Poeira

Foto de CarmenCecilia

Fantasia

Fantasia

O que é essa mera fantasia...
Será a magia...
De sonhar mágicos momentos...

Redimensionar emoções
Que nos aquecem os corações...
Estar em outra dimensão...

Longe da razão...
Fazer serão...
Deixar no sótão...
A tristeza que machuca...

E simplesmente vivenciar o hoje...
Somar devaneios sem receios
Sem medo de enchentes..
E continuar indo em frente?

É atravessar o amar...
Retomar
O leme das paixões...
Rebuscando seu bem querer...

É fascinar com o dia
Que já se anuncia...
Em matizes lilases...
Mesmo quando nuvens
Trazem o breu na paisagem?

É revolver a poeira...
Da estrada
Que nos envolve como capa...
E de que ninguém escapa?

É sorrir...
E brincar de colorir...
Um doce porvir...
Mesmo quando ouvimos um não...

É fechar os olhos...
Somar fragmentos
Filamentos de contentamentos

É estar com você
Festar com você
Mesmo que em pensamento...
Revivendo bons monentos...

Que sejam todas essas porções de felicidade...
Que povoam minha mente
E não mais matem.
O que me mantem a todo instante.

Essa doce ilusão
Que habita meu coração...
Em ritmo de fantasia...

Carmen Cecília

Foto de Carmen Vervloet

Apenas Elo

Apenas Elo

Eu sou um elo da corrente
E me entrelaço de corpo presente
E não excluo nada de mim
Vou inteiro me entrelaçando assim...

Eu me entrelaço pela força do destino
E outra dimensão descortino...
Os outros elos fundamentam minha vida
Alegre... Triste... Risonha ou sentida...

Nós, elos unidos, fazemos a nossa história...
Nem sempre só de vitórias,
Nem de fracassos, tão pouco...
Nem de momentos só loucos!
Mas somos fortes!

Quem pode ao outro o amor negar?
Se estamos unidos na mesma corrente?
No mesmo mar a navegar?
Se somos frutos da mesma semente?

Somos personagens de eternas relações de amor.
Mesmo que se afastem os nossos corpos,
Os nossos espíritos se unem em louvor,
Mesmo que entremos nos jardins dos mortos!

Breve é a vida...
Certa é a morte...
E se eu decido ser elo da corrente
Desprendida
Fico sozinha, perdida... Sem norte...

E perco o rumo,
Viro serrote...
Serrando em fatias a minha sorte
Jogando-a numa corrente de vento forte!

Porque sozinha sou poeira da estrada...
Porque sozinha eu não sou nada!

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

Resquícios de Poesia

Resquícios de Poesia

Sozinhando, por ruas desertas,
Busco resquícios de poesia
Para acalmar meu eu andarilho.
Vago por alamedas iluminadas
Por prateado luar.
Sinto o cheiro das murtas
Que dormem silenciosas
Indiferentes a minha triste solidão.
Dói o meu coração
Massacrado pela vida.
Insisto... Persisto... Resisto...
Caminho nas trilhas da noite
Ouvindo o silêncio da madrugada.
Nada acontece...
Apenas continuo procurando
Nos descaminhos do alvorecer
Que me levam as primeiras luzes da aurora.
Finalmente encontro um riacho
E lavo a poeira que pousou
Em meu coração
Que agora está mais leve.
E só então consigo poetizar
Bons momentos da vida
Agora inserida
Nos versos escritos no ar
Com o vapor de minhas quentes
Lágrimas de amor!

Carmen Vervloet

Foto de NiKKo

Decepção

Meus caminhos hoje são de poeira e espinho,
marco meus passos com lagrimas que teimam em cair.
Levo nos olhos o vazio que trago em minha alma,
os lábios cerrados por não saberem mais sorrir.

Hoje minha vida se resume em fracassos.
Minha voz em minha garganta se calou.
Perdi o interesse que eu tinha pela minha vida,
tudo porque você me deixou.

Guardando para mim as lembranças do que vivi
eu busquei encontrar forças e sobreviver.
Mas confesso que sua falsidade me feriu fundo
que me fez a esperança perder.

Hoje eu sigo pela minha vida a passos lentos
E levo a alma ferida e decepcionada.
Acreditei que tinha em você mais que um amor
mas descobri que para você eu nunca fui nada.

Não digo que você tem culpa pelo meu fracasso
pois eu sei você jamais me enganou.
Eu é que fiz de ti uma imagem tão sincera e bela
que meu coração inocente e tolo, acreditou.

Eu te amei e mesmo hoje ainda sofro por ti.
Isso eu jamais vou negar ou esconder,
mas minha alma hoje está tão decepcionada
que confesso, você conseguiu me abater.

E tal qual uma ave ferida de morte
buscarei meu ninho forças para me curar.
Hoje colocando em minha poesia a dor que sinto
juro-te, é a ultima vez que por você vou chorar.

Foto de Carmen Lúcia

Procura-se...

Encontra-se perdida na imensidão,
Na vastidão celeste... Espaço sideral,
Orbitando entre astros, vácuos, galáxias,
A minha poesia!
Voou tão alto que transcendeu
Fronteiras, barreiras, limites, anos -luz ...
Ascendendo cada vez mais alto
A emergir no espaço, nave que a conduz...
Sem conseguir parar, poema a girar.
Soltei as rédeas... e ela se foi...
Qual disco voador, mais longe do que eu...
Deixei-a fluir, inflando-a de anseios...
Febris e loucos devaneios...
Acreditei poder um dia a igualar a Deus!
Agora apenas um sol já não lhe basta,
Muitas luas não abrandam os sonhos seus,
Nem mesmo as estrelas podem convencê-la
A pôr os pés no chão, voltar aos braços meus...
Fez-se parte do universo, reluzindo versos
Que se misturam com poeira cósmica a dourar o céu.
Divaga por constelações, cintilações...
Na Via Láctea faz tour...esnoba seu glamour...
Possui luz própria, rejeita a lei da gravidade
Pretensiosa, quer ser o alvo da atração
Tornou-se criatura... Despreza o criador...
Vagueia pelo mundo de ostentação.

E eu aqui a esperar em vão,
Alma vazia, isenta de ilusão...
Peito sangrando, morreu a inspiração.
Pena máxima de um poeta.Condenação!
Contaminada pela vaidade e ambição,
Por minha culpa, a poesia se perdeu...

Foto de angela lugo

Perdida na saudade

Caminhei por estradas contrárias
Dentro delas me perdi
Via o sol bater em mim
Quente assolando meu pensamento
Não conseguia ver além
Dos meus próprios pés
Que um atrás do outro
Nem pegadas deixavam
O vento corria forte
Apagando-as...
E cada passo que dava
Mais me perdia na estrada
E, ela parecia não ter fim
Não adiantava olhar para trás
Lá nada tinha para lembrar
Amores que se perderam
Na poeira da recordação
Sinto-me sozinha...
Eu e o sol quente
Vez ou outra uma brisa fria
Que faz o meu rosto aparecer
Dentro de um nevoeiro
Que mais parece carvoeiro
Escurecendo assim como a noite
Que chega sempre aplacando
Uma dor intensa no meu peito
Da saudade que bate lentamente
Das estradas floridas
Pelas quais caminhei no passado
Quando era feliz e não sabia
Não dei valor ao meu amor
Aquele que floriu meus dias
Minha vida que era cheia de alegria
Agora só me resta a recordação
Que vai comigo no coração
Seja onde for...
Ou até que encontre outro amor
Assim vou caminhando
Perdida na saudade de uma vida
Que ficou no passado

Foto de tadeu paulo

FALANDO DE SONHOS

FALANDO DE SONHOS . . .

bebi com os olhos
toda sua farta
e linda essência...
que engoli inteiro,
em meu díspar
e difuso pensamento...
e nada mais resta
da fútil e falsa
noção de decência...
sou o féretro
em que se guardam
esquecimentos,
dissabores e ausências;
sou a mão assinalante
do afogado,
a procura d’algum
braço, que a abrigue;
de uma sombra,
que a torture;
de penumbra,
que a castigue...
pois, sou poeira,
pó estradeiro,
escapante e rasteiro,
assustador de sonhos...
mero e puro pesadelo!

(Tadeu Paulo -- 2007-09-28)

Foto de Carolina Salcides

Amor Total

.
.
.

Amor Total
______________________________________________________
“Só entrando em contato total e sentindo todas as células e
sensações para conhecer a alma feminina em tamanho,
intensidade e em suas formas mais inconcebíveis para um homem.”

______________________________________________________

Minha alma se entrega para a tua...
Porque o contato contigo é total.
Alma de Vênus: formatada para o amor...
Para caber em tuas mãos, boca, espaço.
Meu amor é para todos os teus espaços...
Para todos os teus gostos...
Por isso minha alma se entrega para a tua...
Pois ama todos os meus rostos... E enfrenta todas as minhas luas.
E as exalta... E me celebra... E surpreende.

Minha alma se entrega para a tua
Como um rio se entrega para o mar...
É a intensidade, a força, caminho e libertação.
É a cada dia mais amar e amar...
Amor para os doze meses (que sempre se renovam)
Para as quatro luas e para todas as ruas.
Amor para os montes e vales
Amor para todos os níveis
Sete chakras
Seis sentidos.
Amor para meus olhos, pele, ouvidos.
Amor de silêncio, intuição, gemidos.

Minha alma se entrega para a tua...
Porque a recebes a qualquer hora.
Essa alma minha que se inquieta, se perde...
Se deixa levar por outros ventos... Vaga silenciosa...
Busca outros caminhos... Olha tudo, quer tudo...
E, o TUDO, acaba me reconduzindo de volta a ti...
Porque sem tua presença o tudo é nada, poeira, vazio.
Mais nada.

Minha alma se entrega para a tua...
Não há outro peito que ela se encaixe...
Beijo tua boca até com lama
Porque teu gosto é a metade do meu... E metade é dois.
Não quero outra cama...
Quero que só tu me aches.
Recomeço, renasço... Perco-me...
E me encontro sempre em ti!
Minha alma tem a luz da vida e o fogo da paixão:
Aonde o amor chega e cresce.
E só tua semente floresce em mim.

Minha alma se entrega para a tua...
Porque a tua alma segue a minha
E amar é seguir junto...
E quando acho que estou sozinha
Sem ver teus rastros, teus olhos...
Surpreendo-me carregada por teus braços.

Carolina Salcides © Todos os direitos reservados

Foto de JGMOREIRA

A MÃO QUE ACENA

A MÃO QUE ACENA

Toma essa mão que acena adeus
que desentrava toda a tristeza do mundo.
U'a mão pálida
um olhar soturno. E toda a tristeza do mundo.

Mergulho meu dia na luz malsã do mercúrio
passando o dia todo, todos os dias
passando por mim,
pensando que passo no mundo.

Não! Não farei como os poetas abnegados
que deixaram nomes encravados em placas
largaram obras belíssimas aos olhos do mundo.
Passarei em claro, deitarei em escuro e terá sido tudo.

E será tudo passar assim pelo mundo ?
Se olho, não vejo; se vejo,não escuto.
Se amo não odeio; se quero, discuto.
Discuto comigo nas serras da minha cabeça
procurando caminho na aurora
aurorescendo que esse caminho aconteça.
Que aconteça de repente, feito nascimento
para que todos os caminhos desapareçam
só restando um caminho
e eu seja criança que se alimenta
de um caminho que a abasteça
que me faça dono do mundo,
senhor das coisas e da razão.
Criança vestida de homem
posando para retrato no jardim
enquanto espoucam as luzes dos dias na sala.
II
AH, toma essa mão que acena adeus.
Repousa todas as mãos e restará essa
que desentranha toda a tristeza do mundo.

Em casa, escutando sons familiares
louças que entretinem, água que jorra
parentes que falam...Essa é toda a vida.
Mas terá vida essa vida de família pelos ares ?
Será vida acalentar nesse quarto o sonho da vida ?
Será vida amassar mil papéis da vida ?
Escrever mil linhas e chamá-las vida ?

O que será viver se passo em branco
todos os meus dias? Não altero nada
não provoco nada, não amo nada
sinceramente. Desejo mil coisas
e passo por elas, tão perto,
que meu desejo fica contente

E ri meu desejo em minha boca
E presto atenção no gato do hotel
na senhora que lava o rosto na pia na área
na menina que grita mãe!
Nas danças de rua nas portas dos bares
Atencionado em tudo, estaciono
Paro. Mole e parvo, à beira de tudo
E não mudo nada, nada mudo
Por isso,
toma essa mão que acena adeus
Pergunta a ela
se é viver passar ao largo do mundo.

Mas pergunta ríspido e forte
que essa mão tonta
às vezes faz-se de surda
para passar sem resposta
a tantas perguntas absurdas.
III
Toma essa mão que acena adeus
Reconforta-a no desenho do teu seio
Aqueça-a com o calor do teu corpo.
Não tenha medo do homem atrás da mão !
O homem é uma coisa de pó
finíssimo, que toma a forma de jarro
onde derrama-se uma gota de poesia.
Forma-se o miraculoso barro

d'onde surge essa mão
que levanta-se do pó para tornar-se mão
para acenar adeus à própria vida
ou a vida do próprio irmão.

Quantas vezes o homem detrás da mão
bem oculto pelas falanges aneladas
esteve louco de tanto olhar
e não ver outra mão?

Eram jarros sem pingo de poesia
que marchavam lá fora
Rolavam, chocando-se com tanta força
que rompiam espalhando o pó
Pó tão espesso, tão pesado
que logo tomou a cidade
Cobriu o céu até não se ver estrela.
O pó alevantado não assentava
Tranquei-me em livros, armadilhas de amar,
em corpos frios de copos vazios
cofres antigos de segredos perdidos
Mas o pó me achou
A poeira pesou meus ombros
Eu a respirei
Quando abri a janela, não pasmei:

estava infecto, imundo, não ventilado
Aquele pó era o mundo
O mundo não cabia no vaso.

Toma, urgente, essa mão que acena
Beija-a, abraça essa mão que não repousa
que insiste acenando adeus
coberta de um pó que não se afugenta.
IV
Oiço tantos sons familiares
o relógio, a buzina, o assobio desafinado
os passos da menina, o grito do soldado
Nessa janela, abismado
confirmo com meus olhos
que minha família está pelos ares
Durmo preocupado
sonhando com o pó envenenado.
V
Vamos, toma logo essa mão
Não a deixa ao acaso
tentando erguer-se da mesa
estando o corpo anestesiado.
Não te apavores, amada, não te apavores!!
Hás de ver tantas mãos acanhadas
que hás de implorar pela minha mão que te acode
empurrando teus passos pela estrada.
Minha mão, no silencio da chuva que desaba
está fria, morta, quieta
lutando contra o vício que a descarna.
Minha mão não quer ser poeta
não quer o formol das estantes
não anseia taças
póstumas pousadas na sua palma sem semblante.
A mão quer a paz dos arvoredos
quer o canto das aves trinadoras
o vôo da rapina mais absoluta
a envergadura de asas perfeitas
Minha mão quer dormir um sono tranquilo
sabendo que a poesia pulou o muro
saiu do quintal esquisito
veio cá fora respirar ar mais puro.

Minha mão quer liberdade
quer justiça.
Uma justiça sem mãos
sem crinas
Minha mão que acena adeus
não quer abrigar sonhos em sua morada
Não quer estalar patíbulos
não escalar horas marcadas

Minha mão quer ser amada !
Quer que tu a toques com cada dedo da tua alma

Minha mão que acena adeus
acena a Deus
que do longe das estrelas
acena duas mãos perfeitas
à minha mão deformada.

Foto de Carmen Lúcia

Esse meu poema...

Esse meu poema...

Corre para os mares,sobe pelos ares,
Se transforma em nuvens,
Em gotas de chuva, só pra te banhar...

Esse meu poema...

Qual poeira cósmica pra te energizar,
Cruza o horizonte,onde o sol se esconde...
Pra te encontrar...

Esse meu poema...

Gira pelo mundo,faz em um segundo
Esse amor profundo em riso transformar...
Pra te encantar...

Esse meu poema...

Rouba do arco íris, as cores marcantes,
Bem insinuantes,festa pros amantes...
Pra te enfeitiçar...

Esse meu poema...

Anda pelas ruas, madrugada e luas
Feito serenata,
Pra te inebriar...

Esse meu poema...

Brilha com as estrelas e junto com elas,
Muda de lugar...
Pra te ver sonhar...

Esse meu poema ...

É mais do que palavras,
É essência...
Traça o meu dilema,te fazer me amar...

Esse meu poema...

Singelo,um flagelo...mas sincero,
Sai do coração...
Pra te emocionar!

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