Sono

Foto de Paulo Gondim

Insônia

INSÔNIA
Paulo Gondim
27/10/2009

Uma procura desmedida
Um ai gemido, uma vontade incontida
Ausência total de sentido
Um eco que ficou perdido
De um grito que não se deu

Assim, sou eu
No jogo de minhas perdas
Acostumado com elas
O adversário sou eu

E como mau contendor
As perdas já se avolumam
Inevitável o vazio...

O pensar confuso, de vez, me toma
Como presa do tanto que me exponho
Angustiado, vejo-me só na cama
Ah, se pelo menos me abraçasse o sono...

Foto de uilton

Da Timidez

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre que-bram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando "Não me olhem! Não me olhem!" só para chamar a atenção.
O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são urna multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma platéia, o tímido não pensa nos membros da platéia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a platéia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.

Foto de Arnoldo Pimentel Filho

ENTARDECER

Os ventos já não balançam as flores
Já não sinto o toque das pontas do mar
Estou sentindo meu entardecer ancorar
Nas bordas do porto exausto de tanto esperar

Meu mergulho lívido já não é profundo como quando buscava tesouros
E as sombras do fundo do mar norteiam a superfície com pouco sol
Que está escondido entre as nuvens partidas que se assemelham com o fim da lua
Desnuda pelos olhares de marte

O horizonte já perdeu o tom avermelhado que o diferencia da manhã
Onde os ventos eram fortes e os moinhos viviam a plenitude
Nas planícies repletas de amores furtivos e vazios que transbordavam o coração
Nos celeiros escuros e cobertos pelos olhares inocentes que vinham de longe

Os ventos já não movem meus olhos na esperança de vislumbrar
A fada que iluminava meus dias com sua sedução tímida
E mãos de seda que passeavam pelo corpo sem descaminhos
Descobrindo o amor na sensualidade exprimida entre beijos atrás da estrela cadente

O anoitecer é a desilusão do dia
Tudo que era claro fez-se escuridão
Parece que a vida vai deixando de existir aos poucos, lentamente
Enquanto o sol se esconde entre nossos sonhos

Já não sinto os ventos no meu rosto entristecido pela palidez
Minha sedução virou lembrança entre as paredes do meu oceano
Meu dia está enfraquecendo enquanto o entardecer toma forma
A noite vai cobrir meu corpo e dormirei o sono sereno da quietude sem fim

Foto de Ivanifs

A Janela

O avião risca o céu
E a caneta desliza no papel
Alguns sonhos saem de mim
As vezes me sinto assim

Caminhos de ida, caminho de volta
O cansaço vem me abraçar
Fico sem graça
Quero é me espalhar

Os dias passam depressa
E quando cai a a noite, prefiro chorar
A olhar pela janela
Vejo estrelas caindo a brilhar

Contento-me com o céu cinzento
E a garoa inunda a amplidão
Lembranças tomam minha mente
E trazem a tona o olhar em vão

Continuarei aqui
A contemplar o firmamento
Sorrindo e aguardando, o exato momento
Em que o sono virá
E me trará o descanso...

O dia vai me acordar
E a janela vai continuar
No mesmo lugar onde está

Foto de Sonia Delsin

UM DIA... UM DIA QUEM SABE

UM DIA... UM DIA QUEM SABE

Um dia talvez acordes diferente.
Talvez despertes deste longo sono.
Talvez...
E então repararás na disposição dos móveis...
Nas paredes, nas cortinas.
Talvez abras bem as meninas...
... dos teus olhos.
E pensarás.
Deixei passar.
Deixei passar a oportunidade.
Desperdicei a felicidade.
Então, amor, tão distante eu estarei.
Eu tentei.
Não podes negar.
Nunca podes falar...
Que eu não tentei, não esperei.
Desisti? Me cansei?
E quem não cansaria? E quem não desistiria?
Era um não todo dia...

Foto de Ivanifs

Segredo de paixão

Na flôr da idade me apaixonei de verdade
Pela única vez na vida um alguém encontrou meu olhar
Correspondeu meu desejo
Me levou a insanidade

Mãos entrelaçadas, abraços apertados e emocionados
Encontros furtivos, em lugares jamais imaginados
Beijos incansáveis , juras de amor ao entardecer, ao amanhecer , ao anoitecer

Presentes, perfumes e olhares
Roupas sujas lavadas em público, aos berros e aos prantos
Pedidos de perdão e lágrimas derramadas depois de tudo

Promessas não cumpridas e tolerancia de anos
O medo da perda era inévitável, mas a certeza de que um dia o fim chegaria também

A força dessa paixão era monstruosa, tanto que até hoje dói o coração
A lembrança inunda a alma e seca a boca sedenta
Um tudo eu fiz
O máximo que consegui foi escrever essas palavras
Para você se lembrar de mim

Você se foi, mas só se foi porque pedi
Se estivéssemos ainda juntos
Talvez eu não estivesse mais por aqui

Por Deus ... como sonhei viver ao teu lado
E velar teu sono, sentir seu respirar
Mas o destino nos separou
Para mostrar que muitas vezes
A verdade deve prevalecer diante de uma paixão que...
Infelizmente sobreviveu a uma grande mentira...

Ainda te amo, no íntimo do meu coração
È um segredo que vou levar comigo
Para o céu, se Deus permitir.

Foto de Izaura N. Soares

O Sono Perdido

O Sono Perdido
Izaura N. Soares

É madrugada, perdi o sono,
Não ouço nenhum barulho,
Minha poesia está flutuando,
Meu coração bate tão forte,
Parece um gigantesco balão
Pronto para estourar, estourar
De amor e de paixão.

O sono não vem, meus olhos
Estão secos, é latente o meu sono
O frio da madrugada congela meu ser
Deixa meu corpo vertiginoso,
Entorpecido quase sem ar
Esperando por você.

Declamo alguns versos,
Mas minha inspiração perdeu-se
No momento que minha poesia flutuou.
Os pensamentos libidinosos
Dilacera minha dor.

É quase dia, não consigo dormir,
Estou sem forças para sorrir
Tento compor uma melodia
Com os versos que sobrou,
Mas meu corpo já cansado, entristecido
Perdeu a vontade de reviver
Aquele lindo sorriso de amor.

O dia amanheceu o sono não veio
Não pude sonhar o sonho dos deuses
Queria te ter nos braços meus
Para alegrar meu corpo
Que vive cheio de desejo
Que lateja, ao sentir teus beijos.

A noite se foi à madrugada passou...
Eu continuo a pensar em você.
O dia raiou tão forte
Que o sol esquentou...
Um dia eu vou te reencontrar
Para amar-te no amanhecer
E o meu amor a ti entregar!

Foto de Carmen Lúcia

Acalma meu coração...

Acalma meu coração
Fala-me com jeitinho
Com todo o teu carinho
Envolve-me em tua emoção...

Leva-me em teus sonhos
Dorme comigo meu sono
Embala-me em tua canção...

Aperta-me junto a teu peito
Conforta-me com esse teu jeito
Me pega de jeito,no leito...

Liberta todos meus medos
Encosta teu corpo ao meu
Que vibra ao contato do teu...

Sinta minh’alma atrevida
Buscando a tua... que é minha
E juntas, suave combinação
Mistura de amor e paixão
Iremos os dois pela vida,
Nos seremos eterna guarida.

_Carmen Lúcia_

Foto de Robson Fraga

Recomeço

Chega uma hora na vida
em que tudo parece torto:
a música não rola,
o chope não desce,
e a cabeça não pára de rodar.

Qualquer palavra é xingamento;
a resposta ao "oi" é tchau!
Os minutos demoram a correr
e a estrada fica longa demais.
Não há luz no fim do túnel.

A poesia que antes despertava
teima em dar sono.
Os filmes da TV são repetidos.
Na agenda não há sobrenomes
e a linha está sempre vazia.

Na garganta apenas um nó
apertado pela culpa.
As entranhas contorcidas
insistem em gritar,
mas no vento não há eco.

Tô sozinho nessa imensidão.
Olho pro mundo e não vejo estrelas,
pro tempo e ele já se foi...
pra dentro e não vejo saída;
pra alma e quase desisto!

Paro pra pensar de novo.
Insisto em buscar caminhos.
Brigo com meus monstros,
me escangalho por inteiro.
No último suspiro derroto a soberba.
É hora de recomeçar!

Foto de rumos4

Prosa ao amanhecer

Prosa ao amanhecer no desfolhar da alvorada do meu despertar
em que as pétalas dos meus suspiros caem leves no teu colo
e as nossas mãos enlaçam-se em voos de pássaros brancos
que poisam levemente no brilho dos primeiros raios de sol.

Do teu rosto emana a simplicidade do sono simples e justo
e dos teus pequenos gestos irradiam como em bolas de sabão
pequenos arco-íris que coloram o ar que respiramos
e poisam levemente no brilho do teu sorriso.

Ufano meu corpo estremece no calor da manhã
teus braços estendem-se como ramos da arvore
que em sua imobilidade me alcança e me dá o descanso do seu tronco
e eu poiso levemente no brilho da tua sombra.

Num amplexo estridente de mil pássaros de luz
criando vagas do tamanho dos nossos corpos,
volteando espirais sobre um mar incandescente
poisamos levemente na prata da lua.

Já o Sol vai alto colhemos as maçãs dourados dos seus raios
E no esplendor da luz branca manto diáfano dos nossos corpos
num sorriso imenso como fosse o ultimo da existência
Poisamos levemente os nossos olhares.

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