Desgosto

Foto de ALEXANDRA LOPUMO SILVA

Meu vício

Meu amor, meu vício
Acostumei com isso
sue jeito, sua fala, sua tara
seu gosto, o oposto do meu
desgosto estampado em meu rosto
disfarço, mas sei que não engano
me conhece bem, bem mais que eu
manipula minha vontade
escraviza minha alma
e vivo para sentir esse gosto
tão pouco que nunca satisfaz
desejo e me sinto frustrada
aceito seu desprezo
e me entrego ao meu vício
que é você

Ale

Foto de Cecília Santos

Chove

Chove a chuva.
Chora e chove.
Chora lenta,sem parar.
A dor que ela sente,eu sinto.
Pois conheço seu pesar.
Chove a chuva.
Chove e chora.
Na vidraça à tilintar.
Chora o pranto de desgosto.
Batendo na vidraça até sangrar.
A chuva segue chorando,
querendo aplacar sua dor.
Enquanto meu peito dorido,não
suporta minhas lágrimas de dor.
Choro um choro sofrido e triste.
Juntando com as lágrimas do céu.
Que chora um pranto sentido,
igual à minha dor.
Chove a chuva.
Chora e chove.
Nessa tristeza sem fim.
Chorando vamos lavando, as dores
do nosso sofrer.

SP/05/2008*

Foto de GRAZVIE

PORQUÊ?


PORQUÊ

Porque partiste
O coração que te dei
Porque fingiste
Amar como eu te amei
Jogaste fora
O melhor que havia em mim
Que faço agora
Assim fugida de mim.


Desiludida
Sonego qualquer prazer
Maldigo a vida
Que por ti me faz sofrer
Choro a cantar
Na imensidão do meu quarto
Tento formar
O puzzle do teu retrato.


Trago no peito
O coração em pedaços
Ainda sujeito
Á poeira dos teus passos
Foste cruel
Destruindo meus ensejos
Sabem a fel
Os resquícios dos teus beijos


Não irás ver
As lágrimas no meu rosto
Vou esconder
Num sorriso o meu desgosto.
São os matizes
Dum sonhar que me conforta
A querer que pises
Os degraus da minha porta
Foto de Carmen Vervloet

Série Sete Pecados Capitais: Inveja

Mar por, frustração, revolto...
Ciclone que destrói o bem...
Mediocridade seu maior desgosto.
Não para... Vai sempre além...
Tsunami onde se misturam cobiça e desejo
que arruína, mata, devasta...
E se perde em seu adejo,
suicida-se na sua própria bravata!

Carmen Vervloet

Foto de Rute Mesquita

Lacrimosa

O meu olhar foca-se num ponto…
revivo todas as recordações…
sem o meu ‘eu’ dizer ‘estou pronto’
já eu deambulava por entre multidões…
Corro num olhar lacrimoso,
grito pelo teu nome,
soluço num compasso furioso,
que agasalha a minha fome..
Corro por gosto,
não me deveria cansar…
mas, canso este meu desgosto,
de por entre as trevas não te encontrar…
Onde estás?
Por e simplesmente desapareceste da minha vida…
Como fui eu capaz,
de um dia te ter deixado perdida?
Hoje… sei que não irás sequer querer ver
o meu vulto…
Hoje… sei que por mais que queira vencer,
estarei sempre de luto…
Eu sei, eu sei que é tarde demais
para pedir perdão…
mas, não deixo de ver sempre os teus sinais
de luz, na minha escuridão…
Lembro-me de cada pormenor…
quase de cada palavra…
lembro-me de sermos como irmãs,
lembro-me de rir, chorar, sempre contigo…
Mas, hoje somos apenas duas romãs,
em terrenos de outro amigo…
Continuo a deixar-te o céu por pintar…
continuo a preservar a tua lembrança,
e continuo a choramingar,
como se fizesse uma birra de criança…
Só queria que visses que hoje muito te tens a orgulhar,
só queria mesmo… era que não partisses,
antes de eu voltar…
Sem nunca estares solta no tempo,
sem nunca deixares de estar presente,
aqui te deixo um juramento,
de como tudo poderia ser tão diferente…
Sei que não irás ler as minhas palavras,
mas, se éramos assim tão telemáticas
aqui me refugo nas minhas macabras,
temáticas…

O meu olhar volta a mover-se,
acorda com o cair de uma lágrima,
eu só queria que este de novo se perdesse,
para feliz poder acabar esta rima.

Foto de Ilusionista

Descoberta

Para os que acham que são o centro do mundo.
E pensam que a beleza está acima de tudo,
Rogo para que se dispeçam
Destes sentimentos pobres e
Inconsequentes.
Minha vida mudou quando percebi isso.
E quando me dei conta de que
Uma coisa tão fugaz quanto a aparência
Seria uma saudosa lembrança em meu peito recalcado,
Compreendi que
A ilusão profunda chamada
Beleza, nos aliena completamente
E nos faz menos nós mesmos.
Leio essas palavras com um imenso desgosto.
O mesmo com que via minha adorável juventude se perdendo
Sem aviso e sem volta.

Foto de Carmen Vervloet

VAGANDO NO INFINITO

Minha alma foge de mim
e vaga por sobre o mar!
De mãos dadas com a brisa
afasta-se do meu olhar.

Eu, um trapo! Que contraste!
E ela menina a sonhar...
Pendura-se num raio de luar,
faz travessuras no ar!

Leva em suas feições a eternidade,
Linda! Parece miragem...
No infinito faz sua alegre viagem,
mas volta pra seu lugar.

Volta envolvida em pó de estrelas,
e eu que já nem mais queria vê-las,
coberta por migalhas de sol posto,
abro os olhos e transformo em versos
aquele plangente desgosto!

Carmen Vervloet

Foto de fisko

É Domingo!

Tive dentes para trincar o que é meu… E sentar-me-ia na cadeira de baloiço, escreveria no caderno de poemas que o meu avô deixou e mutilava-me mais ainda. O choro dos vizinhos agonia-me a lucidez, fere-me um pouco mais e faz-me perceber que, cada vez mais nos envolvemos em escolhas medíocres, falsas, fantasistas, incapazes de nos fazer render ao falhar.
Quase já não penso direito… Toda a ira dos meus anos foi esquecida por uma relação única e agradável, mas ridícula…
Tenho um desgosto amarrado à cinta, como uma daquelas bolsas de guardar tabaco e mortalhas aos menos lúcidos.
A vizinha de cima disse agora que não pode mais, enquanto um velho arrogante lhe diz frases em mau tom. Tal e qual versos… Eu não posso saciar o medo em versos ridículos. Até eu, que já de lucidez pouco me resta, até eu que pouco tenho de mim, até eu que não sei nada…
Estou a chegar ao patamar da estupidez, aquele onde se fica em casa a deprimir por um bocado, onde só se está bem fora de casa com alguém amigo e já nem isso chega, onde nem a dormir me esqueço do mal que pratico, do mal que é amar.

Eu não sei nada… E a vizinha chora, e a minha música toca alto, e atrás da cortina da janela vejo a estrada, e o tempo resume-se em tic-tac, já só passa num ápice e eu sem saber nada, sem o conseguir aproveitar por não saber nada.

Eu deveria fugir e resumir o que és numa folha e sempre que me sentisse estúpido, decifrava e voltava a ler mais uma e duas vezes, para me consumir de que não és boa pessoa, de que não és ninguém especial para mim nem para o meu futuro, de que já me fizeste mal suficiente para voltar a pensar em ti…

Vou só molhar os pés…

Foto de Carmen Vervloet

FALAR DE SAUDADE?

Se quiser falar de saudade
terei que voltar no tempo,
vou ter que retroceder na idade,
buscar guardado um antigo sentimento.

Momento sublime que ficou pra trás
plantado em segredo na terra do coração,
e porque não fui nem audaz, nem capaz,
perdi-o, num vacilo, em tumultuada estação.

Agora o procuro, com um nó na garganta,
chorando o meu amargo desgosto...
Não soube cultivar emoção tão santa
e só em lembranças vejo seu pálido rosto.

O tempo chora o desespero da perda,
gestos impensados de um coração imaturo
que partiu por um desvio à esquerda
em vez de transpor apenas um pequeno muro.

Hoje... já não há mais tempo para lamento,
a dor libera o açoite encharcado em agonia...
Na memória faço o meu acampamento,
busco num veleiro nebuloso, a perdida alegria!

Carmen Vervloet

Foto de fisko

Diário de inocência

Pouco se sabia dela. Era baixa, pálida, engraçada e reservada. O mundo tinha menos cor sempre que Jaime, o miúdo mais novo da família, ficava sem a ver.

Falava-me muitas vezes da tal moça, que esperava por ela no portão da escola, escondido, só para a poder contemplar de perto.
Um dia chegou-me a casa branco, mais branco que a farinha que sua mãe usava para fazer o pão. - Ela disse-me olá! - Bem, fiquei sem saber o que lhe dizer, como é evidente, mas logo apertei aquele pedaço de carne com uma máquina por dentro, a máquina que nos leva a gostar mais deste do que daquele sem que nos notemos, quase como dois organismos diferentes.
Abracei-o com tanta força que o pobre rapaz ficou assustado. - Que se passa António? Oh, oh! Larga-me! - E eu sorria tanto. Parecia que estava a abraçar-me a mim mesmo, o “eu” de quando tinha a idade de Jaime, o “eu” que amava tudo como a inocência dispunha.

- Oh rapaz! Então ela disse-te olá? E como foi? - Perguntei-lhe eu, como se já não soubesse da resposta prática.
- Bem, eu estava a jogar às escondidas, ela passou por mim e disse-me olá para que o Pedro soubesse que eu estava ali escondido. - Meio envergonhado e com cara de malandro, riu-se às gargalhadas quando me viu sorrir ao ouvi-lo.

Todos os Jaimes e Marias, ou Joanas, ou até donos dos nomes mais esquisitos acham piada a este "adorar" alguém quando se é pequeno.
E rimo-nos muito durante algum tempo. Se calhar o pequeno só se ria por aceitar o meu sorriso também.

Hoje já não sei o que é feito de Jaime. Já algum tempo se passou desde este nosso episódio épico. Nem sei se ainda se ri quando semelhante calha, só sei que dele já nada sei. Entretanto mudei-me para Lisboa e o rapaz lá ficou na pequena aldeia.

Quando somos pequenos é-nos tudo tão diferente. Ninguém nos legenda a vida para que percebamos logo as suas manhas (e também precisamos de nos cultivar um pouco).
Ah Jaime, relembra-me o tempo de que a alma se esqueceu. O corpo cá fica o mesmo. Envelhece, muda de cor, mas fica sempre o mesmo.

Jaime, dá-me o lume da leveza que é não ter preocupações.
Ah! Pudesse eu viver de novo e não me espantar sempre que alguma moça me diga olá, só para não provar o desgosto de uma paixão sumida.

Jaime, Jaime, relembra-me da felicidade que eu era.

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