Sono

Foto de luis

Bela Noite (Luís)

Noite...que sempre está em minha vida..... que me faz lembrar como foi o dia em que passei, deixando aquela dúvida... se o que eu fiz não poderia ter feito melhor ou ter feito de uma outra forma, que pudesse alegrar ainda mais a pessoa que está em meu coração. Sempre bate um sentimento bobo de culpa, pois não sei se está tendo uma agradável noite de sono ou uma movimentada noite, causada pelos meus pensamentos, que sempre estão ligados a você ...

Ah noite... se um dia eu desvendar seus mistérios, talvez consiga descobrir os segredos tão esperados do amor.

Mas se não posso fazer nada nessa hora... peço somente que cuide daquilo que está dentro de mim, pois sem ela, não terei motivo algum para a ver novamente ... bela noite.

Luís

Para Fabíola

Foto de Ani.1

Menino Levado (Ani.1)

Menino levado , depravado...

Mesmo sem saber,

Invade os meus melhores sonhos

E me enche de prazer

Fazendo,

Entre um sono e outro,

Eu perder...

Ah! Desejo...

...Isso vai acontecer???

Ani.1

Foto de A.Willoweit

E o medo e o desejo I (A. Willoweit)

"Você está pensando em mim agora; Já não consegue dormir com meu nome em tua cabeça, o pensamento me chama a cada segundo
Eu também estou pensando em ti...
Desejando toda tua fome de amar, de me possuir...
Decifrando todos teus sinais de que me querer, ao menos por uma noite...
Imaginando seus beijos , seu gosto , seu cheiro
E o pensamento viaja... e te chama , a toda a hora.
Tuas cartas em minhas mãos e a tua voz , ainda em meus ouvidos me fazem pirar!
As horas passam , o sono não vem, minha boca sussura baixinho: quero você....



E o pensamento voa

Foto de Carlos

Elegia (Mário de Sá-Carneiro)

Minha presença de cetim

Toda bordada a cor-de-rosa,

Que foste sempre um adeus em mim

Por uma tarde silenciosa...



Ó dedos longos que toquei,

Mas se os toquei, desapareceram...

Ó minhas bocas que esperei

E nunca mais se me estenderam...

Meus boulevards de Europa e beijos

Onde fui só espectador...

- Que sono lasso, o meu amor;

Que poeira de ouro, os meus desejos...

Há mãos pendidas de amuradas

No meu anseio a vaguear...

Em mim findou todo o luar

Da lua dum conto de fadas

Eu fui alguém que se enganou

E achou mais belo ter errado...

Mantenho o trono mascarado

Onde me sagrei Pierrot.

Minhas tristezas de cristal,

Meus débeis arrependimentos

São hoje os velhos paramentos

Duma pesada Catedral.

Pobres enleios de carmim

Que reservara pra algum dia...

A sombra loira, fugidia,

Jamais se abeirará de mim...

Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

Foto de Laksmi

Você me tem (Laksmi)

Você me inspira paz. Você me tem.

Ao acordar por um pesadelo assustada

Uma imagem sua ao meu lado se senta

E me acolhe com um afeto sem igual.

E faz com que eu me sinta amada

E essa terna lembrança me apacenta.

Recebo dos pássaros o canto matinal

E nesse instante, você me tem...


Você me inspira paz. Você me tem.

Eu sigo, mais uma vez, o caminho

Que costumo todas as manhãs traçar

Pensando no que gostaria de lhe dizer,

Pensando em como é triste ser sozinho

E não ter com quem dividir e conversar,

E pensando: "Que bom que conheci você!";

No meu trajeto, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Observo atenciosamente o mundo,

O mesmo que nos cerca nesse momento,

E descubro dor, egoísmo e insensatez.

Mas em você, vejo um carinho profundo

Capaz de converter qualquer tormento

Num róseo estado de leve embriaguez.

Na minha alucinação, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Muita gente num dia passa por mim

Mas eu desejo seus olhos o dia inteiro

E algo parece explodir em minha alma.

Se escuto sua voz, um pouquinho assim,

Mesmo que por um instante derradeiro,

Volta então ao meu coração a calma.

Nas horas de ausência, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Procuro a saída desse vale perdido,

Labirinto obscuro de meu devir

Onde se camufla a minha inocência.

Tudo que há é um amor escondido

Que me faz chorar, que me faz sorrir,

Que me faz admirar sua inteligência.

Entre livros e saberes, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Numa caixinha de estrelas flutuantes

Guardei meus sonhos mais angelicais

Para presenteá-los ao meu lobo amado

Numa noite de prazeres inebriantes

E no ar um perfume de notas musicais

Com versos de vaga-lume apaixonado.

No sono solitário, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Não importa se eu me puser a negar,

Nem se meu refúgio secreto ruir

Porque ainda sentirei esse ardor

Da paixão que hesito em aceitar,

E por mais que eu pense em fugir,

Sempre ouvirei minha voz interior

A, subtil, sussurrar: Você me tem...

Laksmi (Quinta-feira, 10 de outubro de 2002 - 22:04)

Foto de quimnogueira

Queria ser o teu sonho...(Quim Nogueira)



... Em frente ao espelho da cómoda do teu quarto, sentada num banquinho forrado a tecido de cortinado vermelho, penteavas os teus cabelos, num ritual que funciona mesmo sem dares por isso...

... a escova passava ora uma, ora duas vezes, de cima para baixo e alisava os teus cabelos sedosos, cor de mel e de marfim... brilhavam no espelho e te revias momento a momento numa expectativa de mudança, o que não acontecia pois não podias ficar mais bela do que aquilo que já eras... a beleza em ti não residia nem morava ... era!...

... a tua camisa de noite, acetinada bege, de rendas sobre o peito alvo de seios firmes e redondos, deixava transparecer a cor da tua pele suave e doce ao olhar sem ser preciso tocar...

... a tua cama de lençóis de prata, aguardava o teu corpo numa ânsia lasciva de quem à noite, só, te espera num desespero de intocabilidade ... e tu, demoravas...

... da cómoda tiraste um frasquinho de perfume e te ungiste com ele o que provocou um agradável respirar a todos os móveis que te rodeavam ... e a tua cama, ansiava pela tua presença... e o teu corpo demorava a conceder-lhe esse desejo...

... levantaste-te de fronte do espelho e te miraste novamente de corpo inteiro e gostaste da tua imagem alva e bela naquele quarto iluminado pela tua presença ... olhaste de soslaio e ... sorriste ...
... sentaste-te na beira da cama e esta suspirou docemente perante a antevisão de que em breve te possuiria. Tiraste os teus pézinhos leves de dentro dos chinelos de cetim vermelho, levantaste um pouco o lençol e te entregaste total e lentamente ao prazer de estender do teu corpo e da entrega final ao teu leito...

... a tua cama nem sequer se mexeu ... aquietou-se para não te perturbar, para que não te arrependesses daquilo que acabaras de fazer, com medo que te levantasses e ela te voltasse a perder...

... a tua cama inspirou baixinho a fragrância do cheiro da tua pele e deixou-se ficar aguardando o teu próximo movimento...

... deitada de bruços te deixaste finalmente ficar e tua cabeça leve pousada de mansinho na almofada, arfava lentamente o teu respirar de prazer por mais uma noite de descanso... e de sonhos...
... teus olhos semicerrados viram a lâmpada acesa e teu braço se estendeu ao interruptor da mesinha de cabeceira para a desligar. Os teus movimentos eram propositadamente lentos para que o tempo demorasse ainda mais do que aquele que já existia...

... e a tua cama sentia... na obscuridade do teu quarto, teus olhos semicerrados olharam o tecto e se fixaram na sua alva cor que permitia uma réstia de luz no meio da escuridão...
... olhaste a janela e pelas frinchas da persiana, divisaste a luz cinzenta duma lua crescente ... avizinhava-se uma noite de lua cheia e teu corpo descansou por um momento... a tua cama então suspirou e te abraçou fortemente...

... em suas mãos te acabavas de entregar... e o sono chegou.... adormeceste...

... não sei mais o que se passou... a noite decorreu, teu corpo diversas vezes se moveu...
... a tua cama não se movia, com receio de te acordar; abraçava-te sempre para não te deixar fugir ... sentia-te sua e possuía-te num sonho imenso de impossibilidade, de impotência, de raiva, por não te conseguir ter tendo-te ali...

... tua mente adormecida, movia-se e sabia-se que sonhavas...
... a tua cama te tinha ... ali, indefesa, sozinha...
... sonhavas e eu aqui, nada mais te pedia ... nada mais desejava...
... queria apenas ser o teu sonho..

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Inútil Resistência (Leonardo Andrade)

Não adianta cobrir seu coração com essa camada de gelo fino, nossa noite fria não será eterna e os primeiros raios de luz que nascerão dos seus olhos de sonhos inundarão nossas almas e corpos de desejo.



O que você congela não mata, criogeniza, prepara
para uma nova primavera, para mais uma fase do eterno ciclo da vida ... do amor.

Você não pode guardar nosso amor de modo inacessível, ele sempre lutará para poder ser livre, para viver plenamente.

Não perca seu tempo tentando esquecer, ninguém
foge de si mesmo, nem consegue esconder de seu espelho seus desejos mais profundos e enraizados, mesclados a ânima.

Ninguém escapa de seu destino, de sua sina , somos estação final e única um do outro, partes amorfas separadas e perfeitas quando juntas. Ying e Yang, o Tao do amor.

Limito-me a sobreviver sem sua presença, um mero andarilho perseguindo sua sombra na areia que cada vez mais afunda aos próprios pés sob a oscilante luz da lua que insiste em se esconder atrás de nuvens cada vez mais densas.
Não tente me esquecer, pois a cada noite virei
velar seu sono num raio de luar ou numa gota de chuva, quem sabe até numa brisa que beija sensualmente seu corpo ...

Não lute contra esse sentimento, ele é muito mais
forte do que nós, ele criou o chão que pisamos e estará na atmosfera até o fim dos tempos.
Certamente será a semente que eventualmente gerará uma nova era.

Ele faz com que eu abra mão de tudo para te ter,
apenas e tão somente porque você é tudo que quero e desejo, porque sem seus olhos não há luz, sem seu corpo não há prazer, sem sua boca não há vida.

Porque sem você sou metade.

Sou incompleto.

Sou letra sem música.

Sou poesia que não foi recitada ou o sonho que
jamais se realizou...

Parta esse gelo !

Vamos nos permitir cumprir nossa missão, a de
manter acesa a chama do amor...eternamente.

Leonardo Andrade

Foto de Carlos

O céu, a terra, o vento sossegado... (Luís de Camões)

O céu, a terra, o vento sossegado...

As ondas que se estendem pela areia...

Os peixes, que no mar o sono enfreia...

O nocturno silêncio repousado...


O pescador Aónio que deitado,

Onde com o vento a água se maneia,

Chorando, o nome amado em vão nomeia,

Que não pode ser mais que nomeado:

Ondas - dizia - antes que amor me mate

Tornai-me a minha ninfa, que tão cedo

Me fizeste

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