Blog de Sonia Delsin

MÃOS PERIGOSAS

Elas percorrem
minhas estradas.
Tuas mãos
são
aveludadas.
Tão macias
e
deliciosamente perigosas.
Como são
Gostosas!

HÁ FOGO NOS MEUS OLHOS

Dizes.
Tens um olhar...
... De matar.
Neste fogo quero me queimar.
Se te permites... ah, eu deixo ele te incendiar.

ESTENDO MINHA MÃO PRA TI

Eu vi no teu olho fundo...
Eu vi no teu olho fundo,
toda tristeza do mundo.
Pareces um barco soçobrado.
Te sentes tão abandonado.
Ó, amigo meu.
Não te entregues.
Navegues.
Neste mar imenso.
Entrego-te meu lenço.
Enxugue esta lágrima.
Levante a cabeça, empine o peito.
Sacuda o pó.
Não estás como dizes tão só.
Vamos caminhar, conversar.
Tenho algo a te contar.
Lá distante, no horizonte existe mesmo o pote de ouro.
Existe o tesouro.
Sabes o que é?
É uma coisa tão simples.
Amigo, é a fé.

A DOR DA FERIDA

A partida deixa a dor da ferida.
Não deixa o vazio.
Existe o chorar por quem partiu.
Existe a dor.
Existe a ausência.
E o tempo.
Não existe o vazio.
Existe a dor da ferida.
Existe o eterno momento da partida.
E em contrapartida.
Existe.

OS DEDOS DO DESTINO

Tínhamos que nos encontrar.
Os dedos do destino tracejavam.
Nas cortinas do infinito rabiscavam.
Nossos nomes juntinhos.
Uma vivência?
Um tempo?
Uma experiência?
Que posso dizer de nós?
Que somos lindos?
Que estamos prontos?
Posso dizer que nos encontramos.
Que caminhamos...
Talvez buscando uma estrela longínqua.
E o brilho dela está sendo a razão de nossos dias...

UM ANJO QUE PASSOU...

Ele sobrevoava o jardim...
O pequeno jardim.
No meio das flores uma rede armada.
Um rosto sofrido.
Uma alma machucada.

As lágrimas desciam mansas.
A tarde quase que se arrastava.
De dourado o horizonte tons lilases tomava.
E acinzentava.

Ela se levantou.
A rede desarmou.
Cuidadosamente dobrou.
Na casa entrou.

O anjo que por ali passava ela nem notou.
Mas ele a tocou.
E sua vida mudou...

NAMORAR

Tão bom namorar.
Abraçar, te beijar.
No teu ombro deitar.
Tão bom te amar.
Tão bom namorar.
Tão bom...

NA TARDE

Na tarde quieta eu espreito.
Trago ar pro peito.
Na cadeira me ajeito.
Penso.
Reflito.
No sentido.
Da vida o sentido.
Sufoco meu grito.
Ó, infinito!
Ó, infinito!
Tudo é tão bonito.
Tão bonito quando eu vôo e penso.
Quando repenso.
Na eternidade sou um ser suspenso.
Tudo é tão perfeito.
E bonito.
Sou uma partícula aqui e uma pensante.
Vivo outra vida além dessa que sou obrigada a viver.
Vivo uma outra, muito, mas muito mais interessante.
A vida do pensar, do voar, do imaginar.
Sou feliz. Vivo assim... a poetar.

TEU CALOR, AMOR

Quando tua boca quente na minha se encosta
encontro a resposta.
É tanto desejo.
Anseio pelo teu beijo.
Vem, amor.
Vem me trazer teu calor.
Desliza os teus dedos no meu corpo.
Vem.
Vem me convencer.
Que o tempo não está a correr.
Que ele está estacionado.
Parado.
Paralisado.
Assim.
Tua boca na minha.
Nas cortinas do infinito quero este momento bonito...
eternizado.
Sempre serás o meu amado.

DORMI NOS TEUS BRAÇOS

Como esquecer que dormi nos teus braços?
Enlaçados.
Dois enamoradas.
A tarde avançava e nós ali.
Despidos.
Esquecidos.
Do tempo e da hora.
É a lembrança que me traz alegria... agora.