Blog de Paulo Gondim

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Infinitamente

INFINITAMENTE
Paulo Gondim
28/04/2010

Desnudo-te com meu olhar sutil
Com investidas bruscas, incontidas
Rebusco meus sinais, em forma vil
Disfarço, camuflo-me em outras vidas

Penetro em tua carne, como parasita
Ponho-te inerte, como vírus fatal
Que se aloja, como nefasta visita
Ausência do bem, presença do mal

Faço, em tua pele, cicatrizes fundas
Marco teu rosto, deixo-te à sorte
Desejo-te, com vontades imundas

Tomo as rédeas, encontro teu norte
Faço-te mulher, mostro-te a vida
Amo-te infinitamente até a morte

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Cada traço

CADA TRAÇO
Paulo Gondim
27/04/2010

Disparas em mim todas as flechas
Desarmando todos os cupidos
Faz- me teu alvo, não me deixas brechas
Acertas-me em pontos escondidos

E por mais que eu corte as amarras
Teus tentáculos em mim se multiplicam
E sulcam minha pele como garras
Em feridas que nunca cicatrizam

Em gravuras de tantas tatuagens
Muito de ti se molda em cada traço
Cravado a sangue em cada braço

E na dança sutil dessas imagens
Anjos cupidos vêm do céu
E vestem tua nudez em fino véu

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Casualidade

CASUALIDADE
Paulo Gondim
12/04/2010

Poucos e breves momentos
Tudo o que a vida nos reserva
Aguardados, esperados
Ansiados, depois de longa espera

São instantes raros, únicos
Desses que o tempo não consegue apagar
Um pequeno gesto, um olhar insinuante
Uma janela que se fecha, uma cortina entreaberta
Tudo conspirando com sensualidade
Aproveitando a casualidade
E você se expõe serena, ávida de beijos,
Em leves toques de suavidade

Aí, navegamos em pensamento
Cada gesto imaginário vai longe
Transportam-nos para outro universo
Nuvens mostram suas curvas sinuosas
Nas quais me perco e fico inerte
Arrisco um rabisco no meu verso
E na sua volúpia tão intensa
Vejo-a, ali, à minha frente
Na dança suave dos véus
Entre anjos de outros céus
No calor de seu corpo quente

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Cruzes do Sertão

CRUZES DO SERTÃO
Paulo gondim
09/04/2010

De quem é o abraço das cruzes dessa estrada?
Cruzes tortas, velhas, abandonadas
Perfiladas em espaços longos, pontilhadas
Como marcos de vidas sacrificadas

Cada uma carrega a dor e sua história
De quem por aqui viveu, embora pouco
Pois, no Sertão, viver é tarefa inglória
Quem não morre cedo, acaba louco

E nos braços rotos dessas cruzes tortas
Um galho de ramo alguém lhe oferece
Aliviando a dor de memórias mortas

Quem passa por elas logo se faz em prece
Em saber que ali se fecharam muitas portas
Na certeza de que essa dor é o que mais cresce

Da série: “Era assim, no Sertão”

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O homem e a seca

O HOMEM E A SECA
Paulo Gondim
28/03/2010

Lavra-se a terra, mas nada se tira
Escava-se o chão, desperta-se a ira
Abre-se a cova, sob um sol em pira
Semente não nasce e o homem suspira

O filho chora como fome
O sol queima o resto da fé
A escassez tudo consome

A chuva se esconde, foge a esperança
Nenhuma espiga, nenhuma batata,
Só a terra seca se apresenta farta
A barriga ronca, as tripas afinam
O céu azulado, assim, não tem jeito
A chuva não vem, não se Lavra o eito

Dispensa vazia, fogão apagado
Um filho pequeno, num canto calado
De olhos tão fundos, corpo “esqueletado”
O ventre crescido, joelhos dobrados
E a fome maldita tem todos tomados

E o homem, antes, forte, já desesperado
Olha para terra, seu berço sagrado
Que não quer deixar, mas se vê forçado
Pergunta-se a si , não muda, é castigo
E pensa consigo, está tudo acabado...

É a praga da seca, prenúncio do mal
A ninguém perdoa, idoso ou criança
Não faz distinção de classe social
E sem ter saída, o homem em andança
Deixa sua terra, se põe a fugir
Não há mais espera, não sabe aonde ir,
Morreu a esperança, nada mais resta ali

A seca, sem dó, volta tudo ao pó
E no caminhar, vêm muitos atrás
Tudo ali ficou, os sonhos, os risos
Tudo esturricou, só se vê prejuízos
Até o chorar é um choro seco
No rastro da fome, muitos já se vão
Em cima da morte, em busca da sorte
Num resto de vida, à procura do pão

E só vão os homens, as mulheres ficam
Viúvas da seca, de maridos vivos
Só elas com os filhos, cada um mais franzino
É assim sua sina, é assim seu destino

E quem parte da terra, em busca de achar
Ao menos comida para fome matar
Se atira no mundo, sem nada no bolso
Sem nada no bucho, sem nada na mão
A seca terrível, que assola o sertão
Expulsa o roceiro sem nada levar
Somente a esperança de um dia voltar.

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Lições

LIÇÕES
Paulo Gondim
25/03/2010

Vendo-me, assim, logo penso
No que fiz ou deixei de fazer
Embora persista meu transparecer
Falta-me um elo de bom senso
Se pouco fiz, menos terei por merecer

São velhas lições da vida
Filtradas pelo tempo
Das lutas, da marca em cada chaga
Resta-me a resignação, como paga
Aceitar o que me foi deixado
Perdido, esquecido ou conquistado

E no lento caminhar dos anos
A pressa já não se faz presente
Mas há de se plantar a semente
Do pouco de bom que se fez
E se puder ver o fruto crescer
Não terá sido em vão o viver
Certamente alguém virá colher

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Fotografias

FOTOGRAFIAS
Paulo Gondim
22/03/2010

Vendo-te assim, admiro
Teus traços de uma beleza discreta
De fina sensualidade
Alma bela, irrequieta

Teu olhar distante, me fascina
Quantos segredos guardados
Em cada gesto na fotografia
Quantos mistérios
Quem os decifraria?

Revejo-as uma a uma
Garimpando em cada detalhe
Desse olhar que tanto me intriga
Quantas incógnitas me oferecem
Essa curiosidade que me instiga

Aos poucos descubro belos traços
Na beleza sutil e sedutora
Na leveza dos gestos
No desejo da busca, do encanto
Que mostram cada fotografia
Vejo-te nelas, sem ter-te
E nelas, tenho tua companhia

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Fantasia

FANTASIA
Paulo Gondim
16/03/2010

Um pensamento distante
Uma lembrança que se perde no tempo
Uma vontade contida, que amarga
Um aperto, um nó no peito
De longe, uma possibilidade
Um lapso de sonho desfeito
Tudo me leva à tua saudade

Os dias não parecem os mesmos
E árvore da janela pouco balança
Tudo silenciou com tua ausência
E aos poucos me vem a impaciência
Desejo-te, mesmo sabendo em vão
Meus olhos te procuram
E sinto o leve toque de tua mão

É assim que me sinto sem ti
Como noites longas de inverno
Um inverno que nunca chega ao fim
Nem o outono de tua lembrança
Aplaca o frio de minh’alma vazia
Morre em mim um resto de sonho
Desfaz-se aos poucos minha fantasia

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Incógnitas

INCÓGNITAS
Paulo Gondim
12/03/2010 desfraldado

O que sou? Senão esse ser inacabado?
Exposto ao destino
Num barco desgovernado
Que se joga ao mar, desfraldado
Diante do mar, um ser pequenino?

E o que é a vida? Ah, a vida...
Esse mistério indecifrável,
Ora se faz calma, ora perdida
No seu andar incansável...?

E o que é o tempo? Senão nossas marcas?
Das dores diárias, do sofrer calado
De nossas angústias, de nosso pesar
E o tempo passa. Impossível contê-lo
Impossível não vê-lo
O tempo nos cobra no seu caminhar

E o que é o sonho? Ah, o sonho...
Resumo de tudo. Um ponto no escuro
Que nos contraria
E em cada porfia, mais um desafio
Esfola-se a alma, rasga-se o brio
E o homem só, na sua utopia
Pergunta a si mesmo, na sua procura
De que vale a vida, de que vale o tempo
Se o que só lhe resta é sua loucura?

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Sonhos

SONHOS
Paulo gondim
26/02/2010

Será que ainda tenho direito a sonhos?
É possível. E você faz parte deles
Chegou de surpresa, parou o tempo
Fez gentilezas, abriu um sorriso
E me mostrou o paraíso

Ah, como e bom ter você!
Eu me lembro bem.
Quantas angústias, decepções
Lágrimas perdidas, tantas emoções
E a menina indefesa, insegura
Na sua doce amargura
Corria para mim
Simples criatura
Pura e doce como flor de jasmim

E na minha indiferença, fingia
Apenas fingia que nada via
Embora me custasse a vida
Morria por dentro em vê-la tão triste
Sem saber o que fazer, apenas ouvia

Hoje, reaparece alegre, feliz, realizada
A vida lhe foi amiga, sente-se amada
Olha para mim e abre os braços
Sinto seu perfume em seus abraços
Esquecemos dos anos, sem nenhuma virtude
E revivemos, juntos, nossa juventude!

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