Olhos

Foto de KEKE

Me perco em você

É muito fácil te amar
É bem fácil sorrir tendo você
É muito fácil ser sua
É inevitável não te querer;

Você é minha bela canção de amor
Como eu amo pensar em você
Meu coração esqueceu a dor
Se abriu pra te receber.

Aquele sorriso bobo
Aquela inocência de criança
Tudo isso é possível com você
Os sonhos voltaram a tona
Renasceu a menina que sonha.

Se eu fechar meus olhos
Posso te sentir
Basta ouvir nossa canção
Pra sentir uma forte emoção

Sentimentos tomam conta de mim
Mergulho fundo em você
Me perco nesse mundo que é te amar
Eu suspiro forte , respiro fundo
Estou totalmente perdida em você.

Não me chame agora
Me deixa sonhar um pouco mais
Deixe me sentir tudo que sempre quis
Deixe me viver o que um dia sonhei
Deixe me te amar.

Quero abrir os olhos
Mas só quando puder te ver
Quero deparar com seus olhos nos meus
Seus braços ao redor de mim
Ouvir a sua voz dizendo
Que ficar juntos é o nosso fim.

Cada segundo sem você
É uma eternidade sem fim
Só venha, venha pra mim.

Foto de Rosamares da Maia

AS QUATRO ESTAÇÕES

As quatro estações

É outono e o tempo passa macio, faceiro,
A primavera hiberna no cio, até desabrochar,
Num turbilhão de cores e exóticos perfumes.
A água flui, vai ao encontro do rio matreiro,

Que manso e brejeiro alimenta as margens.
Um ritual de fertilidade dá a vida passagem,
Mesmo se a estação se despe para o outono,
Ou para o inverno, na luz que morre cedo.

Sempre a florescer, me ofereço sem medo.
Banhos no orvalho nua, na luz prata da lua.
Olhos abertos, danço, na calçada, na rua.
A brisa fria sopra a oração - mística liturgia.

Sou a flor de semente somente Maria.
Sem vergonha, impura, ao lado da estrada.
Nem do bem nem do mal, a margem, nada.
Finalmente, no ponto certo, sou primavera.

Não há novidades, só fervor, intensidade,
Constatando o prazer a estação me invade.
Mas, é fogo, o corpo aquece e de febre arde.
E o desejo forte tudo consome em emoção.

A razão é controversa e explode em paixão.
A luz dourada invade outra estação - é verão.
Nova semente plantada - ciclo que se refaz.
Maria é semente regada - vida em profusão.

Rosamares da Maia
12/06.2019

Foto de José Herménio Valério Gomes

POR MOTIVOS QUE SE ATRASAM...,

Acordei para olhar o dia
Que os meus olhos devassam
Na janela que mal se abria
Por motivos que se atrasam

Do céu desce uma mensagem
Com cara de mundo igual ao meu
Rosto de mulher cansada da viagem
Para abordar um livro que nunca leu

Já próximo nasce uma impatia dentro
Pelos primeiros sinais de vida
Que acolhem com aprazimento
Como abdicar esta cara meio-destruída

A questão é? Onde está a massa
Aqui só aclamam desconvidos-humanos
Pelos que metros atrás se matam
Para esta cara já não existem planos

Entre as caras obstante de passadiço
Para colonizar aquela mensagem
No átimo que todos são filantropos de súbito
Para obter ingresso nesta viagem

Por motivos que se atrasam
Naquela janela que mal se abria
No meu quarto as luzes se apagam
Eu durmo ,esquecendo-me que já é dia...,
zehervago

Foto de José Herménio Valério Gomes

ALENTEJO QUE ME VALES INSPIRAÇÃO

Alentejo,que me encantas
Vestido com humildade
Por casas tão brancas
Desde o monte à cidade

Com teus campos dourados
Que os meus olhos admiram
E nunca ficam cansados
Mesmo se as lágrimas desfilam

Alentejo de que tenho orgulho
Ser estilha das tuas raizes
E vivo distante este agulho
Na ilha dos humildes

Lugar de todas as saudades
Resguardo dos teus artistas
Que nasceram em dia da verdade
Para que tu existas

Meu Alentejo só tu me tens
Este único céu no meu caminho
És meu dia sem nuvens
Que eu detenho com carinho

Tenho como aspiração
Voltar a ver soprar o vento
Entre planícies na tua direção
Nos teus dias de calor intenso

Pelas manhãs de orvalho
Passear entre os campos
Caminhos e atalhos
Searas teus mantos

Alentejo que me vales inspiração
Pelo homem até Deus...
Na hora de retomar a emigração
No mais doloroso adeus....,

zehervago

Foto de José Herménio Valério Gomes

UM REGRESSO PREMEDITADO

Estou de regresso na rua de todos
Para trocar impressões recusadas
Onde o incêndio se apaga com fogo
Abandonando reflexões na madrugada

O que tanto e demais amaria
Priva-me de beijar esta vontade
De estar de volta mais que um dia
Para viajar a minha cidade

Hoje de olhos sóbrios,nela
Parte de mim já não vive ali
E quero estar um pouco mais por ela
Desfolhar as suas ruas até ao jardim

Procurar uma resposta
Com quem formalizo o assunto
Que foi?quem fez tal aposta?
Que a deixou tão de luto

Pois sei que ao abrir a sua porta
Este reencontro me vai magoar
O povo até nem se importa
De como grande é o homem a chorar

Sou pois,aquele modo pausa-parou
Que não vai nunca esquecer
Como ela me olhava-amou
Sorrindo para eu não perceber

E quando de volta à taberna das emoções
Me embriagava num dilúvio
Escrevia esboços das recordações
Até desmaiar sem menor ruído

Acordando em aplausos por algo escrito
Que eu acho muito imérito de mim
Porque me vesti nas roupas de Cristo
Nos desenhos de uma dôr tão grande assim

As pessoas vão gostando de como escrevo
Há sempre algo que nos une sempre
Serei de todas as palavras um servo
Sem nunca ficar indiferente

Pois sou do tempo da lavoura
Anos que nunca esqueci
Infância na minha vila de Moura
Mesmo se breve,eternamente feliz....

zehervago

Foto de José Herménio Valério Gomes

DIAS NOSSOS COM A MELANCOLIA DOS DESTROÇOS

Foi num daqueles dias
A que chamamos de nossos
Para dialogar com a melancolia
Removendo-nos dos destroços

Que me senti invadido
Por uma culpa entre lâminas
Opostas a um coração já ferido
Drenando seu sangue na lama

O pôr do sol no horizonte
Que os meus olhos, nāo avistam mais aqui
Porque ruiu a meus pés a única ponte
Onde e como corria para ti

A meio caminho de entre nós
Levanta-se a māe das brumas
Que vai confundindo peças de dominó
Nos estilhaços das minhas unhas

Dou por mim apagando o meu rosto
Na intensa vontade de chorar
Qual sentimento, amor ou desgosto
A quem me indignar

Por na vida haver , um daqueles dias
A que chamamos e nāo é mais nosso
Para dialogar, discordando com a melancolia
Removendo-nos no sentido ...antônimo dos destroços.

zehervago

Foto de Dileno

Reflexão da vida vivida.

Eu já disse o que não quero dizer hoje? O espelho está empoeirado novamente e a cada cicatriz, uma mancha de vazio aumenta. É a única coisa que parece real. Você ja perdeu alguns segundos olhando pra fora de si? Enquanto você olha pra dentro, um reinado de sujeira encobre a paisagem, e você dobra mais uma esquina e se torna outro personagem. O relógio já está marcando meia noite, mas meus olhos continuam abertos. Se você descobrir a verdade, jogue-a fora. Não me venha falar de religiões, esportes, ou qualquer tipo de entretenimento... Eu já ofereci o meu mundo de impurezas. Talvez eu deveria ir para outro lugar, porém, outro caminho se abre a cada passo em falso, e eu machuco você de novo. Eu faria tudo da mesma forma, pois é a única maneira de eu me sentir vivo. Qual é a sua conclusão? Não quero ouvir coisas sobre moral, beleza, sistemas complexos, amor. O amor, o amor, guardem-o, sem correntes. Querem um servo voluntário? Quotidiano, repetitivo, casado, fútil? Querem que eu seja feliz dentro da sua caixa de mentiras? Querem que eu ganhe dinheiro, dinheiro. Querem que eu não sinta. Querem que eu seja o contrário também. Eu poderia mentir, mas já ouvi tudo que precisava ouvir. O que eu fui ontem? O sangue que se espalhou enquanto estava preso? A dor que trazia alívio? Ou as sombras que flutuam com o tempo perdido? Você diz coisas bonitas além da minha frágil compreensão. O universo, a ciência, a metafísica... E eu aceito por instante o que me destes, mas todos vão embora quando os sorrisos cessam. Só o peso do silêncio permanece comigo. E a dor continua presente nas manchas do tempo enquanto o fim se aproxima a cada corte profundo.Já disse que quero ser sozinho? Já disse que não quero que me dê a mão? Se eu pudesse me arrepender, ah, se eu pudesse começar novamente, eu faria da mesma forma. Eu encontraria outro caminho...

Foto de matheus_e.reis

Tépida Tarde Sem Ocaso

Páginas alvas vitimei num abandono sereno.
Hão de momentâneas, em atos e interesses,
Deitar-se como pena.
Desígnio enleado de seu chão, lama fresca e fortuna.
Sem antecipar o sentir da experiência,
Como nos é de costume.
Alcanço-as flutuantes; intocáveis onde as deixei;
Às vezes.
Ei de ater o nascituro alheio
Da pretensão catártica do arfar.
Nas vezes.

Melopeia de dias invisíveis, Plurais da graça,
Tem me cadavérica. Tijolos, assoalho, pés e passos,
O cheiro frio do orvalho que o reboco emite;
Em tal não me permito a muito.
Pesam as mãos que consolar meus ombros.
Atento aos meus braços,
Finas cicatrizes engordam-me os pulmões
Com o ar narcóticos do orgulho do ferido;
Mas será que acidentais todos os cortes?

Raramente lavo as mãos antes de segurar uma mentira.
Está garantido o inevitável poder de errar,
Esse pássaro desbotado plainando
Sobre o furioso soldado sem balas.
Ele escapou da guerra
— O pássaro, não o homem. Nunca o homem —;
Ele chegou a cidade;
Ele adentrou o beco dos malogrados
Quando somente a escuridão
Soube lhe prometer segurança

Macambúzio o velho mendigo único.
Dentre tantos, só seus escassos olhos crus
Defrontaram a natureza ofuscante da decepção.
As sombras vencidas sussurravam elogios,
Acompanhando a incerteza do bater das asas.
A esperança padecia,
Levada pela brisa mais desinteressada;
Ainda sim sorriu. Paulatino descolou os lábios,
Estendendo fios de baba
Na dimensão vertical de sua boca;
Ergueu os pináculos das bochechas,
Quebrando as crostas de esqualidez
Que cingiam seu nariz amarrotado.
Um raio azul dentro da fuligem.

Sou molhos de momentos lacrados
Mas sempre haverá o peixe não pescado,
O livro não escrito, o romance inaudito.
Toda pessoa será uma obra inacabada,
Uma porta aberta, tépida tarde sem ocaso.

Somos o velho mendigo,
Tolhidos do último sorriso.

Foto de Márcia de Moraes

O corredor

Sei que a minha solidão
Chegarás ao fim
Quando te avistei naquele
Corredor bem próximo a mim
De repente estávamos
Sentados lado à lado
falamos do presente
E do passado!
Meus olhos te olharam
Meu coração palpitava
Sentia que já te conhecia!
E por ti me apaixonava.
Logo em seguida você teve que ir
Fiquei ali te olhando!
Você passando pelo o mesmo
Corredor que te conheci.

Foto de SATURNNO

MARÉS DO FASCISMO

Ainda que eu fale tudo o que penso sobre a aparição dessa aberração política, o que sai da boca de Bolsonaro deveriam ser tiros pela culatra. O problema é que é isso mesmo, as pessoas estão apoiando o discurso dele.

Eu entendo a rejeição ao PT, por motivos óbvios, mas esse pleito mostrou que não se trata disso. Todos os outros candidatos do primeiro turno são disparadamente mais capazes e conhecedores das prerrogativas de um presidente da república, portanto não se trata apenas do voto útil pelo antipetismo, é muito mais grave. Apoiar Bolsonaro significa corroborar a descentralização da violência, do racismo, do armamentismo, do ódio, da misoginia, homofobia, machismo e de todos os outros preconceitos que acompanham os seus discursos.

O mais preocupante disso tudo é ver alguns educadores, intelectuais, pessoas com nível superior, endossando o discurso torpe de um sujeito tão ignorante e déspota quanto Bolsonaro. Hitler ficaria com inveja.

É muito grave ver pessoas instruídas, sobretudo educadores, vendarem os olhos e abraçarem para si essa causa fascista. A impressão que eu tenho é que os fantasmas dos livros de história saltaram para o presente, que os homens e mulheres "de bem" da Alemanha nazista estão entre nós. Apesar que muitos são apenas Latinos Nordestinos Fascistas, ridículos.

O político é refém do seu discurso, ainda que venha o trair posteriormente. Collor em 89 se elegeu com discursos maravilhosos, empolgantes, mensagens nacionalistas de paz e união. Já Bolsonaro inicia a escalada com discursos truculentos e preconceituosos, disfarçados de patriotismo. Nem o discurso inicial transmite uma mensagem humanitária. Essas eleições estão comprovando que talvez ainda não tenhamos passado pelos momentos mais tenebrosos da nossa história.

A prova disso é que Ciro Gomes tem todas as qualidades que os Eleitores de Bolsonaro dizem buscar em um candidato e ainda tem expertise notória para assumir a presidência. Se o discurso da honestidade e da moralidade fosse real, não teriam votado em Aécio em 2014 e Ciro Gomes teria sido eleito ou, ao menos, passado para o segundo turno em 2018. Mas não se trata disso. Trata-se de levar adiante um conceito que estava latente e agora veio à tona na primeira oportunidade.

Bolsonaro é um conceito que as pessoas reprimiam e escondiam por trás do politicamente correto, disfarçavam suas índoles nefastas. Agora esse conceito corre o risco de se tornar uma convenção social muito bem aceita.

A história já nos provou muita coisa, nos dá a chance de revermos nossos equívocos do passado para a construção de um futuro próspero e pacífico, mas as massas são burras, amnésicas e, o pior de tudo, só aprendem com seus próprios erros. Vivem em um movimento cíclico, avançando e retrocedendo como o vai e vem das marés.

(Prof. João F. Rodrigues)
09/10/2018

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