Sinos

Foto de Carmen Vervloet

O Gemido das Águas

O choro vão da água tristonha
Na sua escassez de cada dia
Já não desperta no homem a vergonha,
De devastar sua fonte de vida e energia.

Tão desperdiçada a pobre coitada,
Contaminada por lixo e poluição...
Sobre ela ameaça o gume da espada
Empunhada pela mão de quem não ouve a razão.

Corre em seu leito gemendo tanta dor
Golfando o lixo que a sufoca e mata...
Este outono mudou mais e mais sua cor,
Tirou-lhe o brilho cor-de-prata!

E triste ando pelas margens ermas
Recordando sua abundância do passado
Sentindo a desolação das águas enfermas
Enquanto sinos dobram aos finados.

Foto de Francis Raposo Ferreira

Simples Letras

Simples Letras

Ouves palavras nos sinos,
interpretando-as à tua maneira,
tal qual os meninos
quando andam em brincadeira.

As letras te dão carinho,
ajudando a vencer distancia,
um humano quando está sozinho,
escreve sobre a sua infância.

Não importa o que escrever
quando são bons os poetas,
o importante é reviver.

A escrita é boa companhia,
melhor se forem simples letras,
juntas a formar poesia.

Francis Raposo Ferreira

Foto de Carmen Lúcia

Enfim, é Natal!

Há uma luz diferente no céu!
Tão intensa que transpassa todo véu,
que de azul-marinho se faz prata a brilhar,
entremeado com o prata-lunar
deixando o planeta mais bonito e feliz!

Anjos parecem surfar...
Na mansidão daquela imensidão
preparam-se para encantar a Terra
com suas harpas e cânticos de amor...

Fazem das nuvens, tobogã...
E escorregando vêm ao mundo
em doce missão de alegria e paz...
Expectativas de novos tempos,
embaladas por sonhos e sinos a tocar...

Esperanças renascem
em cada coração, a cada oração...
Parece que o Amor se espalha
como fragrância que exala
em cada canto o seu encanto...

Pensamentos se juntam: Paz!
Afastam o desencanto do mal...
A luz se intensifica mais e mais...
Enfim, é Natal!

Carmen Lúcia

20/12/2007

Foto de Carmen Lúcia

Todo tempo

Quando o planeta se tinge de vermelho
e meu coração rouba o azul do céu,
quando estrelas faíscam lascas de espelho
refletindo a emoção indo além do arranha-céu...

Quando as canções cadenciadas por sinos
e asas de anjos roçam minha face, num release,
anunciando, ao som de harpas, a reprise de um tempo
em que, antes de tudo, a solidariedade se priorize
e o verbo amar alcance a altura de um sacrário...

Quando a sensibilidade comanda os sentimentos
e todo pensamento se resume num só...
ao sentir Sua presença, perceber que não se está só,
quando todo amor apela para ser sentido
por aquele que não vive e inspira dó...

Ainda que os vazios se preencham de ausências
e pelos cantos soturnos teime em resistir o mal,
em castiçais as esperanças trepidam
velando o bem que nunca há de se apagar
porque todo tempo é tempo de Natal...

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Tempo de Natal...

Os sinos bradam alegremente...
Anunciam um suposto novo tempo,
tentam arquivar no esquecimento
os contratempos que marcaram a vida,
agentes de todo o mal...

Querem incutir o bem
num esforço supremo de alegrar alguém,
como se a dor instalada no peito
pela saudade que nada dá jeito
se esvaísse com as badaladas,
ressuscitando pessoas amadas
ceifadas do âmago de nosso contexto.

Estrelas se põem à mostra
acendendo um céu
que de marinho se borda.
O mesmo céu onde a lua aporta
inundando os lugares de prata angelical
de um mundo manchado de vermelho,
molhado de lágrimas, desolado, aviltado
em contraste com a suavidade da noite
inocente, a ofertar a paz celestial.

Tempo de Natal...

Árvores são enfeitadas com aparato,
luzes coloridas faíscam com recato,
exterioridades expõem beleza e luminosidade
que não alcançam os interiores escuros,
não abrangem o significado da data
nem apontam o caminho da simplicidade
onde o amor transita com humildade.

_Carmen Lúcia_

Foto de Elias Akhenaton

É Natal...

É noite de natal,
Tocam os sinos de Belém,
Que ele seja especial,
Traga paz para o nosso bem.

Nasceu o menino Jesus,
O mensageiro do amor,
Veio nos iluminar com sua luz,
De divinal esplendor.

As trombetas ressoam no céu,
Trazem-nos mensagens de esperanças,
Renovam o teu, o meu,
Nossos sonhos - em Deus eterna aliança.

Que no íntimo de cada um
Floresça o dom do perdão,
Que ele cresça como um bem comum,
Dentro do coração.

Que um hino de pura felicidade,
Seja cantado com louvor,
Espalhando no mundo a fraternidade...
Desideratos nobres de amor.

-**-Elias Akhenaton-**-

Foto de Carmen Lúcia

Celebra sempre...

Celebra sempre...

Celebra sempre...
Hoje o sol veio de mansinho
na janela de teu quarto te acordar,
e o dia se encheu de brilho
querendo também celebrar.

Celebra sempre...
Hoje o sol não apareceu,
mas por detrás da sombra há luz...
Espera a nuvem se dissipar;
o tempo de espera nos motiva a acreditar.

Celebra sempre...
Hoje a tristeza te acometeu,
a fé que te mantém, estremeceu...
Não permitas que ela se vá,
nada é eterno, tudo passará.

Celebra sempre...
Os mesmos sinos que choram a morte
também se dobram em grande porte
anunciando a vida, a alegria,
a esperança no novo que virá.

Celebra sempre...
Ainda que teu sonho tenha ultrapassado
os limites de onde conseguirias ir,
não desistas, invistas nas possibilidades...
Novos sonhos hão de vir.

Celebra sempre...
Troca o pranto por um sorriso,
a felicidade chega sem aviso
se abrires a porta para ela entrar...
E verás que valeu a pena
teres vivido sempre a celebrar.

_Carmen Lúcia_

Foto de Bruno Silvano

Lembranças..

Dos saberes , dos brincares dos sabores
Das coisas que conseguimos
Das coisas que um dia amamos,
Das atividades insensatas, dos momentos inexplicáveis
Das brincadeiras inimagináveis

De cada cruzares, olhares
De cada entrelaces
Dos pulsos, da adrenalina
De cada risada, de cada impulso

De cada luar
De nós dois livres presos no ar
Das manhãs, das serenatas
Do pôr-do-sol, iluminando o nosso farol

Das primaveras que amadurecemos
Das flores que colhemos
Do nosso amor que brotou aqui dentro

Do tempo que procurávamos ser felizes
Das tempestades astrais de momentos de deslizes
Do brilho que encontramos em cada coração
Das afinidades da paixão

Dos sonhos incríveis
Das marés aos nossos pés fazendo-nos flutuar em um mar de esperança em pleno luar
Do nosso amor acima de tudo, das diferenças indiferentes,das coisas anormais
Do tocar dos sinos ao amanhecer, nos fazendo suspirar

Do encanto do recanto encantado onde costumava-mos no encontrar
Naquele mesmo canto onde cresceu aquela flor, onde a estrela se dispersou
E nos uniu em um único conto, onde o que importa é o amor

Das estradas que seguimos, que nunca se perdemos
Nesse mesma canto de surgimentos, acontecimento de nossos sentimentos
Dessas estradas da vida que nos encontrou, que nos reconciliou..

Das estrelas que liguemos que se tornaram constelações
Dos passarinhos que alimentemos que viraram belas aves
Das borboletas que transformamos em esperança
Do nosso amor que liguemos a um só coração

Foto de Carmen Lúcia

Sinos

Conto com minha insensata sensatez pra continuar,
com minha imperfeita perfeição pra prosseguir,
com minhas ilimitadas limitações pra desbravar,
com minhas fragilidades pra não desistir.

Conto com meus erros e acertos para reaprender,
com derrocadas e vitórias pra me fortalecer,
entre lágrimas e sorrisos quero me ver
pois assim são escritas as páginas da vida.

E assim foi o ano que se findou,
dores imensuráveis, decepções, fatalidades,
e flores indescritíveis beirando estradas arborizadas
de um palco descortinado onde se encena a realidade.

Claro que tudo foi aceito como lição,
descarto o peso inútil que me foi provação
e me entrego mais leve pro futuro que descreve
o alegre ressoar de sinos a celebrar
o novo ano que virá.

(Carmen Lúcia)

A cada ano que desponta torcemos sempre pelo melhor, em todos os sentidos da vida. É o que desejo a todos meus amigos e poetas deste site tão querido. O melhor, em qualquer direção!

Abraços afetuosos e obrigada por serem meus amigos!

Carmen Lúcia

Foto de Daniel Penido

Noite de Natal

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16/12/2011
Em uma noite estrelada o silêncio me confortava,
olhando para o céu observei que uma estrela maior ali brilhava.
Embaçando o vidro da janela com minha respiração,
eis que vejo um vulto no céu e me vem a emoção.

O tilintar de sinos que acompanhavam aquele vulto,
me deixava mais atento e com sentimentos ocultos.
No telhado um barulho ouço acontecer,
fecho a cortina e desfaço o laço do sapato e me ponho a correr.

Correndo para sala vi a árvore de natal,
corri e as velas acendi rapidamente, próximo ao pedestal,
coloco meu sapatinhos com ansiedade sem igual
e preparo o chocolate e os biscoitos para pessoa tão especial.

Corro para cama e com o barulho se aproximando,
fecho os meus olhos e com o sono me embalando,
sabendo que o senhor de barbas brancas ia se adentrando,
deixando o presente e nos biscoitos e chocolate ia se deleitando.

Feliz natal! Ouço susurrar
e para a próxima casa o tilintar está a se distânciar.
No silêncio me pego a dormir,
esperando manhã seguinte para meu presente poder abrir.

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