Com a cabeça para baixo, e os pés a balouçar, eu caminho na estrada da desilusão. Quem passa por mim nem se dá ao trabalho de parar. Vejo mulheres com o sexo cosido, homens com a barba em sangue, e crianças a receber a extrema unção. Tento passar despercebido, mas nem vale a pena o esforço.
Tropecei na raíz da árvore do pensamento. É pontiaguda, ameaçadora, e tudo faz para atrair presas fáceis de devorar.
O chamamento é apelativo. A letras douradas, está inscrita num dos ramos a palavra liberdade. Perdi um braço, e senti a alma a começar a sangrar, mas a marcha teve de continuar. Um velho, que eu não acreditei que o era, começou a gozar comigo.
Tinha cara de quem ainda usava cueiros, e modos de um imberbe adolescente que já foi preso por roubar carros. Disse-me que eu ia ter uma morte dolorosa, e não havia de demorar muito. Agrediu-me com um pau, e chamou-me de estrado teatral. Quando me deixou ir, gritou aos sete ventos que finalmente tinha agredido Moliére.
Ao chegar à recta final da minha viagem, senti-me...., sim,...desiludido. Prostrado, sem força para viver, entreguei-me aos desígnios das fadas que regulam a circulação nesta estrada. Transformaram-me em sinal de sentido proibido, e colocaram-me no primeiro entroncamento que encontraram.
Pediram-me para estar atento ao próximo adolescente com ideias de mudar o mundo que passasse por ali.
Comentários
deusaii P/pttuii
está espantoso.... realmente dá que pensar....
a fase da adolescência é realmente assim...
Meu voto e minha total admiração
Da tua fã.
Para a minha fã....
...um beijo de obrigado pelo comentário.
:-)
ptuui
Está fantástico!
Apesar de o ter relido algumas vezes para o perceber esta espantoso.
Grande talento.
Abraço
Correia
Obrigado Tcheka
Às vezes sou assim.
Irracional, mas sempre verdadeiro.
Abraço.