Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

O que fui...O que sou...

Já fui sombra...
Em noites enluaradas,
vagando escura na estrada...
Fantasma mal assombrado,
de medo, alimentado...

Nuvem escura,
que veda o sol e augura...
Presságio de vendaval
a desabar em minha cabeça...
Fui juiz de minha própria sentença,
sentei-me no banco dos réus...
Condenada, culpada, infiel...

Fui atalho,
bifurcação dos caminhos,
empecilho predestinado
a embaralhar os destinos...
Desarrimo, desatino, descaminho.
Pedra fincada na planta do pé,
riscando pegadas,
sangrando jornadas...

Fui cobertura de sapê.
Aguapé ... em tempo de estio.
Desvio de um rio
que nunca chega ao mar...
Anjo de asa quebrada
sonhando poder voar...

Agora sou
o que a vida traçou.
Apenas alguém...
Ou simplesmente...
...ninguém...

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Rua do Porto

Rua do Porto...

Reduto dos desencontros,
úmida, sombria e torta,
ancoradouro dos confrontos,
vazia de janelas e portas
onde o silêncio deixa uma fresta
e seu eco recua diante dela.

Rua do Porto...

Lugar de almas atravancadas,
sem calçadas, esburacada,
onde o sol se esqueceu de entrar,
onde a lua jamais vai brilhar
e as manhãs já não querem acordar.

Rua do Porto...

Onde a noite aporta sem lua
E um tapete umidificado de limbo
mofa a ilusão da chegada e da espera
de transeuntes que passaram por ela
ludibriados buscando quimeras...

Rua do Porto...

Beco onde a vida se infiltra
a procura de um brilho oculto
que lhe passe a ilusão de luar
ou revele nos recônditos dos seus vultos
uma alma de luz a brilhar...

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Entre poemas e fatalidades...

Num canto da sala rabisco um poema...
Fala de flores, matizes e cores,
ignora as dores,
realça os amores...
Leveza nos versos,
suavidade no tema...

A televisão enfoca terrível cena...
a morte do filho da Cissa...
a quem à assista
não há quem resista
à imagem da dor...

Desligo a TV,
não há como conter
o que está a ocorrer,
nem como avaliar
uma dor tão doída
que no peito se loca
pra nunca sair.

Fico a imaginar
a perda de um filho
ceifado do seio
do amor, do convívio,
como se vida
fosse um brinquedo
pra se descartar...

E em seu lugar
fica o peito rasgado,
rosto desfigurado,
expressão inefável,
o retrato da dor.

E a imagem se amplia
na tela da vida,
são tantas as Cissas
que engolem esse fel...
Entro em parafuso,
pensamento confuso...

Entre poema e comoção
não sei se apelo
à razão ou à emoção.
Meus versos distorço
e forço a razão
a se sensibilizar,
pois meu coração
solidário à emoção
quer agora chorar.

_Carmen Lúcia_ :(

Foto de Carmen Lúcia

O poder da inspiração

Espero serenamente fluir-me a inspiração...
Então navego, trafego pra onde quero ir...
Pra onde me lança o mais etéreo pensamento,
bem longe, onde ninguém possa alcançar
ou nunca a asa da imaginação irá pousar.

Transito entre versos que escrevo...
Eles me levam pra onde bem almejo...
Pé ante pé, correndo, a flutuar
quando irrompe em minh’alma o vazio
e feito nuvem carregada necessita transbordar.

Só a inspiração me livra desse gerúndio infindo
que tende a eternizar as ações do dia a dia,
cotidiano insano a se infiltrar em meu espírito
que a divagar vagueia espalhando poesia,
concretizando em versos o inverso da utopia.

_ Carmen Lúcia _

Foto de Carmen Lúcia

Ainda há tempo...

Ainda há tempo...

de realizar o que ainda não fiz,
atitudes certas ou erradas
que pra sempre fiquem marcadas
no livro da vida que hoje refiz...
Afinal, o que é certo e errado?
Em qual livro está registrado
que errei quando quis ser feliz,
que acertei no que ainda não fiz?

Ainda há tempo...

De andar na contra-mão do tempo,
de sorrir vendo a vida passar,
suavemente deixar-me levar
sem correntes, sem querer relutar...
De morder a maçã proibida
e sentir sensação esquisita,
aguardar no que irá resultar...

Ainda há tempo...

De olhar violetas na janela,
ver o raio de sol bater nelas,
num “insight”suas cores enxergar...
E se porventura me decepcionar
numa rede deitar, balançar,
ver no céu estrelas a piscar
onde a lua me pede, atrevida,
que me apaixone de novo pela vida.

Ainda há tempo...

De me olhar no espelho, de frente,
desnudar a alma que a ele não mente,
dilacerar a dor, livrar-me de qualquer dilema,
ser poeta, escrever um poema
onde os versos só falem do amor
que mantive guardado em meu peito
e que já não dá mais pra calar...

Ainda há tempo...

De viver novo tempo de paz
no agora que está em minhas mãos...
Amanhã, talvez,
seja tarde demais.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Só metade de mim...

Deixei um pedaço de mim em sua história,
tracei inefável lacuna em minha trajetória,
gravei em espaços vazios resquícios de outrora
que ecoam no silêncio do tempo vivido agora.

Deixei meus anseios mais loucos nos caminhos seus,
desfiz os meus sonhos risonhos na hora do adeus,
segui com a metade de mim, a outra ficou
tentando o resgate do amor que você me roubou.

Procuro entender seus motivos, não vejo razão...
Me resta pensar seu amor como mera ilusão,
soterrada em profunda emoção luto pra emergir
e ressurgir com a outra metade que falta em mim.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Beija-me...

Beija-me...
Marca com o batom de meus lábios,
os teus...
Fecha teus olhos juntamente com os meus,
registra em meu âmago o prazer do beijo teu,
faz-me sentir a mais incrível sensação,
misto de fetiche, amor e paixão
e num único momento, viver todas as estações...

Que meu corpo sôfrego contagie o teu
e num frêmito estremeçamos juntos
nesse beijo que é só teu...e meu.
Sente o turbilhão que me invade
e que esse frenesi jamais se acabe...

Beija-me...
Um beijo que eternize instantes
como se fosse o último ou o primeiro...
Doçura do encanto, ânsia pelo derradeiro,
deixa-me a marca indelével da emoção...

E só me acordes
quando meus pés tocarem o chão.

_Carmen Lúcia_

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Poeta

Te revestiste dos sonhos
que deixei de sonhar,
alçaste majestosos voos
que não pude voar,
cruzaste o horizonte
fazendo-me imaginar
que o inimaginável é possível,
passível de se alcançar.

Te embrenhaste nas brumas
de teu oceano,
deixaste-me vazia
a repensar nossos planos
juntar nossos sonhos
e bem alto voar
num único sonhar...

Subiste mais alto que eu
sem ouvir meu apelo,
meu olhar de desespero,
minha mão a te buscar
que no ar se perderam
quando de ti me perdi...

Ao ganhares altura,
condor a conquistar os céus
com galhardia e postura
pisaste o mais alto pódio,
olhaste-me de cima pra baixo
olhar de ironia e bravura.

Hoje sou simples gaivota
solitária a rodear o mar,
olho-te voando ao alto
no ápice de minha coreografia
tentando clamar por tua atenção
e nem sequer me vês
e nem sequer me notas...
Julgas ter atingido a perfeição
nesse teu mundo de ostentação...
Não foges à regra
nem és exceção...

Carmen Lúcia

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Busca infindável...

Busco-me...
Nas profundezas do meu eu
onde o mais sensível sentimento
encontra-se com a essência da essência...
Que de tão puro e transparente
assemelha-se à fragilidade do cristal...
Basta um leve toque, um simples choque
e ele se desfaz...

É aí que me encontro,
que me confronto,
que me estilhaço,
que me perco e me acho,
me desabafo das tensões do dia,
dos meses sem fim,
do ano que não termina,
do novo que nunca vem...

Soluço de mansinho
pra não me fragmentar
e junto com meu pranto
tento deixar rolar
as dores já vencidas,
as mágoas corroídas
e todo o desencanto
da estupidez da vida.

Carmen Lúcia

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Amor transcendental

Te amei...
mais do que a mim mesma
Te amei...
acima de todos os credos e conceitos
Te amei...
ao transcender o topo da supremacia
Te amei...
amor incondicional, sem princípio nem final
Te amei...
sem preconceitos, normas ou direitos
Te amei...
com toda a sabedoria do universo
Te amei...
com a insanidade lúcida dos amantes
Te amei...
ao encontrar-te nos meus versos
Te amei...
como o poeta ama a poesia
Te amei...
vislumbrando a primavera em cada estação
Te amei...
fiz de ti meu pergaminho e religião
Te amei...
nos avessos dos defeitos onde repousa a essência
Te amei...
a cada nascer e pôr do sol
Te amei...
vivendo os vendavais esperando o arrebol
Te amei...
no silêncio de tuas respostas
Te amei...
na realidade transitória perpetuando nossa história
Te amei...
nas lágrimas vertidas que a alma revigora
Te amei...
durante o sofrimento que valeu a pena ter sofrido
Te amei...
quando te achei ao te achares perdido
Te amei...
e te amarei para sempre...
muito além do que for permitido...

_Carmen Lúcia_

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