou não podendo participar das principais comemorações do dia 25 de janeiro de 2004, com a memorável poesia que leva o seu nome, composta pelo grande mestre Carlos Drummond de Andrade:

“E agora José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais,
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Apesar de tudo e sem abdicar de vivenciar tudo aquilo que faça acontecer alguma coisa boa no seu coração e que não prejudique nenhum semelhante, José pretende seguir marchando; marchar para onde? Marchar para onde segue qualquer um daqueles que como ele compõe a sua raça humana, criaturas falíveis e eternos aprendizes: para onde Deus quiser!

28/jan/2004

Wilson Madrid, o Poeta Azul
e aqui, o José...

Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2006
Código do texto: T159150

Foto de Dirceu Marcelino

DEVANEIOS - DUETO ( HOMENAGEM A LU LENA )

*****************************************************

Homenagem a "LU LENA"
*

DEVANEIO EM TI

Contemplo a nudez do teu corpo
onde minha imaginação caminha
no campo da fantasia
ressurgindo sonhos e magia

pintando tua nudez numa tela
com todos os matizes em aquarela
vejo tua alma levitar
Suave brisa do vento no ar

Extasiada nesse devaneio em ti
minha alma entra em tua nudez
perpetuando essa imagem
teu corpo toma forma da realidade

ouço anjos tocando harpas
num acorde perfeito
pincel crepita entre meus dedos
quando pousa em teu peito

instante que sinto em meu ventre
águas cristalinas de uma vertente
jorrado desse êxtase profundo
sussurro teu nome entre os dentes. ( Postado em 13/4/2008 por
LU LENA )

*************
" SUSSURROS DE AMOR ( Postado em 13/4/2008, por LU LENA)
voz que incita
aguça os sentidos
excita...
sentimento
morto estático
perdido
reaviva...
voz sussurrada
que atrai
encanta e seduz
desarma
conduz...
voz que hipnotiza
turbilhando de
emoção
queima corpo em
chamas
tesão...
voz que sugere
atos impensados
desejados em
sentimentos
mesclados...
Voz que reacende
fogo incandescente
sugere...
que arde e fere
voz que sabe
falar
conquistar...
encanta a mulher
pois sabe bem
o que quer...
voz de um sedutor
num sussurro de
amor... "

*********

DUELO DE TROVAS - ( LU LENA e DIRCEU 13/42008, em Coments )

“EMBATE DE TROVA”

Desse jeito eu me acendo...
Reacendo minha inspiração
Com o céu escurecendo
Nestes versos de paixão.... (Dirceu)
***
É essa a intenção...rsrsrs... (Lu Lena)
***
Começo assim te vendo,
Suspirando de emoção,
Balbuciando e crendo
Na voz de teu coração. (Dirceu)
***
“Na voz do teu coração
me encanto pelo
carinho que me dedicas
cheio de emoção.” (Lu Lena)
***
É atrevida e dengosa,
Flor símbolo da paixão,
Aqui já é nova rosa,
Anima da excitação. (Dirceu )

*****

DEVANEIO - ( Escrito em 1973 por Dirceu Marcelino )

SONHO! Não sei por quê? Constantemente.
Imagino-te e passo a contemplá-la,
Meiga e singela com transparente
Vestimenta e então desejo amá-la.

Não sei por quê? O verde do opala,
De teus olhos me ofusca, amargamente,
E, não consigo, bem de perto olhá-la,
Para confirmar se és tu, realmente.

Parece que há muito te conheço,
Estremeço ao sentir tua presença,
Toda vez que levemente adormeço.

Como agora, a todo instante na crença,
Que já te conheço e não a esqueço
Por isso escrevo, antes que desvaneça.
*****
DEVANEIOS II ( Escrito em 14/04/2008 )

Em tuas escritas há algo que reconheço,
Inspiração, desejo e quero permaneça,
Entre nós o vínculo poético do apreço,
E do nosso dom adquirido de nascença,

Por isso é que te peço e não esmoreço.
E te digo, sinto aqui a tua presença.
E com isso, embora a brisa me aqueço,
E te envio para que também te aqueça.

Os raios de sol, com que rejuvenesço
E ao mentalizá-la em minha consciência
Eu renovo meus votos de grande apreço

Por iluminares minha inconsciência
Com esses versos tão belos e te agradeço
Eis que não há quem explique, nem a ciência.

(Eventuais erros, considero próprios da "licença poética", em proveito das rimas ) - Dirceu Marcelino.

Foto de Dirceu Marcelino

DEVANEIOS - DUETO ou TRIETO EM DUO - Homenagem a 'LU LENA'

*
* Homenagem a "LU LENA"
*

DEVANEIO EM TI

Contemplo a nudez do teu corpo
onde minha imaginação caminha
no campo da fantasia
ressurgindo sonhos e magia

pintando tua nudez numa tela
com todos os matizes em aquarela
vejo tua alma levitar
Suave brisa do vento no ar

Extasiada nesse devaneio em ti
minha alma entra em tua nudez
perpetuando essa imagem
teu corpo toma forma da realidade

ouço anjos tocando harpas
num acorde perfeito
pincel crepita entre meus dedos
quando pousa em teu peito

instante que sinto em meu ventre
águas cristalinas de uma vertente
jorrado desse êxtase profundo
sussurro teu nome entre os dentes. ( Postado em 13/4/2008 por
LU LENA )

*************
DEVANEIO - ( Escrito em 1973 por Dirceu Marcelino )

SONHO! Não sei por quê? Constantemente.
Imagino-te e passo a contemplá-la,
Meiga e singela com transparente
Vestimenta e então desejo amá-la.

Não sei por quê? O verde do opala,
De teus olhos me ofusca, amargamente,
E, não consigo, bem de perto olhá-la,
Para confirmar se és tu, realmente.

Parece que há muito te conheço,
Estremeço ao sentir tua presença,
Toda vez que levemente adormeço.

Como agora, a todo instante na crença,
Que já te conheço e não a esqueço
Por isso escrevo, antes que desvaneça.

DEVANEIOS II ( Escrito em 14/04/2008 )

Em tuas escritas há algo que reconheço,
Inspiração, desejo e quero permaneça,
Entre nós o vínculo poético do apreço,
E do nosso dom adquirido de nascença,

Por isso é que te digo e não esmoreço.
E te digo, sinto aqui a tua presença.
E com isso, embora a brisa me aqueço,
E te envio para que também te aqueça.

Os raios de sol, com que rejuvenesço
E ao mentalizá-la em minha consciência
Eu renovo meus votos de grande apreço

Por iluminares minha inconsciência
Com esses versos tão belos e te agradeço
Eis que não há quem explique, nem a ciência.

(Eventuais erros, considero próprios da "licença poética", em proveito das rimas ) - Dirceu Marcelino.

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