Descanso

Foto de Marilene Anacleto

Espelho

Engana-se o fotógrafo e a fotografia
Com sorriso aberto finge que sorria

O espelho, triste constatação
Rugas não esconde, não.

Aquela que é fotogênica
Que foi tão bem retratada
Parece que fez arte cênica
Usa até ficar desbotada.

Mas o espelho não tem mente
Nem fotografa na memória
Registra só o que reflete
Num instante daquela hora.

Minutos seguem, horas avançam,
Dias rápidos sem descanso.

Sobrepõem cabelos e faces
Já não se pode usar disfarces.

Mas os olhos, ah os olhos
Guardam da alma a singeleza
Do tempo que não passou nas horas.
Neles permanece a alegria e a leveza.

Qualquer olhar de setenta,
Cinquenta, oitenta ou cem,
Guarda na esperança da gente
A certeza de ter vivido bem.

Marilene Anacleto
Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em 20/04/07
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br/colunas/marilene/marilene.htm, em 13/11/03

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Última Cruz

Não foi o primeiro pai de família que existiu, nem o último que faleceu. Sua vida, assim terminada, refletiu a solidão que quer queremos ou não, nos faz sentir saudade, amor, essas coisas de gente viva. Deixou uma falta que não se sacia nos dias de finados, aniversários, missas de sétimo dia. Foi, e não voltou mais. Quem sabe um céu lhe aguardava.

Sua morte foi trágica, solitária, isolada. Ninguém deu-se conta de tanto, ou melhor, poucos. Seu corpo ficou ali, largado por dois dias entre o chão da cozinha e a entrada do banheiro, era uma casa de pobre, mas bem assentada, na periferia de uma cidade periférica. Morreu e o esqueceram, ali na sua morte. Houve um vizinho não se preocupou com sua recente podridão, razão de seu óbvio enterro.

Uma coisa deve ser explicada, para melhor entendimento do texto. Ninguém quer a morte. Ela é um processo doloroso, traumático. Não há um ser humano que não responda aos seu instinto de não sofrer, sentindo uma dor que só se apagar com a entrega ao sono final, o último descanso injusto ao redor que lhe agride, a última cruz que se carrega para se manter a existência.

Mas o mundo é um quente, corrosivo, oxigenado pelos ares das novidades. Não há lugar para o sofrimento eterno e improdutivo, ainda mais o próprio. Sua dor cessou, mas foi uma pessoa útil. Assim merece essa homenagem.

Foto de Marilene Anacleto

Dona de Casa

DONA DE CASA

Escancarei-me em sorriso.
São seis da manhã.
O sol se apresenta
Pela telha de vidro.

Um copo d’água,
Roupa bem surrada,
Grama cortada.

Para os cantores,
Banana e água,
Fresca e doce.

Às nove horas,
Café da manhã,
Bem preguiçoso.

E então o mar. O mar...
Transparente e calmo,
E a brisa a cheirar.

Tai chi, banho, tai chi,
Sol, frescor e paz,
Nos momentos que vivi.

Almoço? Dois pastéis
E um pouco de gelatina.
Descanso perna e pés.

Levanto. Cozinho, lavo
Louça, roupa, chão.
E o mar... transparente e calmo.

Ondas regulares faz
A maré baixando.
Corro ondas, mergulho paz.

Vento doido. Chuva, frio.
Cobertor de orelha.
Paixão. Aconchego.

Sonhos fluídos, coloridos.
Descanso da noite.
Acordo em sorrisos.

Marilene Anacleto
10/11/2007

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em 26/11/07
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br/colunas/marilene/marilene.htm,

Foto de Amy Cris

Reflexão mortal

Aqui, nas sombras de meus pensamentos
não encontro a razão de estar onde estou
A morte é o meu desejo final
é a chave que preciso para me libertar de minha fortaleza de medos e dor.

A vida é o impulso para o coração sangrar,
a morte é a doença a se cicatrizar
Se às vezes o sussurro do vento me traz o que quero esquecer,
o silêncio me faz sentir o doce sabor de morrer.

Morrendo aos poucos, é assim que estou
perdida na vontade de ter a felicidade ilusória
e fazer de meu eterno descanso liberdade e glória
que entre minhas lágrimas ficou.

Foto de Lefurias

Meu deitar, meu morrer

Quando me deito,
Já não é para descansar nem para dormir,
Deito na esperança de que Deus vai me levar,
Pra um lugar muito melhor: junto de ti.

De fato, essa vida tem sido exaustiva,
Rude comigo,
Vida amargurada,
Vida sofrida,
Mas isso não significa nada,
Não é isso que me faz pegar no sono.

Falso sono,
Porque enquanto eu durmo,
Vivo uma segunda vida,
Ainda mais duída,
Em outra dimensão.

O meu descanso mental é nulo,
Até que relaxo meu corpo,
Como um morto,
Em sua festa póstuma.

Assim, me sinto em meu couchão,
Como se trancado em meu caixão.
Sem saída, sem resolução,
Para os problemas da minha vida,
Que parecem não ter solução,
E que me deixam nesse momento sem chão.

Foto de Carmen Lúcia

Demo-nos uma pausa...

Inspiremo-nos no descanso divino,
sétimo dia da Criação...
Uma pequena e indispensável pausa
tão fundamental quanto
equilibrar razão e emoção
ou amar até perder a noção...

Ainda que a velocidade do tempo
nos conduza à contramão do vento
e nos permita driblar os contratempos,
pausas se interpõem nos caminhos
e se fazem taxativas, obrigatórias.
A noite é pausa para o silêncio,
a madrugada, para os sonhos,
o frio, pausa infiltrada pelo inverno,
a própria morte, pausa para o descanso eterno.

Sem intervalos a vida corre o risco de extinção.
Porém o desejo de não parar
faz do hoje, alienação,
e do amanhã, frustração,
onde o próprio ser não mais suporta
a falta de tempo e o vazio dos dias
a serem esquecidos,
não fossem os retratos a revelar
lembranças de uma espera malograda,
não relatada, pra não se humilhar ao próximo.
Pausas são preenchidas pela internet e tevê,
que fazem companhia à insônia,
deixando solitário quem dorme.

Sem uma parada a vida corre rápida,
hábil e eficiente,
porém sem perceber a paisagem que passa
e o futuro a se confundir com o presente.

No descanso do sétimo dia
Eis a pergunta que estribilha:
“O que vamos fazer hoje?”
E com certa ansiedade,
sonhamos com uma longevidade
de muitos e muitos anos...
sem nos conscientizarmos com os danos
de quem não sabe o que fazer
numa tarde de domingo...

_Carmen Lúcia_

Foto de betimartins

Eterna magia deste amor...

Eterna magia deste amor...

Viajei na saudade, enternecida
desse teu belo amor que é só meu
que me deixa viver plena de alegria
feliz, leve e apaixonada...

Quando escuto a tua voz
tudo muda, transforma,
o mundo ter mais cor e vida,
renasce de novo a esperança...

Chegas de mansinho, devagarzinho
abraças ternamente, sorrindo
beijas meu rosto, afagas os cabelos
repetindo baixinho, tu és o meu mundo...

Eu fico grata por mais um momento
que vivo neste mundo, momento mágico
onde a magia, tem uma porção de amor...

O coração bate acelerado, bem apressado
sedento de ti, dos teus carinhos, do teu cheiro
desse teu corpo junto ao meu, onde a magia
tem um toque bem aveludado do nosso amor...

Nestes meus olhos, olhando os teus
entro na tua alma e vejo que não existe
ninguém no mundo que possa nos separar
somente a morte, dará momentos de descanso...

Esta eterna magia deste nosso amor
jamais será apagada das paginas da vida
ficará descrita, em belas palavras
fazendo das memórias a bela poesia...

Que um dia será recitado, por todos os apaixonados
cantada pelos cantores, talvez um seja um fado,
um belo filme, gravado nas fitas do cinema,
sendo imortal como este amor...

Betimartins

Foto de Vágner Dias

Em seus olhos negros

Em seus olhos negros
Que vejo a beleza da tua alma
Em suas pupilas é que se esconde
Algo sem palavras, inexplicável
Olhando em teus olhos
Os Deuses me recita poemas
Me conta prosas em contos
E ensina a respirar outro ar
Seus olhos negros escondem
Um segredo a mostra
Uma pergunta com resposta, exposta
Aos Deuses é bom e me permite observar
Assim tudo se encaixa
Como se eu fosse personagem
Vivo em um conto de amor
Vivendo soluções sem limites
Em um mundo limitado
E sonhos intermináveis
Em meio a tantos pesadelos
Em seus olhos
Descanso meu pensar.

Foto de CarmenCecilia

CHÁCARA JARDIM DO ÉDEN ( O PARAÍSO EXISTE )

CHÁCARA JARDIM DO ÉDEM

O paraíso existe... Que encanto!
Visitei cada recanto... Desse pedacinho do céu
Pinheiros abrem alas... Mestre salas da entrada
E uma brisa perfumada... De flores em profusão
São como um clarão... Enlevam-nos e levam
Para um mundo de sonhos... A casa aconchegante
De cômodos amplos como se aguardando a gente
Ah! A cozinha... Com aquela mesa enorme
De enormes reuniões...
Culinária de todos os sabores... Aromas onde a emoção
Dá cor, sabor e o tom... Mescla de dons...
Dali e do barzinho... Um cantinho especial
Avistamos a piscina... Nas azuis águas
Quantas risadas... Brincadeiras! Recordações!
E o relax tão esperado... Descanso! Paz!
E depois de tanta água e sol... Mais abaixo...
O campo de futebol...
O gramado bem cuidado... Para as peladas afinal!
E com a emoção tabelamos com o time do coração!
Prosseguimos e através de uma pequena trilha
Vamos caminhando até a represa.
Deparamos de repente...
Com coqueiros, abacaxis, mangas, limões
Laranjeiras, a parreira de uvas carregada
E plantas exóticas embelezam a caminhada
A natureza aqui se fez faceira... E se revestiu de beleza...
É de prender a respiração... Todo esse paraíso...
Tão bem sortido... Traz um misto de sensações
E boas vibrações...
Na volta avistamos o João de Barro...
E uma borboleta pousa na minha mão
Então pensamos... A natureza tão bela
Esse sossego e gozar desse privilégio
Só pode ser um bom presságio...
E como adivinhando o pensamento
Um arco-íris embeleza o céu...
E faz realmente pensar que no seu final
Há um pote de ouro...
Aguardando-nos com seu tesouro...
Agora aqui da rede observamos tudo...
E assim renovados... Maravilhados!
Reconstruímos nossas forças para voltar
E a rotina do cotidiano enfrentar...

Carmen Cecília
02/01/2011

PS: Dedico esse poema ao meu cunhado Claudio in memorian..., foi quem idealizou e construiu esse recanto mágico...e agora no dia de hoje nos deixa muitas saudades...( 18/08/2011)

Foto de Amy Cris

Adeus

Quando esse pesadelo terá um fim?
Não consigo nem ao menos respirar em paz
Sua presença me persegue como um fantasma
Por onde quer que eu vá
Sua imagem atormenta meus sonhos
Que já não eram bons
Se eu não suportar a dor que você me causa
E souber que a culpa é sua
O que irá fazer?
Talvez seja melhor não fazer nada
Se em breve eu morrer
E eu vou
Quero que deixe libertar-me de você
Sem sua interrupção
Já me basta ter tido uma vida desgastante
Com e sem você
Não preciso que atrapalhe meu descanso eterno também
se não há possibilidades de viver feliz ao seu lado
só me resta esperar
mais um pouco
E morrer
Pois não tenho medo de dormir para sempre
Adeus
Não digo que assim será melhor
Mas preciso partir
Não te peço que me acompanhe
Pelo contrário
Quero que viva bastante
Para que sofra mais que eu
E se achar que não tenho razão
Lembre-se que um dia
Você poderá estar em meu lugar
E ao cansar de chorar
Desejará morrer assim como eu
Para me sentir livre de você.

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