Ancas

Foto de Arnault L. D.

Ver fazer-se o amor

Quero a tarde fria, preguiçosa,
esquecer de tudo e ser carinho,
deleitar do corpo, desnudado,
o perfume com cheiro de rosa.
Perder-me e seguir sem caminho;
cabelos, gostos , seios, tudo...

Língua à pele arrepiada a lamber
no toque de um afã mais ousado,
o aspirar apressado ofegar,
o mover das ancas, por prazer.
E o seio rijo pela boca molhado
responder como pedisse o beijar.

Buscar o ventre, coxas, nádegas...
mulher, nua, inteira... e minha,
a estremecer de querer e calor,
a suar de mel a boca que entrega,
para o tato e a língua que aninha.
Abraça-me nas pernas sem pudor.

Toma-me p’ra si e devora-me,
sou parte em si, és parte em mim.
E nem a língua já não sabe a boca
a qual pertence, e se derrame
a caçar sabores, a dizer sim
à fome imensa, divina, e louca...

De lançar-se ao maior perigo:
Ser devorado ao que se abre...
No alcançar-lhe a alma, e esta flor
que se orvalha, a quero de abrigo,
que adentro no desejo que cobre
e entre nós, ver fazer-se o amor.

E em mim, ver fazer-se o amor...

Foto de Amada Amante

Sinta

Sinta a sintonia no ar...

Sinta meu olhar pelo seu procurar...

Sinta o meu coração descompassar...

Sinta meu perfume seu corpo impregnar...

Sinta minhas mãos te acariciar...

Sinta do meu corpo um calor irradiar...

Sinta meu beijo te devorar...

Sinta minha língua a sua provocar...

Sinta minha pele com seu toque arrepiar...

Sinta todas as formas do meu corpo no seu examinar...

Sinta como meu corpo ao seu pode se moldar...

Sinta as minhas ancas com seu apertar...

Sinta a textura da minha pele com seu explorar...

Sinta a minha umidade com seu dedilhar...

Sinta minha essência de fêmea exalar...

Sinta minha excitação com seu paladar...

Sinta meus gemidos pelo ar ecoar...

Sinta como você me faz delirar...

Sinta que estou quase a me desmanchar...

Sinta a minha paixão por ti se mostrar...

Sinta-me aí e agora.

Foto de Ricky Bar

Escrevendo em Você e Sobre o teu Desejo

Escrevendo em você!

Não quero escrever
Poesias no papel
Quero escrever com meu corpo
No teu e traçar o teu desejo
Te marcando em mim
Adornar teus seios
Com letras traçadas por meus dedos
Desenhar com meus lábios tua boca
Perdida e entregue a minha
Tuas mãos selvagens em meu corpo
As minhas como pena do poeta
Ávidas te percorrendo
Poesia do meu corpo no teu corpo nu
Na superfície da tua carne
Nas profundas fendas do teu sexo
Fazendo as palavras serem sentidas
Em espasmos e nos orgasmos
De nossas poesias e no nosso prazer

-----------------
Sobre o Teu Desejo

Uivo minha luxúria
Sobre teu desejo.
Tuas ancas arqueadas
Dançam alucinadas,
Quando te possuo.
Mordo-te a nuca em descontrolada fúria.
Assim a tenho, assim és minha assim quer!
Aprisionado em teu luar
Vago nos teus sonhos,
Não querendo despertar.
Clamas pelo nosso amor mundano,
Nas entranhas a te profanar
Não deixando que o desejo,
Consiga se acalmar!

Foto de Cretchu

JOVEM E BELA COMO SEMPRE

Dedicado a J.
Sempre me ensinaram que anjos têm asas, mas agora sei que isto não é verdade. Anjos também sofrem acidentes, caem e se machucam. Mas eu sei que você vai superar tudo isto, minha querida, e voltar a pisar com seus lindos pés este chão que é abençoado com seus passos.

- Mais alguma coisa, Barão?
Respondi negativamente, com um gesto. Pedro, meu mordomo de tantos anos pegou suas malas e saiu da mansão vazia. Olhei para aquelas paredes que antes estavam tão repletas de quadros, aqueles cômodos outrora adornados por móveis caros... Agora vazios. A mansão, herança de meus antepassados que agora pertencia a outra família, novos ricos que investiam nessas velhas mansões que resistiam ao tempo, à especulação, fomentavam sonhos e sofriam com o alto valor do IPTU.
Além do mais, minha antiga mansão precisava de empregados, e eu já não podia mais contratá-los. Aos 98 anos, só me restava partir como fizera Pedro. Mas a partida de Pedro tinha um destino traçado por sua aposentadoria. Quanto a mim, iria me aposentar da vida. Aproximei-me da janela e vi o mar lá embaixo. Uma linda vista para a praia particular que já não me encantava como antes, em minha infância e juventude. Em minha juventude antes de encontrá-la.
Sim, antes de encontrá-la. Foi um único encontro, e desde então eu quero que ele se repita. Ela me prometeu que viria me buscar, e cá estou esperando. Por isso, deixo a mansão e vou até a praia. A lua se reflete nas águas escuras do mar que, revolto, se choca contra a areia. Deito-me distante, recostado numa pedra, triste porque sei que ela não virá. Prometeu que viria me buscar, mas minha esperança de que sua promessa iria se cumprir, é em vão. Qual a razão de tornar a ver este velho, ela que está tão jovem e linda como antes? Sim, como naquela época...
Eu tinha vinte anos, naquela época, e estava no Rio de Janeiro, participando de um réveillon e gastando em demasia a fortuna de meus pais, como sempre fazia. O baile no grande hotel estava animado, com figuras de escol, todos bem vestidos. Lindas damas, gentis cavalheiros, nobres decadentes, empresários espertos, políticos corruptos, agiotas rapaces, toda a elite brasileira e estrangeira se encontrava comemorando a passagem de ano. Eu já havia beijado e agarrado em segredo mulheres casadas, solteiras, viúvas, desquitadas, ou seja, tudo aquilo que é permitido a um descendente direto dos primeiros colonizadores da nação.
Uma donzela, filha de paulistas produtores de café, flertava comigo a todo instante. Esperei a hora certa de agir. Quando a moça olhou para mim e se dirigiu ao corredor que, naquele momento estava deserto já que todos se reuniam como gado nos últimos minutos do ano velho, percebi que deveria agir. Eu a segui com dificuldade, abrindo caminho entre a multidão de felizes e embriagados foliões. Já a perdera de vista e temi que não a encontrasse mais. Finalmente consegui ter acesso ao corredor, mas não a vi. Andei lentamente pelo corredor, sem ver a donzela. No caminho, encontrei seu lenço caído no chão. Percebi que uma surpresa não muito agradável poderia estar à espreita. Dei mais alguns passos, quando ouvi um gemido vindo atrás de uma das portas fechadas. Auscultei com atenção. Uma voz feminina tentava gritar por socorro, mas estava muito fraca. Tomei coragem e empurrei a porta, conseguindo abri-la.
A donzela estava desfalecida nos braços de uma garota vestida de negro. Fiquei estupefato, a princípio, mas depois fui tomado pelo horror. Do pescoço da donzela jorrava sangue, sua jugular fora atingida por algum objeto cortante. Então, com maior horror, notei que o corte partira dos dentes da outra garota. Recuei alguns passos. A garota largou o corpo da donzela, que tombou ao chão, e literalmente voou até mim. Caí para trás, ao chão, quando a garota me pegou pelo pescoço com a mão direita, enquanto sua mão esquerda amparou minha cabeça ao segurar minha nuca. Fiquei estendido no chão do corredor, com a garota sobre mim.
Foi assim que eu a conheci há mais de setenta anos. Ela me olhou profundamente. Seu corpo era esguio, ágil e leve. Sua pele morena e suave, as mãos, que seguravam meu pescoço e minha nuca, firmes. Os braços compridos e fortes. As pernas também fortes, as ancas discretas. Cabelos curtos e castanhos. Os pequenos seios comprimiam meu peito. Olhei diretamente em seus olhos. Eram negros como a noite. Nunca havia visto olhos de um tão belo negror. De sua boca, onde dentes alvos e perfeitos sorriam ironicamente para mim, exalava um aroma de morangos silvestres. Seu corpo tinha o cheiro do mato molhado que, na fazenda de meu pai, tanto alimentava meus sonhos infantis.
- Vale a pena deixar que você morra em meus braços? ela me perguntou com sua voz grave, mas com uma docilidade infantil.
Eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Fiquei extasiado com a beleza daquele ser misterioso. Ela me largou e se ergueu agilmente. Levantei-me também e, num gesto ousado, segurei-a pelo braço.
- Quem é você? consegui perguntar.
Ela me olhou como um felino. Desvencilhou-se de mim, mas eu tornei a segurá-la.
- Me solte! ela ordenou.
- Então, me diga quem você é. insisti, largando seu braço. Ela caminhou até a janela, e eu pensei que iria fugir. – Por favor. pedi. – Me diga quem você é.
Ela tornou a me olhar, veio até mim e me abraçou. Disse-me:
- Sua vida não existe. O que você faz é arrastar-se por este mundo ilusório. Mas você pode viver novamente.
Neste momento, ela me deu um beijo ardente no rosto e depois na boca. Apertei-a fortemente. Nunca tinha sido beijado daquela forma. Foguetes estouraram, gritos animados explodiram, pois chegara o novo ano. Não sei quanto tempo se passou, mas ouvi que algumas pessoas estavam vindo ao nosso encontro. Ela abriu os olhos negros. Quando nossos corpos se separaram, ela tornou a caminhar até a janela.
- Não vá. tornei. Apontei para o cadáver da donzela, estendido no outro cômodo. – Eu posso dar um jeito nisso.
Ela sorriu para mim.
- Você está tão morto quanto ela. disse. – Mas você pode viver novamente. E quando for morrer de verdade, virei te buscar.
Terminando de dizer estar palavras, saltou pela janela. Fiquei desesperado, imaginando que se suicidara. Estávamos quase no terraço do grande hotel. Mas, quando cheguei à janela, eu a vi voando... Sim, voando ela fez um rápido vôo contra a claridade da lua e desapareceu no manto da noite.
Gritos me despertaram de meu torpor. Acharam o corpo da donzela, as pessoas outrora alegres pela chegada do novo ano, estavam aterradas. Fui forçado a responder uma série de perguntas. Fui conduzido à delegacia, tive que lá voltar várias vezes, mas após algumas semanas minha inocência foi comprovada e me deixaram em paz.
Assim me lembrei das palavras de minha amada. Eu estava morto sim, pois tinha uma vida dependente dos sucessos de meus pais. Mas poderia viver novamente. E assim terminei meus estudos, formei-me, fui dar aula de filosofia num seminário e depois numa faculdade que acabou sendo incorporada, posteriormente, a uma universidade federal. Casei e tive filhos. Viajei pelo mundo. Mas meu único objetivo era reencontrar aquela garota. O tempo ia passando para mim, deixando suas marcas. Herdei uma fortuna de meus pais. Fiquei viúvo aos 59 anos. Quando ultrapassei os setenta anos doei meus bens a meus filhos, à exceção da mansão onde vivia, buscando evitar para eles o martírio de um inventário.
Estava me acabando, e não a via mais. Sempre olhava para a lua, sabendo que em algum lugar deste mundo ela voava contra sua claridade. Sabia que ela era a personificação do amor, mesmo sendo uma criatura sombria. Eu a amava mais do que tudo. O que importa se era um ser noturno? Ora, a claridade da lua só pode ser vista à noite, mas ela pertence ao sol que lança seus raios luminosos contra este frio satélite. E esta claridade lunar inspira histórias de amor e, claro, de lobisomens. De seres perdidos como eu. Eu estava perdido sim, pois minha vida, embora recuperada, não era completa sem aquela garota que eu encontrara há tantos anos.
Dissera para mim que viria me buscar quando eu fosse morrer de verdade. Por isso estou nesta praia. Já não tenho mais nada. Como eu disse, doei meus bens para meus filhos, exceto a mansão onde vivia, mas que agora eu a havia vendido porque não poderia levá-la para o túmulo, e depositara o dinheiro na conta bancária de meus netos. Dispensara os empregados, após lhes arrumar colocação em outras casas e empresas. Meu mordomo Pedro conseguira se aposentar. Tudo estava em ordem, mas eu não conseguia morrer assim, feliz, já que esperava por ela e ela não vinha.
Aqui estou olhando as vagas do mar que choca contra a areia da praia. Não me incomoda a pedra sobre a qual estou recostado, pois minha dor pela saudade é maior do que a dor que a pedra impinge a este corpo de velho. A lua está lá, como sempre, iluminada pelo sol. O mar negro se agita. E eu aqui, sozinho, sabendo que minha hora chegou, mas a promessa dela não será cumprida.
Neste momento de desespero, desesperança e descrença, sinto um toque de uma forte mão em meu ombro. Ergo os olhos e a vejo, jovem e linda como antes. Sorri para mim, seus olhos negros brilham em contraste com a lua.
- Eu não disse que viria? ela diz.
Sim, neste momento único ela cumpriu o que dissera no dia em que eu encontrei o verdadeiro amor. E agora posso também cumprir meu destino, tão diferente do dela que é viver para sempre, mas o cumprirei em seus braços. Sua mão roça meu ombro, e ela, ao voltar, me deu a paz.

Foto de Serpente Azul

Meu gostar

Meu gostar

Gosto
Quando
Vens
Sorrateiro
E me lambes o pescoço
Morde meus ombros
Percorre meu dorso
Deslizas por minhas ancas
E te perdes
Em minha intimidade úmida...

Serpente Azul

Foto de Ricky Bar

Dança do Ventre

Dança do Ventre 1

Ventre aveludado dança
Em frenesi de quadris melodiosos
Mãos lânguidas e esguias
Descalça marca seus ritmos sensuais
Inspiradores requebros
Exaltam seus movimentos formosos
Nos seus mundanos véus

Bailarina do ventre dança
Contorce febril as formas sinuosas
Livra dos pecados sua alma
Nas batidas do seu belo corpo exaltado
Move suas ancas adestradas
De maneira que os olhares acompanhem
Dançando só pra mim, pra mais ninguém!

*********************
Dança do Ventre 2

Boca vermelha,
Escarlates lábios.
Sangue nas veias.
Refreia a paixão
Da bailarina guerreira
Que seu ventre incendeia.
Dança seu ventre sem rédeas
Solto num galopar incessante,
Na lua cheia de amor pra dar!
Pulsa o sangue da bailarina,
Em desejos incontidos
Quadris em flores de luar
Emergem do fundo do mar.

Raros véus cobrem em cetim,
Seus lábios rubros amendoados,
Com seu corpo seminu seduz
No mel do seu suor derramado.

Foto de samorito

O teu vestido vermelho

Na primeira noite que te vi vestida assim

Nessa noite tropical quente

O teu vestido vermelho despontando ao longe

Baloiçando ao vento o seu laço de cetim

O tecido leve e macio moldando o teu corpo

A auréula dos teus seios no pano roçando de leve

Tuas pernas cinzeladas marcando passos firmes e delicados

Ritmos sensuais desenhavam as tuas ancas

Desejei possuir-te com todo o fulgor de uma cavalo de batalha

Sonhei nadar no teu corpo e nele me afogar

Quis te dizer isso mas não consegui articular palavra

Meus olhos percorriam o teu corpo todo sem conseguir parar

Pensei poder iludir a vigilância e falhei

Julguei poder chamar a tua atenção com os olhos mas ignoraste

Quando te vi partir agustiei-me e quase gritei

Nesse momento pedi ao céus chance para voltar a encontrar-te.

Samory de Castro Fernandes

Foto de Dirceu Marcelino

VÍDEO-POEMA: DUETO - MUSA MISTERIOSA ( Com poesias de Dirceu Marcelino & LU LENA )

MUSA MISTERIOSA

Senhorita contigo eu compartilho
Tanto os bons e maus momentos da vida
Eu te procuro, te sigo e eu trilho
Os mesmos caminhos de tua lida.

Gosto de sentir e ver o teu brilho
Resplandecer em obras coloridas,
Pela tua emoção e como fã eu me afilio
Ao grande número que em sua torcida,

Conclama por tua alegria e atilho
Aos que te querem ver na entrada ou saída
Dos shows em que ficas só de espartilho

E tão linda com o olhar me convida
E me atrai e me atiça com o rastilho
Do lume de luz de tua alma nascida.

( Em 10 de setembro de 2008, Dirceu Marcelino )

DAMA DA NOITE!

Ela surge na penumbra embriagadora...
Num olhar em brasa o corpo anuncia...
Desliza esguia provocante e sedutora...

Na dança voluptuosa que te extasia...
Olhos lascivos te seguem hipnotizado...
No remexo das ancas atiçando tua libido...

Trejeitos e gestos eroticamente ousados...
Respingo de suor adere em seu espartilho...
No teu corpo a ardência inflama de desejo...

Nesse inebriante e lânguido espasmo...
Como uma provocação atira-te um beijo...
Sentes a umidade desse cósmico orgasmo...

Devasta teus sentidos num fogo intenso...
Exuberante, felina, voraz fêmea e fogosa
Dama da noite, ela é tua musa misteriosa!

(Em 10 de setembro de 2008 Lu Lena)

Foto de Lu Lena

DAMA DA NOITE!

Ela surge na penumbra embriagadora...
Num olhar em brasa o corpo anuncia...
Desliza esguia provocante e sedutora...

Na dança voluptuosa que te extasia...
Olhos lascivos te seguem hipnotizados...
No remexo das ancas atiçando tua libido...

Trejeitos e gestos eroticamente ousados...
Respingo de suor adere em seu espartilho...
No teu corpo a ardência inflama de desejo...

Nesse inebriante e lânguido espasmo...
Como uma provocação atira-te um beijo...
Sentes a umidade desse cósmico orgasmo...

Exuberante, felina, voraz fêmea e fogosa
Devasta teus sentidos num fogo intenso...
Dama da noite, ela é tua musa misteriosa!

PS. Poema inspirado no soneto do Dirceu
``Musa Misteriosa´´

Foto de Nellyra

Nossa Historia de Amor

VOCÊ E EU (nosso primeiro encontro!)

Lembra de nosso primeiro encontro!?!
Era a "nossa primeira vez". Com todos os receios, o desejo, as vontades, as inseguranças e constrangimentos naturais. Por mais experiências que tivéssemos ou achássemos que tínhamos, aquele era um começo e uma nova aprendizagem.

Foi dessa forma que nasceu uma nova intimidade entre nós dois... de amantes!
Aquela noite ficou e ficará pra sempre gravada na nossa memória, pelos momentos, pelas descobertas, pelas ternuras, pelas loucuras e pela intimidade que vivemos sob aquela inesquecível lua cheia.

Acho que você me desejou de uma forma diferente, pelo meu jeito de ser, pelo meu humor, inteligência, pela calma que a idade me tinha dado me permitindo viver entre a serenidade e a urgência. Eu deixava que fosse você a ditar o ritmo sem pressas, mas sempre com enorme desejo, respeitava-a enquanto você me provocava. E você entregou-se sem ter noção de que o fazia tão deliciosamente.

O local, Brasília, tinha sido escolhido por você, estávamos ambos certos que seríamos almas anônimas por aquelas paragens.
Suficientemente longe dos caminhos cruzados diariamente, suficientemente perto para podermos regressar rapidamente ao nosso cotidiano. O sigilo privado do encontro foi mais uma das tantas emoções daqueles momentos, que se tornariam tão especiais.

Com o seu saber feminino, você tinha proposto (“se você for, prometo que não vai se arrepender”), o que há muito eu desejava. Teria sido mais comum se fosse eu a propor, mas a nossa relação sempre foi pautada pela surpresa, pela recusa às convenções e pelo desejo arrebatador.
Você não faltou ao prometido. Arranjou-se para mim como sabia que eu gostava: aquele vestido de decote atrevido e curvas gostosas, que ainda hoje me excita, e o cabelo lindo e solto ao vento. Eu não faltei ao prometido. Desejei-a como se fosse a primeira vez e amei-a como se fosse a última, sem limites e sem pressa.

A noite foi de sonhos, dançamos como se fossemos apenas os dois naquele salão de festas, enquanto olhos te cobiçavam, você era só minha.
Saímos e fomos tomar um banho para trocar a roupa suada, nos encontramos a seguir.
Até hoje, nesse instante, posso ver teu jeito lindo no olhar, tímido e serelepe, como uma criança preste a fazer uma travessura.
Um olhar de desejo, aquele toque de fêmea no cio, os lábios que se mordem só de imaginar a loucura que se aproxima. Os corpos que desejavam libertar-se das roupas para se entregarem mutuamente, a urgência do amor, a vontade de dar asas à imaginação e a concretização do crescente desejo.

O desejo incendiou-nos os corpos, os seus olhos brilhavam, as nossas bocas famintas beijaram-se, nossas mãos inquietas brincaram no corpo desejado, despertando a urgência do amor.
Abraçamo-nos. Os nossos corpos amarrados entre si pelo abraço de amor, não podia esperar mais, entre roupas semi-arrancadas e semi-despidas, encostados numa porta, sob o olhar da lua, ali mesmo nos fomos consumindo pelo fogo do delírio. Era um amor urgente de ser vivido.
Me perdi nesse teu corpo para depois poder me encontrar no teu sorriso e na tua loucura…
Um desejo de te agarrar, de te beijar a boca, de te olhar a intimidade, de te tocar, de bolinar, mexer …alisar os teus cabelos … Ou simplesmente, de leve tocar os teus lábios, morder, desesperar, arder no teu corpo e suar…Brincar com as tuas mãos, brincadeiras inocentes, indecentes, esquecer a solidão, fazer-te vibrar, rir, chorar, gozar…!

Senti tuas mãos a percorrer o meu corpo sem medo e com vontade. Os meus lábios correrem atrás de ti, querendo saborear a tua pele... teus seios. O contacto do teu corpo semi-nu, com o meu, fez-me querer-te ainda mais. Minhas mãos irrequietas buscam o teu corpo excitado, para nos enlouquecer ainda mais. Você tremia a cada toque de minhas mãos, que lhe percorriam o corpo explorando-lhe a sensualidade feminina semi-adormecida. Eu quase a enlouquecer de excitação percorria a tua pele macia e quente, com as mãos irrequietas e atrevidas. Teus gemidos delatavam teu prazer com aquele atrevimento, que demonstrava todo o desejo que até hoje sinto por você.

Os teus dentes deslizaram pelo meu corpo enquanto o arrepiava sem limites. Sinto o cheiro do teu desejo misturado com o meu. E você me gemeu ao ouvido as palavras que mais me excita: "Viu como sou boazinha..., sou tua! Me possua!".

E eu te possui. Bebi o teu desejo em teus lábios, enquanto misturava teu corpo ao meu no sexo que você escolheu. Maravilhado à luz da lua, levantei seu vestido, arriei tua calcinha e despi o mais lindo corpo que tinha visto até então, seios lindos, ancas dispostas a me dar o melhor de todos os prazeres, uma vulva que continua até hoje me encantando de tão fêmea, gostosa!!! Nosso orgasmo!

É incrível, mas até hoje você me dá o orgasmo do primeiro encontro!
Te sinto o mesmo prazer, o mesmo tesão que me deixa atordoado, você é e será sempre, com imensa vantagem, a mais gostosa fêmea com quem já fiz amor.

Se fez tarde então e seria a última noite no nosso paraíso (bendita Luziânea), Os momentos vividos permitiram aumentar as saudades que sentimos no momento da despedida. Aquele tinha sido apenas um pequeno momento para tudo aquilo que desejávamos, e ao mesmo tempo um momento de enorme intensidade. Curto mas intenso. Pouco mas necessário. Incompleto mas avassalador. Duro foi retomar à vida no normal, pois combinamos que tudo terminaria ao voltarmos. Ambos sofremos o desconforto da despedida e a dureza do afastamento, mas conseguimos também entender que aquilo que tínhamos vivido era demasiadamente mágico para terminar. Um pouco mais de paciência e de sonho era tudo o que precisávamos para continuar essa paixâo que um dia nos levaria à novos lugares bem menos secretos mas... com o mesmo tesão, ternura e desejo.

Hoje somos amantes... verdadeiros amantes! Sabemos viver o amor de forma tranquila e cúmplice que só nós podemos ter, e com a loucura e arrebatamento que só o desejo dos amantes pode dar.
E se existe desejo selvagem misturado com um carinho terno, decerto que o amor está presente nessa loucura de amantes. Eu amo você!!!
As vezes adormeço serenamente enquanto penso em você. Sonho contigo a noite toda, quando acordo não recordo os pormenores, mas sei que foi com você que sonhei porque o meu sorriso ao acordar não deixa dúvidas... era em ti que pensava no momento que o meu corpo despertou do descanso.

O tempo é o nosso segredo e ninguem vai saber o que aconteceu entre você e eu..!
O prazer de dois corpos que se amaram, a felicidade de duas almas que se misturaram, a intensidade de dois seres que se entregaram... a capacidade de sonhar a dois!

Você sempre me diz que devemos apenas viver o presente!
Será mesmo que os amantes vivem somente do presente? Não consigo ter essa certeza porque... sei que...

NelLyra

Vou te amar pra sempre...Sempre!!!

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