Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Qual de nós dois?

Qual de nós dois deixou primeiro de sonhar
sem sequer imaginar o que poderia causar...
Qual de nós dois se desvencilhou de todo encanto
pintando em cada olhar a dor do pranto...

Qual de nós dois deu o primeiro passo em falso
e se perdeu pelos caminhos bifurcados...
Qual de nós dois matou em si a alegria
mostrando a falsidade num sorriso de ironia.

Qual de nós dois foi se afastando sutilmente
sem apagar os rastros fincados indelevelmente...
Qual de nós dois abriu a porta errada
deixando entrar a amargura cerrada...

E hoje é ela quem comanda
a vida destinada a nós dois
que aos poucos foi ficando pra depois
restando agora apenas a saudade.

Qual de nós dois deixou que se perdesse tanto amor
ao nos atirarmos um ao outro, na ânsia de nos entregar...
E agora tudo passou, não há como voltar,
a chance de se amar já se acabou...
É tarde pra recomeçar...

Carmen Lúcia

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Além da vida...

Foi lindo enquanto durou...
mas na verdade, ainda permanece...
Apenas você,involuntariamente, se afastou,
sem querer, sem entender, sem me esquecer.

Não há como apagar um amor assim,
retirar com as raízes o que se aprofundou,
caminhou pelas artérias e o coração bombou
Jorrando pelo corpo inteiro sêmen desse amor
Intenso, eterno, verdadeiro...Contaminou.

Não há como sufocar lembranças assim
que de tão vivas passeiam em mim...
Riem, bailam, falam de você...
Relembram a todo instante que não existe fim...

O que nos une exala-se nos ares,
renova os pulmões, preenche os corações ,
entoa as canções que santificam os altares,
vibra e agita os sentidos
que nos fazem perceber
que o que nos encanta vai além da vida
e que a morte é apenas uma fase a percorrer.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Ama-me, simplesmente...

Ama-me,
simplesmente...

Sem gestos arrojados
de alcançar galáxias,
andar na Via Láctea
ou de roubar estrelas
pra me impressionar...

Ama-me,
simplesmente...

Sem gestos tresloucados
de desbravar o mar,
galgar ondas bravias
em meio a tempestades,
tempos de maré alta
só pra me agradar...

Ama-me,
simplesmente...

Sem gestos arriscados
de transcender limites,
de transpassar fronteiras
voando um voo alado
pra conquistar o mundo
só pra me entregar...
para me emocionar...

Ama-me,
simplesmente...

Sem gestos empolgados
de recolher dos dias
os versos inspirados,
trazer-me poesias,
mostrar-te apaixonado
pra ter-me ao teu lado...

Ama-me...
Com gesto enamorado...
Docemente...
Eternamente...
Simplesmente.

Carmen Lúcia
Carmen Lúcia Carvalho de Souza
15/11/2007

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Coisas que não têm preço...

Tantas coisas bonitas nos rondam,
belezas que nos confrontam,
passeiam sob nossos olhos
que se fecham distraídos
aos verdadeiros valores da vida
olhando mais além,
querendo sempre mais,
desprezando o aquém,
verdades que à alma convêm...

Coisas simples, sem etiquetas,
sem preços ou marcas de grife,
que marcam todo o tempo
em que durem as lembranças
da grande emoção vivida,
da paixão intensamente sentida,
do sorriso escancarado,
do simples gesto de agrado.

Um beijo, um abraço, um afago,
uma palavra de alento,
rimas sopradas ao vento,
colhidas, plantadas em versos
gravadas na alma do artista...
As cores da primavera
indecifrável e imprevista riqueza
que não tem etiqueta nem preço,
presente da natureza...

A canção da brisa que passa e inebria,
a espontaneidade sincera de uma criança
que corre a sorrir trazendo alegria,
a felicidade batendo à porta,
o sol entrando pela sua fresta
realçando a vida em grande festa,
luxo que não tem preço ou marca
e que o tempo jamais apaga,
que nos é dado gratuitamente
sem nunca perder a validade.

_Carmen Lúcia_

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Estações do tempo...e da vida

(inspirada no texto de pe Fábio de Melo:Outonos e Primaveras...)

Final de inverno...
Lacradas estão as folhas
que esverdearam sonhos,
derrubadas pelo vento,
sepultadas pelo rigor do frio
no silêncio das sombras
na escuridão do chão...

Embaladas pelo outono
que tristonho se foi
e ansioso espera
ver renascer a primavera
que adormecida sob o solo
nos priva da visão
de sua germinação...

Fase que não vemos
mas que nela cremos..

É o ciclo de vida e morte...
Vida que não se finda,
morte que não se acaba...

Processo que se encaminha sem pressa,
movimento que vai se cumprindo em partes,
o cair das folhas, fecundidade,
cumplicidade do tempo,
cantos das cigarras, assovios dos ventos,
o ressurgir da aquarela , o florido sobre a terra,
o renascer da primavera...

Cumprida a missão, o outono agora espera
o retorno de outra primavera...
a sua ressurreição.
Assim como a vida...
a próxima estação.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Silêncio, escuridão e mais nada...

Esperei o silêncio se pronunciar,
as últimas notas musicais se apagarem,
as falas se amortecerem e aos poucos
se esvaírem pelos arrabaldes...

O assovio do vento foi se enfraquecendo
e o tempo ininterrupto ficou ali prostrado.
A última sombra saída dos patamares
no vácuo se escondeu perdendo-se pelos lugares...

A lua não se manifestou, e solidária,
se fez meia, fino anel de prata,
estrelas apagaram suas luzes
deixando o breu da noite ocultá-las...

Um uivo abafado por não ver a lua
aquietou-se na penumbra da rua...
Agora era silêncio, escuridão e mais nada.

Assim quis permanecer...
Início da madrugada...
Nenhum ruído a comprometer,
nenhuma luz a me acender
e eu ali calada...

Momento propício
para um diálogo destoado
em que o silêncio fala por si mesmo
e o pensamento, um eco lá de dentro...

É um choro convulsivo rebuscando a camuflagem,
é o encontro de dois eus discutindo seus disfarces...
O eu que sou, sufocando a espontaneidade ,
o eu que não sou, dissimulando minha imagem.

_Carmen Lúcia _

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Corrida insana

Da janela semi-aberta observo a vida
acelerada, apressada, incontida...
Em movimento cíclico
voltando sempre ao ponto de partida
pra de novo recomeçar...
sem saber onde chegar,
sem saber como parar,
onde parar...

Passos incertos conduzem as pessoas
num vaivém desnorteado, descompensado...
A incerteza do caminho as levam a perambular,
vontade insana de chegar...
Em desalinho procuram uma porta,
ansiedade é o que se vê em cada olhar,
entre tropeços e arremessos elas se trombam,
mas não importa,
sonham chegar em primeiro lugar...

Nessa corrida cega e obsessiva
regada à ambição desmedida
desprezam paisagens significativas,
o belo em cada canto contido,
as cores pintadas pela primavera,
flores que sempre estão a nossa espera...
Canções entoadas pelos rios,
a relva que seus pés acaricia,
mas seguem em frente sem se importar,
sem ver o pôr do sol, tampouco o amanhecer,
indo sempre em desencontro ao amor,
sem dar a ele o mínimo valor...

Queimam as etapas mais bonitas da vida
numa competição desenfreada e descabida
sem tempo de parar e observar,
sem tempo de se render e absorver...
Sem nunca amenizar essa corrida,
sem perceber o real sentido da vida...

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Não digas nada...

Não digas mais nada...

Teus olhos já disseram tudo.

Mudos, fizeram-me entender

o que tuas palavras sonoras

foram incapazes de dizer...

Perderam a força, a elocução

e na indecisão mudaram de rumo,

acovardaram-se perante a missão.

Nelas eu não iria acreditar.

Não me atingiriam tão fortemente

quanto teu olhar...

Esse sim, calou-me fundo...

Tiro certeiro, profundo,

que me fez cambalear,

perder o chão, rodar o mundo,

chorar.

Como descrer da crueza de um olhar?

Final inconsolável para quem ama

e se vê inesperadamente só,

sem mesmo o consolo da ilusão,

tendo a presença constante da solidão.

Dor inigualável ao ver fragmentados

os sonhos,

outrora tão sonhados...

Agora, farrapos atirados ao chão.

E os próximos passos

tornar-se-ão pesados, drásticos...

Deixar o tempo passar, tentar esquecer.

Tempo que não passa....

Teima em retroceder.

Achar motivo pra sorrir...

Como? Se a razão de meu riso

não está mais aqui?

Viver por viver...

Ou sobreviver.

É o que tento, o meu intento.

Sentindo na alma um frio gelado;

o coração pulsando fraco...

Vivendo dias sempre iguais,

que projetam no ar

um quê de "nunca mais..."

(Carmen Lúcia)

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
19/02/2009

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Antes e depois

Vivo?
Resisto...
Já vivi antes dos vendavais
sob brancas nuvens clareando meus quintais.
Agora sobrevivo...
Após a devastação de sentimentos e raízes
plantados dentro de mim,
do extermínio de flores e matizes,
essências a compor meu ar, agora rarefeito,
fincando marcas indeléveis
do mau tempo...em meu peito.
Hoje simplesmente existo.
Ou inexisto?

_Carmen Lúcia_

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Rompendo correntes

É inevitável que preciso mudar...
Livrar-me das normas que engoli
com a garganta seca de ansiedade...
De tabus apregoados, em mim tatuados
bradando aos meus ouvidos, atrocidades.

Liberar desejos engavetados, lacrados,
que eu repudiei de maneira hipócrita,
com a vontade louca de ceder,
me envolver, te devolver...
ainda que presa a preconceitos
que me impediam de viver,querer, sentir prazer...

Quero afastar a hipocrisia de meus atos
e renascer como renasce uma flor
cultivada por anseios
e fazer parte de teus devaneios
agora tão meus,
mantidos em segredo
pra revelar quando chegar a hora.
Agora.
Talvez não seja tarde demais...
Não vais embora!Verás do que sou capaz!

Desfaz tuas malas, crê que eu mudei...
O medo já não há...de me entregar, me libertar...
E meus pudores, herança de ancestrais,
crendices abissais... não os carrego mais...
Recriarei meus sonhos e alçaremos voos
até alcançarmos a plenitude desse nosso amor
vitimado por um passado que abominei!
Fica!O tempo te dirá como mudei!

(Carmen Lúcia)

Carmen Lúcia Carvalho de Souza
15/10/2007

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