Esfarrapados

Foto de Marilene Anacleto

Flores Mortas, Flores Tortas

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Flores mortas,
Flores tortas,
As que batem
Na nossa porta,
Querendo ajuda,
Pedindo alimento.
Nada lhes importa:
São flores mortas.

Foi-se a dignidade,
Foi-se o medo
Do cão que ladra,
Do irmão azedo
Que o atende com asco
E os afasta e os rejeita.
Nada lhes importa:
São flores desfeitas.

Aos nossos olhos,
Meros frangalhos,
Esfarrapados,
Nos incomodam.
Pedem esmolas,
Nos atrapalham.

Do céu são anjos,
Oportunizando-nos
A caridade.

Aos olhos de Deus
São soberanos
Que nada têm
E a nada se apegam.
Não causam dano
Aos oceanos,
Somente aos homens
Que a eles negam.

O mundo os afasta
E Deus os recebe,
Na mesa farta
Comem e bebem.

Os anjos de Deus
Aqui não têm vez.
Nada lhes importa.

É o homem quem vê
As flores mortas,
As flores tortas.

Marilene Anacleto

Foto de Gonzaga de Carvalho

O Populacho

Em bandos esfarrapados,
Milhões de sombras
dentro em mim se agitam,
pedindo socorro.

São vozes que descem
Do Morro Angústia,
Sobem do Beco Ai-meu-Deus,
E, em lágrimas,
Simplesmente se abrigam
No meu ser.

São gemidos em filas,
Dores discriminadas,
Enfim, paridos pela má sorte
Que me invadem
Com suas nuvens de borrascas.

Assim povoado de lamentos,
Vou gritando "socorro"
Pela noite deserta,
Enquanto brilha no alto
A indiferença dos astros.

Às vezes, quero fugir,
Mas já não me pertenço:
Atropelando o meu querer,
O populacho turbilhona em mim
Brandando por socorro!

Autor: Gonzaga de Carvalho

Foto de Bia Marquez

Retalhos

juntei seus panos,
reclames e enganos
refiz meus planos, meus laços
me despi de você no meu quarto
no espaço de meu corpo
tomado por inteiro
reencontrei as chaves
abri as janelas emperradas
de uma sala esquecida em poeira
lágrimas e olheiras
teias de aranhas
refletidas no assoalho
prendem restos carcomidos
apodrecidos, abandonados
de seus rastros
hoje não respiro mais teu hálito
o perfume impregnado
de um amor efervescente
sedento, incandescente
que outrora ardia em chamas
nos lençois desalinhados
de nossa cama.
agora nada é tudo
simples retalhos suados
esfarrapados
de um passado inacabado
que acabei de enterrar

Bia Marquez

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