Desilusão

Foto de Rosamares da Maia

Desconstrução

Desconstrução

Assim nasce o dia e passa num rodopio,
Ao arrepio da pele numa vontade cigana.
Desatino vislumbre inerte, destino torto,
Jeito imperfeito de gente abandonada,

Alguém que para estilo nenhum converge.
E nem por irreverencia se deixa governar.

Tem gente inteira, mas folha ao vento.
Sem paradeiro, rumo e sem assentamento,
Nem parâmetro de qualquer sentimento.
Se há muito a voar, vai e perde o assento!

Pergunto cansada sobre horas do nada.
Horas a fio, perdidas construindo ninguém.
Na vida estou longe de Ser alguém concreto.
Por coerência não quero, não sei se é correto.

O correto de gente não é a eterna construção?
Mesmo com obstrução do destino e desilusão?

Gente é obra sem patente, delírio da Criação.
O Criador mais que perfeição buscava o amor.
Permitiu-se deslumbrar e descuidou da criação.
Amou como criou e revestiu o erro de perdão.

Por incoerência, concedeu sem razão - a mão,
Dotada de régua torta e compasso invertido.

Interesse mínimo por uma consciência crítica.
Amou mais, dotou-a de pensamento e animação,
Atrevimento bastante para corrigir a construção.
E num fio de humildade tênue, reza pela cartilha:

Aquele a quem criou por nada de amar deixou.
Apoiado na prerrogativa a criatura rogou:
- Deus por meus erros perdão!

Rosamares da Maia – 03 de Nov. 2016.

Foto de Jardim

chernobyl

1.
sons de violinos quebrados vinham das montanhas,
uivos de lobos noturnos,
varriam as imagens das imaculadas ninfas
enquanto se ouviam as vozes dos náufragos.
o príncipe das trevas desceu disfarçado de clown,
bailava num festim de sorrisos e sussurros.
a nuvem envolvia a cidade com seus círculos febris,
se dissolvia nas ruas em reflexos penetrantes,
coisa alguma nos rios, nada no ar e sua fúria
era como a de um deus rancoroso e vingativo.
a morte com seus remendos, oxítona e afiada,
distribuía cadáveres, penetrava nos ossos, na pele,
nos músculos, qualquer coisa amorfa,
alegoria da inutilidade das horas.
agora este é o reino de hades
os que um dia nasceram e sabiam que iam morrer
vislumbravam o brilho estéril do caos que agora
acontecia através del siglo, de la perpetuidad,
debaixo deste sol que desbota.
o tempo escorre pelos escombros,
o tempo escoa pelos entulhos de chernobyl.

2.
meu olhar percorre as ruas,
meus passos varrem a noite, ouço passos,
há um cheiro de sepultura sobre a terra úmida,
um beijo frio em cada boca, um riso
estéril mostrando os dentes brancos da morte.
não foram necessários fuzis ou metralhadoras.
mas ainda há pássaros
que sobrevoam as flores pútridas.
aqueles que ainda não nasceram são santos,
são anjos ao saudar a vida diante da desolação
sob este céu deus ex machna.
aos que creem no futuro
restaram sombras, arcanos, desejos furtados,
resta fugir.
uma nuvem de medo, ansiedade e incerteza
paira sobre o sarcófago de aço e concreto da usina.
asa silente marcando o tempo
que já não possuímos.
pripyat, natureza morta, vista através das janelas
de vidro dos edifícios abandonados
sob um sol pálido, ecos do que fomos
e do que iremos ser.
pripyat, ponto cego, cidade fantasma,
os bombeiros e suas luvas de borracha e botas
de couro como relojoeiros entre engrenagens
naquela manhã de abril, os corvos
seguem em contraponto seu caminho de cinzas
sob o céu de plutônio de chernobyl.

3.
e se abriram os sete selos e surgiram
os sete chifres da besta,
satélites vasculham este ponto à deriva, seu nome
não será esquecido, queimando em silêncio.
os quatro cavaleiros do apocalipse e seus cavalos
com suas patas de urânio anunciam
o inferno atômico semeando câncer
ou leucemia aos filhos do silêncio.
os cães de guerra ladram no canil
mostrando seus dentes enfileirados, feras famintas,
quimeras mostrando suas garras afiadas,
como aves de rapina, voando alto,
lambendo o horizonte, conquistando o infinito.
eis um mundo malfadado povoado por dragões,
a humanidade está presa numa corrente sem elo,
sem cadeado, enferrujada e consumida pela radiação.
vidas feitas de retalhos levadas pelo vento
como se fossem pó, soltas em um mundo descalço.
vidas errantes, como a luz que se perde no horizonte,
deixam rastros andantes, vidas cobertas de andrajos,
grotescas, vidas famintas e desgastadas,
que dormem
ao relento nas calçadas e que amanhecem úmidas
de orvalho, vidas de pessoas miseráveis,
criaturas infelizes, que só herdaram
seus próprios túmulos em chernobyl.

4.
mortífera substância poluente, complexa,
realeza desgastada que paira nos ares
da pálida, intranquila e fria ucrânia
envolta no redemoinho dos derrotados.
gotas de fel caindo das nuvens da amargura,
sobre a lama do desespero, sobre o vazio
da desilusão, no leito do último moribundo.
cacos, pedras, olhos mortiços, rastros cansados,
inúteis, o sol das estepes murchou as flores
que cultivávamos, descolorindo nossas faces.
seguem os pés árduos pisando a consciência
dos descaminhos emaranhados da estrada,
na balança que pesa a morte.
no peso das lágrimas, que marcaram o início da dor,
restos mortais, ossos ressecados, sem carne,
devorados pela radiação, almas penadas
no beco maldito dos condenados, herdeiros
da abominação, mensageiros da degradação,
horda de náufragos, legião de moribundos.
o crepúsculo trouxe o desalento e as trevas, a vida
agora é cinza do nada, são almas penadas que fazem
a viagem confusa dos vencidos em chernobyl.

5.
ainda ouvimos os gritos daqueles que tombaram,
e os nêutrons sobre a poeira fina dos vales,
os pés descalços sobre pedras pontiagudas,
ainda ouvimos o choro das pálidas crianças,
a fome, a sede e a dor,
o estrôncio-90, o iodo-131, o cesio-137.
vazios, silêncios ocos, perguntas sem respostas,
degraus infernais sobre sombras, rio de águas turvas,
quimera imunda de tanta desgraça,
fantasia desumana sem cor,
transportas tanto mal, conduzes a todos
para a aniquilação neste tempo em que nada sobra,
em que tudo é sombra, é sede, é fome, é regresso,
neste tempo em que tudo são trevas,
onde não há luz.
cruzes no cemitério, uma zona de sacrifício,
sob um céu sem nuvens,
a morte em seu ponto mutante.
no difícil cotidiano de um negro sonho,
restaram a floresta vermelha,
e os javalis radioativos de chernobyl.

Foto de Poetando

Bateram à minha porta

Bateram à minha porta
Fui abrir para entrar
Era a tristeza que vinha
Para comigo morar
Veio fazer-me companhia
Na minha solidão
Com ela desabafo
O que sofre o meu coração
Com a tristeza dou me bem
Com a solidão melhor
Com ela falo de mim
Do que é a minha ilusão
Do amor que me traiu
Da dor que trago no coração
Não quero mais amar
Seja o amor de quem for
Para estar a sofrer já basta
Esta minha dor
E quando o amor quiser entrar
De novo no meu coração
Refugio me na minha
Companheira solidão
Com ela e com a tristeza
Sinto me em segurança
Não quero mais amar
Não quero mais sofrer desilusão
Que me tem só feito mal
E destroçado o coração

De: António Candeias

Foto de Gui❤Lari

Sentimentos em conflito

Hoje mais uma vez a saudade bateu forte
Mais o amor não deixou por menos
Surgiu e mostrou a sua força
Foi logo se impondo:
Se sou capaz de transformar uma paixão em amor
De você saudade não terei piedade
Com pensamentos e lembranças vou transmitir tranquilidade
Dar paz pro coração
Foi quando a ansiedade chegou com intuito de me tirar a paz
O desespero veio junto trazendo a insegurança
Ouvir o som da sua voz me confortou
Calma que sou sua meu amor!
Como se não bastasse a o inveja chegou e com ela a desconfiança
Será que está tudo bem!
Algo mudou entre nós!
Esperança perdeu as forças que foram levadas pela tristeza
A beleza do meu olhar perdeu o brilho
E os planos de seguir em frente se perderam no trilho da incerteza
A estrada já não é mais segura, a escuridão trouxe o medo
O sentimento de desilusão me abateu
Mais foi naquele momento
Que me estendeste mão
Me abraçou e senti o calor do seu corpo me aquecer
A felicidade veio a tona
É só disso que eu preciso
Do seu amor e carinho
O resto nada mais importa
Temos um caminho a trilhar
Pois a muito tempo deixei de sonhar
Me sinto amado e só sei te amar!

Foto de carmenpoeta

Alegria triste

A alegria voltou.
Andara tão distante…
Nem sei por onde trilhou
sua presença exultante.
Partiu sem deixar aviso,
quis conhecer outros risos,
eternizar sua existência,
contagiar sua intensidade
entre os que vivem de aparência.
Alcançar, quem sabe, o paraíso
e onipotente, ser exclusividade
dos que são alegres, somente.

Meio tímida se aproximou…
Sorriso trêmulo, embargado,
um tanto envergonhado,
frágil em seu torpor…
Não era a mesma alegria,
trazia vestígios de dor.
O mundo sonhado não havia vingado.
Em contraste com seu júbilo
plantou-lhe desilusão
e seu riso escancarado
de pura alegria, gerado,
sem conseguir seu intento,
chorou.

_Carmen Lúcia_

Foto de Izaura N. Soares

Desilusão

Desilusão
Izaura N. Soares

Desiludido com o passado não
Consegue fazer florir o presente.
As marcas deixadas feriram quase que mortalmente
Um coração que tanto te amou.
O que fazer com as lágrimas derramadas
Nos olhos de um apaixonado.
Permanece assim as agruras do tempo
Sem vestígios de nenhum jardim florido.
O que fazer quando o sol aparentemente perde sua cor.
Teriam que fazer o sol brilhar para que o sorriso volte a encantar.
Teriam que trocar as lágrimas de tristezas pelas lágrimas de alegrias
Para que o sofrimento cesse e o sol volte a iluminar-te.
São tantas possibilidades para ser feliz...
Basta acreditar num novo horizonte, num novo amanhecer!

24/02/2015

Foto de Alexandre Montalvan

Roubaram-me a luz

Roubaram-me a Luz

Sopra oh vento na minha boca
cálidas gotas de aroma das flores
murmura em cantos com a voz rouca
embaça-me com teus olhos devastadores.

Em outros olhos não vejo os teus
em outras bocas não vejo a tua
desilusão, solidão é mais que adeus
e as nuvens negras escondem a lua.

E é tão pouco o que me resta
migalhas, um mar triste, apagado
escuridão de uma noite funesta
até a luz da lua me é negado.

Neste desejo que consome
que angustia o coração
são as vermelhas nuvens de fantasias
ao me ver naquilo que nem todos se verão

Alexandre

Foto de Gil Camargos

Semeadura...

“Vamos deixar a alma florir, encher de riso nosso dia. Plantar sementes de alegria, regar os sentimentos com fé e esperança, deixar criar raízes profundas de amor. Podar tudo que faz mal, arrogância, orgulho, mágoas, será doloroso, porém resultará em frutos mais bonitos e saborosos. Plante, regue, colha frutos do bem... compartilhe essa colheita, distribua frutos de amor e solidariedade, alivie a dor do irmão com o bálsamo da atenção e carinho, leve esperança ao aflito, seja abrigo aos perdidos, luz aos que estão na escuridão, estenda a mão aos que estão sem direção. Está na hora de fazermos a diferença nesse mundo de tanta injustiça e desilusão. Sejamos semeadores de sonhos e povoadores corações de carentes, espalhe sementes de fé!" Gil Camargos

Foto de Wilson Numa

Amor, Fé e Esperança

Lágrimas descem sobre a face
O coração fechado, já não aguenta
Não, aguenta de mágoas, nem de dor
A desilusão é o único sentimento que sobrou
Ah! Vida cruel, procuro um fim
Oh! Destino fatal, eis que de mim apagaste o melhor
O que sobrou, nada vale, até inferno rejeita
Outros são frios, têm coração de pedra
E eu, triste e infiel vida? A pedra transformou-se em poeira, evaporou
Infelicidade e tristeza, é isso que vejo no meu reflexo
Uma coisa me impede de por fim a tudo isso
"O Amor"
Este suporta tudo, e consigo estão a fé e esperança que um dia os Céus se abrirão E minha alma vai encontrar paz nos braços do meu Deus todo Poderoso
Aquele que me criou e guardou até à esta data.

Foto de carlosmustang

'UM LEÃO POR DIA'

É tanta gente que briga implora
Gente que chuta, implica que chora
Murmura, falseia ignora
É fumaça evasiva, do sonho, estoira

Amor e ódio impera incompreensão
Sentimento da alma, vieis desilusão
Correria acalma, luta sobrevivencia
Medo, sofrimento, carência, vencer

É correr pela vida, frieza, entender
Contando os passos, não relembrar
Se iludindo, pra não chorar

É correr pra vencer, surpreender
Ficar pra querer, poder e lutar
Sem entender que a morte,é pra ganhar

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