Abri os olhos, sonhei contigo e para meu espanto fez-se luz diante da noite.
O meu leito tomei no teu corpo deslumbrante.
Tomei-o em minhas mãos e nos meus sonhos.
O teu busto sereno e apaziguado, suspirava sonolento na calma do frio gélido, das roupas por entre as rendas esburacas e amiude, como doces do céu transmutantes no olhar da tua camisa de dormir.
Por entre os nichos suspirosos, duas pombas se alevantavam como dois pomos cândidos da giesta festiva, cheios de pureza e alegria.
... Os teus cabelos pendiam por sobre as ancas escondidos pelos teus lábios vermelhos, que filtrando tão sedoso hálito descansavam e sorriam.
Tu, és tentadora, que admirar-te não posso.
Tão doce que a vontade se me ajoelha e reza, para assim permanecer a ver-te, a aspirar-te, a enlouquecer e a bulir na consumação dos séculos.
... Bons sonhos meu amor!
Paulo Martins