Três

Foto de fernando gromiko

o amor

Um corpo sem inteligência não ama. Um corpo sem saúde não desfruta do amor. Um gênio sem amor não tem saúde espiritual. Diante disso tudo, devemos a cada instante procurar a companhia das três virtudes, mesmo que alcancemos uma a uma.

comece a partir de hoje

Foto de pttuii

Orgasmos verdes

Plasma-me,

Três fortes
subtilmente descritas,
impressões
de morte,

cheiros soltos,

cão azul,
esgana,
fácil pintura,

de sonho,
acordado,

com a possível
erradicação,

de tirar pesadelos
da pestana preta
do último suspiro....

Foto de Manu Hawk

Festa de Natal

Faltavam três dias para o Natal, fim de expediente, pessoas correndo, agitadas para dar os últimos retoques e não chegar atrasados na festa da empresa. Não era longe, apenas alguns andares abaixo, no salão de festas, mas perder cada minuto dessa festa grandiosa, onde pelo menos por um dia todos estariam sozinhos, seria um pecado! Acho que todos pensavam da mesma forma, e aguardavam ansiosos esse dia, pois "nessa" festa o acesso era permitido somente aos funcionários. Excelente desculpa para as esposas, maridos, noivas, namorados, etc... Todos, com certeza, falavam isso com sofrimento estampado no rosto, mas o tesão explodindo vitorioso dentro do corpo, rs.

Não aderi à loucura, queria adiantar meu trabalho, assim poderia descansar mais depois da festa. Pensei que todos do setor haviam descido, mas levantei os olhos e ele permanecia em sua mesa, também digitando concentrado. Não tinha certeza se ele participaria da festa, aliás, não tinha certeza de nada, pouco nos falamos durante o ano inteiro. A única certeza que tinha era que nos devorávamos quando trocávamos olhares, quando passávamos um perto do outro, sempre arranjando uma maneira de esbarrarmos. Mas calados, sempre.

Fiquei viajando enquanto pensava se perguntava ou não se ele iria a festa. Nem percebi que havia levantado, acabou o sonho, viajei demais. Droga, o jeito era acabar e descer, agora nem tinha tanto interesse na festa. De repente senti pararem ao meu lado, tão perto que a perna roçava no meu braço.

_ Quer café? (perguntou aquela voz maravilhosa que tantas vezes imaginei no meu ouvido, falando sacanagens e me arrepiando toda)
_ Quero, obrigada! (respondi, doida pra agarrar aquele homem maravilhoso)

Quando voltou colocou o café do outro lado da mesa, passando o braço por trás do meu corpo, que na mesma hora se esticou todinho. Era visível meu estado, os seios retesados invadiam a blusa, chamando atenção. Não sabia o que fazer, com ele sentado na mesa, me olhando. Tomava café e me olhava o tempo todo, me despindo e queimando cada parte do meu corpo. Acabei derramando café no teclado e na saia, que idiota! Ele levantou, trouxe papel toalha e enquanto eu limpava, colocou suas mãos em volta do meu pescoço e começou a massagear...

"Você está muito tensa, relaxa". (falou bem calmo e irônico)

Impossível não atender uma ordem dessa, mas ainda estava muito tensa e preocupada que entrasse alguém. O que ele logo percebeu e me disse para esquecer, ninguém estava preocupado conosco, só com a festa. Aos poucos fui relaxando e ficando com mais tesão a cada minuto que passava. Aquelas mãos gostosas me massageando o pescoço e ombros, e o corpo quente dele encostando-se a minhas costas. Suas mãos começaram a descer, entrando por minha blusa e deixando meus seios livres. Levantei os braços, alisando aquele corpo gostoso e o puxei. Nos beijamos finalmente, que boca quente, que língua gostosa, daquelas que viajam em nossa boca, excitando cada vez mais. Suas mãos desceram mais, começaram a puxar lentamente minha calcinha, só levantei de leve ajudando-o a tirar. Senti sua mão quente, seus dedos brincando em meu corpo, até que os movimentos ficaram alternados, leves, firmes, contínuos, profundos...
Ouvia vozes das pessoas passando no corredor, mas nem ligava mais, queria me deliciar em suas mãos, e boca... Sim, agora era sua boca que me lambia, sua língua que invadia me explorando, chupando gostoso, cada vez mais, fazendo-me gozar deliciosamente calada. Levantou-me da cadeira, beijando e abraçando loucamente, cheio de tesão, senti o quanto estava excitado, mas ouvimos alguém o chamando. Nos separamos imediatamente, sentei novamente, ele sentou ao meu lado, disfarçando com uns papéis na mão. Era nosso chefe, chamando para a festa!

Tivemos que levantar e descer. Mas no caminho, ainda no corredor, ele falou baixo, "vou te levar pra casa depois", ao que respondi no ouvido, disfarçando, "qual delas, a minha ou a sua?" Nos olhamos e rimos muito!

(por Manu Hawk - 02/06/2004)
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Respeitem os Direitos Autorais. Incentivemos a divulgação com autoria. É um direito do criador que se dedicou a compor, e um dever do leitor que apreciou a obra. [MH]
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Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"DO QUE SOU FEITO???"

“DO QUE SOU FEITO???”

Sabe, quando olho o tamanho da minha importância...
Quando pesquiso a minha mente...
Vejo que tudo o que faço não tem a menor relevância...
Sou um simples caça-níquel ambulante!!!

Nasci para dar lucros a alguém...
Tenho até a impressão que sou de plástico...
Um humanóide talvez...
Ou simplesmente um lunático!!!

Mulheres que não podem ter filhos...
Outras que tem três a cada quatro anos...
Uma dádiva do destino...
Ou apenas uma tarefa dos humanos!!!

Decisões que mudam o contexto da vida...
E nunca sou consultado...
Sou apenas um espectador nesta trilha...
Ou um reles equipamento usado!!!

Quem será o dono disso tudo...
Aquele que manipula esta massa humana...
O Deus que construiu este mundo...
Ou um ser que se apoderou desta morada!!!

Não quero mais obedecer a regras...
Vou buscar a minha turma...
Espero não me deparar com o nada...
E ter que voltar sem resposta nenhuma!!!

Será que sou feito de carne...
Ou algum composto putrefato...
De plástico, alumínio, titânio...
Ou um verme de fato!!!

Foto de LUIZ NEVES

texto

HORA MARCADA

São 5 horas da manhã, mal o dia nasceu e meus olhos já estão despertos, inquietos, acordados...
O telefone insiste em tocar, toca forte, teimosamente incomoda o meu silêncio, unicamente meu. Lembrei-me que não tenho nenhum telefone, nada parecido com seu trimtrim...mas, esses meus ouvidos que escutam passos, laços apertando a dor, lamentos ocultos!
Agora sim, são exatamente 6 horas e meus pensamentos flutuam perdidos. O tempo nunca para e o relógio marca em segundos, seguindo numa mesma direção.
Agora são 7, 8, 9 horas e o trem apita três vezes naquela mesma estação, gente de cá, de lá, vindo, indo e nunca voltam, perdem-se no meio do caminho. Dirijo meus olhos aos ponteiros que circulam e jamais se cansam, marcando o mesmo compasso sem atalhos. São exatamente 12 horas e, no entanto, essas horas todas num dia tão curto, e não explica, só complica. Raciocínio lento, sonolento.
Agora o relógio marca 18 horas, as estrelas lá fora despertam luminosas, a escuridão ofusca-se diante de pequeninos e brilhantes pontinhos. A lua surge preguiçosa, (meia lua). Estou ainda aceso e as horas correm, escorregam; ouço o tic tac do despertador que segue religiosamente o tempo, infinitamente estou indo junto acompanhando cada segundo, acordado, desperto, profundamente moribundo!!!
São 5 horas da manhã, mal o dia nasceu e meus olhos já estão...

LUIZ NEVES

Foto de leila lopes

uma nova aurora

Derrepente aquela sensação de que ja não se esta só,
De que voçê esta sendo consumida,que um corpo estranho esta tomando conta de voçê,de que a partir dai voçê não sera mais a mesma.
Derrepente sem perceber tudo a sua volta parece se transformar principalmente voçê; Se torna feia gorda e sem jeito para tudo.
Homens que nunca viu na vida se acham no direito de tocar-lhe as partes que lhes são mais intimas,exploram seu corpo e voçê nada pode fazer. E aquele ,aquele que era o mais ousado de todos agora ja não mais satisfeito em fazer parte de mim,queria buscava insessantemente mais espaço e eu chorava pois não passava de uma criança assustada.
Derrepente a dor!
Aquela dor forte que me fazia gritar!
Aquele vulto de branco que insistia em tocar-me intimamente,gritos sufocados pois ja nao havia mais forças.
Até que me vi inconciênte,mais um choro me chega derrepente aos ouvidos e quando percebo que ja não é mais o meu,abro os olhos e vejo voçê...
Tão pequenino, tão dependente de mim, que em apenas um minuto a criança assustada se torna mulher, e te toma nos braços e vê que voçê e tudo que realmente tenho e que depende só de mim.
Meu filho diante de mim, as lagrimas que deciam pelas minhas faces ja não era mais dor e sim pura emoçâo por saber que voçê era perfeito!...
Que iria ver o sol;
Ouviria o canto dos passaros e diria para mim,tão logo conseguisse decifrar o mistério das palavras " Mamãe ".
que voçê iria pecisar de mim para trocar seu primeiro passo, para poder ter sua propria segurança e caminhar sozinho.
Hoje só a simples mensão de que voçê poderia estar longe de mim,me faz ver de maneira ainda mais clara que eu o amo mais que a mim mesma. E que estarei com voçê durante todos os seus momentos e só te deixarei quando voçê se tornar capaz de caminhar sozinho por essa dificil estrada que é a vida.
Mais depois de três anos jamais poderei esquecer tudo que passei com voçê,desde a maternidade até hoje quando estava a te vestir, e voçê disse:
Te amo mamãe.

Este poema foi feito para voçê meu filho Richard.
Minha maior razão de vida.

Leila Lopes.

Foto de Joaninhavoa

CUMPLICIDADE EM RAIOS D`AMOR (DUETO - Joaninhavoa & Cumplicidade)

*
CUMPLICIDADE EM RAIOS D`AMOR
*

Preciso saber
Quantas pétalas
Tem a flor do mal-me-quer
Só assim fico a saber
Se o amor me quer

Preciso saber
Quantos são os raios
Dos olhos teus
Só assim fico a saber
Se são dois! Ao ver os meus

E se houver um terceiro
Interferência em campo alheio
Então fico a conhecer
Um compulsivo traiçoeiro

Senão houver! Cantarei
Enquanto o amor me quiser
Basta chamar...

(Joaninhavoa)

Poema resposta:

Comunhão total
Sem igual,
Não há um terceiro ou quarto,
Isso é um fato!

Cante sempre,
Cante contente,
Os meus olhos te buscam
Em todos,
Acho que estou louca!

Te vejo no cara atlético
Te vejo lindo, moreno e sarado
Como um Zeus!

Te vejo nos escritos de dois ou três
Falo com espelho,
Meio boba,
Ás vezes loba,
Com saudades de ouvir tua voz,
Se está por perto,
Apareça e fale comigo

Se apresente,
Porque pode ser
Que eu não acredite
Então, te chamo agora!
Cumpra o prometido
E, venha.
E, mesmo não te reconhecendo
Somos um e sempre seremos

(Cumplicidade)

Foto de LU SANCHES

Um dia daqueles!

Acordou assustada naquela manhã de inverno, olhou para o despertador e teve vontade de espancá-lo, pois já passava dos oito; deu um pulo da cama. Foi ao banheiro olhou para o espelho, sabia que o café da manhã estava fora de cogitação; Kátia estava com raiva, se já não bastasse os cobradores de ônibus estarem em greve geral, até o relógio resolveu voltar-se contra ela.
Sabia que não chegaria a seu destino a tempo, então resolveu apelar a Jéssica, amiga de infância que morava no apartamento ao lado e possuía um belo importado. Pronto, seu dia estava salvo, afinal aquela data era esperada com ansiedade. Ela funcionária dedicada com alguns anos de experiência, pronto para ser promovida.
Vestiu-se formalmente para a ocasião, pegou sua bolsa e mais que depressa bateu na porta da amiga. Bateu e bateu, mas nem sinal se Jéssica. Respirou profundamente três vezes para manter a calma. A solução agora era pedir a seu Joaquim para fazer uma corrida até o centro, ele taxista, senhor de boa aparência passava todos os dias debaixo de uma árvore à espera de um cliente.
Desceu pelo elevador e foi às pressas ao encontro de seu Joaquim, que não se encontrava no ponto. Provavelmente fora fazer alguma corrida, fato raríssimo, mas que naquele dia ocorrera.
Kátia que não era supersticiosa estava para mudar de idéia. De ônibus não tinha como chegar, sua amiga que nunca saia de casa tão cedo não se encontrava, seu Joaquim arrumara passageiro justo naquela manhã, seu carro sem previsão de sair da oficina.
Como chegar? Do que ir? Eram perguntas à procura de respostas. Kátia lembrou de sua bicicleta; fazia tempo que não á usava.
Pedalando pela cidade, notou algo estranho, diferente. Que será que estava acontecendo? A maior parte do comércio estava fechado, eram poucos os carros que circulavam pelas ruas. Mas a preocupação de chegar logo a seu destino era maior do que a curiosidade de saber o que estava ocorrendo.
Com aproximadamente duas horas de pedaladas, ela estava exausta e toda desarrumada; porém aliviada por estar chegando, cruzou a esquina andou alguns metros e em fim chegou pelos fundos como fazia todos os dias. E aquele era especial, pois não é todos os dias que se é promovida.
Mas algo estava estranho, a porta encontrava-se trancada e não havia ninguém no local. Kátia estressou-se começou a chutá-la e esbofeteá-la; ações que chamou a atenção de um moço que passava na calçada, que resolveu perguntar a ela o que estava ocorrendo e se ela era da cidade; posteriormente disse-a que aquela agência não abria aos sábados e nem aos feriados.

Foto de Carmen Vervloet

OLHOS QUE VEEM, CORAÇÃO QUE SENTE

No meu coração, gravada em felicidade, a fazenda Três Meninas! O casarão caiado em branco, portas e janelas pintadas em ocre, a varandinha, como mamãe chamava, com jardineiras repletas de gerânios coloridos e camaradinhas que caiam até o chão. Em frente à casa, estonteante jardim, onde borboletas faziam seu ritual diário, beijando com amor a cada exuberante flor, cena que meu coração menino guardou para sempre. As cercas todas cobertas por buguenvílias num festival de cores. Em seguida ao jardim, o pomar com gigantescas fruteiras (olhos de criança, enxergam tudo maior), mangueiras, abacateiros, laranjeiras, goiabeiras e tantas outras que não se conseguiria enumerar, onde com a agilidade da idade subia, não só para colher e saborear os frutos maduros, mas, para ver de perto os ninhos de passarinhos, que papai com sua profunda sabedoria, já me ensinava a preservar. Passava horas sobre os galhos das minhas fruteiras prediletas, principalmente goiabeira, que era só minha, ficava ao lado do riacho, onde também costumava pescar. Lá do alto, no meu galho preferido, junto aos pássaros, voava em meus sonhos de criança feliz!
Nos meus devaneios, fui mãe (das minhas bonecas), fui anjo (nas coroações de Nossa Senhora), viajei pelo mundo (sempre que via um avião passar), fui menina-moça (sonhando o primeiro amor). Na vida real fui criança feliz, cercada pelo amor e carinho de minha doce mãe, de meu sensível e amigo pai (ah! Que saudade eu sinto de você, pai), de minhas duas irmãs mais velhas que faziam de mim sua boneca mais querida, colocando-me sobre uma pilha de travesseiros, num altar improvisado sobre a cama de meus pais, onde eu era o anjo, na coroação que faziam de Nossa Senhora. Nesta época eu tinha apenas dois anos e se o sono chegava, a cabecinha pendia para o lado, logo me acordavam, pois não podiam parar a importante brincadeira.
Já maior, menina destemida, levei carreira de vaca brava, só porque me embrenhei na pasto, reduto das vacas com suas crias, para colher deliciosa jaca, que degustara com o prazer dos glutões. O cheiro da jaca sempre me reporta às boas lembranças da Fazenda Três Meninas... Até hoje tenho uma pequena cicatriz na perna, que preservo com carinho, sinal de uma infância livre e feliz. Desci morros em folhas de coqueiros, cavalguei cavalos bravos, pesquei com peneira em rio caudaloso! Ah! Tempo bom que não volta mais!...
Mês de dezembro. Tempo de expectativas e alegrias. Logo no começo era a espera do meu aniversário, da minha festa, do vestido novo, do meu presente, o bolo, a mesa de doces com os deliciosos quindins feitos por mamãe. Depois a expectativa do Natal, a escolha do pinheiro, do lugar estratégico para montar a imensa árvore, os enfeites coloridos, estrelas, anjinhos, bolas que eu ajudava mamãe a pendurar, um a um, com delicadeza e carinho, junto à certeza da chegada do bom velhinho, em quem eu acreditava piamente, com todos os presentes que havia pedido por carta que mamãe me ajudava a escrever. O envelope subscritado com os dizeres: Para Papai Noel – Céu
E depois era esperar a chegada do grande dia. Era o coração batendo em ansiedade, era a aflição de ser merecedora ou não da atenção do bom velhinho. Quando chegava o dia 24, sentia o tempo lento, as horas se arrastando, o sapatinho, o mais novo, sob a árvore, desde muito cedo, o coração batendo acelerado. Mal anoitecia, já deixava a porta entreaberta para a entrada de Papai Noel e corria para minha cama tentando dormir, sempre abraçada a minha boneca preferida, para acalmar as batidas do meu coração. O ouvido apurado para tentar ouvir qualquer ruído diferente. Era sempre uma noite muito, muito longa! Os olhos bem abertos até que o cansaço e o sono me venciam!
No dia seguinte, cedo pulava da cama. Que grande felicidade, todos os meus presentes lá estavam sob a árvore. Era uma festa só! Espalhava os presentes pela casa toda, na vitrola disco LP tocando canções natalinas, função de papai que adorava música... (Ah! Papai quanta coisa boa aprendi com você). Lembro-me bem de um fogãozinho, panelinhas, pratos, talheres que levei logo para o meu cantinho, onde brincava de casinha. Lembro-me também de uma boneca bebê e seu berço que conservei por muitos e muitos anos.
Todas essas lembranças continuam vivas dentro de mim, como se o tempo realmente tivesse parado nestes momentos de paz e felicidade. Os almoços natalinos na casa de meus avós paternos onde toda a imensa família se reunia em torno de uma enorme mesa. Vovô na cabeceira, vovó sentada a sua direita, tios, tias, primos e mais presentes para as crianças, comidas deliciosas, sobremesas dos deuses, bons vinhos que eu via os adultos degustarem, (depois do almoço, escondida de todos, eu ia bebericando o restinho de cada copo), arranjos de frutas colhidas no pomar, flores por toda a casa e depois minhas tias revezando-se ao piano, já na sala de visita, onde os adultos tomavam cafezinho e licores. A criançada correndo pelo quintal, pelo jardim, pelo pomar... Tantos momentos felizes incontáveis como as estrelas do firmamento! Momentos que eternizei no meu coração.
Hoje o tempo é outro, a vida está diferente. Muitos se foram... Outros chegaram... Os espaços estão reduzidos, as moradias se verticalizaram, as janelas têm grades por causa da violência, as crianças já não acreditam em Papai Noel, desapareceu o espírito cristão do Natal para dar lugar a sua comercialização, as ceias tomaram o lugar dos grandes almoços em família, da missa do galo...
Mas a vida é dinâmica e temos que acompanhá-la. Os grandes encontros de família são raros. As famílias foram loteadas, junto aos espaços, junto a outras famílias, junto à necessidade de subsistência.
Nada mais é como antes, mas mesmo assim continuamos comemorando o nascimento do Menino Deus, em outros padrões é verdade, mas com o mesmo desejo de que haja paz, comida e felicidade em todos os lares.
Feliz daquele que tem tatuado nas entranhas da alma os venturosos natais de outrora vistos por olhos que vêem, olhos atentos de criança, sentidos com a pureza do coração!
Olhos da alma, sentimentos eternizados!...

Carmen Vervloet
Vitória, 23/12/2008
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA

Foto de Anselmo

ENDEREÇO

Nasci na avenida Dom Pedro Segundo.
No tempo que a rua era de areia
De dia, com o sol que tudo clareia
A hora era onze e meia
Não sei lhes precisar o segundo.

Nasci na avenida Dom Pedro Segundo.
Eram três as crianças na casa
A mais velha, que mal andava
Um pequeno, que ainda mamava
E eu, que era o segundo.

Nasci na avenida Dom Pedro segundo.
De taipa era a morada
O pai, pra ganhar a vida, viajava
A mãe, enamorada, deixou os filhos na cunhada
E fugiu com um segundo.

Nasci na avenida Dom Pedro Segundo.
Hoje pr’aquelas bandas
Mora quem já partiu deste mundo
Tomara que demore bastante
Pra eu ter que ocupar meu lugar naquele endereço.

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