O meu olhar foca-se num ponto…
revivo todas as recordações…
sem o meu ‘eu’ dizer ‘estou pronto’
já eu deambulava por entre multidões…
Corro num olhar lacrimoso,
grito pelo teu nome,
soluço num compasso furioso,
que agasalha a minha fome..
Corro por gosto,
não me deveria cansar…
mas, canso este meu desgosto,
de por entre as trevas não te encontrar…
Onde estás?
Por e simplesmente desapareceste da minha vida…
Como fui eu capaz,
de um dia te ter deixado perdida?
Hoje… sei que não irás sequer querer ver
o meu vulto…
Hoje… sei que por mais que queira vencer,
estarei sempre de luto…
Eu sei, eu sei que é tarde demais
para pedir perdão…
mas, não deixo de ver sempre os teus sinais
de luz, na minha escuridão…
Lembro-me de cada pormenor…
quase de cada palavra…
lembro-me de sermos como irmãs,
lembro-me de rir, chorar, sempre contigo…
Mas, hoje somos apenas duas romãs,
em terrenos de outro amigo…
Continuo a deixar-te o céu por pintar…
continuo a preservar a tua lembrança,
e continuo a choramingar,
como se fizesse uma birra de criança…
Só queria que visses que hoje muito te tens a orgulhar,
só queria mesmo… era que não partisses,
antes de eu voltar…
Sem nunca estares solta no tempo,
sem nunca deixares de estar presente,
aqui te deixo um juramento,
de como tudo poderia ser tão diferente…
Sei que não irás ler as minhas palavras,
mas, se éramos assim tão telemáticas
aqui me refugo nas minhas macabras,
temáticas…
O meu olhar volta a mover-se,
acorda com o cair de uma lágrima,
eu só queria que este de novo se perdesse,
para feliz poder acabar esta rima.