Gente

Foto de Marilene Anacleto

Procuro Conchas

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Procuro conchas
Conchas cor-de-rosa
Procuro-as unidas
Como devemos ser na vida.

Decepção:
Seja na água ou no chão
As conchas que vejo
Não mais formam coração.

Após pelo mar passarem,
Em dia de lavadio,
Todas se apresentam
Com o seu bojo vazio.

Entre homens e mulheres
Reis, rainhas, alferes
Dificuldades conferem
Chance de conhecimento

E pelo tempo afora
Alguns se foram embora
Tal essa concha de agora
Receptiva, inteira.

Algumas chegaram aqui
Sozinhas e machucadas
Com lição dura e forçada
Por não saber viver só.

Aquelas morreram na praia
Com parte do companheiro
Deixaram-se jogar na areia,
Nenhum deles bem inteiros.

E as outras que estão ilesas
E expõem-se bem lustradas,
Serenas, orgulhosas, brilhantes
E, no lugar inadequado,

Esmagadas por um errante,
De uns passos apressados,
Feito gente que crê
Já ter tudo realizado
E nada mais há que fazer.

Marilene Anacleto

Foto de Carmen Vervloet

AMOR TAMBÉM É COMPROMETIMENTO

Era primavera. A exuberância das flores encantava os olhos. Dias amenos, onde a esperança pulsava no coração e a alegria dava um brilho mais intenso ao olhar. Lembro-me bem, final de setembro de 2006.
Nos palanques os mesmos discursos, as mesmas promessas criando uma falsa expectativa para o povo sofrido. Era véspera de eleição, tudo iria mudar para sempre. Hospitais seriam reformados e aparelhados, outros tantos seriam construídos, escolas para todos, desemprego coisa do passado, alimentos fartos, violência eliminada. Os jornais repletos de notícias de programas políticos brilhantemente desenhados em papel.
Maria que catava jornais para sobreviver, nem sabia destas notícias. A pobre coitada era analfabeta, provavelmente por falta de oportunidade, já que Maria não fugia à luta. Os jornais serviam-lhe apenas para conseguir alguns míseros “trocados” para matar a fome da família e, sobretudo para agasalhar seus filhos nas madrugadas mais frias. Eram lençóis, colchões e travesseiros para sua família que vivia sob uma ponte. Pobre Maria! Pobres crianças! Maltratadas, sofridas, criadas nas ruas, esmolando nos semáforos. Maria sofria, Maria chorava! Era analfabeta, miserável, mas amava seus filhos! E como amava... Lutava como uma leoa para proteger suas crias. Lutava e padecia, porque nem o mínimo conseguia. A fome espreitava com olhos de insídia.
Passaram-se dois anos e as promessas se perderam ao vento, os programas não saíram do papel. Os políticos eleitos desviando dinheiro numa corrupção jamais vista no nosso amado Brasil. Dinheiro em cueca, dinheiro em meias, dinheiro em malotes, em cofres residenciais, contas em paraísos fiscais. A impunidade reinando. E Maria continuava lá, na mesma vida miserável. Paulo, o filho mais velho, envolveu-se com drogas e morreu assassinado numa esquina de um bairro nobre da cidade. Teve a cabeça esmagada por uma pedra. Antonio, o filho caçula, morreu de uma simples pneumonia, nos corredores de um posto de saúde por falta de atendimento. Subnutrido não resistiu à doença.
Então Maria, na sua imensa dor disse: Homens, onde está o amor? A vida é dádiva de Deus e todos têm o dever de respeitá-la. Sou pobre, mas sou gente! Tiraram-me dois dos meus três únicos tesouros. Por negligência, por egoísmo, por crueldade, por falta de sensibilidade! O coração de vocês é de pedra! Foi esse coração de pedra que esmagou a cabeça do meu menino. Foi esse coração de pedra que não deu a ele a oportunidade de uma escola, de uma profissão. Foi também esse coração de pedra que desviou o dinheiro destinado à saúde. Vocês mataram meus filhos. Assassinos! Assassinos! Assassinos! E saiu desnorteada pelas ruas, seguida de Pedro, o filho que lhe restou.
Os jornais deram grande destaque ao fato, que logo foi esquecido. E tudo continuou do mesmo jeito. O desamor reinando nos Palácios, os corações secos da seiva do amor. A sujeira cercando a consciência de quem por falta de amor não quer contribuir para a evolução do ser humano, trapos, num monte de lixo.
Neste Novo Ano que se inicia vamos colocar em nossa lista de desejos o nosso pedido a Deus para que ilumine, oriente e guie nossos novos dirigentes para que elevem suas consciências para essa realidade tão triste e feia e que se comprometam de fato para que a fome, a miséria, o analfabetismo, a violência sejam extirpados de vez do nosso rico e amável Brasil. Que possam merecer verdadeiramente a confiança do povo que os elegeu. Assim seja!

Carmen Vervloet

Foto de Marilene Anacleto

Tronco Hospedeiro

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Preso às raízes da vida,
Até que caiu no mar
Entre pedras, ondas fortes,
Não sabia onde ia parar.

Grande tempo preso em pedras,
Pensou que ia definhar.
Surgiram criaturinhas,
Abrigo em seu corpo buscar.

Cresceram ali mariscos
E moluscos de toda sorte
Nova vida, novo ânimo,
Para quem esperava a morte.

De novo a voar pelos mares
Em ondas de tempestades
Ora o fundo, ora o céu,
Mais uma longa viagem.

Agora preso na areia
Fina da beira do mar,
Moluscos ainda crescem
Quando a onda os vem beijar.

Transformam-se as feições,
Em figuras diferentes.
Há troncos com cara de bicho,
E outros com cara de gente.

Feito nós, em algumas horas
De humores tão diferentes,
Às vezes, só um tronco seco,
Em outras, incandescente.

Marilene Anacleto

Foto de Fernando Vieira

Amizade

Amizade
(Fernando Vieira)

Amizade de verdade
Coisa rara de encontrar
Sentimento verdadeiro
Alguém que possa contar

Confiar, desabafar
Ou simplesmente estar ali
Ao teu lado enquanto choras
Tenta te fazer sorrir

Preocupa-se de verdade
Pensa no seu bem estar
Mesmo você sendo errado
Ainda se põe no seu lugar

Um amigo é isso ai
Sempre pensa na gente
Pessoal ou virtual
Sempre se faz presente

Seja homem ou mulher
Idoso ou menino
Um amigo é o que ele é
E sempre estará sorrindo

Quem tem amigos de verdade
Não tem motivos pra chorar
Mas se ainda assim precisar
Com eles poderá contar

Foto de Nilton da costa

O amor não morre

“O AMOR NÃO MORRE”

Em 1988 nasceu um menino chamado Miguel, um menino inocente de tudo.

Pelas circunstâncias da vida o menino Miguel sai da sua zona, o lugar que lhe viu nascer para uma outras cidade desconhecida.

Em 1991 nasce uma menina linda chamada Sofia, uma menina na qual os seus pais diziam que é a alegria de casa.

Passaram-se alguns anos quando os caminhos dois jovens se cruzaram, algo os atraiu um para o outro. Foi um amor de criança mais já muito forte, sentiram-se que foram feitos um para o outro e prometeram. “Amarem-se para sempre”.

Foram crescendo e carregando com ele aquele amor as escondidas, porque ninguém tinha a coragem de dizer o que sentem um pelo outro. Até que um dia o Miguel resolve em divulgar esse amor, ele vai até a casa da Sofia e abre o seu coração. Mal o jovem Miguel acabou as suas palavras e Sofia lhe disse estou a tanto tempo esperando por esse momento.

Foi algo correspondido na hora e amaram-se cada vez mais. Depois de dois anos de namoro a Sofia vai ter com o Miguel dizendo que tudo que é bom dura pouco. O Miguel sentiu-se entristecido. A Sofia lhe disse que já não sentia o mesmo por ele.

O Miguel sentiu-se com o coração ferido respeitou a decisão dela. Mais algo ele não sabia que a Sofia fez isso para lhe proteger. Porque eram de mundos totalmente diferentes e também porque a Sofia cresceu com a teoria que o amor não alimenta. Principalmente porque os seus pais eram contra esta relação.

Quando o Miguel vai até a casa da jovem e enlouquecidamente voltou a falar dos seus sentimentos.

A jovem sempre sonhou em ter um futuro ao lado do seu amado Miguel mais a vida nunca uniu duas pessoas que se amam. Então isso levou a jovem a construir uma família sem se sentir amada.
Depois de algum tempo o Miguel esteve de passagem e encontrou-se com a sua amada. Quando por alto a Sofia lhe disse o tempo não nos uniu, mais nos separou. Neste momento o tempo levou-nos para além do oceano.

O Miguel não compreendeu e foi se embora. Dois dias depois escuta que a sua amada esta grávida de outra pessoa. Foi um pesadelo na vida do Miguel.

O Miguel com o coração ferido e a cabeça fora do lugar meteu-se em maus caminhos. Foi um assaltante mais procurado a nível mundial. Quando pretendia fugir do país e por ironia do destino encontra-se com a jovem no aeroporto.

O Miguel perdeu a cabeça e levou-a com ele. Quando a teve pela primeira vez em seus braços e a jovem lhe perguntou o que sentes por mim? O Miguel respondeu amo-te e nada mais.

Viveram juntos durante um bom tempo. O Miguel deixou a sua vida de bandido e a Sofia a sua família. Como o destino dos jovens já foi separado desde a infância, a vida não voltou a lhes unir. Porque o Miguel depois da decepção amorosa teve um passado muito triste e fez mal a muita gente. E continuava a ser procurado pela polícia e não sou. Até que um dia o jovem sai de casa para comprar alguma coisa para comerem e der repente policia encontra o Miguel. É levado para uma zona isolada e dão dois tiros da cabeça. O jovem caiu e ficou estendido, quando passa algumas pessoas que á conhecem levaram o mesmo ao hospital. O Miguel não queria morrer sem ver pela última vez a sua amada, razão pela qual as pessoas que levaram-no ao hospital foram a procura da Sofia. A jovem desesperada foi vê-lo.

Quando chegou para o quarto em que estava o jovem. O Miguel disse a Sofia amo-te e amarei te para sempre. Mais o tempo não nos separou por um oceano. Mais sim de cima para baixo. Depois morreu.

A Sofia não entendeu que o Miguel morreu mais o amor que ele sentia esta, vivo dentro da Sofia.

Lutem sempre pelo amor porque não há nada melhor.

Foto de Augusto Caio

existe uma beleza dentro de mim

Antes mesmo de você nascer, sua familia ja começa a definir sua vida, o que desejam para seu futuro e com quem você deverá se parecer ou se espelhar, eu como muita gente, nasci para quebrar barreiras. Como é para uma criança começar sua infancia e perceber que não se encaixa nos sonhos de seus pais, não se enquadra na filosofia que as mentes hipócrias ao seu redor impõe. A vida se torna uma guerra, e quem é seu adiversário? você mesmo.
A razão te mostra o caminho “certo” o caminho mais facil. Mas para almas grandes, eu não escolhi o caminho facil, o caminho da menor dor. Escolhi viver a emoção, aflorar meus sentimentos e mostrar a beleza e a sinceridade que existem em mim. Nesse caminho você não tem aliados, não tem armas, ser forte. Depois da batalha, você tem um premio muito lindo, você descobre que pessoas te amam pelo o que você é. E que não esta sozinho. Nunca reprima meus sentimentos, não vou viver pensando que o que sinto é errado, sou o que sou, e eu sei que existe uma beleza dentro de mim, e muitos jamais conseguirão enxerga-lá.

(Augusto Caio)

Foto de Carmen Vervloet

PÁSCOA

No passado... num tempo muito distante
um ser mais que especial sonhou um dia
por fim a qualquer sofrimento asfixiante,
fazer florescer a paz, a plenitude, a alegria!

Pensou somente na gente,
em nos conceder a libertação
para que caminhássemos libertos em frente
colhendo os frutos da redenção.

Queria que crêssemos na vida.
Que fizéssemos outro recomeço...
Que semeássemos o bem, com generosidade desmedida,
que pelo próximo tivéssemos sempre apreço.

Entregou sua vida... seu sangue...
Por nós, seus filhos... ofereceu-se à cruz.
Caiu intrépido, dorido, exangue...
Seu nome... Cristo Jesus!

Fez a passagem do bem contra o mal...
Enunciou conceitos completos, suficientes...
Foi para nós o supremo exemplo, afinal,
mas nem sempre O seguimos, tristemente!

Carmen Vervloet

Foto de Lorenzo

Nóis é pobre e nós somos "ricos"

Comu teim genti bura
Resorveno os póbrema
Enquanto, nós poetas
Enfrentamos nossos dilemas

Nossas criança se mata di estudá
Dimanhã iscola, di tardi trabalhá
Nós na faculdade nos instruindo
Para mais tarde a esses explorar

As pele tem manxa, os dente tem cári
U cabelo é cri-cri e o corti custa um vaule
Nossas mulheres com perfumes importados
E os seus filhos fazendo pegas de carro

Eles falu tudu errado
Iscrevi ainda pió
Você ri da ignorância deles
Por que você seria melhor?

As rôpa é di mal gostu, pele preta e o cabelo lôro
Os pescoço vive enfeitado, cheio de folhado de ôro
Nós temos montblanc, rolex e armani, tudo do mais caro
E gastamos numa noite o que lhes leva um mês de salário

Eles xama baiano, paraíba, cabeção
Xinga eles que eles num liga não
Nós somos superiores então?
Só porque tivemos mais "educação"

Eles são pobre, burro não sabe se arrumá
Mas eles aprende no barraco que se deve respeitá
Enquanto nossas crianças lá no play a brincar
De como se faz o filho de uma empregada chorar

Nóis é simples, não tem curtura e nem foi letrado
A gente quer oportunidadi di sê bem tratado
Nós queremos ser mais que eles, humilhá-los
Cultos tem de ser os bons. Pobres: jamais educa-los!

E nóis paga tanto imposto que nóis nem sabe de onde é
E bota a cupa nu guverno, o feijão tá caro púquê eles qué
Nós rimos fazendo riqueza com o suor de seus rostos
Sonegando do governo o que eles pagam em dobro

Meu filho pidiu um sapato de natal, mas tá caru dimaís
Num vô dá não, foi assim que meu pai mi tratô
O meu quer um novo computador, que droga!
Nem tem aqui, mas pelo e-bay vem do exterior

As palavra eu num sei como arruma pra ficarem bunita
Mas eu digo que amo minha nêga lá em casa
Meu vocabulário é perfeito, tenho perfeição na gramática
Mas só trato minha mulher na base da pancada

Ganho pôco, mas pago tudim o qui eu devo
Até devôvi a cartêra dum dotô que incontrei
Eu passo a perna em quem posso
Achado não é roubado e eu achei

No meu verório têvi muita gente choranu em vôta do caxão
Imagina como fico]ô meus filho qui amo di coração?
No meu enterro lápide de granito, letras em ouro na oração
Mas pra se despedir do corpo, só o coveiro, porque é sua profissão.

Lorenzo Petillo.

Foto de Kira

É AMOR

A gente sabe que é amor...
Quando o toque esquenta o corpo
o simples roçar de mãos
faz as pernas amolecerem
Ao aperto de mãos
O corpo treme todo
O coração esquenta tanto
Que o brilho desta chama
Incendeia a Alma e faz o brilho
nos olhos ser intenso...
Não dá para disfarçar
A voz não sai...
E o abraço é inevitável
o beijo é espontâneo
Não dá para esperar mais nada
E o amor se faz...

kira, Penha Gonçales

Foto de Edigar Da Cruz

A FELICIDADE

A busca da felicidade é uma

constante...
Embora o poder da gente se

esbarre no medo.
O medo de arriscar nos torna

vulneráveis.
Nos priva da felicidade,

de nossos sonhos.
Dê razão a sua existência,

tenha desejo...
Tenha sonhos e tente

realizá-los...
Viva, e seja você sempre, afinal,

você existe

Nunca, mas nunca tenha medo....

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