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Flores mortas,
Flores tortas,
As que batem
Na nossa porta,
Querendo ajuda,
Pedindo alimento.
Nada lhes importa:
São flores mortas.
Foi-se a dignidade,
Foi-se o medo
Do cão que ladra,
Do irmão azedo
Que o atende com asco
E os afasta e os rejeita.
Nada lhes importa:
São flores desfeitas.
Aos nossos olhos,
Meros frangalhos,
Esfarrapados,
Nos incomodam.
Pedem esmolas,
Nos atrapalham.
Do céu são anjos,
Oportunizando-nos
A caridade.
Aos olhos de Deus
São soberanos
Que nada têm
E a nada se apegam.
Não causam dano
Aos oceanos,
Somente aos homens
Que a eles negam.
O mundo os afasta
E Deus os recebe,
Na mesa farta
Comem e bebem.
Os anjos de Deus
Aqui não têm vez.
Nada lhes importa.
É o homem quem vê
As flores mortas,
As flores tortas.
Marilene Anacleto