Engana-se o fotógrafo e a fotografia
Com sorriso aberto finge que sorria
O espelho, triste constatação
Rugas não esconde, não.
Aquela que é fotogênica
Que foi tão bem retratada
Parece que fez arte cênica
Usa até ficar desbotada.
Mas o espelho não tem mente
Nem fotografa na memória
Registra só o que reflete
Num instante daquela hora.
Minutos seguem, horas avançam,
Dias rápidos sem descanso.
Sobrepõem cabelos e faces
Já não se pode usar disfarces.
Mas os olhos, ah os olhos
Guardam da alma a singeleza
Do tempo que não passou nas horas.
Neles permanece a alegria e a leveza.
Qualquer olhar de setenta,
Cinquenta, oitenta ou cem,
Guarda na esperança da gente
A certeza de ter vivido bem.
Marilene Anacleto
Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/ , em 20/04/07
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br/colunas/marilene/marilene.htm, em 13/11/03