paz

Foto de Marilene Anacleto

Aroeira

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AROEIRA

Os braços da memória
Pintam meu coração
Para reviver minha história.

Dos tempos de solidão
E uma alegria intensa
De viver minha emoção

A cada canto sonoro, corria,
Para ver qual era o pássaro
Que dançava a alegria.

A cada pingo de chuva,
Nas folhas, das madrugadas
Corria a abrir a janela
Para sentir o abraço
Das gotas diamantadas.

E o café da manhã
Na alegria do afã
E a dança da aroeira

Carregadinha de flor
Dançando a brincadeira
Dos pássaros ao seu redor

Despenteavam a cabeleira
E derrubavam os enfeites
Da minha rica aroeira.

A minha amada aroeira
Reserva toda a energia,
Agora podada e altaneira,

Vai atrair a passarada inteira
Vai pintar mais flores novas
E transformar-se em vermelha.

Marilene Anacleto

Foto de betimartins

O triste Outono do meu sentir

O triste Outono do meu sentir

Nas ruas tomba as folhinhas
Leves, soltas e livres
Voando nos ventos que adivinham
Pego nas tintas e no meu pincel
Coloco a tela no cavalete
Dou uns traços de tinta
Sinto que não sou capaz
Retratar o belo Outono
Olhos perdidos sem destino
No tempo e no espaço
Ruas cobertas de folhas mortas
Como a minha alma se sente
Despida de sentimentos
Onde nada já toca e enternece
Na réstia de uma breve esperança
Que tudo morre e renasce
Tudo se renova com mais um dia
As flores florescem e morrem
As folhas caem e servem
De leve alimento a terra
Mas sempre dando força
A terra mãe e sua natureza
Nos amores que nascem e morrem
Nas águas que correm os cursos
Sempre na sua direção do destino
Por isso pobre pintor
Tingi a tela de belas tintas
Nos tons castanhos de vários tons
Deixei imortal a minha visão
Que tudo morre e tudo renasce
Neste Outono do meu existir...

Foto de RenataSchwengber

Go away

Quando, finalmente, chegar sua hora de partir,
peço-te que, por favor, não me deixe traze-lo de volta.

Foto de Marilene Anacleto

Para as Mães, e os Pais que são Mães, deste site, uma música

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Pachelbel Canon,
Aleluia divino,
Muito, muito carinho.

Marilene Anacleto

Foto de betimartins

As Pedras do meu caminho.

As Pedras do meu caminho.

Na vida tudo acontece e nada é ao caso, nada fica de lado, nada é esquecido, apenas pode ficar adormecido e esperando pela hora certa. A minha vida não foram flores, mas plantei muitos jardins, semeei arvores, colhi da terra, a terra também cobrou, resmungou e sabe lá que mais ela aprontou, ali.
Como uma buscadora de respostas, aprendi que não adianta as buscar, apenas aprender sobre a vida e a vida é sagaz na sua sabedoria, ela não dá tempo para aprenderes, ela te cobra de forma cruel na lei da colheita.
Claro que tive alegrias, recebi muito da vida, mas no meu caminhar a vida não foi nada meiga, nada fácil, vivenciei muita dor, caminhei sobre pedregulhos, alguns calhaus também, pedras e em muita areia. Quando eu falo de areia, fui levada no colo de meu irmão mais amado do mundo, pegou-me no colo, levou-me, confortando-me, me vendo chorar, aliviou a minha dor e me carregou para eu descansar e voltar ao meu caminho, ainda com muitas pedras para eu superar.
Existiu uma determinada parte de minha vida que ela retirou um a um aqueles que eu mais amava, deixando-me sozinha, confusa e revoltada. Como eu estava confusa que Deus era este que me abandonava aqui sozinha, apenas caminhando como um bebê com medo de cair do precipício?
Curiosamente, eu cresci como eu cresci e entendi que era hora de partida dos meus entes tão amados, que eles apenas tinham feito o seu papel, diria que na peça teatral da vida eles acabaram sua apresentação e eu seguia com a minha ainda. O medo deixou de assolar-me, aprendi que existe algo, poderoso, profundo, maravilhoso que nos protege nos conduz, O Deus do meu coração.
Este maravilhoso pai, que nunca abandona seus filhos, por vezes se julga que ele é cruel, porque exatamente ele coloca estas pedras no nosso caminho, para ver como aprendemos a caminhar e superar o mesmo. Este nosso Pai, confesso que ele esta triste, chorando, até, porque ele não vê melhoras dos meus irmãos aqui na terra.
A ganância, a guerra, a fome, a morte, a podridão parece governar, a escuridão parece estar cobrindo a terra no desamor, isso entristece meu pai, entristece a mim e a nossa futura geração se é que irá existir essa geração ainda..
Hoje aprendi a ter desprendimento, nada me pertence, nada é meu nem o corpo que uso é meu, apenas está emprestado e tenho que o conservar e dignificar, ainda bate aqui dentro alguns sentimentos que não consigo controlar, mas sei que irei os aperfeiçoar aos poucos e superar as pedras que ainda estão no meu caminho.
Engraçado, nas bordas do meu caminhar, deixei plantado flores, belas flores de amizade, que hoje florescem lindas e perfumadas. Outras secaram, por falta de entendimento, inveja e malvadez, mas eu as lembro e agradeço pela sua passagem em meu caminho. Elas foram importantes a mim, ajudaram-me a crescer e ser o que hoje eu sou e isso eu devo a elas e que Deus as cobra de benções e amor.
Deus meu pai, deu a oportunidade de poder agradecer aqui de forma clara as pedras que eu tive que calcar, fazendo sangrar meus pés na dor, mas também na caminhada ele facultou as ervas da cura para as pedras do meu caminho.

Betimartins www.betimartins.prosaeverso.net

Foto de betimartins

Quem sou eu, afinal?

Quem sou eu, afinal?

Vejo-me voar sobre o arco-íris, feliz
Sinto a brisa tocar no meu rosto, suave
E vôo livre, solta, junto com o pensamento
Levo as emoções, abraçadas ao meu desejo
Pousando uma borboleta no meu nariz, curiosa
Como ela é bela, simples, transborda a amor
Ela voa e pousando numa flor lilás, cheirosa
Vôo livre até ao céu do meu desejo, azul
Mergulhando nas estrelas que piscam
E minha alma é feliz, alegre, sonhadora
Descansa na lua, observando o mundo
Apressado, frenético, possuído de dor
Eu queria partilhar aquele momento
Curar as suas dores, secar as feridas
Trazer as flores de lótus para os, lagos
Libertar as fadas da floresta e o sonhar
De um mundo cheio de amor e paz
Ali, deitada nas nuvens, respirando
Profundamente, todo aquele ar puro
Que entra suavemente nos meus pulmões
Fazendo-me saudável, leve e curada
Onde me olho, vejo-me como uma luz
Uma simples luz, forte, quente, viva
Não tenho corpo, não tenho nada, nada
Que iluda o meu ser e a minha vaidade
Sou eu ali, apenas uma parte do universo
Uma parte da matéria, partículas variadas
Que pensam libertas de ódio, intolerância
Todo o meu ser pulsa e como ele vibra
Mergulhado no amor, amor incondicional
Como apenas, uma simples partícula de Deus...

Foto de fisko

Ave

Eles que te torçam o pescoço,
Que te amarrem a cadeiras sem pernas,
Que te tirem o sono,
Que te prendam os braços e as pernas.
Eles que te tapem a boca e os olhos,
Que te coíbam verdades e certezas.
Eles que façam tudo! Que te roubem a alma
E ta arranquem do corpo.
Eles que te matem se for preciso,
Mas que nunca te tirem a liberdade.
Só somos humanos se nos virmos como aves,
Livres!
Sejamos tristes ou felizes, quaisquer outras definições trocadas,
Apenas seremos humanos se formos livres.

Eles não sabem disso...

Foto de BRUCE ALEX

Ambição

Perceber o quanto ter para viver é ser sábio
Exigir o perfeito é querer ter o desnecessário
É sofrer com seus efeitos colaterais.
Críticas são fáceis diante das suas facilidades
É preciso saber facilitar toda complexidade
Conseguir enxergar a essência da vida: simplesmente existir.
Acordar para viver e não para apenas dormir!
Ter uma sensibilidade visualmente auditiva
É dia-a-dia compreender toda divindade
Definitivamente compreender que vivemos
No mais perfeito dos lugares!

Foto de SATURNNO

Passageiro do Tempo

Sou fruto do imperador dos momentos
Do grande criador dos instantes
O tempo é um trem que jamais volta
Sou apenas um viajante

E sentado ao lado da janela desse trem
Olho a vida passageira em meio a outros passageiros
Tudo passa e nem tudo se vê
Em uma soma de detalhes sorrateiros

Olho para trás e vejo
Que o trem da vida avança
Percebo-me na metade da viagem
Enquanto há vida espero abonança

Três quartos se passaram
A estação final já não está tão longe assim
Reflexões, decepções e realizações
Estou pronto para o fim

Ao desembarcar na derradeira estação
Para a minha admiração o final se revela fictício
E o fim da vida apenas um artifício
Pois assim, passo a outra dimensão

João F..R. 17/03/2011

Foto de William Contraponto

Viagem II - Passageiro

Passageiro

A grande viagem começou
E a grande chuva já parou
Essa tempestade transcorreu
Em nome do mais infame céu
Para tentar bloquear
A passagem do que parecia se adiantar
Fugindo de falsos convides
Fronteiras e limites

A grande viagem sempre reforça
O sentido da caminha que esboça
Os aprendizados dessa vida
Ate aqui seguida
Nos passos leves
De quem quer ser apenas breve

O breve passageiro
É o que deve
Ensinar os caminhos
Sem dali retirar
O brilho perfeito
Que só os cruzando
Terão algum efeito

Sinalizando os defeitos
Nada vai ajudar
Aqueles que precisam
Por alguns desses passar

A paz da estrada
Vai elucidar
Vai buscar nessa viagem
A certeza do que faz bem
E assim, ter leveza...seguir além

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