Leito

Foto de Carmen Lúcia

Acalma meu coração...

Acalma meu coração
Fala-me com jeitinho
Com todo o teu carinho
Envolve-me em tua emoção...

Leva-me em teus sonhos
Dorme comigo meu sono
Embala-me em tua canção...

Aperta-me junto a teu peito
Conforta-me com esse teu jeito
Me pega de jeito,no leito...

Liberta todos meus medos
Encosta teu corpo ao meu
Que vibra ao contato do teu...

Sinta minh’alma atrevida
Buscando a tua... que é minha
E juntas, suave combinação
Mistura de amor e paixão
Iremos os dois pela vida,
Nos seremos eterna guarida.

_Carmen Lúcia_

Foto de pctrindade

PERFUME DE LAVANDA

Numa linda tarde de abril com o sol já quase a se por, o casal hora corria, hora parava entre a plantação de lavanda, e lançavam-se aos braços um do outro, colando suas bocas num beijo cinematográfico.

Depois caminharam de mãos dadas, mudos, integrando-se ao silêncio que vez por outra era quebrado apenas por um ou outro tallha-ferro, que arriscava-se entre as hástes à procura de grãos.

Em dado momento, pararam, olharam-se com uma cumplicidade perfeita que dispensava qualquer palavra. Ele tocou em seu ombro, convidando-a a ajoelhar-se. Mãos entrelaçadas em pescoços...mais um beijo.

Por fim deitaram-se por sobre a lavanda que gentilmente curvou-se dando aos amantes um leito perfumado.

Com sutileza, ele desabotoou o vestido azul claro da mulher linda, que de olhos fechados saboreava cada toque,sempre acompanhado de um beijo curto.

Corpos colados, entregaram-se a um amor macio porém profundo, intenso porem delicado, tendo por testemunhas um céu já quase alaranjado, uma brisa tépida e claro lavanda.

Quase chegando ao êxtase, ela abre os olhos, para ver a alegria do amante, porem o que vê é na penumbra de seu quarto um berço onde dorme seu netinho.

Cola as mãos à boca, sufocando um gemido, que se transforma em lágrimas que escorrem por rugas em uma face perfumada... e claro...perfume de lavanda.

Foto de Athayde

Última tinta

Abro agora os olhos,
Liberto a noite...guardo a aurora...
Oh lua que beijas minha dor,
Oh peito que é brasa e ardor...

Peço ao mar...
Não me priva de vento e esperança,
Da sensibilidade de criança,
Deixes-me voar!

Que o verde de teus olhos...
Que me traga e me envolve,
Me libertes pra voar...
Pois minhas asas são tinta,
Minhas palavras brisa...
Meu sentimento turbilhão.

Escuta com a alma!
É que palavra chorada por poeta,
Lava o espírito...aquece...acalma...
Talvez seja meu último suspiro,
O pote de tinta...tão vazio!
E a caneta teima em não dançar...

Não cravejo,pois,jóias em minha arte...
Só banho de sangue...
A sinceridade que pra ti guardas-te

Salva-me virgem...com teus olhos de verde oceano
Tua boca ...de sol no fim da tarde..
E teu colo que é leito da vaidade,
Suplico-te..me aguarde..

Vejam! O último suspiro de um poeta!
A tua alma vegeta?
Que espetáculo para a incrédula minerva..
A minha poesia está certa?
Deixes apenas eu voar...

Dou a ti o vazio...
Que em meu peito se acostumou,
Seu sorriso acalenta minha dor...
Sou pó,viro tinta...bato as asas com furor!

Despertas-te,virgem,a detestável esperança...
Rainha dos povos desesperados,
Conforto dos mal-amados,
E inspiração de um poeta apaixonado...

Abra seu peito e escute..
Não és tua dádiva...é só um bater de asas
O vôo da verdade..o acalento da vaidade,
O salto do torpor...

Sinto as memórias cortando meu rosto,
No vento gélido do sofrimento..
Mas aproveito o vôo..
E te dou meu último amor.

Foto de Osmar Fernandes

Sou apenas seu bobo

Nunca amei ninguém assim.
Esse amor é meu pecado,
Vive sonhando dentro de mim...
Vivo desacordado.

Não consigo fazer nada direito.
Meu pensamento está sempre voando.
Ah, se esse amor dormisse em meu leito!
Viveria deitado, sonhando.

Que amor tão louco!
Nunca vou ser seu...
Sou apenas seu bobo.

Nunca mais iria acordar!!!
Esse amor nunca vai ser meu...
Nasceu só para me machucar.

Foto de Osmar Fernandes

Só dou se casar!...

Quando eu a vi cruzar as pernas,
Morri de desejos...
Suas coxas grossas, calcinha vermelha,
Tesão virou um inferno.
Perdi as contas de quantas vezes
Me masturbei pensando nela.
Desejos, loucuras, tentação.
Olha o que uma mulher pode causar
Na mente de um homem!...
Ela foi minha perturbação.
E ainda me dizia: "Só dou se casar!"
Eu só vivia pensando nela.
Toda noite era a minha fantasia.
Eu sonhava, tinha polução noturna.
Amanhecia daquele jeito...
Mergulhava naquela gruta,
E, dormia no seu leito.
Já faz tanto tempo e ela
Não mudou seu mandamento.
Já transamos mil vezes
No meu pensamento.
Essa mulher é minha perdição.
Como um tesão pode durar assim?!
Não é coisa de coração!
Meu corpo trai a minha mente.
Tô nas trevas!... É o fim!
Não tenho nada de inocente...
Já fiz promessas para esquecê-la.
Mas não consigo virar essa mesa.
Tô de saco cheio de bater punheta!!!
Quando tô no banheiro, transo com ela...
Não sai da minha cabeça seu cruzar de pernas.
Nesse sexo entro em transe.
Quando volto à realidade, fico louco.
Já tive toda mulher que sonhei, menos ela.
Ela continua a me dizer: "Só dou, casando!"
Eu me pergunto: "Aguentar isso, até quando?!"
Não é amor, nem paixão; é apenas tesão.
Essa mulher me mata,
me nocauteia, me leva à lona...
Vivo com o corpo pegando fogo, em brasa.
Da minha fantasia é exclusiva, é dona.

Osmar Soares Fernandes

Foto de Alexxa

nosso

é nosso o instante
em que nos rendemos
a mil carícias abrasadas
suadas de melífluo querer
a estremecer na língua
alvoroçada de paixão

é nossa a hora
em que tua alma se tatua
na minha pele impaciente de ti
e incendeio teu ser
no meu leito de camélias
e perfumes de marfim

é nosso o tempo
em que hasteamos a voz
e somos universo ímpar
quando banhados de ambrósia
nossos corpos convulsos
se reconciliam em nós

Alexxa

Foto de LuizFalcao

ÁGUAS CRISTALINAS!

de LuizFalcão

Águas nascem dentro de mim!
Brotam do subterrâneo de mim!
Das profundezas da dor,
Águas cristalinas de amor!

Águas que nascem de mim!
Transbordam de mim!
Nascem da luz que brilha na escuridão,
Fluem do solo seco...Meu coração!

Do sinuoso leito do rio que surgiu de mim,
As águas fluídas espalham vida nas margens de mim!
E por dentro e por fora me colorem de esperança!
Águas cobrem de verde a minha herança!

A vida que surge das águas de mim!
Mananciais de emoções de mim!
Jorra em queda livre na imensidão,
Enche de luz meu coração!

Eu vivo feliz pleno de mim!
Das águas que brotam em mim!
Do amor que surgiu da dor!
Da dor que me deu o amor!

Foto de gilsanjes

DESATINO

Jesus Cristo, Rei dos reis, dos autores ele é o Autor.
Médico dos médicos, dos senhores ele é o Senhor.
E inspira-me a compor Esta carta de amor.
Efêmera é a dor, que acolhe os namorados.
Quando ausente, um do outro, reclamam apaixonados.
Cada um lamenta triste
Com um coração trespassado.
Escreve o namorado, e assim na carta ele diz.
Minha amada receba, essa carta que eu te fiz. Desejando que você Esteja bem e feliz.
Estou no sul do país, sentindo muita paixão.
Está difícil suportar, essa tal de solidão.
Todas as noites eu sonho com a tua linda feição.
E ter-te pessoalmente é o meu maior desejo
Aproveitando o ensejo, da letra peço perdão.
E os teus familiares, eu pergunto, como estão?
Ao passo que os meus aqui dividem feliz união.
Ao fazer minh’oração, à noite quando me deito.
Recordo o ar de riso, de seu rostinho perfeito.
Saudade exausta o corpo deixa a alma no leito.
Pra tudo Deus dá um jeito, não estoura desengano.
De voltar logo pra casa, todo dia eu faço planos.
Tenho sempre confiado
Em nosso Pai Soberano.
É de causar aflição, o amor que te almejo.
A tua fotografia, trago nos lábios e beijo.

Foto de LuizFalcao

"TEU ESCRAVO PARA SEMPRE"

De Luiz Antônio de Lemos Falcão.

A cada por do sol volto à casa para comer os frutos do meu pomar!
Caminho pelos meus jardins!
A beleza da minha Flor, não se afasta;
Não murcha com os invernos da vida!

O tempo!...Impotente!
Meu amor não lhe concede passagem;
Não ultrapassa à soleira de nossa casa.
Meu braço o contém de fora...
Meu coração é a trava da mossa porta.

Teu templo...Nosso quarto!
Ergo o véu de nosso leito...Teu santuário!

Os braços meus... Como lençois!
Para todo o sempre!...No silêncio das noites!
Eu!...Teu E s c r a v o!
Tu!...Minha Senhora!

Foto de Alvaro Sertano

Alvaro Sertano\"Isenção"!

ISENÇÃO!

Deixa essa fonte
que jorra no peito,
deixe essa gente
que mora no leito;

Deixe esse tempo voar,
sete cantigas de roda
é prá se cantar,
noite de lua prá se amar;

Deixe o amor renascer
lívido, insúdito!
Deixe tudo acontecer
eleve seu grito, viva viver;

Deixe rastros na areia
prá saber voltar,
fogo que incendêia
deixe o vento soprar.

Alvaro Sertano

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