melancolia

Foto de Carmen Lúcia

Nada espero

Fecho-me às lembranças
com o recato de não me trair a saudade.
De meus sonhos me apartei,
tantos foram e se foram.
Quantos? Já nem sei...

Experiências me apontam realidades
e para elas caminho, firmo os pés no chão...
Sou razão, trago erradicada a emoção,
não me iludo com as cores que atropelam,
lusco-fusco que me embaça a visão
desnorteando-me a direção.

Distancio-me cada vez mais
de ti, do amor, de tudo que não me cabe mais,
faço do longe meu lugar eterno,
peregrina da escuridão
rastejo entre lacunas
no estreito espaço de minha prisão.

Sob um sol eclipsado
vejo-me jogada às dunas
feito objeto devolvido pelo mar...
Antes cenário de um amor perfeito,
hoje destroços que jamais serão refeitos.
Nada espero, aceno à ilusão.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Da janela...

Da janela vejo as folhas se entregarem
voando lentamente ao outono, com o vento,
buscando o alento de efêmeras moradas,
cumprindo a missão que lhes foi predestinada.

Da janela vejo o inverno incisivo
com seu poder decisivo de congelar e lacrar
jazigos onde folhas esquálidas repousam
pra renascerem quando a estação voltar.

Da janela vejo a vida ser mais bela,
o tempo de espera faz surgir a primavera
antes recolhida, adormecida sob a terra,
brotada das sementes, renascida em folhas verdes,
nas flores coloridas, perfumadas e singelas.

E as estações do ano nunca encerram suas lidas,
morrem e renascem retratando a própria vida...
Bailam pelo tempo em performances verdadeiras.
Terá a vida a mesma significação?
Da janela vejo a próxima estação...
Quantas mais verei até a derradeira?

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Começar de novo

Saio da escuridão,
titubeio, piso em falso...
A luz ofusca a visão,
persisto no encalço
de ir de encontro à luz.

Esforço-me, cambaleio,
corpo pesado, passos cansados,
descompassados, sem precisão...
Recomeçar é preciso,
livrar-me do castigo
a que me condenei...
Livrar-me dos pecados
que me foram atirados
sem nem saber porquê...
Sem direito de me defender...
“Eu, pecadora, confesso...”
...a culpa que não cometi,
as dores que sofri,
as lágrimas que verti.

Agora volto e protesto...
Quero a absolvição!
Se amar demais é pecado
morro sem pedir perdão...
Pois amar foi o que mais fiz,
ainda que a pessoa errada,
mesmo sendo enganada...
Foi o amor que meu coração quis!

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Distintas Solidões

Nem sempre solidão é estar sozinho...
Ela se faz necessária em certos momentos da vida
quando se torna imprescindível refletir em paz
e repensar os erros , ponderar e acertar mais.

No silêncio da solidão conversamos frente a frente
num diálogo leal ”eu e eu”, sinceramente...
É o encontro do que sou, com o que fui e o que serei,
é buscar no interior o que nunca revelei.

Às vezes solidão é sentir-se mesmo só
ainda que ao lado de uma vasta multidão
que não fala a mesma língua, não se enquadra no contexto
já que o texto a ser falado requer trato e compreensão.

Porém, a solidão mais ressentida
não é reconhecida pela falta de amor...
Tampouco viver só a faz tornar-se tão sofrida,
ainda que a convivência fale alto, grite a esmo...
a solidão mais doída é a ausência de nós mesmos.

_Carmen Lúcia _

Foto de Carmen Lúcia

A mesma chuva...

A mesma chuva que molha meu corpo
molha também o teu...
A mesma nuvem pesada
que escurece meus dias
escurece os teus...
A mesma lama parda e suja
que escora a água da chuva
revela vestígios de nossas pegadas
em direção contrária à luz...

O céu macilento e triste que vejo
é o mesmo que tu vês...
O pranto que minh’alma chora
é o que chora a tua, agora...
Fomos feitos do mesmo barro,
da mesma massa encruada,
pérolas negras no lodo geradas
que não preservaram a beleza,
aviltaram tamanha grandeza
imbuída na palavra amor...

Passamos ilesos por ela
sem perceber o que gera,
sem nos ater ao real valor...

Hoje é cada um por si...
perdemos a chance oferecida.
Não vimos o céu se abrir,
deixamos a chuva inundar nossa vida...
Fechamos janelas, facilitamos partidas,
perdemos o chão, a ocasião...
sucumbimos no vazio da solidão.

_Carmen Lúcia_

Foto de Felipe Ricardo

Ressurreição

Interessante pensar que mudei
Não vejo razão alguma para tamanho
Espanto...

Se não quero fazer mais nada por ti
É porque simplesmente tu não me
Importa mais, não passa de mais

Sintoma deste câncer que tu me deste
Então morra e deixe que eu renasça
Do fundo de minha coléra trivial, pois
Tempo tu tiveras... E o que fizestes...

"...Além de me matar mais e mais? [...]"

Foto de carlosmustang

MEU CORPO.......

Eu vi...
Alguns corpos descepados, alguns rostos deformados
O mais perfeito era o meu!

Eu vi, vários na prisão, julgados por severos jugos
Perdoados estrudulios!
O legal era eu!

A canção da viajem
Desprender-se de bobagem
Também era minha...

Foto de Carmen Lúcia

Crepúsculo

observo o crepúsculo...
perco-me em cores
lanço-me ao infinito
retiro-me do mundo
em alma e pensamento
que ao corpo se fundem
numa leveza irreal
esqueço o que é finito
no encontro com o surreal
tonalidades múltiplas
ofertadas pelo céu
misticismo que palpita
magia que convida
a repensar a vida
revertendo o papel
a viver o que ainda resta
do muito que se perdeu
de tudo que ainda pulsa
do tudo que quase morreu...

_Carmen Lúcia¬¬_

Foto de Carmen Lúcia

Permita-me, Felicidade...

Permita-me, Felicidade,
ser tua eterna companheira,
passageira constante de tua viagem,
ficar ao teu lado a vida inteira,
conduzir-me por teus passos
que traçam rotas floridas,
permeando sorrisos e abraços,
apagando dores e fracassos...

Permita-me, Felicidade,
eternizar em mim os teus momentos,
alicerçar-me de teus argumentos
que derrubam muros e fronteiras,
constroem pontes e amizades verdadeiras
consentindo à vida prosseguir em paz
levando na bagagem valores essenciais.

Permita-me, Felicidade,
ser feliz buscando sempre a verdade,
tua presença, suavizando recomeços,
evitando descompassos, soprando o meu cansaço
e em teus braços me esquecer de tua ausência...
sem perceber que estiveste sempre em meu encalço.

_Carmen Lúcia_

Foto de betimartins

Versos tristes, tristes versos...

Versos tristes, tristes versos

Eu já sou triste na alma, comigo veio a tristeza
Talvez já sido feliz outrora, hoje serei apenas
Mulher, sozinha na minha caminhada, eu, sei
Que não posso queixar, pois tristes, são os versos...

Estes versos, tão esquecidos, no papel, na alma
Que reclama algo de novo, versos, quem sabe
Um dia alegres, de amor que irá viver
Se Deus permitir a minha alma sentir...

Escrevo, versos tristes, sim com certeza
Na certeza, porém de um dia valer a pena
Os meus versos serem escutados, talvez…

Mas que um dia, farei lindos versos de amor
Onde a tristeza terá a saudade e morada
No papel e não no meu coração...

Betimartins

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