Caos

Foto de Andre Luiz M Brum

Soneto da Criação

No universo, duas forças desvairadas
Que se encontraram se contorcem, os ventres nus,
Numa hecatombe colossal em meio ao nada
E de repente no universo fez-se a luz

Na esteira desse enorme turbilhão
Dejetam mundos orbitantes e febris
Numa profusão de planetóides infantis
E deu-se assim por encerrada a criação

No universo paralelo de teu quarto
Uma outra hecatombe se inicia
Eu planto a luz no teu ventre, “caos fecundo”

Criando assim também nos dois, o nosso mundo
E de repente onde era noite fez-se o dia
E fez-se a nós dois seres nus, num mundo em parto.

BRUNO

Foto de Bruno Miguel Resende

Sacrificações

Uma eternidade passou,
desde que bradei aos céus o teu nome,
dilacerado em tempestades e ciclones,
nunca a tua voz ecoou,
semeio a revolta e os turbilhões,
o caos e os tufões,
nada em mim se preserva,
o que nunca foi meu nunca o será,
a minha vida já não se conserva,
golpeio e lincho as emoções,
salpica sangue das minhas sacrificações.

Uma eternidade passou,
desde que clamei aos ventos o teu perfume,
as tuas fragrâncias nunca estiveram em mim,
lacrimejei e gritei no tormento que se instalou,
promovo genocídios e frustrações,
a demência das dilacerações,
não me sinto em vivência,
o que nunca foi meu nunca o será,
anseio a destruição da minha essência,
abafo e mortifico as minhas sensações,
esguicha sangue das minhas sacrificações.

Tormentos que chegaram,
e para sempre ficaram.

Aflições que corroem,
e para sempre me destroem.

Suicídio que finda o meu suplicio,
derrama sangue do meu sacrifício.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"ORAÇÃO POR TODOS NÓS"

“ORAÇÃO POR TODOS NÓS”

Meu Pai peço por mim e pelos meus...
Cuide do Sr. João, nosso padeiro, que todas as manhas
Enche nossa mesa com o carinho de seus pães...
Peço também pela família do Sr. Higa, o feirante que abastece
Nossa dispensa...
O Sr. Ferreira dono do mercadinho que complementa nossa
Dieta...
O Paulão e sua equipe são os garis da minha rua, sem eles,
Com certeza nossa vida seria um caos...
Ao Ricardo carteiro nosso anjo das boas noticias...
A Maria um doce de mulher que mantem nossa bagunça arrumada...
Ao Sr. João nosso vizinho, sabe aquele que tem um cachorro chato,
Mas que é um eterno guardião de nossas casas...
Ao Sr. Olegário, aquele que vez ou outra entende nossos apertos e paga meus cheques, mesmo sem saldo...
Ao Luiz, aquele amigo chato, mas que sempre esta presente pronto
A ajudar...
Ao Coelho meu quase irmão, tão carinhoso com todos nós...
A Nê meu amor que fala comigo sem sequer abrir a boca...
A minha mãe, aos meus filhos, aos meus netos, a meus primos, tios cunhados, cunhadas, sogras, sogras??? Sim, tenho duas, uma ex e outra atual, excelentes pessoas, a minha ex-mulher, a todos meu Pai, proteja com seu manto sagrado, que a melhor fatia do bolo seja dividida quantitativamente a eles, que o melhor dos sentimentos seja atribuído a todos eles, que todos sempre gozem de uma excelente saúde...
E a todos de POEMAS DE AMOR, meus mais novos amigos, meu Senhor, dê saúde, paz, tranqüilidade e que permaneçam com esta habilidade de escrever o amor em toda sua plenitude, no mais meu Pai, devo agradecer por tudo que sou e consegui nesta minha vida!!!

Foto de Raiblue

Liberdade ,ainda que poesia!

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Coágulos de pensamentos
Explodem na noite sanguínea
Derrame de desejos
Inferno no peito
E uma dantesca solidão...
Da janela, aguardo um cometa
Qualquer coisa
Que não me submeta
Que me salve de mim...
Hoje não quero me enfrentar
Quero somente transbordar...esvair...
Consentir todos os delitos
Ser o poeta maldito
Cuspindo as dores
Nos bueiros da carne
Hoje quero me prostituir
Sem cobrar nada
Hoje me dou de graça
Sem medo do gatilho
Da manhã seguinte
Hoje eu atiro na vida
E renasço livre
Do tédio dos dias
Dos remédios e horários
Dos medos diários...
Quero uma overdose de delírio
Tocar o nirvana dos meus sentidos
Num trance ... drum’bass
Ou qualquer ritmo...
Só por hoje, aborto a culpa
Corro o risco da inquisição
Atiro-me na fogueira
E mordo as estrelas
Lambo cada ponta
Meto a língua no meio
E a palavra cadente
Desafia o caos!
Goza o céu...
Gozo eu...
E o universo inteiro!
Partículas de versos
Orvalham a madrugada
Puro néctar...
O último gole de vodka
A última gota de poesia...
Enquanto o dia nascia...

(Raiblue)

Foto de Mentiroso Compulsivo

O CAOS

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O meu corpo feito de água transparente,
vinda da nascente do sol em asas de condor,
caminha pela aurora da lua ingente e brilhante.
Causando tempestades de sol revoltas nos oceanos,
a fazerem a ponte entre a terra e o paraíso,
envolta em infernos de chamas feitas de cinzel.
Levado pelo pecado que tenho da sede de cinzas
que rebentam da fonte seca do meu coração.
Sucumbo à luz do dia e desfaleço no luar da noite.
Caminho errante durante todos estes anos de vida.
Não vejo, não sinto nada o que os devotos contam.
Só nestas palavras encontro uma morada de harmonia,
um abrigo diferente do nada, onde procuro o refugio,
dos vapores inflamantes que corroem em meu corpo.
Ticões crepitantes e ardentes a queimarem a fina teia,
com que ela bordei as nuvens do caos de peso inerte,
para fazer o filtro da discórdia entre a luz do sol e da lua.

© Jorge Oliveira

Foto de JGMOREIRA

AINDA LEMBRAS? II

AINDA LEMBRAS? ll
RRR

Minhas desesperanças são vagos lumes
Na mata fechada sem alumiar nada
Além dos passos que dou, morta de cansada
Alpinismos milimétricos
Verminais gostos inodoros da tua saliva
Visual insípido aos teus olhos cépticos

Não sou nem o riso ou a dor
Comumente transparente em seu dorso
De suor no ato da falta de amor
O lirismo acabou?
Não incubou em teias de aranha na alma
Satanás ainda batendo palmas
Cristo se envergonha e chora
Vês? Todas as lágrimas transbordam

Não te espero mais na calçada
Não ando descalça nem sou sem graça
Policiais policiam meus fatos típicos
Feriados singulares, coincidentes
Sem reincidência, coerência, decência

Onde andamos nós que ficamos tão sós?
Velhos jovens loucos sãos e de antemão, contraceptivos
Canto mas nada entoa
Falo mas nada em ti ecoa
Grito sem orgasmo
Só doloroso espasmo de músculo contraído

Onde fugimos de nós?
O hoje se masturbou no ontem
Lançou sêmen morto no amanhã
Que nasceu à noite
Abortou a tarde
Enterrou uma manhã pálida
Do dia ofuscante já morto

Não consigo estremecer perante o medo
Nem tenho medo perante o ladrão
Não há roubo. Só roubados
Não consigo aspirar e expirar
Os hélios ou helênicos que respiras
A mim não concedo o pão do Senhor
Não prossigo que a escada encaracolou
Submergiu no teu rodamoinho

Essa vida toda contida na cabeça de alfinete
Esse teu congelo e degelo, setenta quilos
De pedra e sub sal.
Meus afagos desafogam energias nucleares
Em homens que encontro nos bares
Acordando em camas alugadas
Faço amor sem amar, dando sem entregar
Essa imaginaria guerra real se prolonga
Ao som de tambores e caças
Submarinos submergem à minha aparição
Sou o front, o desalinho da tropa dispersada
Na tua farda mal amada, branca de medo

Somos as engrenagens enferrujadas das máquinas
Gosto ácido de azia que corrói o estômago
Espinho na pata do leão; Paleótipo vazio
Puro som de grito abafado na fronha usada
A caldeira do diabo a que me atiraste
Harpa de archanjo que jamais ouvirei
Depois que meu Deus passou para o terno e gravata
Cabelo cortado, ar compenetrado, empresário de almas

Correria se tivesse pés
Falava se houvesse voz
Amaria se meu coração não estivesse partido
Fragmentado em dor atroz
Amaro amargo, Cinzano
Corte de fazenda barata
Peso perdido na balança desregulada

Acima de tudo, quero amar
Projetar-te em outro corpo
Que seja meu, meu de tudo
Para amar essa parte tua
Como nunca pude te amar
Que não deixarias
Sem mágoas nem angústia
Nem caos nem paz

Ainda te perpetuo
Teimo contigo no meu peito indeciso
Incoerente
Ainda te sinto apesar do tempo cretino
Que só sabe medir distância
Sou o nãoseioquê na tua vida
Talvez, teu olho cego, um sonho teu
Despertado
Armário de respostas que não abres
O porto seguro no qual atracas após
A deriva diária
Um vício, mania de criança
Algo em alguém destemido
A força fraca de ser valente
Encarar e debochar da vida
Chamar homens de meninos
Rir dele e fazê-lo crescer
Estacionar o trem do tempo
No garimpo do sentimento
Carregando a bateia para te achar
Ou achar uma pedra preciosa
Não mais a rosa fria, cadáver de flor
No que esse amor me tornou

Talvez, seja só meu esse amor...

Outro dia/1979

Foto de Raiblue

Palavras úmidas

.
Somos ilhas
Que sonham continentes
Avançamos entre as marés
Do corpo e da vida
Línguas remam
Destroem as rimas
E os costumes
Queremos liberdade!
Boca na boca
Línguas no céu
A descobrir estrelas
A traduzir desejos
A produzir saliva
Para nós bebermos
Brindando com arte
A festa da carne
Na poesia viva
Que escorre
Entre as pernas
E na saliva
Palavras úmidas
Feitas de gozo
E de sangue
Do amor mais devasso
Nascido no asfalto
Nos desertos das cidades
Quando minha flor se abre
E jorra o néctar
A correnteza leva a pedra
Do meio do caminho
E por alguns minutos
Não estou sozinho
E há paz no caos!

(Raiblue)

Foto de diny

NOS GRANDES MARES DO IMPOSSÍVEL

NOS GRANDES MARES DO IMPOSSÍVEL

Nos grandes mares do impossível,
sonhos são perdidos,
sem consolo e sem alívio
em dor inamovível
pálidos vagueiam entre lágrimas,
soluçantes, exaustos, agoniados,
sufocados,
por silèncio insensível,
sob o caos sem sentido,
da ausência de um amor
que nessa vida não cabe,
é impraticavel,
e não existe,
-não existe?!

Ah...
Na calada da vida,
a adorável face desse amor,
perdida entre brumas,
nas espumas dos pés-no-chão,
e a lassidão tão sofrida,
das horas secas e tristes,
dessa ausência que me doi; habita,
e essa distância que insiste,
com devoração à inocular-me desesperânça.
Anjo meu; que se me amasses,
não suportarias, meu coração sem asas,
pesado e cansado,
dessa vida sem ti.

Mas alçar vôo e seguir-te:
-sem chances!
não fazes caso nenhum...
E a alma se me rasga
em gritos dentro de mim,
gritos que tateiam gritos
que dizem:Mas, meu amor é uma ilha
perdido e louco,na amplidão de um mar-sol
onde o sol-pôr,
não mdeixa marcas,
porque brilha infinitamente.
E irresistível fascinio exerce,
espargindo luz suavemente.
É meu Anjo que sorrir,
e meu amor cresce em amplidões azuis,
qualquer coisa indizível,
feita de ânsia e alma!

Diny Souto

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"ILUSÕES!

“ILUSÕES”

Pensei que era possível...
Mas me decepcionei...
Ao tentar ser razoável...
Muita lagrima derramei!!!

Procurei os meus castelos...
E não posso diser que os achei...
Procurei a mulher dos meus sonhos...
Mas não a encontrei!!!

Andei pelas ruas do futuro...
Mas só tropecei...
Vi-me sozinho em cima do muro...
Entre todos os fantasmas que eu mesmo inventei!!!

Chorei lagrimas sentida...
Da farta invenção da mente...
Olhei para o caos da minha vida...
E me senti doente!!!

Arrependi-me das ilusões...
Desculpei-me com o passado...
Abandonei as decepções...
E acordei de fato!!!

Foto de Mentiroso Compulsivo

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA

Agora que deste lugar parti
Como dói a ausência do nada
Como é triste sentir-me assim
Neste silêncio oco e desumano!

Trago comigo apenas a lembrança
Do enlaçar das mãos dos momentos passados
Nas teclas pousadas no meu teclado
Dos meus dedos, na noite tardia, cansados
Soltando palavras ao vento por entre o lamento
Dos amigos que aqui criei e deixei
Como quem acaricia duas pétalas de rosa
Manchadas de rubra cor, na manhã silenciosa.

Ah…! Como a noite pesa e não passa,
Como dói o imenso vácuo dos sentidos
Que aos olhos cansa e aos ouvidos ensurdece,
Que estraçalha os nervos rendidos
E dá vida e voz ao irreal que permanece…!

Se soubesses voz daí…
Se pudesses sentir a marcha cansada
Do silêncio escorregando nos degraus da escada!
Se pudesse ouvir o diálogo absurdo entre mim e ele
Ele, ele silêncio doloroso e lento
Que vem abraçar agora o canto a onde me sento
E povoa de rumores trágicos e cores de verde fel
As sombras mortas-vivas talhadas sem cinzel!

Das paredes húmidas escorrem pesadelos
Flutuam mistérios em cada canto,
Espíritos tristonhos vagueiam errantes
Voláteis, etéreos, sinistros, ululantes
Em risadas escarninhas de timbres funéreos.

Lá longe, na praia
O som cavo da onda desmedida
Emudece o grito metálico da ave ferida
E o uivar dos cães nesta noite fria

Já não sei
Já não consigo diferenciar o real da Ilusão:
- Egoísta, reparto comigo o caos
Buscando refugio onde não existem laços
Numa voz gelada, oca e vazia

Áh… ! Como queria sentir de novo
O calor das palavras que me faltam agora
Mesmo quando ninguém está aqui comigo!

As horas vão passando, amargas,
Marcadas pelo tic-tac do relógio
E lá fora
Embalado pelas copas das amendoeiras
O nevoeiro agita-se
E descobre o desenho informe
Numa nuvem perdida na maré doirada
- Eu te saúdo nuvem alada, mensageira
Que anuncias risonha a chegada
Duma nova e sempre querida madrugada.

Jorge Oliveira

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